Dá-me parte da herança que tenho direito.
Olhando para Lucas 15 que conta a história do filho pródigo,
podemos dividi-la em três atos.
Primeiro ato
O filho mais novo dirige-se ao pai e diz: “Dê-me minha parte da herança”. Era natural que quando o pai morria, o filho mais velho herdava dois terços da herança do pai, ao passo que o filho mais novo recebia um terço da herança do pai.
Contudo, a partilha acontecia quando o pai morria. Na parábola,
o filho mais novo pede que sua parte da herança lhe seja dada agora, e essa
atitude era um sinal de profundo desrespeito. Fazer esse pedido enquanto o pai
estava vivo era o mesmo que desejar sua morte.
No fundo, o filho mais novo estava dizendo era que desejava
os bens do pai, mas não o pai. Seu relacionamento com o pai constituía o meio
pela qual ele desfrutaria de seus bens, mas agora ele está dizendo que está
cansado desse relacionamento. Ele quer embora.
E o pai? A reação do pai da parábola causa mais perplexidade
que o pedido do filho. Afinal, era uma sociedade patriarcal; em uma sociedade
patriarcal, expressões de deferência e respeito pelos mais velhos, principalmente
pelos pais eram de altíssima importância! No oriente médio, a reação esperada
de um pai tradicional seria expulsar o filho sem direito a nada, a não ser uma
boa surra. Mas, o pai lhe dá sua parte...
Segundo ato
Então, o filho parte para uma terra distante longínqua “onde desperdiçou tudo o que tinha por viver de forma irresponsável” e desperdiça tudo o que tem. Quando ele se vê literalmente prostrado na lama com os porcos “cai em si” e pensa em algo. Então diz a si mesmo que irá voltar a casa do Pai, admitir que estava errado e que, portanto, perdeu os direitos de filho. Em segundo lugar, ele pretende pedir ao pai que o trate “como um de seus empregados”. Então, ali no chiqueiro, o filho mais novo ensaia deu discurso. Quando sente que está pronto para conversar com o pai, ele se levanta e começa a viagem de volta para casa...
Terceiro ato
Por fim, o jovem chega a certa distancia da casa de onde já
podia ser avistado. O pai o vê e corre – corre até ele! Os patriarcas do
Oriente Médio, por serem figuras notáveis, não corriam. As crianças podiam
correr; as mulheres podiam correr, os jovens podiam correr..., mas não o pai da
família, o digníssimo pilar da comunidade. Ele, no entanto, corre em direção ao
filho e, sem esconder nenhuma emoção, atira-se sobre ele o beija.
O filho já vai falando: “Pai, pequei contra o céu e contra o
Senhor, e não sou mais digno de ser chamado teu filho”. O pai o interrompe, não
apenas ignorando o discurso ensaiado, mas contrariando-o diretamente: “Depressa!”
ele diz aos servos “tragam a melhor roupa e vistam nele!”. A melhor roupa na
casa era a roupa do próprio pai...O que o pai está dizendo: “Não vou esperar você
liquidar sua dívida, não vou esperar que você cumpra o seu protocolo de humilhação.
Você não vai precisar conquistar o direito de voltar e fazer parte da família.
Vou simplesmente aceita-lo de volta. Vou cobrir sua nudez, sua pobreza e seus
farrapos com as roupas do meu oficio e de minha honra.
E ordena: que os servos preparem um banquete para comemorar e o prato principal era um novilho cevado: “Faremos um banquete e celebraremos, pois, este meu filho estava morto e voltou à vida. Estava perdido e foi achado”.
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