terça-feira, 30 de abril de 2024

 Nós e os dons Rm 12.1-8 

Somos exortados a apresentar o nosso corpo como sacrifício vivo. Em seguida a não se amolda ao modelo deste mundo, mas transformem-se (transfiguração) pela renovação da sua mente (Rm 12.1-2). Em seguida, diz o apostolo Paulo: “...a cada de um de vocês não pense de si mesmo mais do que convém” (Rm 12.3). Aqui, ele nos alerta para evitarmos autoexaltação, ou o egoísmo. Infelizmente, todos nós, temos a tendência de exagerar nossa sabedoria, competência, nosso status, nossos dons, etc. Portanto, o apostolo nos mostra que devemos sempre vigiar quanto a esse perigo.

1)     O que pensar

O apostolo Paulo começa o verso em um tom imperativo: “Pois pela graça que me foi dada, digo a todos vocês”. Ou, “Eu lhes digo”. Pois a graça que me foi dada é uma referência ao dom para ser apostolo. E afirma: “...cada um de vocês ...pensa de si com sobriedade...” (Rm 12.3). “Sóbrio” é ter “mente sã”, ou “saúde mental apropriada”,  “moderado’, “não passar dos limites”, “ser equilibrado”(NVI). Sobriedade é também o inverso de embriaguez. Sobriedade significa ser rigorosamente preciso, em contato absoluto com a realidade. 

De acordo com a medida da fé que Deus lhe concedeu” (Rm 12.3). A maioria das pessoas que lê esse versículo acha que “...a medida da fé...” quer dizer “quantidade de fé”, ou uma matemática de fé. Em outras palavras, o apostolo Paulo estaria dizendo que nossa opinião sobre nós mesmos depende da quantidade de fé que temos concedida por Deus para algumas pessoas em quantidade maior do que para outras. Assim, tem gente que conseguiu mais e gente que tem menos.

No entanto, a palavra medida no grego, não fala de quantidade ou de matemática, mas um padrão de medida. O apostolo Paulo está afirmando: “A todos vocês foram concedidos a fé que salva no Cristo crucificado, e é assim que vocês devem medir a si mesmos”. No corpo de Cristo, não tem mensuração de fé, mas somos todos iguais. Independentemente de nossa história, habilidade, formação, cultura, etc., todos somos salvos em Cristo, em que Deus nos ama igualmente. 

Portanto, o evangelho impede que nos coloquemos em uma posição mais alta do que deveríamos - “...ninguém tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que deve ter” – porque somos salvos inteiramente pela bondade de Deus. Somos pecadores salvos, amados e valorizados aos olhos de Deus. Portanto, nossa “medida” tem que estar de acordo com o evangelho.

Também, precisamos pensar em nós mesmos como pessoas dotadas de dons e habilidades distintas dentro do corpo de Cristo. Em nossa posição no evangelho somos iguais “Não há judeu nem grego, escravo ou livre, homem e mulher; porque todos vós sois um em Cristo em Jesus” (Gl 3.28). Mas somos diferentes em nossas habilidades variadas para ministrar uns aos outros “Somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras...” (Ef 2.10).

Isto é, a cada um de nós recebemos personalidades, temperamentos, histórias, hábitos e habilidades distintas que nos equipam para um conjunto particular de boas obras criadas por Deus para executarmos. A igreja é um corpo, interdependente (uma relação de dependência) e, como resultado pertencemos uns aos outros “...nós, que somos muitos, formamos um corpo, e cada membro está ligado a todos os outros” (Rm 12.5). 

Paulo usa uma analogia para explicar essa interdependência: “Se todo corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se o corpo todo fosse ouvido, onde estaria o olfato? Mas, na realidade, Deus colocou os membros no corpo, cada um conforme quis. E, se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo? Portanto, há muitos membros, mas um só corpo. E o olho não pode dizer à mão: Não tenho necessidade de ti; nem ainda a cabeça pode dizer aos pés: Não tenho necessidade de vós”( 1 Co 12.17-21).

“De modo que temos diferentes dons...”. É crucial que nos lembremos que esses dons vêm até nós “...segundo a graça que nos foi dada...”. Assim como a graça de Deus fez de Paulo um apostolo “...este homem é meu instrumento escolhido para levar o meu nome...” (Atos 9.15), assim também a sua graça (charis) concede diferentes dons (charismata) a outros membros do corpo de Cristo.

2)   Os dons

“Se alguém tem o dom de profetizar...” (Rm 12.6). Os profetas transmitem a palavra de Deus, pregam, anunciam. “Quem profetiza o faz para edificação, encorajamento e consolação de todas as pessoas” (1 Co 14.3). No livro de Atos fala do diácono Filipe e das suas quatro filhas que profetizavam (Atos 21.9). 

No mesmo texto de Atos, narra sobre o profeta Àgabo que “...tomou o cinto de Paulo e, amarrando os seus próprios pés e mãos, profetizou: “...os judeus amarrarão o homem a quem pertence esse cinto...” (Atos 21.11). Toda profecia deve estar submetida a Palavra de Deus; jamais o profeta deve profetizar e contradizer a doutrina cristã. 

“Se o seu dom é servir, sirva” (Rm 12.7). Trata-se da palavra “diakonia”, que quer dizer serviço, ação. A diakonia envolve todos departamentos da igreja. A limpeza da igreja, consertos da igreja, assistência social, escola dominical, ministério infantil, tesouraria da igreja, secretaria da igreja, diáconos e diaconisas, presbíteros, evangelistas e pastores.... todos estão na diakonia do corpo de Cristo.

 “se é ensinar, ensine” (Rm 12.7). O dom do ensino é um dos mais importantes no corpo de Cristo; precisamos de irmãos, irmãs com esse dom. O dom do ensino É fazer a palavra de Deus precisa,  compreensível e conhecida; é se esmerar, garimpar, entender a teologia, a geografia, etc, todos os âmbitos do ensinamento. Mas nem sempre um ensinador será um bom pregador. Os melhores ensinadores estão nos seminários cristãos, faculdades, escolas dominicais, etc. 

“Se é encorajar, encoraje” (Rm 12.8). A palavra aqui é parakaleo, que quer dizer exortar, confortar, consolar, encorajar, apoiar, inspirar. Esse dom acontece nos púlpitos; acontece também nos bastidores do culto, quando demonstramos amor aos solitários e trazendo novas forças a quem está desanimado. Barnabé “filho da consolação” tinha esse dom e ajudou no começo da fé de Saulo de Tarso; também ajudou João Marcos quando Paulo o rejeitou para a segunda viagem missionária.

“Se é contribuir, que contribua generosamente” (Rm 12.8). A contribuição mostra o tamanho do coração da pessoa. Além do compromisso com o dizimo e as ofertas, tem irmãos que tem o prazer de contribuir para todas as necessidades da igreja. Por exemplo: a campanha do ar-condicionado da igreja, ajudando na obtenção dos alimentos para a festividade das irmãs, etc. 

se é exercer liderança, que a exerça com zelo” (Rm 12.8). lideres são exemplos, homens e mulheres que Deus colocar na frente da igreja ou de algum departamento. Temos dois tipos de liderança: a primeira é a liderança impositiva, altiva ou autoritária. Segunda é a liderança baseada na autoridade do líder, voluntária.

 “se é mostrar misericórdia, que o faça com alegria” (Rm 12.8). Mostrar misericórdia é cuidar de qualquer pessoa que esteja passando por necessidade, doenças, prisioneiro, viciado, idoso, etc.

Conclusão:

No versículo 6, Paulo recomenda que, se alguém tem um dom, “...use-o...”(NVI). Voce descobre o dom fazendo, exercendo, praticando. Vai experimentando todos os tipos de ministérios como forma de descobrir seu dom no corpo de Cristo. Começa na oração, nos pequenos grupos, nos cultos na praça, nas oportunidades do culto da Vitória, na escola dominical, etc. 


Vai estudando a lista dos dons. Temos os dons de serviço, nesse capitulo; temos os dons espirituais: palavra sabedoria, palavra do conhecimento, dom de cura, operação de milagres, profecia, discernimento de espirito, variedade de línguas e interpretação de linguas (1 Co 12); temos os dons ministeriais (Ef 4.11-12). Use seu dom no corpo de Cristo. 


  

domingo, 28 de abril de 2024

 Jesus batiza com Espirito, cura e Expulso demônios Atos 19

Introdução

Paulo está em Efésios, uma cidade com duas características: era a tesouraria da Ásia e a feira da vaidade. Além disso, havia na cidade a famosa estatua de Diana dos Efésios, deusa da fertilidade. E mais, todo turista, adquiria “os pergaminhos de Efésios”, que eram cartas que garantia que a pessoa viajasse com segurança, concedia filhos para mulheres com dificuldade de engravidar e concedia êxito no amor.

O batismo com Espirito Santo

O apostolo Paulo está na cidade de Efésios. E ali encontra alguns discípulos de João Batista. Que viera antes de Cristo, o que prepararia o caminho de Jesus, ou, o ministério de Jesus. No entanto, fora decapitado a mando de Herodes Antipas. Agora, vemos seus discípulos espalhados por toda Ásia.

Então, o apostolo Paulo lhes pergunta: “Foste batizado com Espirito Santo quando crestes?” (Atos 19.2). Ao que responderam: “De forma alguma, nem sequer ouvimos que haja Espirito Santo”. Os primeiros discípulos de Jesus foram batizados com Espirito Santo “...começaram a falar em outras línguas, de acordo com o poder que o próprio Espirito lhes concedia que falassem” (Atos 2.4).

Em Samaria, os samaritanos ouviram a mensagem sobre Jesus; Pedro e João oraram por eles para que recebessem o batismo com Espirito Santo. A medida que “...Pedro e João impunham as mãos recebiam estes o Espirito Santo” (Atos 8.17). E o falar da casa de Cornelio? Um centurião Romano, homem piedoso e temente a Deus. Certo dia, recebeu uma visão: um anjo de Deus se aproxima chamando-o pelo nome e lhe dá uma ordem para procurar Simão, também chamado Pedro.

Pedro estava em Jope, na casa de Simão o curtidor, e recebe de Deus uma visão. Em pouco tempo, os homens de Cornélio estavam a procura de Pedro e o leva até a casa de Cornélio. Pedro fala de Jesus diante de toda casa de Cornélio, fala do seu ministério, da unção do Espirito Santo na vida dele, da sua morte e da sua ressurreição. Enquanto Pedro pregava: “...O Espirito Santo desceu de repente sobre todos os que ouviam a mensagem....se ouviam se expressando em línguas estranhas e exaltavam a Deus” (Atos 10.44,46).

E passam nove capítulos de Atos sem falar do batismo com Espirito Santo. Mas no capitulo 19 de Atos, Paulo aborda esses discípulos de João e lhes pergunta: “Foste batizado com Espirito Santo...”. Responderam “de forma alguma nem sequer soubemos que existe o Espirito Santo!”. Ainda não tinham experimentado a presença inundante, maravilhosa, poderosa, ungida, o dinamite, o paracleto, o consolador, o Deus vive em nós e que intercede por nós...

Interessante que em Atos 18, fala de Apolo “um judeu natural de Alexandria, homem eloquente e que acumulava, grande experiencia nas escrituras” (Atos 18.24). Conhecia fatos a respeito de Jesus, era um pregador fervoroso, no entanto, seu conhecimento estava limitado ao “batismo de João” (Jo 18.25). Então, Priscila e Áquila “...lhe expuseram com mais precisão o caminho de Deus” (Atos 18.26).

Novamente, o apostolo perguntou: “Em que foste batizado então? E eles disseram: No batismo de João. Paulo lhes explicou: “O batismo realizado por João foi um batismo de arrependimento. Ele ordenava ao povo que cresse naquele que viria depois dele, ou seja, em Jesus” (Atos 19.4). Aliás, João batista afirmou: “Eu vos batizo com agua para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu...ele vos batizará com Espirito Santo e fogo” (Mt 3.11).

A mesma coisa que aconteceu no cenáculo, no meio dos samaritanos, na casa de Cornélio, aconteceu com os discípulos de João: “Havendo-lhes imposto as mãos, veio sobre eles o Espirito Santo, e falavam em línguas e profetizavam” (Atos 19.6).

2) Jesus cura e liberta

Além de batizar com Espirito Santo “Deus fazia milagres extraordinários por meio de Paulo, de modo que até lenços e aventais que Paulo usava eram levados e colocados sobre os enfermos. Estes eram curados de suas doenças, os espíritos malignos saiam deles” (Atos 19.11-12). Deus estavam realizando coisas maravilhosas através da vida de Paulo: Deus fazia milagres, as pessoas eram curadas de suas doenças e os endemoninhados eram libertados pelo poder de Jesus.

Havia um espirito na cidade de efésios, o espirito do mal, enganando as pessoas. Havia um embate entre o bem – representado por Paulo – e o mal – representado por toda sorte de superstição e religiosidade que imperava na cidade de Éfeso.

Nos diz o texto que “alguns judeus andavam expulsando espíritos malignos tentaram invocar o nome do Senhor Jesus sobre os endemoninhados, dizendo: Em nome de Jesus, a quem Paulo prega, eu lhes ordeno que saiam...Um dia, o espirito maligno lhes respondeu: Jesus, eu conheço, Paulo, eu sei quem é; mas vocês, quem são?” E a consequência foi: “Então o endemoninhado saltou sobre eles e os dominou, espancando-os com tamanha violência que eles fugiram da casa nus e feridos” (Atos 19.16).

O espirito maligno disse: “Jesus eu conheço, Paulo, eu sei quem é; mas vocês, quem são?” Se tem um nome que é respeitado no mundo espiritual é o nome de Jesus. Jesus venceu o diabo na cruz; Jesus tem a chave da morte e do inferno: Jesus é a estrela da manhã; Jesus é a raiz de Davi; Jesus é o alfa e o Omega; Jesus é aquele que pisaria na cabeça da serpente; Jesus é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo; Jesus é o forte que vence o valente (o diabo); Jesus é o leão da tribo de Judá; Jesus é o sacrifício de Deus; Jesus é a nossa sombra; Jesus é o guarda de Israel; Jesus é aquele que não tosqueneja; Jesus veio ao mundo, curou, ressuscitou, fez maravilhas, foi morte e no terceiro dia ressuscitou;  Jesus é aquele que tem o Nome que está acima de todo o nome para que todo o joelho se dobre e toda língua confesse que Ele é o Senhor!

Conclusão

Diante do que aconteceu com aqueles meninos “...todos foram tomados de temor; e o nome do Senhor Jesus era engrandecido” (Atos 19. 17). As pessoas entregavam publicamente os seus instrumentos, os seus livros, seus santos, os seus artefatos de ocultismo e de praticas religiosas exotéricas e queimaram em praça pública, dando 50 mil denários!

O que é isso? Uma declaração publica no mundo espiritual. Estou rompendo com todos os espíritos que eu me relacionei, a partir de agora, o meu Senhor é Jesus Cristo, somente ele. Não podemos temer os poderes espirituais, hoje Jesus está do nosso lado. Hoje não temos medo “do terror noturno, nem da seta que voe de dia, nem da peste que se propaga nas trevas, nem da mortandade que assola o meio dia” (Sl 91.5-6).

É preciso tomar uma posição, você quer receber o batismo com Espirito Santo, você quer ser salvo pelo sangue de Cristo e você quer ser liberto de todo espirito maligno? É uma tomada de posição...

 

terça-feira, 23 de abril de 2024

 Oferecer o corpo como sacrifício vivo a Deus Rm 12.1.1-2 

Introdução

O capitulo 12 marca uma virada, pois nos capítulos 9,10 e 11 de Romanos a temática foi o povo de Israel. Agora, o apostolo inicia um novo assunto. Começa traçando o perfil da vida cristã que deve brotar do conhecimento e da confiança no evangelho. Assim, os versículos 1 e 2 são um resumo de toda vida cristã!

1)     Por que obedecer?

Qual é a motivação para a vida cristã? O versículo 1 nos dá a principal delas, resumida em duas palavras, primeira: “Portanto...”, ou seja, indica que nos entregamos a Deus pelo fato de sermos justificados (pecados perdoados) só pela graça, só por meio da fé, só por causa de Cristo. A segunda palavra é “...misericórdia...” que aparece em “...pelas misericórdias de Deus...” (NVI). Ou seja, as muitas e variadas manifestações da misericórdia divina sobre nós. 

O que é o evangelho? É a demonstração da misericórdia de Deus aos pecadores indignos e indesculpáveis, dando-lhes seu filho, para morrer por eles, justificando-os graciosamente pela fé, enviando-lhes o seu Espirito de vida e tornando-os filhos seus. Pois o apostolo afirma que a salvação “não depende do desejo ou do esforço humano, mas da misericórdia de Deus” (Rm 9.16). Resumindo, a única motivação suficiente para a vida cristã é a gratidão pela graça.

Em seguida, o apostolo exorta os irmãos a fazerem duas coisas. Uma está no versículo 1, e a outra, no versículo 2. A primeira é: “...apresenteis o vosso corpo como sacrifício vivo....” A metáfora “sacrifício vivo” é do adorador que chega ao templo com uma oferta. No Antigo Testamento algumas ofertas eram “pelo pecado”, quando o adorador derramava sangue e pedia perdão dos seus pecados. 

No Novo Testamento, Jesus é a nossa oferta pelo pecado, no entanto, a oferta pela qual Paulo aponta não é pecado. Mas o aponta para a “oferta queimada”, na qual se sacrificava um animal valioso do rebanho. Ele tinha de ser sem defeito (santo e sem mácula). Por quê? Um animal desses era caro! Indicava que tudo que você tinha estava à disposição de Deus. A oferta era sempre queimada por completo e representava a total consagração e devoção a Deus. 


Portanto ser um “...sacrifício vivo...” é estar à disposição de Deus por inteiro. Significa se dispor ativamente a obedecê-lo em qualquer coisa que ele diga em relação a qualquer área da vida, isto é, uma obediência absoluta a Deus e sua palavra; e, passivamente, estar disposto a agradecer a Deus por tudo que ele envia em qualquer área da vida, gratidão por tudo. Nunca se esqueçam: “Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam e agradam a Deus...” (Rm 8.28). 

E ofereçam o próprio “...corpo...”. os gregos pensavam, que “o corpo é uma tumba”, nessa “tumba” o espirito humano viveria aprisionado e dela ansiavam escapar. Mas, o apostolo afirma que Deus não deseja somente uma adoração só para dentro de si, mas prática e completa. Quer que lhe demos tudo o que fazemos! Temos que oferecer todo nosso corpo a Deus como “instrumento de justiça” (Rm 6.13).

Usar os nossos pés para anunciar as boas novas de salvação em lugares distantes para que o reino de Deus e a sua justiça cresçam. Usar nossos lábios, como profetas, para falar que Jesus Cristo é o caminho, a verdade e a vida; em cima do céu e embaixo na terra não há outro nome para alcançar a salvação. Usar nossa língua para trazer cura, trazer vida, levar os caídos e usar nossas mãos para envolver o solitário e o não amado, nossos ouvidos ouvirão os gritos dos aflitos e nossos olhos olharão com humildade e paciência para Deus. 

“...vivo e santo...” Vivo significa que o sacrifício é constante, temos que renovar o tempo todo nossa posição em obediência completa e estar à disposição de Deus. Jesus exorta que o discipulo precisa negar “...a si mesmo, (tomar) a cada dia a sua cruz (diariamente) e siga-me....salvará a vida” (Lc 9.23-24). “Santo” é ser separado, ser de Jesus, consagrado, vive para Deus e não para o mundo.

“agradável a Deus”. O Espirito nos transforma de pessoas cuja mente era “...inimiga de Deus...” (Rm 8.7) em pessoas cuja real natureza deseja amar e servir a Deus, ou seja, uma mentalidade espiritual. Assim como o Pai se agrada do Filho, também se agrada de nós. Então, vivemos de um modo que agrade a Deus, em gratidão, em alegria por tudo que tens feito em nossas vidas.

2)     Culto racional

Todas essas coisas fazem parte do “culto racional”. O sentido do termo aqui é “lógico”. O fato de oferecer a Deus o culto espiritual é a única resposta sensata, lógica e apropriada aos olhos de Deus, tendo em vista sua misericórdia. É um culto oferecido de mente e coração, é um ato de adoração inteligente, contrapondo-se, um culto cerimonial, um culto sem vida, religioso. John Stott coloca uma ilustração: “Se eu fosse um rouxinol, faria que é próprio de um rouxinol. E, se eu fosse um cisne, faria o que é próprio de um cisne. Como eu sou racional tenho de adorar a Deus”. 

“Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente” (Rm 12.2). Paulo exorta “não se amoldem ao mundo”. Moisés também exortou o povo no deserto: “Não procedam como se procede no Egito...nem como se procede na terra de Canaã...Não sigam as suas práticas” (Lv 18.3). Não devemos ser como camaleão, que assume as cores daquilo que o cerca.

E essa mesma intimação Paulo lança agora ao povo de Deus, desafiando-os a que não se acomodem, ou amoldem à cultura predominante, mas sim que sejam transformados. “Não permitam que o mundo os esprema para dentro do seu próprio molde, mas deixem que Deus remodele as mentes de vocês a partir de dentro” (J.B. Philips). Então existem dois modelos: o modelo deste mundo (literalmente “esta era”); e o modelo da vontade de Deus, que é boa, agradável e perfeita. 


O texto exorta: “Não se amolde” é algo externo, mundano, desta era, é midiático, que se vê e ouve, ou seja, que vem de fora. Mas é para “transformar”, já é algo interno, mudança que acontece interiormente. Então seria: “Não adotem o padrão exterior e transitório deste mundo, mas sejam transformados em sua natureza intima”.

Outrossim, transformados no grego é metamorphoo, que é o verbo que Mateus e Marcos usaram quando descreveram a transfiguração de Jesus. Marcos escreve que o próprio Jesus “foi transfigurado diante deles” (Mc 9.2). Ocorreu-lhe uma mudança completa, o interno sobrepôs o externo. Seu corpo inteiro tornou-se translucido: suas vestes ficaram resplandecentes e brancas, seu rosto resplandecia como o sol. 

Assim, também, os cristãos têm que ser “transfigurados” mudados, renovados, de dentro para fora. Éramos pecadores, vivíamos a mercê do pecado, enganados pelo diabo e iludidos pelo mundo e conduzidos pela carne. Mas, agora, fomos transformados, aconteceu uma metarformose, uma mudança em nossa natureza. Estávamos mortos, mas fomos vivificados pelo poder de Deus. Agora, andamos em novidade de vida, na presença de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espirito Santo.

Portanto, diz Paulo, não assuma a expressão externa, as modas, aos hábitos, aos trejeitos, as expressões de linguagem (todas e todes) e a artificialidade dessa geração corrompida, uma geração que endeusa o corpo. Mas, deixa o Espirito Santo nos mudar, nos transfigurar, nos renovar...

Conclusão

Como se dá essa transformação? Primeiro, acontece pela regeneração por intermédio do Espirito Santo, todo nosso ser interior é renovado e nos tornamos nova criatura. Segundo, pela Palavra de Deus, ela é “lâmpada para os nossos pés e luz para os nossos caminhos” (Sl 119) ; ela “é a palavra viva e eficaz e mais cortante do que espada de dois gumes e que penetra na dvisão da alma e do Espirito e de juntas e medulas, e discerne as intenções e os propósitos do coração” (Hb 4.12);  ela “é como fogo, diz o Senhor, e como um martelo que despedaça a rocha”(Jr 23.29). E, por fim, “Assim será a palavra que sair da minha boca, ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz e prosperará naquilo que a enviei” (Is 55.11).

 


 

terça-feira, 16 de abril de 2024

 Se Deus é por nós - Rm 8.28-39 

Introdução

Estamos meditando no livro de Romanos, capitulo 8. Começamos com os versículos iniciais (vs 1-4), afirmando que “Nenhuma condenação há para aqueles que estão em Cristo” (Rm 8.1). Em seguida, os versículos subsequentes (vs. 7-13), que diferencia a mentalidade carnal e a mentalidade espiritual. E, na terceira seção do capitulo, vimos o privilegio de sermos filhos de Deus, chama-lo de “Abba Pai”. Por fim, na ultima mensagem, fizemos a comparação dos sofrimentos atuais com o peso de gloria que “que em nós será revelada” (Rm 8.18).

1)     Tudo coopera para o bem

“Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam...” (Rm 8.28), diz o apostolo Paulo. O Espirito Santo nos socorre quando não sabemos como orar, ou nos ajuda em nossa fraqueza (Rm 8.26). Mas mesmo nessas ocasiões em que as palavras nos fogem, existe algo, de que o cristão pode ter certeza: “...Deus faz com que todas as coisas concorram para o bem daqueles que o amam...”. 

Primeiro, veja bem, o apostolo Paulo não diz que as “coisas” operam por si mesmas para o bem! Só Deus faz os fatores da vida concorrem para o nosso bem. Portanto, não esperamos que as coisas da vida “...concorram para o bem...” por si mesmas. Quando vemos as coisas acontecendo de modo a nos beneficiar é tudo por Deus, por graça, por misericórdia, por milagre...enfim, tudo é bondade de Deus.

Segundo essa verdade afasta o medo e a ansiedade quando “tudo dá errado na vida”. Sabemos que nada deu errado, em absoluto! Se Deus opera em “...todas as coisas”. Afinal para o cristão não existe acaso. “A sorte se lança no colo, mas do Senhor procede toda a decisão” (Pv 16.33). Não estamos na mão do acaso e do destino. Nós não! O universo não é um mecanismo governado pelo acaso; ele é governado por uma pessoa – e não é uma pessoa qualquer, mas nosso Pai. Não precisamos ter medo da vida e das circunstancias. 

Mas você diz: Está difícil, está insuportável, eu acho que não irei aguentar tal aperto. Mas, na verdade, o que está acontecendo tem um papel importante em sua vida. Está lhe ensinando, lhe moldando, lhe enriquecendo, abrindo os teus olhos, lhe dando discernimento, tornando-o mais humilde e assim por diante. Romanos 8.28 nos ensina a olhar as circunstancias da vida como parte do proposito de Deus para nós. 

Terceiro, esse versículo nos dá a confiança de que não podemos arruinar os bons propósitos de Deus para nós. A palavra “...todas...”. Significa todas mesmo! Ou seja, isso inclui até nossa recaída e nosso pecado. Ora, o pecado é sempre ruim, amargo, sempre uma coisa terrível, e sempre viveremos para lamentar suas dolorosas consequências em nossa vida. Ele usa nossos pecados e fracassos para nos trazer humildade e para nos ensinar a ter uma visão correta de nós mesmos e um grande apreço por Cristo.

Se caiu é para levantar, não para ficar parado, estagnado. Estou com vergonha dos irmãos, não importa, é para levantar e voltar pro seu lugar. Não pares. Eu fui caluniado, mas continua. Perdi meu cargo na igreja, mas não pare, não desanima. Só consigo andar de joelho, ande de joelho, mas não pare. Consigo somente rastejando, rasteja, mas não pare, em nome de Jesus. Somente vou se for rolando, vai rolando, insista, mas vai. Todas as coisas cooperam para o bem... 

Quarto, “...aqueles que amam...”. Ou seja, se refere às pessoas que assumiram um compromisso de viver para Deus. “Aqueles que tem meus mandamentos e a ele obedece é o que me ama” (Jo 14.21).  Se você ama a Deus por quem ele é, assume um compromisso e suporta a dificuldade. Para as pessoas que não assumiram um compromisso com Cristo as circunstancias boas podem enganar, promover e levar a pessoa para o egoísmo. Já as circunstâncias ruins podem leva-las ao ressentimento, rancor e a amargura.

2)     O bem que Deus está operando

Uma pergunta: “O que podemos esperar confiantemente ver Deus fazer em “...todas as coisas...”? Os versículos 29 e 30 dão a resposta. Paulo afirma que tudo que acontece conosco está cooperando para a nossa satisfação, santidade e salvação. Tudo colabora a fim de que sejamos “...conforme à imagem de seu filho” (Rm 8.29).

Primeiro, Deus está nos conformando. Isso significa que ele tem um desenho mestre ou forma definida (“...seu filho...”), e agora toda circunstância – “todas as coisas ....” é projetada para formatar, polir, amolecer, suavizar, esculpir, moldar segundo esse desenho mestre. Estamos sendo refeitos de dentro para fora, desde as profundezas. “Mas todos nós, com o rosto descoberto, refletindo como um espelho a gloria do Senhor, somos transformados de gloria em gloria na mesma imagem, que vem do Espirito do Senhor” (2 Co 3.18).

Segundo, seremos seus “...irmãos...” (Rm 8.29). Não fomos apenas adotados legalmente na família de Deus; também estamos recebendo sua “semelhança familiar”. Quando nascemos de novo, recebemos a própria natureza de Deus, seu “DNA” – somos “participantes da natureza divina” (2 Pedro 1.4). Por meio das circunstancias da vida, Deus está desenhando isso, moldando-nos em irmãos e irmãs de Cristo, que se assemelham a ele e ao nosso Pai.

3)     Uma cadeia gloriosa

“...aqueles que antecipadamente conheceu, também os predestinou para serem semelhantes a imagem do seu filho...e aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou a estes igualmente justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou” (Rm 8.29-30).

“...antecipadamente conheceu...”. Significa que Deus está acima do tempo que conhecemos, seu tempo é kairos, tempo eterno. E firmou seu amor sobre nós. Ele nos amou de antemão, antes do inicio do mundo. 

“...predestinou...” Estabeleceu um destino para nós. Significa traçar um plano antecipado, ou determinou um horizonte...que é estarmos com ele na gloria.

“...chamou...” nos chamou, nos escolheu, nos iluminou, abriu nossos olhos, abriu nossos corações, nos persuadiu da “justiça do pecado e do juízo”. Paulo fala aos irmãos de Tessalonica: “...Sabemos que fostes escolhidos por ele...”. Como ele pode saber isso? “Porque o nosso evangelho não chegou somente a vós com palavras, mas também com poder e com absoluta convicção” (1 Ts 1.4-5). 

“...glorificou...” ser glorificado significa que todo pecado será erradicado, tirado, que temos um corpo glorificado, aperfeiçoado em corpo e alma. É a certeza de fé, de crença, mais ousada do Novo Testamento.

Conclusão: que podemos dizer diante dessas coisas? Paulo faz Cinco perguntas

Se Deus é por nós, quem será contra nós” (Rm 8.31). quem é maior do que Deus? Nossos inimigos, nossas dificuldades, nossas enfermidades, o pecado, a carne e o diabo? Mesmo que todos os poderes da terra e do inferno se ajuntem contra nós, eles nunca prevalecerão, pois Deus está do nosso lado.  

“Aquele que não poupou o seu próprio filho... como não nos dará com ele todas as coisas?” (Rm 8.32). Se o Deus que nos amou antes da existência do mundo e que planejou nossa gloria está disposto a abrir mão de seu bem mais precioso, o filho, unigênito, por que nos preocupamos tanto?

“Quem fará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica? (Rm 8.33). O diabo pode te acusar? O difamador ou caluniador? Mas nenhuma acusação há, uma vez que Deus, nosso juiz, já nos declarou justos, sem pecado, sem iniquidade, sem penalidade.

“...quem nos condenará? Cristo Jesus é quem morreu...ressuscitou... e também intercede por nós” (Rm 8.34). Se o Cristo quem levou uma vida perfeita e teve uma morte perfeita está diante do Pai em nosso favor, por que nos sentirmos culpados ou não perdoados?

“Quem nos separará do amor de Cristo? (Rm 8.35). “Será a tribulação, ou angustia, ou perseguia, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada”. Então, o apostolo afirma: “...Por amor de ti enfrentamos a morte todos os dias; somos considerados como ovelhas destinadas ao matadouro” (Rm 8.36).

Então, termina fazendo uma afirmação pessoal: “Pois estou convencido...”, ou seja, certeza absoluta, diz o apostolo que “...nem a morte nem a vida, nem os anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8.38-39). 


domingo, 14 de abril de 2024

 Uma decisão para Cristo – Ap 3.13-20 

Introdução

Holman Hunt, no século XIX, traduziu o verso 20, numa famosa pintura, intitulada: “A luz do mundo”. A descrição da pintura é: “do lado esquerdo do quadro é vista essa porta da alma humana. Está bem trancada, bem fechada, suas grades e pregos, estão enferrujados; em toda sua porta tem trepadeiras da hera. Mostrando que tal porta nunca foi aberta. Um morcego voa por cima dela; seu limiar está coberto de mato e urtigas. Mas Cristo se aproxima dali à noite. Ele está vestido de branco com um manto real e usa uma coroa de espinhos; em sua mão esquerda ele segura uma lanterna, porque ele é a luz do mundo, enquanto que sua mão direita está erguida para bater na porta...”

1)     A alma humana

Laodiceia era uma cidade rica, empoderada, diferente da igreja de Filadélfia, uma cidade pobre. Aconteceu no ano 60 d.C um terremoto que devastou toda aquela região da Asia Menor, atualmente Turquia. O império romano enviou ajuda financeira para todas as cidades, mas Laodiceia não aceitou. Como se quisesse dizer: “Somos autossuficientes”, não precisamos dá esmola de Roma.

 Em Laodiceia havia bancos, onde todos vinham trocar suas moedas. Em Laodiceia havia industrias têxtil, por causa da lã preta, muito famosa e vendida na região. Em Laodiceia havia uma medicina dos olhos, aliás, a invenção do colírio. Também, em Laodiceia, havia um aqueduto que trazia água de Colossos e Hierapolis.  Aliás, a água de Colossos era fria, enquanto que a água de Hierapolis era quente...quando chegava em Laodiceia era morna.

Jesus olha para a igreja e diz: “Conheço as suas obras, sei que você não é frio nem quente...voce é morno, nem frio nem quente...” (Ap 3.15-16).

Era uma cidade imponente, rica, consumista, seus habitantes viviam uma vida confortável. Interessante que esse espirito de soberba, de orgulho, de materialismo impregnou a igreja de Laodiceia. “Você diz estou rico, adquiri riqueza e não preciso de nada” (Ap 3.17). MAS, A COISA perigosa que um ser humano pode dizer é: “Não preciso de Deus na minha vida, o que eu tenho me basta”.

Apesar de todos os bancos você é miserável e pobre. Apesar de toda fábrica de lã preta, você esta nu. Apear da medicina, apesar do pó frígio, é cego. Sim, você também é morno, sua água não presta para nada....

Em Genesis 2.25 na criação do homem e da mulher, Deus diz: “O homem e a mulher estavam nus, mas não se envergonhavam”. Mas em Genesis 3.17 diz: “O homem e a mulher estavam nus e envergonhados”. O que mudou? No capitulo 3 fala que a serpente é “astuta”, astucia no original é “nu”. A primeira nudez era a nudez da pureza, e a segunda nudez é a nudez do pecado, da morte da serpente. E a maldição da serpente é que ela escorregaria a barriga no chão!

O homem arrasta a barriga no chão como a serpente: eu tenho dinheiro, eu tenho roupa e eu tenho medicina.

2)     Jesus aparece como um vendedor

Como se Jesus fosse na praça principal de Laodiceia, em um dia de sábado, dia de movimento, dia de feira e dissesse: “Dou-lhe este conselho: compre mim ouro refinado no fogo e você se tornará rico; compre roupas brancas e vista-se para cobrir a sua vergonha nudez; e compre colírio para ungir os seus olhos e pode enxergar” (Ap 3.8).

Ou seja, vocês são pobres, mas Cristo tem ouro; vocês estão nus, mas Cristo tem roupa para vesti-los; vocês estão cegos, mas Cristo tem colírio espiritual, colírio para os olhos.

Mas, enquanto todo mundo quer enriquecer, quer ganhar dinheiro, quer se tornar mais rico, vendendo os seus produtos. Em Isaias diz: “Sim, vinde e comprai sem dinheiro e sem preço, vinho e leite” (Is 55.1). Sim, a salvação é de graça, a salvação custou o sangue de Cristo. Em Genesis depois do pecado afirma que Adão e Eva estavam nus e com vergonha. Deus lhes diz: “Eu posso cobrir a vergonha da sua nudez”.

Na presença de Cristo tem roupas para te vestir, roupas de justiça que lhe cobre o pecado; na presença de Cristo tem riquezas espirituais, dons espirituais, poder de Deus, alegria de Deus, presença de Deus, graça de Deus, não precisa de ouro para comprar, é de graça. E na presença de Deus tem colírios espirituais, Deus vai abrir os teus olhos e você verá anjos subindo e descendo, verá a presença de Deus, como Isaias.

Conclusão: dois passos a tomar.

O primeiro passo é o arrependimento. Arrependimento é metanoia, mudança de vida, mudança de direção. Está em direção ao pecado, mas volta-se para Deus.

O segundo passo é a fé: “Eis que estou a porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo”. Estás ouvindo a voz do Senhor? Ele fala. Fala pela pregação da Palavra de Deus, fala através da dor, do sofrimento, da doença, da dificuldade. Fala quando você sente uma fome espiritual dentro de você...ele está falando.

 

terça-feira, 9 de abril de 2024

O peso da gloria Romanos 8.17-26 


Introdução

O sofrimento é uma realidade presente na vida do cristão. Vemos pessoas sofrendo e morrendo quase todos os dias; vemos pessoas adoecendo com diversos tipos de enfermidades e às vezes, a mais temida, o câncer maligno. Hoje temos uma epidemia de dengue assolando os brasileiros. Vemos acidentes de carros, de motos. Pessoas com depressão profunda, pessoas com crises de ansiedade na alma. Enfim, todos os tipos de enfermidades, sofrimento, adversidades, tribulações, etc... 

1)     Vale a pena continuar?

O apostolo Paulo pondera: “Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a gloria que em nós será revelada” (Rm 8.18 NVI). Na versão de Eugene Peterson diz: “Não penso que seja possível fazer uma comparação entre os tempos difíceis de hoje e os bons tempos que virão” (A mensagem).

Muitos professam a fé e vivem a vida cristã por algum tempo – mas, infelizmente, em determinado momento, concluem que seus sofrimentos presentes não valem a pena e se afastam. Se afastam da igreja, se afastam da fé em Cristo Jesus, se afastam da esperança vindoura que teremos depois dessa vida. 

No livro “Cartaz de um diabo ao seu aprendiz”, C.S. Lewis, o diabo fala para o seu aprendiz: “Não haverá um perigo maior ... do que quando um ser humano, que não mais deseja, mas ainda assim pretende fazer a vontade de nosso Inimigo, olhar em redor, para um universo do qual todo traço dele parece ter desaparecido, e perguntar-se por que foi abandonado e ainda obedece” (pg. 54).

No entanto, Paulo responde à pergunta com um sim enfático. Sim, diz ele, na verdade “...os sofrimentos do presente não se podem comparar com a gloria que será revelada em nós”. Ele está dizendo: “Se você sabe para onde vai no futuro, nem lhe passa pela cabeça que seus sofrimentos e dores presentes não valem nada, em comparação com gloria (doxa) que há de ser revelada”. “...aquilo que sofremos agora é insignificante, sem compararmos com a gloria que ele nos dará mais tarde” (Bíblia Viva). 


a nova Jerusalém, que descia do céu, preparada como uma noiva adornada...ele enxugará dos nossos olhos toda lagrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou...cidade santa, Jerusalém...resplandecia com a gloria de Deus, e seu brilho como de uma joia muito preciosa, como jaspe, clara como cristal...a cidade não precisa de sol e nem de lua para brilharem sobre ela, pois a gloria de Deus a ilumina...as nações andarão em sua luz...suas portas jamais se fecharão de dia, pois ali não haverá noite” (Ap 21).

 O apostolo continua: “Porque a ardente expectativa da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus”(Rm 8.19). O texto fala da volta de Jesus, que se aproxima e será tão poderosa, retumbante a ponto de cegar e, quando ele vir, todos os santos serão envolvidos e todo céu será envolvido em cânticos em gloria ao criador e ao cordeiro.

 “...a manifestação dos filhos de Deus”. Será o dia da volta de Jesus, do arrebatamento da igreja “...a ultima trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados” (1 Co 15.52). Seremos perfeitamente santos tanto quanto Cristo e, portanto, de uma beleza tão deslumbrante quanto a dele. Isso é gloria, é o peso da gloria que está reservada para nós.

Lhe faço uma pergunta: Você já parou para pensar no “peso da gloria”? Voce já parou para pensar nessa gloria? Em toda sua dimensão? Pensa no irmão mais simples da igreja, despojado, corpo debilitado, sem recursos financeiro, enfim, humilde...se víssemos em gloria, nos sentiríamos fortemente impelidos a adorar. Sim, todos nós, que fomos adotados por Deus e que somos coerdeiros com Cristo, seremos tomados da glória, seremos tomados de fulgor...um corpo imortal e incorruptível. 

De um lado se ouvirá: “Não vos conheço. Apartai-vos de mim” (Lc 13.27). Sim, serão banidos da presença daquele que é onipresente e apagados da memória daquele que é onisciente. Podemos ficar totalmente, absolutamente de fora – repelidos, exilados, separados e eterna e indizivelmente ignorados. As cinco virgens imprudentes bateram na porta, querendo entrar “Senhor! Senhor! Abra a porta para nós! Mas ele respondeu: A verdade é que não as conheço” (Mt 25.12). 


Por outro lado, podemos ser convidados, acolhidos, abraçados, recebidos e reconhecidos “Vinde benditos de meu Pai, possui por herança que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mt 25.34). Andamos todos os dias no fio da navalha, entre essas duas incríveis possibilidades. “As virgens que estavam preparadas para o banquete entraram com ele para o banquete nupcial. E a porta foi fechada” (Mt 25.10).

2)     O mundo que vivemos

Sabemos que toda natureza criada geme até agora, como em dores de parto”. A raça humana caiu em pecado quando o primeiro humano, Adão, pecou (Rm 5.21,22). Então toda natureza “...foi submetida à inutilidade” (Rm 8.20). Portanto, a natureza não é o que deveria ser ou o que foi criada para ser. O termo “inutilidade” é o mesmo traduzido por “vaidade” no livro de Eclesiastes. Significa que a natureza está alienada, tanto de nós, quanto de si mesma. Ela não é tão bela ou excelente quanto se pretendia. Tornou-se inutilizada, não por sua própria escolha, mas pela vontade “daquele que a sujeitou” (Rm 8.20), expressão referente a Deus. 

Assim como Deus expulsou Adão e Eva do paraíso, sujeitando-lhes a vida à inutilidade. Como afirmou C.S.Lewis, no seu livro “Peso de gloria”: “Somos criaturas divididas, correndo atrás de álcool, sexo e ambições...”. O escritor de Eclesiastes afirma: “tudo é vaidade, é como uma corrida sem fim atrás do vento” (Ec 1.14). No entanto, Deus deu uma esperança que nasceria o descendente da mulher (Gn 3.15). Nem tudo está perdido.

A criação está presa, limitada em um ciclo continuo de morte e decomposição. O tempo todo a natureza busca se renovar, trazendo nova vida da morte: as flores nascem, crescem e morrem; os animais nascem, crescem e morrem. Assim é a natureza criada, uma dicotomia de vida e morte. Aliás, o universo inteiro está se deteriorando e enfraquecendo, perdendo mais energia do que é capaz de gerar. Tudo na natureza se esgota e morre. 

Portanto, a natureza é um reino de dor e sofrimento. Ela “...geme e agoniza...como se sofresse dores de parto” (Rm 8.22). Semana passada tivemos um terremoto em Taiwam, de magnitude 7.4 graus, vários lugares adjacentes foram afetados por esse terremoto. E os Tsunamis de 2004 que matou mais de 230 mil pessoas! Sim, maremotos, vulcões...são gemidos da natureza. Quando a vida nasce (parto) e se perde (morte). Há dor e sofrimento ...a terra geme.

3)     Os primeiros frutos

Diante de um quadro medonho, o apostolo exorta: “...temos os primeiros frutos do Espirito” (Rm 8.23). Ou seja, mediante tudo “Até a criação motiva você a dizer: Sim!” A dor presente e a gloria futura explica porque nós cristãos “...gememos em nosso íntimo, aguardando ansiosamente...” (Rm 8.23). Como fazem a criação e a mulher em trabalho de parto. “...os primeiros frutos” fala da nossa adoção, nos dando liberdade gradual dos efeitos do pecado e da morte e nos torna parecidos ou semelhantes a Cristo.

O apostolo Paulo afirma que “...somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem” (2 Co 3.18). “O pecado não tem mais domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça” (Rm 6.14). Fomos adotados como filhos sendo herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo; fomos regenerados, vivificados pelo poder do Espirito Santo, uma nova natureza se implantou em nós; fomos justificados, não existe condenação, penalidade, Jesus levou tudo na cruz do calvário. E, por fim, estamos sendo santificados todos os dias, nos consagrando.

Mas, sabemos que ainda não somos o que um dia seremos, que não temos tudo que um dia teremos. “Pois nessa esperança fomos salvos. Mas, esperança que se vê não é esperança. Quem espera por aquilo que está vendo? Mas o que ainda não vemos, aguardamo-lo pacientemente” (Rm 8.24-25).

Conclusão

“Da mesma forma o Espirito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio Espirito intercede por nós com gemidos inexprimíveis” (Rm 8.26).

Há ocasiões da vida em que  “...não sabemos como devemos orar” (Rm 8.26). Diante de circunstancias desfavoráveis, perda pessoal, ou lutando com uma decisão que nos transformará a vida, ou confrontando nossos fracassos e defeitos “...o próprio Espirito intercede por nós como gemidos que não se expressa em palavras”