Introdução
Hoje pela manhã o vizinho ajuntou todas as folhas secas ao redor do tronco da minha arvore. Quando vi aquelas folhas juntas ao redor da arvore, lembrei-me que, não era a primeira vez que isso acontecia. Na primeira vez, que o vizinho ajuntou as folhas ao redor do tronco da arvore, alguém passou e colocou fogo. Queimou todas as folhas secas e também o tronco da arvore, mais de 60 por cento de queimadura. Hoje na arvore, as queimaduras permanecem e as consequências daquele incêndio...
1)
Fui
ferido
Paulo nos exortou “Alegrem-se
com que se alegram; chorem com os que choram” (Rm 12.15). Não é muito fácil
alegrar na alegria do nosso irmão e também poucos se enternecem com os que
choram. Mas, não é difícil, não é impossível. Agora, o apostolo Paulo vai um pouco
mais fundo no relacionamento humano: nossa atitude com quem nos feriu, com quem
nos magoou, com que nos humilhou, com que nos abandonou...
O presidente John Kenedy gostava de dizer: “Não se exaspere; vá à forra”, isto é, parte para cima. Infelizmente, é assim que a maioria das pessoas age, até mesmo muitos cristãos “Não levam desaforo pra casa”. A natureza humana é assim: Primeiro nos exasperamos, enfurecemos e irritamos; em seguida, nos vingamos, damos na mesma moeda, na mesma proporção “Olho por olho, dente por Deus” (Mt 5.38).
Uma pergunta: o que acontece quando agimos na lei do talião, na
mesma moeda? Na maioria das vezes fazemos tudo errado. Ou somos severos demais,
radical demais ou tolerantes demais; agimos cedo demais ou tarde demais. Usamos
palavras erradas, pesadas, agressivas, imoderadas, inconsequentes...piorando
mais a situação.
Muitas vezes somos como Bruce Wilis na série de filmes “Duro
de Matar”. Carregamos nossas armas e entramos na sala, ou na cozinha e
atiramos. Nosso lema é: “Mate todos e deixa Deus separar os bons dos maus”. E
se, por acidente, ferimos pessoas inocentes, racionalizamos nossos atos
dizendo: “O mundo é cruel e, às vezes, as pessoas se machucam”.
Portanto, o motivo mais importante para não nos vingarmos é que, em nossa inaptidão, podemos acabar impedindo a operação de Deus na vida de outra pessoa. Deus vê aquilo que não somos capazes de enxergar; observa as motivações do nosso coração; conhece nossos pensamentos; sabe o que faremos antes e conhece nossas razões.
A visão de Deus é melhor que a nossa, e seus objetivos são
mais elevados. A vingança é a especialidade dele. Deus expulsou Adão e Eva do
jardim; fez o mar vermelho secar para que o povo passasse e fechou afogando os egípcios.
Foi ele quem abriu o chão, engolindo os filhos de Corá; e feriu Miriã com
lepra. Ele operou milagres na igreja primitiva, mas também matou Ananias e Safira
quando mentiram...
2)
E
agora o que fazer?
Paulo diz no verso 20: “Se o teu inimigo...”. Quem é seu inimigo? Quase sempre é um amigo ou um membro da família que o magoou de alguma forma. O meu inimigo nunca estará do outro lado do mundo, mas, será sempre alguém perto de mim, que faz parte do meu relacionamento. Ou, o inimigo é qualquer pessoa que Deus usa para revelar nossas fraquezas. O inimigo é como um cinzel que Deus usa para remover aos poucos as imperfeições da vida.
O princípio básico de todas essas exortações é resumido no inicio
e no fim: “A ninguém devolvei mal por
mal...” (Rm 12.17). E: “Não te deixe
vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem”. A palavra “...vencer...” é um
termo militar que tem o sentido de subjugar. Ou seja, Paulo diz que retribuir o
mal com o mal é perder de imediato a batalha contra o mal! O único modo de derrota-lo
é fazendo o bem à pessoa que causou o dano.
SE VOCE ODEIA ALGUÉM QUE O PREJUDICOU, ESSE ALGUÉM VENCEU! A ÚNICA FORMA DE DERROTAR O MAL É PERDOAR E AMAR A PESSOA.
“...Se o teu inimigo
tiver fome, dá-lhe de comer, se tiver sede, dá-lhe de beber” (Rm 12.20). Sem
dúvida esse ensinamento é um contrassenso, bate de frente com a nossa natureza
carnal, vingativa. A vontade do homem não é alimentar jamais quem nos feriu, mas
Deus ordena que seja alimentado, tratado com gentileza e não rispidez e ignorância.
E da mesma forma: “...se tiver sede...”
não é pra dar chá de chumbinho, mas um copo com água gelada, ou um suco.
“...amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça” (Rm 12.20). Paulo estava se referindo a um costume egípcio de, literalmente, colocar brasas vivas sobre a cabeça como sinal de arrependimento; quando agimos com amor e bondade. As brasas vivas têm o objetivo de curar, e não de ferir; de conquistar e não de alienar, ou seja, envergonhá-lo, levando-o ao arrependimento.
O que poderia ser qualificado como brasa viva? Uma mensagem
no whatsapp, um telefonema, um bilhete, flores, um perfume, um presente, ajudar
em alguma necessidade, gentileza, cordialidade, etc. A lista é interminável,
pois as “brasas vivas” se referem a qualquer ato de bondade que você realiza em
favor de um inimigo.
3)
Como
assim?
O evangelho nos lembra quanto Deus foi paciente conosco,
reteve seu julgamento para nos conduzir ao arrependimento. O evangelho nos lembra
o quanto é paciente conosco agora, tendo perdoado nossa falhas e fraquezas
constantes em Cristo.
O evangelho nos lembra que devemos medir nossa fé em Cristo que Deus nos tem dado. Fomos justificados pelo sangue e amados pelo próprio Deus. Agora, não temos nada para provar a ninguém! Antes, vivíamos de esmolas sentimentais, querendo provar alguma coisa. No evangelho, descobrimos que a pessoa mais admirável de todas já se agrada de ser Nosso Pai e habita em nós!
Portanto, o amor cristão é o mais imparcial possível,
destruindo o preconceito e o orgulho de raça, classe e profissão. Somos todos
iguais em Cristo Jesus.
O evangelho nos diz que não existe superior. Ele o puxa para
baixo, para uma correta avaliação de si mesmo. E lhe revela que Deus o amou
quando você era seu inimigo – quando compreende isso, você se descobre amando
aqueles que desprezaria.
O evangelho nos conta que há um juiz, e ele é digno de confiança
para ajustar todas as coisas. Não precisamos acertar as contas; alguém se
importa conosco e com o mundo e se certificará que haja a mais rigorosa justiça
“Minha é a vingança; e eu retribuirei” (Rm 12.19). Deus leva a sério o pecado e
que ele o castigará.
Conclusão
O apostolo Paulo diz: “odiai
ao mal e apegai-vos ao bem” (Rm 12.9). Não é amor deixar o ser amado pecar
contra você. Permitir ou promover o pecado nunca é melhor para ninguém. Além
disso: “...apegai-vos ao bem...”.
Significa que não devemos pecar contra nós mesmos. Em outras palavras, não
devemos amar os outros de modo a desobedecermos a Deus e sermos maus
administradores de nossa saúde física e emocional ou da de nossa família.
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