terça-feira, 11 de junho de 2024

 O crente fraco e o crente forte Rm 14 

Introdução: assuntos controvertidos

Na igreja de Roma algumas questões estavam dividindo as pessoas. Paulo chama de questões “controvertidas” (v.1). Paulo chama de questões “controvertidas”, no grego são questões de consciência. Uma questão de consciência é uma prática sobre a qual Deus não falou especificamente em sua palavra. Não proibiu com clareza nem a ordenou, ou seja, são questões moralmente neutras. 

Em Roma, a controvérsia, ou questões de consciência, tinha a ver acima de tudo com a comida: “um crê que pode comer de tudo, e outro...come só verduras e legumes” (v.2). Alguns sentiam, como cristão, que não podiam comer carne, achavam que a carne era impura (v.14). No verso 5, alguns achavam que tinha de guardar certos dias como se fossem santos. E, no verso 21, sugere que o consumo do vinho também podia estar em discussão.

1)     O fraco e o forte

Em seguida, o apostolo nos mostra o que significa ser “fraco” ou “forte”. Primeiro fala dos “fracos” No verso 3, ele diz: “Quem come não despreze quem não come, e quem não come não julgue quem come; pois Deus o acolheu”. A pessoa fraca pode perder o foco do evangelho – não somos aceitos por Deus por fazermos ou deixarmos de fazer determinadas coisas. Somos aceitos em Cristo. 

Os “fracos” costumam ser mais fervorosos e diligentes em tentar agradar a Cristo. Eles são “fracos” nos resíduos de um espirito legalista que ainda se apega a eles. Estão preocupados com leis, comidas impuras, dias regulamentos, festas, etc. São ríspidos, ignorantes (pouco conhecimento tem do que a palavra de Deus fala sobre o assunto).

Já o crente “forte” é alguém que sabe que é salvo pelo evangelho “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8-9). Diante dessa certeza, entendem que há áreas em que é livre, por exemplo, para comer carne.

Sabendo que Jesus corroborou afirmando: “Nada existe fora da pessoa que, entrando nela, a possa tornar impura” (Mc 7.14). Isto é, para os “fortes”: “somos livres para comer carne”. Em 1 Coríntios 8, tem um embate semelhante. Havia ali um conflito entre ex-adoradores de ídolos e outros crentes. A questão era: deve ou não comprar carne sacrificada aos ídolos nos açougues?  

Os “fortes” disseram: “Não há nada errado em comê-las, afinal os ídolos não são reais, não existem”. Já os “fracos” sentiam receio, dificuldades de consciência em comer essa carne sacrificada aos ídolos. Novamente Paulo vai tangenciar: “...não são os alimentos que nos fazem aceitáveis diante de Deus; não nos tornaremos piores se não comermos, nem melhores se comermos” (1 Co 8.8).

Mas, o apostolo Paulo, vai apaziguar essa questão, não tomando lado: “Aquele que come de tudo....” – o cristão “forte” – “...não deve desprezar o que não come” – o cristão “fraco”. Ou seja, ele está afirmando para o forte não se sentir superior, maduro, avançado, sábio e sofisticado em termos espirituais. Menosprezando o fraco como alguém demasiado simples e tacanho.

Em contrapartida, “aquele que não come de tudo” – o cristão “fraco” – naturalmente condenará o homem que o faz. O forte terá a tendência de se sentir superior e até indiferente em relação ao fraco, mas o fraco terá a tendência de condenar o forte. Lhe dizendo que ele corre grave perigo espiritual, de que desagrada a Deus e o afronta.

2)     De que o fraco se esqueceu

Paulo diz que o “fraco”: “ao condenar o cristão que pratica o que você considera proibido, eis que você esquece...”. Em primeiro lugar, que somos justificados pela fé, aliás em todo o livro de Romanos esse ensinamento está saturado, do começo ao fim. Por que um companheiro cristão não deve ser condenado? Porque “...Deus o acolheu” (v.3). Paulo ensina que devemos nos lembrar que, quaisquer que sejam a força ou a fraqueza do cristão quanto ao comportamento é à opinião, ele é completamente amado e aceito pelo Pai por meio de Cristo. 

Em segundo lugar, eles esqueceram que Deus é o único juiz. O verso 4 é uma forte advertência contra denunciar o cristão que difere de você em questão de consciência. O verbo “julgar” aqui não significa uma simples avaliação, mas condenação e denuncia. “Quem és tu, que julga o servo alheio?...”. Não estamos qualificados para julgar. Por quê?

·        Não somos oniscientes, de modo que nosso julgamento não contempla todos os fatos

·        Não somos objetivos, de modo que nosso julgamento está manchado pelo egoísmo.

·        Não somos perfeitos, de modo que nosso julgamento é hipócrita.

·        Não somos Deus, de modo que nosso julgamento não tem jurisdição. 

Em terceiro lugar, eles se esqueceram de ponderar com cuidado a própria posição. O fraco precisa se lembrar que poder estar errado! O versículo 5 é bastante interessante e importante: “...cada um esteja inteiramente convicto em sua mente”. Será que a Bíblia de fato ordena ou proíbe determinada prática ou se a consciência é livre. Determinar isso requer reflexão e oração!

E, por fim, o apostolo dá uma idéia de como ponderar se uma prática pode ser adotada ou não: “...e quem come, para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem não come, para o Senhor deixa de comer, e dá graças a Deus” (Rm 14.6). O cristão deve olhar para qualquer prática e dizer: “Posso fazer isso diante de Cristo? Posso fazê-lo com os olhos voltados para ele? Posso fazê-lo em seu nome, agradecendo a ele por isso?

3)     Do que o forte se esqueceu

O cristão forte deve deixar de “...julgar uns aos outros” (Rm 14.13). E, continua o apostolo: “...façamos o proposito de não colocar pedra de tropeço ou obstáculo no caminho do irmão”. O apostolo está afirmando que, quando o forte se mostra insensível ao “fraco”, desprezando-o (Rm 14.3), pode levar o fraco a pecar. A palavra no grego para “pedra de tropeço” fala de um tombo, ou um galo na testa, uma rasteira dada e a pessoa caiu de madura de no chão. 

O cristão forte não pode prejudicar o irmão mais fraco “...aquele por quem Cristo morreu” (Rm 14.15). Paulo lembra o forte de que Jesus pagou com a própria vida por todo cristão – um preço enorme. Se Jesus morreu por um irmão fraco, devemos então trata-lo com extremo cuidado e sensibilidade, por mais fraco que ele seja.

O cristão forte está esquecendo o que de fato importa na vida do cristão. Ser membro do reino de Deus “...não consiste em comer e beber...”(v.17). Mas, muito mais do que isso “...justiça, paz e alegria no Espirito Santo” (Rm 14.17).

Conclusão: conselhos

Seja atencioso (Rm 14.21). Aquilo que você desfruta na privacidade do seu lar “comer carne”, etc, uma liberdade que você tem em sua intimidade com Deus, não pode ser exteriorizada do lado de fora, caso o teu irmão venha se escandalizar.

Tenha convicção (Rm 14.22). Verdade seja dita: muitos cristãos não têm firmeza plena em relação àquilo em que creem, de modo que vive tentando agradar a todos.

Seja consistente e humilde (Rm 14.23). Esteja certa de sua fé, de sua maturidade, mas não se esqueça que a consciência com a leitura da Biblia e os ensinamentos dados na igreja, tende a aumentar, crescer, expandir, melhorar, amadurecer, etc. 


 

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