terça-feira, 28 de maio de 2024

 A ele a glória  - Romanos 11.33-36 

Introdução

Nos versos finais de Romanos 11 temos uma doxologia. A palavra “doxologia” vem do grego “doxa” louvor, honra e “logos” palavra. Doxologia é uma expressão de louvor, de adoração ao Senhor, realizada em forma de cântico, salmos e orações que expressam a gratidão a Deus. O apostolo inicia louvando a riqueza e a sabedoria de Deus, com uma interjeição (uma alegria imensurável) no final: “Ó profundidade da riqueza da sabedoria e do conhecimento de Deus!”; em seguida, fala sobre os seus juízos e seus caminhos, e com a interjeição no final: “Quão insondáveis são os seus juízos, e inescrutáveis os seus caminhos!” (Rm 11.33). 

Em seguida o apostolo fala da sua sabedoria com vários pontos de interrogação: “Quem conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro?” E adora o Deus eterno: “Quem primeiro lhe deu, para que ele o recompense?” Rm 11.34-35). E, na parte final da doxologia, louva o criador e o sustentador de todas as coisas: “Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele seja a gloria para sempre! Amém” (Rm 11.36). No final, mais uma interjeição, exclamação, admiração ao criador de todas as coisas.

1)     Louvores a Deus

Nas escrituras temos muitas doxologias, louvores a Deus; louvores pequenos e grandes. Por exemplo em Filipenses há uma doxologia sobre a encarnação de Jesus: “...embora sendo Deus, não considerou o ser igual a Deus...mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante a homens...humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de Cruz...” (Fl 2.6-8); e vai até a sua glorificação. Em primeira Timóteo o apostolo Paulo tem uma doxologia semelhante, mas curta: “...Deus foi manifestado em corpo, justificado no Espirito, visto pelos anjos, pregado entre as nações, crido no mundo e recebido na gloria” ( 1 Tm 3.16). 

Quando o apostolo Paulo está escrevendo para os irmãos de Efésios, no terceiro capitulo, exorta para que compreendam: “a largura, o comprimento, a altura e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo que excede todo conhecimento, para que vocês sejam cheios de toda plenitude de Deus”. Em seguida, Paulo é tomado por um cântico, uma doxologia: “Aquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos e pensamos, de acordo com o seu poder que opera em nós, a ele seja a gloria na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo sempre! Amém! (Ef 3.20). 

E o que falar das doxologias no livro de Apocalipse? No capitulo 4 o apostolo está caracterizando os querubins, anjos que estão ao lado do trono de Deus e que cuidam de sua santidade. “Cada um deles tinha seis asas e era cheio de olhos, tanto ao redor como por baixo das asas. Dia e noite repetem sem cessar: Santo, Santo, Santo é o Senhor, o Deus Todo-Poderoso, que era, que é e que há de vir” (Ap 4.8). E, também os vinte e quatro anciãos que estão ao redor do trono louvam ao criador: “Tu, Senhor e Deus nosso, és digno de receber a glória, a honra e o poder, porque criaste todas as coisas, e por tua vontade elas existem e foram criadas”. (Ap 4.11).

E no capitulo 5 de apocalipse? Quando o cordeiro de Deus, Jesus Cristo, recebeu o livro da mão daquele que estava assentado no trono, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos (com harpas e taças de ouro cheio de incenso), cantavam um cântico novo: “Tu és digno de receber o livro e de abris os seus selos, pois foste morto, e com teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, língua, povo e nação. Tu os constituíste reino e sacerdote para o nosso Deus, e eles reinarão sobre a terra” (Ap 5.9-10). 

No final do capitulo temos uma doxologia com muitos anjos, “milhares de milhares e milhões de milhões, os seres viventes e os vintes e quatro anciãos, todos cantavam em alta voz: “Digno é o Cordeiro que foi morto de receber poder, riqueza, sabedoria, força, honra, gloria e louvor”. Agora, o coro se estendeu “...todas as criaturas existentes no céu, na terra, debaixo da terra e no mar, diziam: “Àquele que está assentado no trono e ao Cordeiro sejam o louvor, a honra, a gloria e o poder, para todo sempre!” (Ap 5.12-13).

2)     Interjeições

Primeiro temos duas interjeições: “Ó profundidade da riqueza da sabedoria e do conhecimento de Deus! Quão insondáveis os seus juízos, e inescrutáveis os seus caminhos!”. 

O apostolo Paulo inicia sua carta aos romanos falando da situação dos gentios, da sua condenação, do pecado “...trocaram a verdade pela mentira, e adoraram e serviram as coisas criadas, em lugar do criador...por causa disso Deus os entregou as paixões vergonhosas” (Rm 1.25-26). No capitulo 2, fala sobre os judeus, da religiosidade e da dificuldade de cumprirem a lei de Deus; e no terceiro capitulo, olhando tanto para os gentios quanto para os judeus sentencia: “Pois todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23).

Já no capitulo 4, ele usa o exemplo de Abraão, para fala da salvação pela fé e não pelas obras, Cristo nos justificou morrendo na cruz e ressuscitando ao terceiro dia. No capotulo 5, fala da relação entre Adão e Cristo, ambos representantes da raça humana, um nos legou o pecado, a condenação e outro, nos deu a salvação, a vida eterna. E, no capitulo 6, fala da graça que superabundou em nossas vidas, a partir de agora, vivemos em novidade de vida, vivemos para Cristo. 

Quando chega o capitulo 7, o apostolo fala da luta entre a carne e o espirito “...o que faça não é o bem que desejo, mas o mal que não quero...” (Rm 7.19). Mas, no capitulo 8, fomos justificados “Não há nenhuma condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1), ou seja, não há acusação, penalidade. Além disso, o Espirito Santo, mora, reside dentro de nós “O Espirito testifica ao nosso espirito que somos filhos de Deus” (Rm 8.16), faz morada em nossa vida, somos templos do Espirito Santo, nos ajudando, nos habilitando, capacitando a vencer o pecado.  


Nos capítulos 9,10 e 11 o apostolo Paulo descreve o plano de Deus para o povo de Israel, serão salvos por meio do evangelho, da pregação da palavra de Deus, serão salvos por meio da graça de Deus “Porque o fim da lei é Cristo, para justificação de todo o que crê”(Rm 10.4), fazendo o povo judeu e a igreja, um povo só. Os horizontes de Paulo são vastos. Ele integra tempo e eternidade, história, escatologia, justificação e santificação. E agora para ofegante, em forma de doxologia, em glorificação, exaltação ao Deus que sabe tudo.

Em Corintios lemos: “...Deus em sua sabedoria.... usou a loucura de nossa pregação para salvar os que creem. Pois os judeus pedem sinais, e os gentios buscam sabedoria...mas ...Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus. Pois a loucura de Deus é mais sábia que a sabedoria humana, e a fraqueza de Deus é mais forte quer a força humana” (1 Co 1.20-25). Deus falou pela boca do profeta Isaias: “Pois os meus pensamentos não são os pensamentos de vocês, nem os seus caminhos são os meus caminhos, diz o Senhor. Assim como os céus são mais altos do que a terra, também os meus caminhos são mais altos do que os seus caminhos e os meus pensamentos mais altos do que os seus pensamentos” (Is 55.9).

3)     Interrogações

“Quem conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Quem primeiro lhe deu, para que ele o recompense?” O apostolo usa o texto de Isaias 40 para equiparar a mente do Senhor com a nossa. Uma pergunta: Será que somos capazes de conhecer a mente do Senhor, ou saber os pensamentos de Deus? Ou será que somos capazes de lhe acrescentar alguma coisa? Será que podemos afirmar que temos crédito com Deus? Não! Nós não conhecemos a mente do Senhor, nós não somos seus conselheiros! Nós dependemos inteiramente dele para nos ensinar e salvar. 

“Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas”. Se perguntarmos de onde surgiram todas as coisas no princípio, bem como de onde elas vêm ainda hoje, a resposta será: de Deus; sim tudo é de Deus, tudo o que existe, tudo o que vemos na natureza: sol, lua, estrelas, os mares, os planetas, os rios...tudo, Deus é o começo de tudo.  Se indagarmos como todas as coisas vieram a existir e como continuam existindo, a resposta será: “Por intermédio de Deus”, além de criar o mundo, ele sustenta o mundo, é a base do mundo, é o alicerce de todas as coisas. 

 Se perguntarmos porque tudo veio a existir e para onde irão todas as coisas, a única resposta é: “Pouca causa de Deus e para Deus”. Sim, tudo é por causa dele, da glória dEle, da sua presença, da sabedoria de Deus. Além de ser o Alfa, o começo, o criador de todas as coisas, ele é o Omega, é o final, é o absoluto. Aquele que virá para buscar a sua igreja e leva-la para o céu.

Conclusão: “A ele seja a glória para sempre! Amém!

Se a ele é toda gloria, pois isso que o orgulho humano é tão ofensivo. Orgulhar-nos equivale a comportar-nos como se fossemos o Deus Todo-Poderoso, pavoneando por toda terra como se fossemos os donos do lugar...mas toda glória pertence a Deus. Ele é digno de louvor, digno de toda doxologia, de toda adoração, engrandecimento...

 


  

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