sábado, 1 de novembro de 2025

 Perigo na praça – Jz 19 

Introdução

Se tem algo que incomoda o ser humano é o local fétido da cidade, o lixão. É um local onde todo lixo da comunidade é lançado; um local de ratos, de moscar, urubus. Nos dias do Novo Testamento, havia um local chamado vale do Hinom em que as entranhas dos animais apresentados em sacrifício no templo eram lançadas. Um local nojento, fétido, cheio de vermes, onde o verme nunca morre, onde o fogo nunca apaga; também nesse vale havia uma estatua do deus moloque, onde sacrificava crianças.  O capitulo 19 de juízes fala de algo similar, algo repulsivo, algo nojento, sanguinário, carnicento, desesperador e o cheiro que vai se espalhando...

1)     Um levita

O texto começa falando da situação nos dias de Juízes “Naqueles dias em que Israel não tinha um rei...” (v.1), e diz mais: "cada um fazia o que bem parecia aos seus olhos".  O povo de Israel ainda estava tentando expulsar os cananeus da terra, mas sem muito êxito. Logo, como não conseguiram, se misturaram aos cananeus, aos seus costumes e no final, estavam se dobrando diante de seus deuses. 

O texto também aponta para um levita que morava na região montanhosa de Efraim; ele tinha uma concubina (o costume pagão dos cananeus). “Ela se irritou com ele e, deixando-o, voltou para casa de seu pai, em Belém de Judá” (v. 2). Algumas versões dizem que ela “adulterou contra ele, deixou-o e foi para a casa de seu pai...”.

Depois de quatro meses o levita vai em busca de sua concubina “...para reconquistá-la e falar ao coração” (v.3). Quando ele chegou em Belém de Judá o pai da moça saiu alegremente ao seu encontro e convenceu-o a ficar. Lá na casa do seu sogro, permaneceu por cinco dias; e toda vez que o levita se levantava para ir embora, o sogro insistia para que ficasse mais um dia. Toda essa demora, toda essa insistência vai causando um descontentamento no levita.

Até que no quinto dia, resolve ir definitivamente para casa. Saíram a tardinha quando o sol já se escondia. Pelo caminho passaram por “Jebus, que é Jerusalém” (v.10). Uma cidade ainda não conquistada, que pertencia aos jebuseus, que somente seria conquistada nos dias do rei Davi.  Nessa viagem estava o Levita, a mulher e o moço ajudante...quando chegaram perto de Jerbus, no final do dia, o moço perguntou: “Vamos parar na cidade dos jebuseus e passar a noite ali” (Jz v.11).

Mas o levita respondeu: “Não podemos ficar numa cidade estrangeira, que não pertence aos israelitas. Vamos prosseguir até Gibeá” (v. 12). Então, quando chegaram em Gibeá havia algo esquisito naquela cidade, uma cidade vazia, esquisita. Ninguém quis hospedá-los, não foram receptivos. De tal forma que foram em direção à praça da cidade, para ali passar a noite.

Quando já havia anoitecido chegou um ancião, um senhor, que não era natural de Benjamim mas da região montanhosa de Efraim e lhes perguntou: “Para onde está indo? De onde vem?” (v.17). Ele respondeu: “Estamos de viagem, indo de Belém de Judá para os montes de Efraim...”. E fala que está tudo bem com ele, pois “tem palha e forragem ...pão e vinho...”. Ou seja, temos o necessário.

Mas um ancião, adverte-os: “vocês não podem passar a noite na praça” (v.20). o texto sugere que há algo pior nessa cidade do que a indiferença: façam o que quiserem, só, não passem a noite na praça! E lhes diz: “vocês são bem vindo em minha casa. Vou atende-lo no que você precisar. Só não passem a noite na praça”. Era uma uma sinal de advertência, como um filme de terror, como se algo muito ruim fosse acontecer com eles...

2)     Gibeá

Foram para casa do ancião, comeram e beberam juntos. O que acontece em seguida: “...homens depravados cercaram a casa, gritaram para o homem idoso: tragam para fora o homem que entrou na sua casa para que tenhamos relações sexuais com ele”! (Jz v.22). Não se esqueçam: estamos na tribo de Benjamim, tribo do povo de Deus. Essa cena é muito parecida com o que aconteceu em Sodoma e Gomorra na época de Ló, quando os anjos vieram visitar Ló e sua casa... O pecado dos cananeus estava nas entranhas do povo de Deus...

Da mesma forma que Ló que oferece suas filhas virgens, o velho oferece aos homens depravados sua própria filha e a concubina do levita. Então o “levita pega sua concubina e a mandou para fora. Eles a violentaram e abusaram dela a noite toda” (v. 25). Em momento algum pensaram em proteger as mulheres...mas dormiram a noite inteira. Depois de ser abusada a noite inteira, a mulher se agarrou na porta da casa, mas não respondia, estava morta.

O levita quando chegou em Efraim, sua casa, pegou seu cutelo, sua faca, cortou o corpo da mulher em doze pedaços, uma para cada tribo de Israel e disse: “Nunca se viu nem se fez uma coisa dessa desde o dia em que os israelitas saíram do Egito” (v.30). Pensem! Reflitam! Ponderai!

Conclusão

Esse fato aconteceu não em Sodoma e Gomorra, não nas terras dos cananeus, mas em Israel. É o povo de Deus que estava cometendo tamanha barbaridade! Isso aconteceu em Gibeá, portanto, quem cometeu tal pecado, foi o povo de Deus.

Olha o risco que corremos de abandonar o temor do Senhor! Olha o risco que corremos quando deixamos Deus em segundo lugar; quando Deus não é mais importante em minha vida.

O povo que entrou com Josué na terra prometida, sim, o povo que viu as muralhas caindo, que viu o rio jordão se dividindo diante dos seus olhos; um povo que adora, que celebrava...agora temos uma geração que não mais conhece o Senhor.

O Senhor Jesus diferentemente desse levita, jamais entregaria sua noiva para ser destruída, abusada, molestada. Mas o Nosso Senhor, entregou a si mesmo, deu a sua vida, deu seu corpo para ser morto em nosso lugar. Sim, ele foi castigado pelos nossos pecados, azorragues caíram sobre suas costas; carregou uma cruz pesada, colocaram uma coroa de espinho em sua cabeça e foi erguido numa horrível cruz, tudo por nós.

 

      

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