terça-feira, 16 de janeiro de 2024

 A compaixão de Jesus Mt 9.35-38; 10.1-4 

Introdução

“Jesus ia passando por todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando as boas novas do reino e curando todas as enfermidades e doenças” (Mt. 9.35). De acordo com Flavio Josefo, historiador judeu da época de Paulo, havia 204 cidades e vilas na Galiléia, cada uma com não menos do que quinze mil pessoas. Portanto, ao todo eram três milhões de pessoas. Se Jesus falasse em duas cidades por dia, ainda levaria cerca de quatro meses para cobrir todo o território da Galiléia. 

Jesus pregava nas ruas, pregava nas vielas, nas casas, à beira do oceano, nos campos. Onde estava o povo, lá estava Jesus. No entanto, no ato de levar a mensagem do reino, há esgotamento físico (como em Samaria, ele sentou-se no poço para descansar) e o esgotamento emocional (sempre se retirava para orar). Apesar de todas as dificuldades, ele não desanimou. "Minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e completar a sua obra" (Jo 4.34). E, cada dia mais, multidão acorria para vê-lo e receber milagres.

1)     Multidões

“Ao ver as multidões, Jesus sentiu grande compaixão pelas pessoas...”. Compaixão no grego é eram as entranhas do corpo ou, como poderíamos dizer atualmente, as vísceras. Elas são o lugar onde estão localizadas as nossas emoções mais intimas e mais intensas. Constituem o centro donde brota tanto o amor apaixonado como o ódio apaixonado. Quando Jesus era tomado pela compaixão, a fonte de toda vida tremia, o solo de todo amor explodia, e se revelava o abismo de ternura imensa, inexaurível e insondável.  


Quando Jesus vê a multidão, é tocado pelas suas necessidades, estavam coagidas, machucadas “...aflitas e desamparadas”. Como ovelhas sem pastor, elas são exploradas, desorientadas, movendo-se como rebanho, mas raramente sabendo o porquê ou para onde. Por trás do comportamento censurável, pecaminoso, inconsequente, estão a angustia, a exploração, o desespero desarticulado por não saber para onde ir. “Como ovelhas que não tem pastor” (Mt 9.36). Onde, portanto, estão os pastores? Ocupados demais! Ou, muitos cuidando do seu negócio!  


De acordo com os evangelhos Jesus sempre era movido pela compaixão. Veja o caso do leproso: “Jesus, pois, compadecido dele...”. O servo do centurião fora curado pela compaixão de Jesus. A sogra de Pedro fora curada pela compaixão de Jesus. No mar encapelado, quando o barco parecia que ia naufragar, Jesus sentiu compaixão pelos discípulos e, acalmou  o vento e o mar. Os endemoninhados de Gadara foram libertos pela compaixão de Jesus. O paralitico, perdoado e curado, pela compaixão de Jesus.

E quanto ao publicano Mateus? Jesus teve compaixão dele e o chamou para segui-lo. E arrazoa com os fariseus: “Os são não necessitam de médico, mas sim, os doentes” (Mt 9.12). E Jairo, desesperado, atordoado, por causa da sua filha morta? Jesus teve compaixão do homem e curou a sua filha. E, a mulher de fluxo de sangue? Doze anos com uma hemorragia sem cura? Mas, pela compaixão de Jesus, ela foi curada da doença.

As pessoas, lamenta Jesus, são “como ovelhas sem pastor” (Mt 9.36). No Antigo Testamento, Deus guiou o seu povo pelo deserto, durante quarenta anos. Deus é o pastor compassivo que guia, que alimenta, que protege o seu povo. 

2)     A colheita é grande

A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Peçam, pois, ao Senhor da colheita que envie trabalhadores para sua seara” (Mt 9.36-38).

A palavra “colheita” não significa aqui “tempo da colheita”, uma expressão associada ao juízo de Deus. Ao contrário, ela significa “produtos colhidos”, por causa da palavra grande. Jesus está dizendo que há muitas pessoas, num certo sentido, apenas esperando para ouvir o evangelho do reino. Os campos de pessoas estão prontos, esperando para serem colhidos. Quando Jesus estava na Samaria com aquela mulher, diz aos seus discípulos: “...erguei os olhos e vede os campos, pois estão brancos para a ceifa” (Jo 4.35). As pessoas têm necessidade urgente de trabalhadores que vão e lhes anunciem as boas novas. 

O trigo maduro está pronto para a colheita; mas poucos são os ceifeiros. O campo é o mundo. Precisamos pregar o evangelho em Jerusalém, Judéia, Samaria e os confins da terra, fazendo discípulos de todas as nações. Cada crente deveria ser um ceifeiro, anunciando o evangelho onde Deus te colocou...

O que, portanto, deveria ser feito? Fazer um seminário sobre a necessidade de evangelização? Fazer um curso básico em teologia? Fazer recrutamento de pessoas que querem evangelizar? Não! Não! Não! O primeiro passo é orar, orar ao Senhor da colheita, para que ele envie trabalhadores para sua seara. Temos que orar ao Senhor para que levante homens e mulheres ao campo da colheita. Charles Spurgeon diz que ministros feitos pelos homens são inúteis. A obra de Deus se faz com os joelhos que oram, com os pés que vão e com as mãos que ofertam.  O mundo está clamando por socorro “Passou a sega, findou o verão, e nós não estamos salvos” (Jr 8.20). Somente Deus pode mudar a história das pessoas, somente Deus pode perdoar os seus pecados, somente Deus. 

O dinheiro pode bancar um curso de teologia; a universidade pode conferir um diploma de teologia; a igreja pode levantar e ordenar presbíteros, pastores e evangelistas. Porém, somente o Espirito Santo pode encher os verdadeiros ministros do evangelho. Sem o Espirito Santo, não tem como Deus te usar.

“...Ele mande mais trabalhadores para a colheita” (Mt 9.38). Deus sempre trabalhou usando pessoas. Levantou o gago Moisés, o inseguro Jeremias, Isaias, Ezequiel, Amós, Pedro, Paulo, Timoteo, etc. É por isso que temos que orar ao Senhor para que levante trabalhadores, homens, mulheres, crianças, adolescentes jovens. Para difundir, levar o evangelho e mostrar o poder do reino de Deus. Os trabalhadores que Deus levanta são dotados de dons espirituais e graça para atender a esse enorme desafio. 

Em Ezequiel, capitulo 22, o profeta lista os pecados repugnantes do povo de Israel, principalmente dos mais ricos, dos comerciantes e dos profetas. Chegando ao fim da lista, lemos: “Seus oficiais são como lobos que despedaçam as presas; derramam sangue e matam gente para obter ganhos injustos. Seus profetas disfarçam esses feitos enganando o povo com visões falsas e adivinhações mentirosas. Dizem: Assim diz o Soberano, o Senhor, quando o Senhor não falou. O povo da terra pratica extorsão e comete roubos; oprime pobres e os necessitados e maltrata os estrangeiros, negando-lhe justiça” (Ez 22.27-29).

Mas a acusação mais contundente de todas vem nas palavras finais do capitulo: “Procurei entre eles um homem que erguesse um muro e se pusesse na brecha diante de mim e em favor dessa terra, para que eu não a destruísse, mas não encontrei nenhum. Por isso derramarei minha ira sobre eles  e os consumirei com meu grande furor; sofrerão as consequencias de tudo o que fizeram” (Ez 22.30,21). 


Conclusão:  a escolha dos discípulos

Jesus chamou seus discípulos para o seguirem. O evangelista Marcos diz que Jesus subiu ao monte e chamou o os que ele mesmo quis, esses vieram para junto dele (Mc 3.13).  O evangelista Lucas diz que Jesus se retirou para o monte, a fim de orar, e passou a noite orando a Deus. E, quando amanheceu, chamou a si os seus discípulos (lc 6.12). Mateus, por outro lado, não menciona o tempo de oração, somente o chamado dos discípulos. Jesus lhes deu autoridade.

Jesus chamou os apóstolos: Simão Pedro e André (irmãos e pescadores), Tiago e João (os filhos do Trovão), Filipe de Betsaida, Bartolomeu (Natanael – “De Nazaré pode vir alguma coisa?”), Mateus, o publicano; Tomé, o cético; Tiago, filho de Alfeu e Tadeu (nada sabemos sobre eles, não se destacaram); Simão, o zelote; Judas iscariostes  (aquele quem o traiu). 

Autoridade para pregar. Por isso que a pregação é de grande importância na expansão do reino de Deus. É a maior responsabilidade da igreja e a maior necessidade do mundo.

Autoridade para libertar. O homem sem Cristo é um prisioneiro. Prisioneiro dos demônios, do pecado, de suas paixões e do sistema mundano. Somente Jesus pode libertar o ser humano de suas prisões.

Autoridade para curar. O pecado produziu no homem doenças e enfermidades. Na missão de Jesus está a cura das doenças físicas. Os apóstolos curaram enfermos, purificaram leprosos, expulsaram demônios e ressuscitaram mortos. 



 

 

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