Cuidado com a tentação Tg 1.13-18
Introdução
O diabo é um anjo caído, chamado de “...é a antiga
serpente... que engana todo mundo” (Ap. 12). Diabo é oposição a Deus e ao povo
de Deus; ele conhece a fragilidade do seu povo, a tendencia ao pecado de
estimação que existe na vida de todos. Por isso que o apostolo Paulo exorta: “fortalecei-vos
no Senhor e força do seu poder! Revesti-vos de toda armadura de Deus, para
poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo” (Ef 6.10-11).
1)
Quatro
verdades sobre a tentação
Primeiro, a tentação está sempre presente. Ninguém está imune a ela, o texto diz: “Quando tentado...” (Tg 1.13 A21). Assim como somos provados em nossa fé, também as tentações são inevitáveis. Segundo, Deus nunca é fonte de tentação: “Quando alguém for tentado, jamais deveria dizer: estou sendo tentado por Deus” (Tg 1.13 NVI). Por quê? Deus é santo, logo, significa que é separado do mal. A santidade tem dois lados: a incapacidade de ser afetado pelo mal e a incapacidade de causar o mal.
Terceiro, a tentação sempre ocorre em um processo sistemático: “Mas cada um é tentado...” (Tg 1.14 ARC), a conjunção “mas” indica um contraste, ou seja, entre a visão errônea de que Deus é o autor da tentação e sua verdadeira origem e fonte. “...Quando atraído...”, esse termo faz parte do vocabulário de pesca e significa “atrair com isca”. Assim uma isca é colocada em nossa vida – algo externo. A isca em si não é pecado.
Portanto, trata-se de uma linha sutil, quase imperceptível,
entre estar num estado seguro e protegido, cuidando de sua vida e escorregar
para um estado de risco, de tentação. Veja a sutileza da tentação: um ruido,
alguém que passa por voce, uma mensagem no seu celular, um pensamento distraído
que parece surgir do nada, um cheiro de maconha...
A grande dificuldade é que bem no fundo de nosso coração surge uma espécie de fome, a vontade de morder a isca “....e tentado pelo seu próprio desejo, sendo por este arrastado e seduzido” (Tg 1.14 NVI). Então, Deus não é nem remotamente responsável pela tentação, nem mesmo de forma indireta, mas o nosso desejo é a causa direta do pecado. Na verdade, não podemos colocar a culpa nem na isca que nos atraiu! A culpa é somente nossa.
“Em nossos membros, jaz latente uma repentina e violenta inclinação
ao desejo ... força irresistível, o desejo domina a carne. De imediato,
acende-se um fogo secreto e imperceptível. A carne é incendiada e tomada pelas
chamas. Não interessa se o desejo é de natureza sexual, se é ambição, ou vaidade,
ganancia, poder...nesse momento Deus deixa de ser real para nós, e somente o
desejo em relação à criatura continua sendo real, a única realidade é o diabo. Satanás
não nos leva a ter ódio de Deus, mas a esquecê-lo”.
Em resumo, em Tiago 1.14 temos os elementos indispensáveis à tentação: uma isca externa atraente e um desejo interior. Quando esses dois elementos se juntam a uma vontade que cede a tentação, o resultado, tem duas palavras: “Então” e “concebido”. “Então” é a continuação de uma ação e “concebido” é uma palavra usada no contexto de concepção de uma criança.
A concepção da tentação acontece pela junção de dois
elementos necessários: o objeto da tentação e o desejo interior resulta no ato
pecaminoso. Um exemplo vivido do que o apostolo Tiago está afirmando é o caso
do rei Davi e o seu pecado de adultério com Bate-Seba, vejamos:
Enquanto seu exercito estava na batalha, Davi ficou em Jerusalém, ocioso e perambulando pelo palácio real (2 Sm 11.1). Enquanto caminhava pelo terraço do seu palácio, os olhos do rei viram uma mulher tomando banho (2 Sm 11.2). Essa visão acidental não era pecado em si. Mas a mulher era “muito bonita” (2 Sm 11.7), veio a cobiça, o desejo ...a semelhança de alguém que cai em um alçapão.
O salto de que Davi deu da tentação para o pecado foi tão
veloz quanto fogo em mato seco: ele perguntou quem ela era, mandou busca-la e
deitou-se com ela – tendo plena consciência de que se tratava de Bate-Seba, esposa
de Urias, o heteu (2 Sm 11.3-4).
O que é mais assustador no pecado de Davi é que ele era conhecido “um homem segundo o coração de Deus” (1 Sm 13.14). Se esse grande homem de Deus sofreu uma queda tão grave e repentina, não devemos pensar nem por um momento sequer, que estamos imunes a algo desse tipo, esse é o lado ruim da tentação.
Podemos resistir ao desejo, voltar as costas para a isca e
seguir outro caminho, interrompendo o ciclo. Mas se a pessoa que é tentada agasalha
o desejo, abraço o objeto da tentação e corre para a armadilha, o resultado
será pecaminoso. O ciclo é: quando somos levados por alguma coisa que nos
atrai, entramos no território da tentação e cedemos ao pecado. E quando é
mantido sem que haja arrependimento, ele resulta em morte.
“Gera a morte” (ARA), “produz a morte” (NTLH). Que morte é essa? O apostolo Tiago não está falando de morte física nesse texto, mas morte espiritual. Em Deuteronômio lemos: “Vê que hoje coloquei diante de ti a vida e o bem, a morte e o mal (DT 30.15)”. As pessoas que estão no caminho da vida, estão andando com Cristo; as pessoas que estão no caminho da morte, estão andando na carne e separadas de Cristo e não pode mais experimentar a verdadeira vida no Espírito.
Cuidado, cuidado, diz o apostolo Paulo: “Meus amados
irmãos, não se enganem”. Não se desviem. Os encantos das tentações chegam sob
muitas formas e em momentos diferentes. Não permitam que seus pensamentos se
desviem da verdade e sigam pelo caminho do engano e da falsidade.
Conclusão
“Semeia um pensamento e colherás um ato;
Semeia um ato e colherás um hábito”;
Semeia um hábito e colherás um caráter;
Semeia um caráter e colherás um destino”.
No começo são pensamentos “insignificantes”, como se dissesse:
“Não tem nada a ver”, depois virá “pecadinhos”, hábitos “inofensivos”...até tudo
isso virar uma bola de neve e caracterizar uma conduta que tira o brilho até
dos cristãos mais respeitados.
Como podemos evitar a rampa escorregadia do pecado? Primeiro,
a vitória é dos que pensam no que é bom. Tiago afirma que todas as boas dadivas e todos os dons perfeitos vem de Deus e nele “não
pode existir variação ou sombra de mudança” (Tg 1.17). O apostolo Paulo exorta:
“...tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo
o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama...nisso pensai” (Fl
4.8). O que voce tem lançado no solo fértil de sua mente?
A vitória é dos que vivem na verdade. O apostolo Tiago afirma que fomos gerados pela “palavra da verdade” (Tg 1.18). A mesma palavra que nos deu vida também nos alimentará e nos protegerá, concedendo-nos tudo o que precisamos para crescer.
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