terça-feira, 19 de dezembro de 2023

 Jesus em conflito familiar – Mt 13.54-56 

Introdução

A família é uma instituição estabelecida por Deus. Deus criou a família. Em Genesis afirma que Deus fez o mundo do nada em seis dias “e tudo era bom” (Gn 1.18).  No sexto dia o homem foi criado “Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou...” (Gn 1.27). No entanto, o homem estava sozinho e Deus afirmou: “Não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda” (Gn 2.18).  Depois da criação da mulher, Adão exultou: “Esta é osso dos meus ossos, e carne da minha carne! Será chamada mulher (varoa)! Porque foi tirada do homem” (Gn 2.23). 

 1)     Jesus e Nazaré – Mt 13.54-56

Jesus iniciou seu ministério em Nazaré (Lc 4.16). Essa comunidade que não aparece nos escritos de Josefo, tinha uns 600 habitantes! Ali Jesus passou a sua infância e juventude. Ali foi aprendiz de carpinteiro, em seguida carpinteiro. De Nazaré ele saiu para iniciar o seu ministério. Portanto, durante trinta anos, Jesus andou pelas ruas de Nazaré, contudo, quando ele anunciou a mensagem do evangelho em sua comunidade não houve aceitação, mas rejeição. Aliás, por causa da incredulidade, Jesus não realizou nenhum milagre em Nazaré (Mt 13.58). 

O evangelista Mateus apresenta a família de Jesus. Diante dos seus ensinos em Nazaré todos ficaram admirados e perguntavam: “De onde lhe vem esta sabedoria e estes poderes miraculosos? Não é este o filho do carpinteiro? O nome de sua mãe não é Maria, e não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? Não estão conosco todas as suas irmãs? De onde, pois, ele obteve todas essas coisas?” (Mt 13.54-56).

Primeiro, Jesus é chamado “o filho do carpinteiro”, isto é, José, seu pai de criação (Jesus foi concebido pelo Espirito Santo), era carpinteiro e ensinou essa profissão ao filho. Aqui, vemos o principio de Provérbios: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho, não se desviará dele” (Pv 22.6).  Carpinteiro era uma pessoa que trabalhava com madeira, metal e pedras. Depois da morte prematura do seu pai de criação, Jesus tornou-se carpinteiro. 

Segundo seus irmãos. “O nome de sua mãe não é Maria, e não sãos seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? Não estão conosco todas as suas irmãs? (Mt 13.55-56). Por mais esforço que a igreja católica faça pra afirmar a virgindade de Maria, por outro lado, a Bíblia afirma explicitamente que Maria concebeu filhos naturalmente, depois do nascimento de Jesus. São quatro homens: “...Tiago, José, Simão e Judas...suas irmãs...”. Portanto, somente Jesus foi concebido por Deus, os demais irmãos, tiveram nascimento normal.

2)     Uma rusga familiar

O evangelho de Marcos é cheio de ação, o tempo todo Jesus está andando e curando as pessoas. Ele cura um homem de mão ressequida e curava pessoas de todos os cantos: Galiléia, Judéia, Idumeia, etc. todos eram curados e libertos pelo poder de Jesus. “Então Jesus foi para casa”(v.20), diz Marcos. E ajuntou muita gente dentro da casa. “E outra vez se ajuntou uma multidão, de tal modo que nem podiam comer” (Mc 3.20).

Os parentes de Jesus de Nazaré viajam cerca de 48 km para tentar leva-lo à força de volta para casa. Diz Marcos:“Quando os seus familiares ouviram falar disso, saíram para apoderar-se dele, pois diziam: Ele está fora de si” (Mc 3.21). Numa outra versão “Ele está louco” (NVT), ou, “Eles suspeitavam que Jesus estava perdendo o juízo” (A mensagem). Imagine você, sua própria família lhe acusando, lhe apontando o dedo.

Uma pergunta: Quem já não passou uma experiencia de ter sua família contra você? Quem não conheceu a dor de um ataque que vem de dentro? É terrível! Isso nos desestabiliza e desmoraliza. Que grande equívoco, engano da mãe de Jesus e dos irmãos de Jesus, afirmando: “Está fora de si, ou está louco, ou perdeu o juízo”

Enquanto a família de Jesus estava do lado de fora da casa, os mestres da lei acusavam Jesus de “...está possuído por Belzebu...é pelo príncipe dos demônios que ele expulsa os demônios” (Mc 3.22). Como assim? Então Jesus expõe o argumento que um reino dividido contra si mesmo, não poderá subsistir, ou uma casa dividida contra si mesma, não se mantém de pé (Mc 3.24-25). 

Então “...a mãe e os irmãos de Jesus ... tendo ficado do lado de fora, mandaram chama-lo” (Mc 3.31). ou, “Olhe, a sua mãe, os seus irmãos e as suas irmãs estão lá fora, procurando o Senhor” (Mc 3.31,32). Então, Jesus olhou para aquelas pessoas e perguntou: “Quem é minha mãe, ou meus irmãos?” (Mc 3.33). Essa pergunta tem como objetivo refletir a verdadeira natureza do reino de Deus, quem é a sua verdadeira família. Jesus corre o olhar para todos que estão sentados e diz: “Aqui estão minha mãe e meus irmãos” (Mc 3.34). E no versículo 35, ele termina: “...aquele que fizer a vontade de Deus, esse é o meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mc 3.35). 

Jesus está sendo radical, como foi no evangelho de Mateus: “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim” (Mt 10.37-39). No entanto, Jesus não quis dizer que ele não se importava com sua família, aliás, cuidou de sua mãe até o final. Também, não estava querendo dizer pra colocar os irmãos da igreja acima da nossa família, como acontece com algumas seitas.

Jesus não está desfazendo os laços familiares, mas estabelecendo a prioridade. A família duradoura e final são os que estão em Cristo Jesus, os irmãos na fé. Os relacionamentos e laços espirituais transcendem os relacionamentos conjugais e de sangue. Os verdadeiros cristãos, portanto, são os que ouvem e praticam a palavra de Deus. No céu os laços espirituais são tão profundos que os laços carnais perdem a sua relevância.

3)     Irmãos incrédulos

E, por fim, no evangelho de João no capitulo 7 e versículo 1 diz: “Jesus começou a andar pela Galileia...”. A galileia é a região norte de Israel, terra dos gentios. Nesse tempo era comemorada a festa das cabanas, que acontecia no mês de Tishri, dia 15. Em vários sentidos, nenhuma das outras festas exigia tantos sacrifícios, enchia a estrada estreitas de Jerusalém com tantos peregrinos, que ao longo dos séculos, se tornou conhecida simplesmente como A festa. 

Cada família devia construir uma cabana que trouxesse á memoria a flora do deserto “para que os descendentes de vocês saibam que eu fiz os israelitas morarem em tendas quando os tirei da terra do Egito” (Lc 23.43). Era possível achar ramos de palmeiras e alguns galhos com folhas perto do Oásis. Ramos de choupo, salgueiro, murta, misturados com oliveiras tão comuns na região, eram confeccionados de modo a fornecer abrigo do sol intenso e do calor do Oriente Médio. 

 E os irmãos de Jesus lhe disseram: “Saia daqui e vá para a Judéia a fim de que os seus seguidores vejam o que você está fazendo”, ou “...os milagres que realiza” (Jo 7.3) (NVT). Nas entrelinhas do texto, eles estão falando jocosamente, ironicamente, com seu irmão mais velho. E continuam: “Voce não se tornará famoso escondendo-se dessa forma. Se você pode fazer coisas tão maravilhosas, mostre-se ao mundo”.

Parece um incentivo, uma mensagem motivadora, como se estivessem dizendo: “Para de se esconder, saia da Galileia, vá para Judéia, as luzes estão lá, o templo está lá, a história acontece lá e não aqui”. No entanto, o desalentador é o que está escrito no versículo 5 de João capitulo 7: “Pois nem mesmo seus irmãos criam nele”. 

Conclusão

Se o Nosso Senhor enfrentou conflitos com seus familiares, imagine nós que optamos em segui-lo. Seremos subestimados em nossa cidade natal; ou dirão que estamos fora de si, ou estamos loucos; e, seremos mal compreendidos em nossa missão de caminhar com Cristo, não debaixo das luzes ou dos holofotes, mas na vida piedosa que há em Cristo Jesus.  


  

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