A graça se manifestou Tt 2.11-14
Introdução
Estamos estudando a carta de Tito, escrita enquanto ele
pastoreava a ilha de Creta. Havia uma caricatura sobre os cretenses: “...cretenses, sempre mentirosos, feras
malignas, glutões e preguiçosos” (Tt 1.12). No texto anterior vimos o
apostolo Paulo exortando os “os homens
mais velhos”, “as mulheres mais
velhas”, “as mulheres novas” e,
por fim, “os jovens”. Insistiu para
que Tito pregasse a “sã doutrina”
(Tt 2.1), ou seja, a doutrina verdadeira, a palavra de Deus, pura, saudável,
que edifica, que dá saúde para o povo de Deus. E, agora, Paulo nos ensina que a
boa doutrina produz bom comportamento, produz santidade em nosso viver.
1)
“Porque
a graça de Deus se manifestou...”
“Porquanto a graça de
Deus se manifestou salvadora a todos os homens” (Tt 2.11). ou “Porque a graça de Deus se manifestou,
trazendo a salvação a todos os homens” (Tt 2.11).
O termo “manifestou” no grego é Epifania, que significa a visível aparição de alguma coisa ou de alguém que estava invisível. Essa palavra é usada no grego em relação à alvorada, ao amanhecer, quando o sol transpõe a linha do horizonte e se torna visível. A graça de Deus brilhou como o sol sobre aqueles que viviam nas regiões de sombra da morte.
No evangelho vemos essa epifania para os habitantes da Galileia: “Terra de Zebulom e Terra de Naftali, na direção do mar, do outro lado do rio Jordão, Galileia, onde moram os pagãos! O povo que vive na escuridão verá uma forte luz! E a luz brilhará sobre os que vivem na região escura da morte!” (Mt 4.15-16). A palavra “escuridão” é “muaph” dá a ideia de penumbra, tristeza, melancolia. Essa penumbra é o descaso ou ignorância sobre Deus; mas ali brilhou a luz de Cristo. Jesus cresceu em Nazaré, região da galileia; foi ali também que Jesus chamou os seus discípulos, aliás, a maioria deles eram galileus.
O apostolo Paulo fala dessa graça: “Mas, quando chegou o tempo certo (a plenitude do tempo), Deus enviou o seu próprio filho, que veio como filho de mãe humana e viveu debaixo da lei” (Gl 4.4, NTLH). Essa graça se manifestou quando Jesus nasceu numa estrebaria, cresceu numa carpintaria. E foi batizado no rio Jordão, por João Batista, quando disse: “Vejam é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. É sobre esse que falei: depois de mim vem um homem que está acima de mim, porque ele já existia antes de mim” (Jo 1.29-30).
Essa graça brilhou quando
dos seus lábios se ouviam palavras de vida eterna, quando ele curava os enfermos,
purificava os leprosos, lançava fora os demônios e ressuscitava os mortos. A
graça se manifestou quando o Filho de Deus entregou sua vida na cruz e a
reassumiu na gloriosa manhã de ressurreição. A graça se manifestou para resgatar
o homem do seu maior mal e oferecer a ele o maior bem.
“Graça de Deus”. A graça tem sua origem em Deus. Ele emana de Deus “Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito...” (Jo 3.16 NAA). A graça de Deus é totalmente imerecida, como disse o apostolo Paulo “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.8). Portanto, não há nenhum merecimento em nós, a graça é um favor de Deus, é um presente de Deus.
“A graça de Deus é
salvadora”. A graça
de Deus é o favor superabundante de Deus pelos pecadores indignos. A graça de
Deus triunfa sobre os nossos pecados. “Onde
abundou o pecado, superabundou a graça de Deus” (Rm 5.20). Somos salvos
pela graça, vivemos pela graça, dependemos da graça, respiramos a graça. Nada
somos sem a graça. Por causa da graça, embora perdidos, fomos achados; embora
mortos, recebemos vida. O Salmista Davi se expressou: “Tirou-me de um poço de destruição, de um atoleiro de lama; colocou
os meus pés sobre uma rocha e firmou os meus passos”. (Sl 40.2 NAA).
A graça salvou os homens mais miseráveis. A graça salvou Saulo de Tarso, um fariseu que perseguia a igreja de Jesus e que consentiu na morte de Estevão, sim a graça salvou! A graça salvou Agostinho de Hipona, um homem cheio de desejos, prazeres mundanos, experimentou todas as filosofias do seu tempo, mas a graça lhe salvou. A graça salvou John Newton, um mercador de escravos, um homem ímpio, sem princípios, valores, mas a graça lhe salvou. A graça ainda salva, estende as mãos, não importa o que você fez!
“Salvadora a todos os homens”. A graça de Deus não tem limite. O apostolo Paulo convida a igreja compreender, discernir, mensurar a respeito da graça de Deus “Vos seja possível compreender, juntamente com todos os santos, a largura, o comprimento, a altura e a profundidade desse amor” Ef 3.18 A21). A graça é suficientemente larga para abranger a totalidade de todos os homens; a graça é suficientemente cumprida para durar por toda eternidade; a graça é suficientemente profunda para alcançar o maior de todos os pecadores; a graça é suficientemente alta para lhe conduzir aos céus dos céus, onde tem morada para todos nós!
O que dizer da graça de Deus? O poeta tentou mensurá-la, ponderar:
“Se os mares todos fossem tintas, E o céu sem fim, fosse
papeis,
Se as aves todas fossem penas, e os homens todos escrivães.
Nem mesmo assim, o amor ou a graça de Deus seria descritos em
seu fulgor”.
2)
O
efeito da graça
“Ela nos educa para
que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas...”(Tt 2.12). o termo traduzido por educar
é paideuo que nos coloca no papel de criancinhas recebendo a instrução de pais
amorosos. Somos ensinados sobre o que não fazer e sobre o que devemos fazer.
Portanto, a graça de Deus nos educa, ela é pedagógica. Ela nos ensina a viver,
ser cristão é ser matriculado na escola da graça.
“Renegadas” é rejeitar, desdenhar, negar, repudiar. Sim, o homem que foi alcançado pela graça de Deus deve repudiar o caminho do pecado. A conversão é ter fé em Cristo e arrependimento é virar as costas para o pecado. O que devemos renegar, rejeitar?
“Impiedade” que é a rejeição de todo o que é
reverente e de tudo o que tem a ver com Deus. A palavra grega é “asebeia” que
aponta para o passado, para uma vida sem Deus e contra Deus. O ímpio é aquele
que não leva Deus em conta e, por isso, não leva Deus a sério.
“Paixões mundanas”, são paixões sexuais, pecado de adultério (pessoas casadas tendo relacionamento com outras pessoas) e imoralidade sexual (jovens praticando sexo antes do casamento). Essas paixões são adjetivadas por “mundanas”, apontando para aquilo que era comum aos cretenses. Em suma, refere-se aos anelos desordenados de prazeres, poder e possessões, ou seja, sexo, poder e dinheiro.
Portanto, a graça de Deus nos disciplina, nos educa a
renunciar à nossa velha vida, a passar da impiedade para a piedade, do egoísmo ao
autocontrole, dos caminhos desonestos a um tratamento justo com todos os
demais. Quando as paixões não são renegadas, a graça se torna barata e a pessoa
se evade da escola da graça.
E nos exorta “Vivamos,
no presente século, sensata, justa e piedosamente”. Como devemos viver? “Vivamos
sensatamente” que traz a ideia de prudência, autocontrole e moderação, ou seja,
sensatez é ter seus impulsos, instintos, ações e reações sob controle. “Vivamos, no presente século... justamente”.
A justiça fala do nosso correto relacionamento com o próximo. Uma pessoa
justa é aquela que não se coloca acima dos outros nem tenta diminui-los. Ela
concede aos outros o que lhes é devido.
“Vivamos no presente
século...piedosamente”. A piedade está ligada ao nosso correto relacionamento com Deus. É o
verdadeiro fervor e reverencia com o único que é objeto da nossa adoração.
Conclusão
“Enquanto aguardamos a
bendita esperança: a gloriosa manifestação do nosso grande Deus e Salvador,
Jesus Cristo” (Tt
2.13).
O cristão olha para o passado e glorifica a Deus porque a
graça o libertou da impiedade e das paixões mundanas. Ele olha para o presente
e exalta a Deus porque tem uma correta com Deus, consigo e com o próximo. Ele
olha para o futuro e se santifica porque vive na expectativa da epifania, do
aparecimento dos seu grande Deus e Salvador Cristo Jesus. Fomos salvos pela
graça, salvos de nossas mazelas, maldições e agora, estamos na ponta dos pés
aguardando o glorioso aparecimento do Rei dos Reis e Senhor dos Senhores.
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