terça-feira, 2 de maio de 2023

 Vencendo a ansiedade – Mt 6.25-34 

Introdução

Ansiedade é um sentimento íntimo de apreensão, mal-estar, preocupação, incerteza, angustia e medo. Ela pode surgir como uma reação a um perigo especifico identificável, ou em resposta a um perigo imaginário , ou seja, a pessoa sente que alguma coisa terrível vai acontecer, mas não sabe o que é e nem por que.

Temos alguns níveis de ansiedade. A ansiedade aguda, sua intensidade é grande, e de pequena duração. A ansiedade crônica, diferente da aguda, é persistente e duradoura, mas tem menor intensidade. E a ansiedade neurótica que envolve sentimentos intensamente exagerados de desespero e medo, mesmo quando o perigo é pequeno ou inexistente.

1)     Cuidados da vida

Tendemos por ficar ansiosos acerca de nossa vida, acerca do que comeremos, acerca do que beberemos, e também por ficar ansiosos acerca do corpo, quanto aquilo que vestiremos. Quantas pessoas parecem viver inteiramente dentro desses estreitos limites: o que comer, o que beber e o que vestir. Parecem, para muitos, representar a totalidade da vida humana... 

Tudo gira em torno disso: alimento, bebida e vestuário. É só olhar para internet, as propagandas, os sites de vendas, as mídias sociais, etc. As pessoas passam o tempo todo pensando sobre essas coisas, falando sobre elas, discutindo com os outros sobre elas. Em suma, a humanidade vive para essas coisas...É neste sentido que Shakespeare, em sua peça “Henrique VIII”, faz este apelo a Thomas Cromwell: “Cromwell, eu te desafio, põe de lado a ambição. Por causa desse pecado caíram anjos...”. Ambição de uma pessoa é aquilo que a impele, motiva...

2)     Não andeis ansiosos

“Não andeis ansiosos”, “Não vos inquieteis”, “Não vos preocupeis”, são as versões mais conhecidas. A palavra usada por Jesus é extremamente interessante, porquanto indica algo que divide, que separa ou que distrai a atenção. Em Lucas 12.29, que é uma passagem paralela do sermão da Montanha usa a expressão: “Não vos entregueis a inquietações”. A mente está dividida em segmentos ou compartimentos e não funciona como um todo. Estar inquieto, portanto, é uma espécie de visão dupla, ou um olhar lançado para duas direções simultaneamente. 

No Novo Testamento temos um exemplo de uma pessoa ansiosa – mente dividida, mente segmentada, distraída -, Marta, irmã de Maria. Diz o texto: “Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços” (Lc 10.40). Portanto, era ansiosa, preocupada e o Senhor Jesus a repreendeu, dizendo-lhe: “Marta! Marta! Andas inquietas e te preocupas com muitas coisas”. Marta se deixara “distrair”, preocupada com os afazeres de casa e com as coisas desta vida. 

Enquanto que Maria estava: “...assentada aos pés do Senhor, ouvia o seu ensino”(Lc 10.39). Paulo afirma em sua carta aos Filipenses: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas diante de Deus as vossas petições, pela oração e pela suplica, com ações de graça. E a paz de Deus, que excede todo entendimento guardará os vossos corações e as vossas mentes em Cristo Jesus” (Fl 4.6-7).

O nosso texto diz: “...não andeis preocupados com a vossa própria vida, quanto...comer ou beber; nem pelo vosso corpo...vestir. Não é a vida mais importante do que o alimento, e o corpo mais do que as roupas” (Mt 6.25). “Não é a vida mais do que o alimento...”. Como que temos a vida? De onde ela veio? Ora, a vida é um dom de Deus. E o próprio fato de estarmos vivos nesse instante deve-se inteiramente a Deus que assim quis e assim decidiu. Paráfrase: “Se eu lhe dei o dom da vida – o maior de todos os dons – você imagina que eu não cuidaria que a sua vida fosse mantida, sustentada”? 

Naturalmente, devemos arar, semear, plantar, acordar cedo, colher e armazenar o produto da terra em celeiros. Cumpre-nos fazer as coisas que Deus determinou que o homem fizesse nesta vida. Todavia, tudo quanto ele diz é que nós nunca precisaremos sentir-nos ansiosos ou preocupados com a possibilidade de não haver o suficiente para manter a continuidade das nossas vidas.

3)     “Observem as aves dos céus”

“Observem as aves dos céus...” Olhai para elas...o assunto é sério, pois o verbo grego nesta ordem de Jesus significa: “fixe os olhos em algo para enxergar bem”.  

Ou seja, veja o que está diante de vocês – esses pássaros, essas aves dos céus “Não semeiam e nem colhem nem ajuntam em celeiros; contudo, o Pai Celestial as alimenta” (Mt 6.26). Essas pequenas aves que não fazem provisão, no sentido de prepararem ou produzirem o alimento por si mesmas, recebem a provisão necessária. Deus cuida delas, e delas não se esquece.

Vejam, escreve Martinho Lutero com muita beleza, “ele está fazendo das aves nossos professores e mestres. É uma grande e permanente vergonha para nós o fato de, no evangelho, um frágil pardal se tornar um teólogo e pregador para o mais sábio dentre os homens... Portanto, sempre que você ouvir a voz de um rouxinol, está ouvindo um excelente pregador... É como se ele estivesse dizendo: Eu prefiro estar na cozinha do Senhor. Ele fez o céu e a terra, e ele mesmo é o cozinheiro e o anfitrião. Todos os dias ele alimenta e nutre inúmeros passarinhos em sua mão”.

“Disse a rolinha ao pardal: Gostaria de saber

Por que os homens são ansiosos, nunca param de correr!”

Respondeu o pardalzinho: Minha amiga, eu penso assim:

“Eles não sabem que o Pai celeste cuida de ti e de mim” 

“Não tem vocês muito mais valor do que elas? Quem de vocês por mais que se preocupe, pode acrescentar um côvado que seja a sua vida” (Mt 6.27). Isto é, “Quantos de vocês, pelo fato de toda essa perturbação e preocupação, pelo fato de toda essa ansiedade e apreensão, pode prolongar a duração de sua vida terrena ao menos por um momento? Os milionários podem comprar todo alimento e bebida que quiserem, mas não podem prolongar a vida.

Portanto um ser humano não pode acrescentar um único côvado ao curso de sua vida. Os nossos dias estão na mão de Deus, a vida é uma dadiva divina. Deus é quem lhe dá o começo, e ele é quem determina o seu ponto final. Então, faça o seu trabalho, semeie, colha e armazene o produto da terra em celeiros, do resto, Deus cuida.

Conclusão: “Vejam como crescem os lírios do campo”.

“Olhem para essas coisas e considerem. Essas plantas, essas flores, não labutam e nem fiam, e, no entanto, olhem para elas. Contemplem a maravilha, contemplem a beleza, contemplem a perfeição. Ora, nem o próprio Salomão se vestiu como um mero lírio.  

Todos conhecemos a fama de Salomão, suas vestes suntuosas, todo o aparato de sua corte, seus palácios revestidos de cedro, moveis cobertos de ouro e engastados com pedras preciosas. No entanto, toda essa beleza que chamou a atenção da rainha de sabá, empalidece, ofusca, comparado com a beleza dos lírios dos campos.  

A erva do campo, apesar de toda a sua beleza, sua formosura, seu cheiro, era queimada. Era assim que antigamente, assava o pão. A erva daninha era cortada e ressecada, e então era posta no forno para queimar. Diz Jesus de forma irônica: “Se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao fogo, não vestirá muito mais a vocês, homens de pequena fé?” (Mt 6.30).

“Mas buscai o reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhe serão acrescentadas” (Mt 6.33). qual é o objetivo do reino: 1) termos comunhão com Deus; 2) servimos em comunhão com os irmãos  e levarmos o evangelho a todos os povos; 3) Maranata, ora vem Senhor Jesus.  


   

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