terça-feira, 9 de abril de 2024

O peso da gloria Romanos 8.17-26 

Introdução

O sofrimento é uma realidade presente na vida do cristão. Vemos pessoas sofrendo e morrendo quase todos os dias; vemos pessoas adoecendo com diversos tipos de enfermidades e às vezes, a mais temida, o câncer maligno. Hoje temos uma epidemia de dengue assolando os brasileiros. Vemos acidentes de carros, de motos. Pessoas com depressão profunda, pessoas com crises de ansiedade na alma. Enfim, todos os tipos de enfermidades, sofrimento, adversidades, tribulações, etc... 

1)     Vale a pena continuar?

O apostolo Paulo pondera: “Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a gloria que em nós será revelada” (Rm 8.18 NVI). Na versão de Eugene Peterson diz: “Não penso que seja possível fazer uma comparação entre os tempos difíceis de hoje e os bons tempos que virão” (A mensagem).

Muitos professam a fé e vivem a vida cristã por algum tempo – mas, infelizmente, em determinado momento, concluem que seus sofrimentos presentes não valem a pena e se afastam. Se afastam da igreja, se afastam da fé em Cristo Jesus, se afastam da esperança vindoura que teremos depois dessa vida. 

No livro “Cartaz de um diabo ao seu aprendiz”, C.S. Lewis, o diabo fala para o seu aprendiz: “Não haverá um perigo maior ... do que quando um ser humano, que não mais deseja, mas ainda assim pretende fazer a vontade de nosso Inimigo, olhar em redor, para um universo do qual todo traço dele parece ter desaparecido, e perguntar-se por que foi abandonado e ainda obedece” (pg. 54).

No entanto, Paulo responde à pergunta com um sim enfático. Sim, diz ele, na verdade “...os sofrimentos do presente não se podem comparar com a gloria que será revelada em nós”. Ele está dizendo: “Se você sabe para onde vai no futuro, nem lhe passa pela cabeça que seus sofrimentos e dores presentes não valem nada, em comparação com gloria (doxa) que há de ser revelada”. “...aquilo que sofremos agora é insignificante, sem compararmos com a gloria que ele nos dará mais tarde” (Bíblia Viva). 


a nova Jerusalém, que descia do céu, preparada como uma noiva adornada...ele enxugará dos nossos olhos toda lagrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou...cidade santa, Jerusalém...resplandecia com a gloria de Deus, e seu brilho como de uma joia muito preciosa, como jaspe, clara como cristal...a cidade não precisa de sol e nem de lua para brilharem sobre ela, pois a gloria de Deus a ilumina...as nações andarão em sua luz...suas portas jamais se fecharão de dia, pois ali não haverá noite” (Ap 21).

 O apostolo continua: “Porque a ardente expectativa da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus”(Rm 8.19). O texto fala da volta de Jesus, que se aproxima e será tão poderosa, retumbante a ponto de cegar e, quando ele vir, todos os santos serão envolvidos e todo céu será envolvido em cânticos em gloria ao criador e ao cordeiro.

 “...a manifestação dos filhos de Deus”. Será o dia da volta de Jesus, do arrebatamento da igreja “...a ultima trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados” (1 Co 15.52). Seremos perfeitamente santos tanto quanto Cristo e, portanto, de uma beleza tão deslumbrante quanto a dele. Isso é gloria, é o peso da gloria que está reservada para nós.

Lhe faço uma pergunta: Você já parou para pensar no “peso da gloria”? Voce já parou para pensar nessa gloria? Em toda sua dimensão? Pensa no irmão mais simples da igreja, despojado, corpo debilitado, sem recursos financeiro, enfim, humilde...se víssemos em gloria, nos sentiríamos fortemente impelidos a adorar. Sim, todos nós, que fomos adotados por Deus e que somos coerdeiros com Cristo, seremos tomados da glória, seremos tomados de fulgor...um corpo imortal e incorruptível. 

De um lado se ouvirá: “Não vos conheço. Apartai-vos de mim” (Lc 13.27). Sim, serão banidos da presença daquele que é onipresente e apagados da memória daquele que é onisciente. Podemos ficar totalmente, absolutamente de fora – repelidos, exilados, separados e eterna e indizivelmente ignorados. As cinco virgens imprudentes bateram na porta, querendo entrar “Senhor! Senhor! Abra a porta para nós! Mas ele respondeu: A verdade é que não as conheço” (Mt 25.12). 


Por outro lado, podemos ser convidados, acolhidos, abraçados, recebidos e reconhecidos “Vinde benditos de meu Pai, possui por herança que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mt 25.34). Andamos todos os dias no fio da navalha, entre essas duas incríveis possibilidades. “As virgens que estavam preparadas para o banquete entraram com ele para o banquete nupcial. E a porta foi fechada” (Mt 25.10).

2)     O mundo que vivemos

Sabemos que toda natureza criada geme até agora, como em dores de parto”. A raça humana caiu em pecado quando o primeiro humano, Adão, pecou (Rm 5.21,22). Então toda natureza “...foi submetida à inutilidade” (Rm 8.20). Portanto, a natureza não é o que deveria ser ou o que foi criada para ser. O termo “inutilidade” é o mesmo traduzido por “vaidade” no livro de Eclesiastes. Significa que a natureza está alienada, tanto de nós, quanto de si mesma. Ela não é tão bela ou excelente quanto se pretendia. Tornou-se inutilizada, não por sua própria escolha, mas pela vontade “daquele que a sujeitou” (Rm 8.20), expressão referente a Deus. 

Assim como Deus expulsou Adão e Eva do paraíso, sujeitando-lhes a vida à inutilidade. Como afirmou C.S.Lewis, no seu livro “Peso de gloria”: “Somos criaturas divididas, correndo atrás de álcool, sexo e ambições...”. O escritor de Eclesiastes afirma: “tudo é vaidade, é como uma corrida sem fim atrás do vento” (Ec 1.14). No entanto, Deus deu uma esperança que nasceria o descendente da mulher (Gn 3.15). Nem tudo está perdido.

A criação está presa, limitada em um ciclo continuo de morte e decomposição. O tempo todo a natureza busca se renovar, trazendo nova vida da morte: as flores nascem, crescem e morrem; os animais nascem, crescem e morrem. Assim é a natureza criada, uma dicotomia de vida e morte. Aliás, o universo inteiro está se deteriorando e enfraquecendo, perdendo mais energia do que é capaz de gerar. Tudo na natureza se esgota e morre. 

Portanto, a natureza é um reino de dor e sofrimento. Ela “...geme e agoniza...como se sofresse dores de parto” (Rm 8.22). Semana passada tivemos um terremoto em Taiwam, de magnitude 7.4 graus, vários lugares adjacentes foram afetados por esse terremoto. E os Tsunamis de 2004 que matou mais de 230 mil pessoas! Sim, maremotos, vulcões...são gemidos da natureza. Quando a vida nasce (parto) e se perde (morte). Há dor e sofrimento ...a terra geme.

3)     Os primeiros frutos

Diante de um quadro medonho, o apostolo exorta: “...temos os primeiros frutos do Espirito” (Rm 8.23). Ou seja, mediante tudo “Até a criação motiva você a dizer: Sim!” A dor presente e a gloria futura explica porque nós cristãos “...gememos em nosso íntimo, aguardando ansiosamente...” (Rm 8.23). Como fazem a criação e a mulher em trabalho de parto. “...os primeiros frutos” fala da nossa adoção, nos dando liberdade gradual dos efeitos do pecado e da morte e nos torna parecidos ou semelhantes a Cristo.

O apostolo Paulo afirma que “...somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem” (2 Co 3.18). “O pecado não tem mais domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça” (Rm 6.14). Fomos adotados como filhos sendo herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo; fomos regenerados, vivificados pelo poder do Espirito Santo, uma nova natureza se implantou em nós; fomos justificados, não existe condenação, penalidade, Jesus levou tudo na cruz do calvário. E, por fim, estamos sendo santificados todos os dias, nos consagrando.

Mas, sabemos que ainda não somos o que um dia seremos, que não temos tudo que um dia teremos. “Pois nessa esperança fomos salvos. Mas, esperança que se vê não é esperança. Quem espera por aquilo que está vendo? Mas o que ainda não vemos, aguardamo-lo pacientemente” (Rm 8.24-25).

Conclusão

“Da mesma forma o Espirito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio Espirito intercede por nós com gemidos inexprimíveis” (Rm 8.26).

Há ocasiões da vida em que  “...não sabemos como devemos orar” (Rm 8.26). Diante de circunstancias desfavoráveis, perda pessoal, ou lutando com uma decisão que nos transformará a vida, ou confrontando nossos fracassos e defeitos “...o próprio Espirito intercede por nós como gemidos que não se expressa em palavras” 



  

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