terça-feira, 2 de janeiro de 2024

 A missão de Jesus Mt 9.1-17

Jesus Cristo nos convida para segui-lo de uma forma radical, seguir a Jesus é “negar a si mesmo, tomar a sua cruz e segui-lo” (Mt 16.25). Não é como aquele escriba que queria seguir como se fosse ganhar alguma coisa, algum prestigio ou bem material. Seguir a Jesus, significa que haverá tempestades em nossa vida, mas ciente de que ele está no barco e não irá afundar. Seguir Jesus é libertar pessoas endemoninhadas, presas por espíritos demoníacos. E, hoje, veremos a missão de Jesus.

1)     A cura do paralitico Mt 9.1-17

Para surpresa da multidão, Jesus diz: “Tenham bom ânimo, filho, os seus pecados estão perdoados” (Mt 9.2). As palavras são inesperadas. Eis um paralitico que veio para ser curado e, Jesus perdoa os seus pecados! Contudo, Jesus percebe pelo menos duas enfermidades que precisavam de toque. 

A paralisia e o pecado. Das duas, Jesus julga a ultima mais importante ou mais urgente. Portanto, a doença é a consequência do pecado. É por isso que o ministério de Jesus apontava para a cruz, que lida com o pecado de forma suprema. Mas o fato dele dizer ao paralitico para ter bom animo sugere fortemente que sua paralisia era resultado direito de um pecado especifico, nesse caso. E o homem sabia disso e lidou com tormentos terríveis de culpa.

“Tenha bom ânimo; os seus pecados estão perdoados” (Mt 9.2). Teria sido insuportavelmente cruel se o homem não tivesse consciência da culpa e apenas quisesse ser liberta de sua paralisia. As palavras iniciais evidenciam que Jesus entendia realmente a condição do homem e estava lidando com dor mais profunda.

Contudo, as autoridades religiosas murmuravam entre si: “Este homem está blasfemando” (Mt 9.3). O verbo traduzido por “está blasfemando” significa “caluniar”. As autoridades religiosas pensavam que a blasfêmia acontecia quando o nome de Deus era invocado e utilizado de maneira inadequada. Se afirmo poder fazer o que somente Deus pode fazer, estou rebaixando-o ao compará-lo comigo mesmo, trazendo-o para o meu nível.

Afinal, quem pode perdoar pecados? O pecado é sempre, antes de qualquer coisa, uma afronta a Deus. Davi compreendeu essa ideia: “Contra ti, só contra ti, pequei e fiz o que é mau aos teus olhos, de modo que justa é a tua sentença e tens razão em condenar-me” (Sl 51.4). O próprio Deus declara: “Sou eu, eu mesmo que apaga suas transgressões, por amor de mim, e que não se lembra mais de seus pecados” (Is 43.25). Aqui está Jesus, dizendo com ousadia: “os seus pecados estão perdoados”.

Jesus conhecia o pensamento deles, ele detecta a intenção maligna deles: “Por que vocês pensam maldosamente em seu coração”, ou, “Por que cogitai o mal em vossos corações” (Mt 9.4). Na verdade, os líderes religiosos não estavam preocupados em preservar a santidade de Deus, mas sim, não aceitavam a identidade de Jesus, como Filho de Deus. Então, Jesus arrazoa com eles: “Que é mais fácil dizer: os seus pecados estão perdoados, ou: Levante-se e ande?” (Mt 9.5).

Para alguns é mais fácil dizer: “Seus pecados estão perdoados” do que dizer: “Levante-se e ande”. Portanto, é mais fácil falar “os seus pecados estão perdoados”. Agora, mandar o paralitico levantar, é mais difícil! Mas, para os religiosos era mais fácil dizer: “levante-se e ande”. Afina, os profetas do Antigo Testamento fizeram milagres (Elias e Eliseu) e, até ressuscitaram mortos.

No entanto, nenhum deles, nenhum patriarca, nenhum profeta, nenhum sacerdote, ninguém no Antigo Testamento, concedera perdão de pecados. Porquanto, perdoar pecados não é prerrogativa de homem pecador, mas somente prerrogativa de Deus.

Mas, para que vocês saibam que o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados”, ele se volta para o paralitico e diz: “Levante-se, pegue a sua maca e vá para casa” (Mt 9.7). Mateus comenta resumidamente: “Ele se levantou e foi para casa” (Mt 9.7). Portanto, Jesus não veio apenas para curar, ou para reinar, ou para ressuscitar pessoas dos mortos. Ele veio para perdoar pecados e transformar pecadores.

2)     O chamado de Mateus.

“...viu Jesus um homem chamado Mateus, sentado na coletoria, e disse-lhe: segue-me! Ele se levantou e o seguiu” (Mt 9.9). Mateus era publicano, ou seja, cobrador de impostos. Ele estava sentado na coletoria, que era uma cabine de alfândega e de recolhimento de imposto, em Cafarnaum. Os publicanos não eram tidos em alta estima; para os judeus, eram traidores. Eram separados, ou expulsos de seus familiares. 

Todavia, diz o texto que Jesus passando pela coletoria, Jesus lhe disse: “Siga-me. Mateus levantou-se e o seguiu” (Mt 9.9). Mas, a ênfase ocorre no que aconteceu depois. Mateus fez uma festa, um jantar “...muitos publicanos e pecadores vieram para cear com ele e seus discípulos” (Mt 9.10). Então, os fariseus perguntaram aos discípulos: “Por que ceia o vosso mestre com publicanos e pecadores” (Mt 9.11). Além dos pecadores e publicanos, haviam as prostitutas, trapaceiros, renegados à marginalidade da vida judaica. Todos eram desprezados, rejeitados, profundamente pelos religiosos...

Mas, Jesus responde: “Não são os que tem saúde que precisam de médico, mas sim os doentes” (Mt 9.12). Diz ele, depois vai além, citando as escrituras “Vão aprender”, então cita Oséias 6.6: “Desejo misericórdia, não sacrifícios”. O profeta Oséias condenou os religiosos do seu tempo, preservando a casca religiosa e perderam a interioridade, a piedade, o amor.

O ministério de Jesus, a missão de Jesus, significava o perdão de pecados. Ele precisava se misturar com os pecadores. Ele veio chamar os elementos desprezados e repugnantes da sociedade. Quando, hoje, aqueles que se promovem como justos e vem a religião para se auto justificar, Jesus diz, na verdade, que não veio para eles.

Jesus veio para chamar os elementos desprezados e repugnantes da sociedade, ninguém está isento. Cristo veio para vivificar os mortos, justificar os culpados e condenados, lavar os contaminados e cheios de maldade, resgatar do inferno os perdidos, vestir com a sua gloria os que estavam cobertos de vergonha, dando-nos a esperança duma vida eterna com Deus.

O que aprendemos com o chamado de Mateus? Primeiro, os cristãos devem aprender a ter uma profunda gratidão pela salvação que os conquistou. Fomos salvos, justificados, regenerados, santificados por Deus. No entanto, ainda somos pecadores, egoístas.

Segundo os cristãos devem aprender com o exemplo de Jesus. Jesus veio chamar os desprezados, marginalizados, prostitutas, drogados e repugnantes da sociedade, estamos nesse meio. O pecado está em nós, não somos melhores do que ninguém.

Terceiro, Se você se sente bom o suficiente para Jesus, se você se sente santo demais, se você se sente melhor do que os outros, se você se sente mais espiritual do que seus irmãos, Jesus não te quer. Ele veio para os doentes e pecadores, para os quebrantados e necessitados. Ele convida os pecadores para virem até ele, e os perdoa e os transforma.

Conclusão

Os discípulos de João Batista perguntaram a Jesus: “Por que jejuamos nós, e os fariseus, muitas vezes, e os teus discípulos não jejuam?” (Mt 9.14). Jesus responde aos discípulos de João: “Como podem os convidados do noivo ficar de luto enquanto o noivo está com eles? Virão dias quando o noivo lhes será tirado, então jejuarão” (Mt 9.15). Com o noivo presente, era festa, alegria, o reino estava sendo implementado, milagres estavam sendo operados no meio dos homens. Mas, dias negros chegariam, quando o Messias fosse preso, morto, ressuscitado, então, depois jejuariam...

Então Jesus conta uma parábola: “Ninguém coloca remendo novo em roupa velha; porque o remendo força o tecido de roupa e o rasgo aumenta” (Mt 9.16). Para consertar um grande rasgo em um pano velho e bem encolhido, é necessário usar um remendo que esteja igualmente bem encolhido, isto é, pano velho com pano velho.

E vai um pouco mais longe: “Nem os homens põem vinho em vasilha de couro velha; se o fizerem, a vasilha rebentará, o vinho se derramará, e a vasilha se estragará. Ao contrário, põe-se vinho novo em vasilha de couro nova; e ambos se conservam” (Mt 9.17). ou seja, o vinho novo, ainda fermentado, fosse colocado em vasilha velha, os gases da fermentação facilmente exerceriam pressão suficiente para romper a vasilha. Portanto, vinho novo era colocado em vasilhas novas, porque elas ainda eram flexíveis e teriam certa elasticidade, não propensas ao rompimento.

O evangelho é vinho novo e precisa de uma vasilha nova; o velho testamento é vasilha velha e vinho velho. 


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