terça-feira, 22 de julho de 2025

 Uma segunda lei Jr 36.1-16 


Introdução

O livro de Eclesiastes diz: “uma geração vai, e outra geração vem...” (Ecl 1.4). O que foi, o que aconteceu, pode ser que na geração que vem, não aconteça. Martinho Lutero iniciou um movimento espiritual que tomou conta da Europa espalhando para todos os lados do mundo; trazendo avivamentos espirituais profundos e significativos; o que dizer dos avivamentos dos Morávios; o que dizer do avivamento da Inglaterra e dos Estados Unidos; o que dizer do avivamento na rua Azuza, em 1902. Tudo esses movimentos ocorreram na Europa. Mas, atualmente, a Europa tem sido invadida pelo ateísmo e pela religião muçulmana. Igrejas tem se transformado em casas de show, discotecas, comércios etc.

1)     Uma cópia da lei

Quando Jeremias ainda era adolescente, Josias era o rei de Judá e uma grande reforma estava acontecendo no Templo (2 Rs 22.5). Então, revirando alguns documentos antigos o Sumo Sacerdote Hilquias disse a Safã, secretário do rei: “Encontrei o livro no templo do Senhor” (2 Rs 22.6). Então, Safã leu o livro ao rei Josias: “...rasgou suas roupas”, em sinal de arrependimento. Houve um grande avivamento em Judá nos dias do rei Josias. 

O livro de Deuteronômio foi o manual que o rei Josias seguiu para começar uma reforma religiosa. Jeremias cresceu lendo esse livro, participou ativamente desse tempo de avivamento, celebrou a páscoa do Senhor. Três elementos são importantes na leitura do livro de Deuteronômio:

Primeiro, ao ler o livro, o profeta Jeremias adquiriu uma memória, pois este livro recapitula, é uma “segunda lei”, reafirma os mandamentos de Deus a uma segunda geração. Escrito na forma de discurso proferido por Moisés na fronteira entre o deserto e a terra prometida. Moisés revive a experiencia de ser retirado do Egito, preservado no deserto e receber as promessas de uma vida plena de bençãos.

Segundo, Jeremias adquiriu também uma base teológica. Ele aprendeu a pensar em Deus de uma forma relacional. Para ele Deus é vivo, pessoal e ativo. Portanto, Deus é relacional, não é religião, nem mero conhecimento, muito menos abstração, mas um Deus que se mistura com o homem no seu cotidiano. Deus tem compromisso com o seu povo; Deus fala com o seu povo, Deus levanta homens e mulheres.

Terceiro, Jeremias tornou-se responsável em função da enorme quantidade de mandamentos presentes. O mandamento é uma é uma palavra que nos convida a viver além do que compreendemos, sentimos ou desejamos. O mandamento eleva as pessoas da animalidade para a humanidade. A primeira palavra que Deus dirigiu a Adão foi um mandamento: “Sede férteis e multiplicai-vos...” (Gn 1.28).

2)     Nos dias de Jeremias

Dezesseis anos se passaram desde a morte do Rei Josias, fora morto na batalha de Megido. O trono agora era ocupado por seu filho, Jeoaquim, que não tinha a mesma espiritualidade, a mesma disposição de buscar a Deus, como seu pai. O escritor o define: “Fez ele o que era mau perante o Senhor” (2 Rs 23.37) Uma pergunta: o que aconteceu para que o seu filho não andasse no mesmo caminho do seu pai? Por que Josias não conseguiu inculcar a fé de Deus em seu filho? E, agora, algo mais abrangente: “Por que temos dificuldade de transmitir nossa fé aos nossos filhos? 

Então, Jeremias foi instruído por Deus: “...pegue um rolo... – um livro – e escreva nele tudo o que lhe falei a respeito do povo de Israel e de Judá...” (Jr 36.2 NTLH). A palavra está para ser escrita em um material comum, ou seja, um pergaminho ou papiro. Em seguida, o processo é delineado: escrever, desenvolver-se, escutar, que por sua vez transforma-se em mudar e, depois em perdoar... 

Eram tempos difíceis, os babilônicos estavam chegando em Jerusalém, chegavam noticiais que eles haviam reduzido a cidade costeira de Asquelom a ruinas. O rei estava apreensivo, com medo, o povo temia por suas vidas. Portanto, um dia de jejum foi convocado em consequência da crise, a cidade estava ansiosa e pessoas oravam (Jr 36.6). O momento era perfeito para ouvir a Palavra de Deus. A crise, o medo, havia levado as pessoas a dobrar os joelhos diante de Deus.

O que dizer do nosso Brasil? Vivemos uma crise institucional sem precedentes, inflação aumenta, aumento da pobreza, da miséria. Um governo que desviou bilhões de aposentados; gastando milhões em viagens desnecessárias; as escolas estão sem dinheiro para investir em merendas, etc. enquanto isso os juízes vivem como milionários e os políticos desviando dinheiro da população carente. 

Jeremias fora proibido de profetizar em público pelo rei Jeoaquim; sim sua liberdade de expressão foi cassada! Mas, como Deus ordenou, ele escreveu toda sua mensagem em um rolo para ser lido. Enviou seu secretário Baruque para ler o livro em voz alta diante do povo ali reunido (Jr 36.4-10). Um jovem chamado Micaías, “...ouviu todas as palavras de Yahweh” (Jr 36.11) lida por Baruque e as palavras impactaram o coração desse jovem.

Correu para junto do seu pai e contou-lhe tudo o que havia escutado. Seu pai, com outros membros do governo, mandou chamar Baruque para que lesse o rolo diante deles: “Senta-te aqui, pois, entre nós e lê o livro para que todos ouçamos o que diz” (Jr 36.15). Assim, como Micaías, o pai ficou impressionado; os demais ouvintes, também foram atingidos por aquelas palavras (Jr 36.16). Eles ouviram a verdade e sentiram-se confrontados por ela. Todos eram homens responsáveis e sabiam que suas vidas, bem como a vida da nação, haviam sido advertidas pela Palavra de Deus.  

Esses homens tinham consciência de que o rei Jeoaquim precisava ser informado do ocorrido. No entanto, conheciam o coração do rei e sabiam que quando o rei ouvisse tais palavras, Jeremias e Baruque poderiam ser considerados mortos. Por seguranças, os oficiais, recomendaram que os dois permanecessem em local seguro e ignorado. O rei já tinha mandado matar um profeta, Urias, que ousou enfrentá-lo (Jr 26.20-33). Com certeza, não hesitaria em matar mais um... 

Agora, era a hora do rei ouvir a leitura do rolo. Jeoaquim estava em sua casa de inverno, especialmente construída para este período (era o mês de dezembro), e havia uma lareira acesa no aposento em que o rei estava, para manter o ambiente aquecido. Ele enviou um servo, Jeudi, para apanhar o rolo e lê-lo diante dele. O rei tinha um canivete em sua mão, quando o servo terminou de ler a terceira ou quarta folha do livro, o rei, com desdém e ar de sarcasmo, cortou o rolo com o canivete, lançando-a a seguir na lareira acesa. O livro foi lido e destruído, coluna por coluna foi reduzida a tirar e queimadas no fogo. 

Conclusão

Dezessete anos antes, o pai de Jeoaquim, Josias, recebeu das mãos do escrivão Safã um rolo e ordenou que o lessem em voz alta para ele. Sua reação foi penitencial – “ele rasgou suas vestes”. Josias reconheceu aquele rolo como a Palavra do Deus verdadeiro e compreendeu a vida de pecado que todo o povo incluisive ele, na ignorância, estava vivendo. Hulda, uma profetisa, descreveu a reação de Deus ao arrependimento de Josias ( 2 Rs 22.19).

Agora, uma geração depois, a mesma cena se repete. Jeoaquim, o filho de Josias, é apresentado ao rolo pelo filho de Safã, Gemarias. A reação de Jeoaquim também foi imediata, porém o que havia em seu interior era escárnio e desprezo por aquela palavra. Ao invés de rasgar as suas vestes em sinal de arrependimento, como seu pai fizera, ele rasgou o livro, ridicularizando-o. Há uma palavra profética que termina esta narrativa, mas ao contrário das palavras de aprovação expressas por Hulda, é uma profecia sobre a condenação de Jeoaquim (Jr 36.29-30). 


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