terça-feira, 31 de maio de 2022

 Rute e Boz – Rt 3 

Introdução

Pense em Rute. Ela é uma mulher, em um tempo em que era muito limitado o que mulheres podiam fazer em termos de ganho financeiro. Além disso, é viúva, vive sem um homem que cuida dela. Para agravar, é estrangeira, com todos os estigmas e incompreensões que sobraram naturalmente para ela. E, também, ela vivem em um tempo difícil, o famigerado tempo dos juízes: “Naquela época não havia rei em Israel; cada um fazia o que lhe parecia certo” (Jz 21.35).

Rute está precisando de um lar, um abrigo, um refugio onde se acolher. Noemi lhe diz: “Minha filha, não acha que está na hora de procurarmos um lar para você, para que você seja feliz?” (Rt 3.1). Então, Rute está precisando de um lar, um abrigo, um refúgio, ou descanso. “Tenho de encontrar descanso, ou lugar de descanso para você”.  

Noemi vislumbra uma boa possibilidade para o casamento entre Rute e Boaz, garantindo o futuro das duas. Um homem para lhe dar casa (descanso) e proteção. Rute agora é parte do povo de Deus. Antes era uma moabita, era adorada da divindade pagã, o deus Camos. Ela não conhecia o Deus vivo, mas passou a conhecer convivendo com a sua sogra e não restava nenhuma dúvida quanto a fé dela: “Aonde quer que fores, eu irei; aonde quer que pousares, ali pousareis; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus. Onde quer que morreres morrerei...” (Rt 1.16-17).

1)     O plano

“Hoje à noite, ele vai debulhar cevada na eira”, disse Noemi à Rute, “por isso, tome um banho e use perfume. Arrume-se e desça para eira. Mas não deixe ele saber que você está ali depois de ter comido e bebido. Quando você o vir saindo para se deitar, observe para onde ele vai e siga-o. Deite-se aos seus pés, para que ele saiba que você está disponível para se casar com ele. Depois aguarde para ver o que ele dirá. Ele dirá a você o que fazer” (Rt 3.1-4 – A mensagem). 

Já que não havia um homem para intermediar a negociação matrimonial, como culturalmente ocorre nos países orientais. Noemi então lhe deu todo entendimento necessário. Para essa proposta de casamento seria preciso: 1) pegar Boaz sozinho (era um homem cercado de gente); 2) fazer a sugestão de forma discreta, fora da vista dos outros; 3) fazer tudo isso de forma que a conversa pudesse acabar sem muito constrangimento caso ele não aceitasse. Caso rejeitada, Rute se mandaria no escuro para casa e todos poderiam fingir que isso não aconteceu.

COMO É O PLANO? Boaz dormiria na eira, fora da cidade, local onde estariam sendo tratados os grãos. “Vá para lá, descubra os pés dele e veja o que ele diz”. Deite perto dele e descubra os pés. Mas por que descobrir os pés? É que ele acabaria acordando com o friozinho nos pés e veria Rute por ali. Então, foi o frio da noite, e não o calor do corpo de Rute, que acordou Boaz!

2)     O plano em ação

E lá se vai Rute colocar o plano em ação. Será que ela estava nervosa? Por certo estava. Afinal, ela estava indo propor casamento à Boaz! Quase todo homem que já passou pelo horror que são os minutos ou horas de agonia sem saber se ligamos ou não para convidar a moça para sair. Antigamente tinha que ir à casa da jovem e bater à porta e, para adicionar, receber um sermão do seu pai. Depois veio o telefone fixo, ficou mais fácil. Hoje, temos os aplicativos, Whatsapp... 

Rute está se ariscando e poderia sentir a terrível vergonha da rejeição. Rute está indo fazer algo seriamente contra cultural, por várias razões: por causa da diferença de idade, pela posição social, por ser uma moabita e por ser a mulher fazendo o pedido.

Mas, nada detém Rute. Ela foi até a eira e seguiu o plano da sogra. “Boaz se divertiu, comendo e bebendo, e ficou muito alegre” (Rt 3.7). No meio da noite, ele acordou: “O homem acordou de repente, levantou-se e ficou surpreso quando viu a mulher dormindo a seus pés” (Rt 3.8). Rute imediatamente explicou para Boaz o que queria: “Sou Rute, sua serva. Protege-me debaixo das suas asas. O Senhor é o meu parente próximo... tem o direito de se casar comigo”.

Sem rodeios, sem palavras dúbias. Ela não queria uma noite de fogo apaixonado sem compromisso real; queria casamento. Ela não queria seguir os caminhos de Moabe, queria seguir os caminhos do Senhor. 

“Proteja-me debaixo das suas asas” ( A mensagem). Ou, “Estenda sua capa sobre a sua serva” (NVI). Estender a capa era símbolo de compromisso para casar. Esse linguajar “estenda a sua capa sobre’ é utilizado para falar sobre Deus estendendo seu manto sobre Jerusalém nua e desprovida de cuidado “...então estendi a minha capa sobre você e cobri a sua nudez. Fiz um juramento e estabeleci uma aliança com você ....e se tornou minha”. (Ez 16.8).

E quanto ao casamento? E quanto a diferença de idade no casamento? O que dizer? Há, com certeza, dificuldade quando existe uma distancia de anos. Mas não há imposição bíblica de que os cônjuges tenham no máximo cinco ou dez anos de diferença. Boaz fica feliz com a escolha de Rute. Ela não foi em busca de um homem jovem, fosse rico ou pobre. Ela foi atrás dele, pois é homem crente sério e está na posição bíblica adequada para a situação delas.

Boaz reconhece que Rute é um tesouro. “Todos na cidade sabem que você é uma mulher corajosa – uma peróla” (A mensagem). Você é uma mulher virtuosa, algo que todos reconhecem. Lemuel pergunta: “Mulher virtuosa quem acharás! É muito mais valiosa que os rubis” (Pv 31.10). . Ele afirma que ela é falada na cidade, mas muito bem falada. Ela não era uma peça de porcelana, uma taça de cristal. Mas, tinha firmeza, pulso de aço e mãos prontas para o trabalho. Rute tem boa fama. Era conhecida na cidade por ser firme, por sua escolha de seguir Yahweh. “MELHOR TER PASSADO A VIDA TODA LONGE, MAS SE TORNAR VIRTUOSA, DO QUE ESTAR SEMPRE POR PERTO E NUNCA SER DE FATO DO SENHOR”. 

3)     O RESGATADOR

O resgatador era também chamado de Goel, uma figura descrita em Levitico 25: “Se o teu irmão cair na pobreza e tiver de vender algo do seu patrimônio, o seu parente mais próximo virá a ele, a fim de exercer seus direitos de família sobre aquilo que vende seu irmão” (v.25). O goel pagaria as dívidas da família e resgataria suas posses. Poderia casar com uma mulher da família, assumindo as posses e mantendo vivo o nome do falecido, caso não houvesse filhos ainda.

Boaz é rápido, ele deseja, sim, se unir a ela “juro pelo nome do Senhor que eu a resgatarei” (Rt 3.13). Um homem reconhecido por sua piedade, pronto a se casar com a viúva moabita. 

Hoje, nas igrejas, muitos pensam que, para ser uma boa opção, é preciso que uma moça, ou um rapaz, tenham nascido em lar evangélico, tenham levado uma vida ilibada e seja virgem. Mas Deus não exige isso. Deus manda que homem cristão se casas com mulher cristã. A Biblia diz que aqueles que estão em Cristo são novas criaturas. Acreditamos mesmo em nova vida? Quê isso, a pessoa é moabita, vai ser casar com ela? O que importa, verdadeiramente, é que as coisas velhas passaram e tudo se fez novo!

Conclusão

Rute chega sem fazer barulho, bem vestida, perfumada. Estava escuro, não havia ninguém por perto, o coração ia alegre com o vinho, e ali diante dele estava Rute disposta a se casar com ele. Ele, no entanto, aproveita rapidamente a situação, não para dar vazão à carne, mas para abençoar Rute, para trazer o Senhor para a situação, para o namoro...

Boaz se importa com a reputação dos dois (v.13-14). Ele não quer que ninguém saiba que ela esteve na eira. Mas também dá a ela seis medidas de cevada “não volte para a sua sogra de mãos vazias” (Rt 3.17). Ele quer casar, mas tem um parente – goel – na frente dele, a lei tem que ser respeitada. Não ousa violar a lei de Deus.  


ibliografia: As boas Novas em Rute - Emilio Garofalo Neto - Editora Monergismo
Comentário de Rute - Hernandes dias Lopes - editora Hagnos
Biblia Nova Versão Internacional
Biblia King James
Biblia A Mensagem - Eugene Petersen

 

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