A
carne e o Espírito – Gl 5. 16-25
Introdução:
“Todos conhecem o tipo de vida de uma
pessoa que quer fazer o que bem entende: sexo barato e frequente, mas sem
nenhum amor; vida emocional e mental detonada; busca frenética por felicidade,
sem satisfação; deuses que não passam de peças decorativas; religião de
espetáculo; solidão paranoica; competição selvagem; consumismo insaciável;
temperamento descontrolado; incapacidade de amar e de ser amado; lares e vidas
divididos; coração egoísta e insatisfação constante; costume de desprezar o próximo,
vendo todos como rivais; vícios incontroláveis; tristes paródias de vida em
comunidade” Gl 5.16... A mensagem
1)
Anatomia da carne
e do Espírito
Existem
duas naturezas em operação em todo o cristão: o Espírito e a carne (v.16). “Carne”
traduz o termo grego SARX, que se refere ao aspecto do nosso ser como um todo
que anseia pelo pecado. Sarx é o nosso coração pecaminoso. Ou antes, a parte ou
o aspecto do nosso coração que não foi renovado pelo Espírito
Em
oposição a ou “contra” (v.17) a carne está o Espírito. Com “Espírito” se refere
ao próprio Espírito Santo, que nos renova e regenera, primeiro dando-nos uma
nova natureza (Ef 2.1) e, então, permanecendo em nós. Mais simplesmente,
poderíamos dizer que “a carne” representa o que somos por nascimento natural, e
“o Espírito” o que nos tornamos pelo novo nascimento (Ef 4.22-24).
2)
A luta
Qual
é exatamente a natureza dessa luta (v.17)? Trata-se de uma batalha entre os “desejos”
do Espírito Santo e os da sarx. No original, Paulo chama os “desejos da carne”
(concupiscência da carne) - grego epithumia- que designa um “superdesejo”, um desejo
excessivo, um impulso e anseio que a tudo controla. Os desejos pecaminosos se
tornam coisas profundas que nos dirigem e controlam. “Se idolatria é o termo característico
e resumido do Antigo Testamento para a nossa tendência a nos afastarmos de
Deus, então “desejos” (epithumia) é o termo característico e resumido do Novo
Testamento para o mesmo movimento” (Ef 5.5).
O
versículo 17, afirma: “A carne superdeseja contra o Espírito, e o Espírito
contra a carne”. Observe que ele na verdade não diz que o Espírito “superdeseja”.
No entanto, a construção indica que o Espírito tem paixões e anseios também, no
mínimo tão fortes quanto os da carne! Em Romanos 7.22-23, quando Paulo diz que “no
que diz respeito ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus”, contudo, descobre que existe “nos
membros do seu corpo outra lei guerreando contra a lei da minha mente”. MESMO
QUANDO ESCORREGAMOS PARA O PECADO, PODEMOS REPETIR COM PAULO: ESSE NÃO É MEU
VERDADEIRO EU; ISSO NÃO É O QUE EU DESEJO DE VERDADE. EU QUERO DEUS E SUA
VONTADE.
3)
O que a Sarx
opera, quatro áreas: sexo, religião, relacionamento e alimentação.
Primeiro, a área do sexo: Prostituição impureza, lascívia (v.19).
IMORALIDADE (porneia), ou seja, a relação sexual entre pessoas que não são
casadas uma com a outra; ou qualquer tipo de comportamento sexual ilegal.
IMPUREZA (akatharsia), traduzida por “comportamento anormal". INDECENCIA
(aselgia) ou lascívia, traduzida, como sexualidade descontrolada. Em suma: sexo barato e frequente, mas sem
nenhum amor! Essas três palavras são suficientes para mostrar que todas as
ofensas sexuais, sejam elas públicas ou particulares “naturais” ou “anormais”
entre pessoas casadas ou solteiras, devem ser classificadas como obras da
carne.
Segundo, temos a área da religião
(v.20). Se a idolatria
(eidololatria) é o descarado culto prestado a outros deuses, ou querer fornecer
um substituto inadequado para Deus (Ex 20.4-5); feitiçaria (pharmakéia) é
falsificar a obra do Espírito Santo. Em suma: deuses que não passam de peças
decorativas; religião de espetáculo!
Terceiro, área do relacionamento (vs 20 e 21). Surgem oitos palavras que
descrevem como a carne destrói os relacionamentos. A Bíblia na Linguagem de
Hoje traduz por: “inimizades, brigas, ciumeiras, acessos de raiva, ambição
egoísta, desunião, paixão partidária, invejas”. Quatro delas são atitudes destrutivas: “Ambição
egoísta” (Eritheia), a competitividade, uma motivação voltada para a busca do
eu; “A INVEJA” (phthonoi) – a cobiça, o desejo secreto de possuir o que os
outros tem; “CIUMES” (zelos), o zelo e a energia que vem de um ego faminto; “RIVALIDADE”
(echthras), designando a hostilidade, uma atitude antagônica.
E
quatro descrevem o resultados dessas atitudes nos relacionamentos: “INIMIZADES”
(eris), ser polemico e gostar de provocar brigas; “IRA” (thumoi), explosões de
raiva; “DISCÓRDIAS”, divisões entre pessoas e “PARTIDARISMO” (aireseis), grupos
partidários e rivais permanentes.
Quarto,
há duas palavras que se referem ao abuso de substancias “bebedices” e “orgias”. Estas duas palavras estão conectadas. As orgias
não são sexuais, mas de bebedices. Uma das obras da carne é o vicio em
substancias e comportamentos que criam o prazer.
Paulo
dirige uma advertência severa para os que praticam essas coisas, pois “não
herdarão o reino de Deus” (v.21). Que alguém se entregue continuamente à carne
sem lutar contra ela significa demonstrar que o Filho não o redimiu e que o
Espírito não o renovou.
4)
Fruto do Espírito
O
termo fruto nos transporta para o mundo da agricultura e nos revela quatro
fatos sobre como o Espírito opera: 1) o crescimento cristão é gradual, tanto
quanto o crescimento de um nabo ou de uma batata. Ninguém consegue ver o
crescimento botânico – só se pode medi-lo depois de algum tempo; 2) O
crescimento do fruto do Espírito é inevitável. Haverá crescimento; se alguém
tem o Espírito dentro de si – se é cristão -, o fruto crescerá; 3) O fruto do
Espírito tem raízes internas. Pense na macieira. As maçãs dão vida à arvore?
Não! As maçãs não dão vida; elas são sinal de que a árvore está viva; 4) o
fruto do Espírito sempre cresce em conjunto.
Amor,
alegria e paz: essas virtudes
se referem principalmente a nossa atitude para com Deus. Amor do cristão é seu
amor a Deus, sua principal alegria estar em ter Deus como seu deleite, sua
beleza e seu valor e paz é descansar na sabedoria e no controle de Deus.
Longanimidade,
benignidade, bondade. São virtudes
sociais, principalmente voltadas para o próximo e não para Deus. Longanimidade
é a paciência para com aqueles que nos irritam ou perseguem – sem perder a
cabeça. Benignidade: é uma questão de disposição, gentileza e Bondade: são
palavras e atos.
Fidelidade,
Mansidão e domínio próprio:
Fidelidade é a certeza de poder confiar em uma pessoa cristã, ter coragem, e
fiel à própria palavra. Mansidão: é a atitude de humildade em que Cristo tem
(Mt 11.29) e Temperança: domínio próprio, autocontrole (Pv 16.32).
Conclusão:
DEVEMOS CRUFICIAR A CARNE (V.24): A
crucificação da carne não é uma coisa feita a nós MAS POR NÓS. O que isso
significa? “Se alguém quiser vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz
e siga-me” (Mc 8.34). TOMAR A CRUZ SIGNIFICA RENUNCIA! Temos que crucificar
nossa velha natureza IMPIEDOSAMENTE; a carne é malina, tem que morrer. Nossa
crucificação será dolorosa; quando lutamos intimamente com nossos pecados. A
nossa crucificação tem que ser DECISIVA. Não podemos acariciar pecados; os
criminosos que eram pregados na cruz não sobreviviam.
Devemos andar no Espírito: é andar
deliberadamente ao longo do caminho com a linha que o Espírito estabele para
nós.
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