terça-feira, 7 de janeiro de 2025

 A vida conjugal 1 Pe 3.1-7 

Introdução

E a vida conjugal? Se tem uma instituição fragilizada e sendo atacada violentamente é o casamento. Fragilizado porque estamos dando pouca atenção devida ao que está escrito na palavra de Deus quanto ao casamento, estamos tão absortos nas coisas dessa vida que o casamento tem sofrido erosão, na maioria dos lares. E, sim, o casamento está sendo atacado violentamente pela mídia progressista com suas filosofias sutis e mundanas, como a normatização do comportamento da ideologia de gênero.

Nessa carta tão preciosa do apostolo Pedro encontramos escondido no coração da carta, no terceiro capitulo, está pequena e autentica pedra preciosa, como um diamante em um anel. Os seis primeiros versículos se referem às esposas e o sétimo versículo aos maridos.

1)     Exortações as esposas 

O versículo 1 começa com “mulheres, do mesmo modo...” (1 Pe 3.1). Do mesmo modo ao que? Pedro está sustentando uma argumentação desde o capitulo 2 sobre submissão. Primeiro, fala da submissão “a toda autoridade constituída...” (1 Pe 2.13); ou seja a submissão aos governantes do nosso país. Segundo, fala da nossa submissão ao senhorio de Cristo (1 Pe 2.21). Ele fala “semelhantemente vós, mulheres, sede sujeitas aos vossos ...maridos” (1 Pe 3.1).

Submeter no grego é Hypotasso, o que dá a entender que aquele que submete deve seguir a liderança do outro, em obediência. Hoje quando falamos de submissão, o assunto é bastante espinho e cheio de discussão. O movimento feminista está aí com sua bandeira levantada. É espinhoso talvez por causa dos desmandos ou da violência (física e emocional) que acontece em certos lares. Em consequência cria-se a idéia que todo homem é igual, ou seja, misógino e violento. 

Primeiro, o apostolo Pedro exorta as esposas a analisarem suas ações. O marido em questão, nesse texto, é aquele que ainda não é cristão “...se alguns deles não obedecem à Palavra” (1 Pe 3.1 A21). Ou, pode ser aqueles que ainda não se submeteram pessoalmente ao senhorio de Cristo. Para quê? “...sejam ganhos sem palavra alguma”. Ou seja, quando a esposa cristã leva uma vida baseada no exemplo de Cristo, suas ações e posturas podem conquistar o marido que, de outra forma, seria resistente à verdade bíblica.

Na verdade, o apostolo Pedro afirma que tal marido pode ser levado a Cristo ao observar na esposa uma “conduta pura e sem temor” (1 Pe 3.2). O termo “observar” subentende uma observação atenta, não um olhar casual. O marido está observando o caráter, a virtude, a pureza e a devoção da mulher. Algumas traduções: “conduta”, “agir”, “procedimento”, “porte”, “vida”. Uma esposa virtuosa nunca será ignorada. 

Segundo, o apostolo Pedro exorta a prestarem atenção em seus enfeites. “A beleza de vocês não deve estar nos enfeites exteriores, com cabelos trançados e jóias de ouro ou roupas finas” (1 Pe 3.3). A palavra grega traduzida por “enfeite” é cosmo, que deu origem ao termo “cosmético”. Refere-se a qualquer coisa usara para embelezar ou enfeitar. Observe que Pedro não proíbe o uso de cosméticos e joias e nem penteados “a beleza de vocês não deve estar....”.   

Aqui temos dois extremos: “Maria despojada” que resulta em uma aparência despenteada e desarrumada, sem higiene e até relaxada, como se isso fosse espiritualidade ou Humildade. Do outro lado, “Maria empoderada” que se veste sensualmente e cheia de enfeites exagerados; estilo periguetes, roupas curtas e corpo que sobressai: decotes, tomara que caia e blusinhas puxa-puxa... 

Uma observação atual: a esposa que usa cosmético com bom gosto e consideração e discrição não é mundana. Por outro lado, a esposa que troca o cultivo do caráter pela aparência externa faz uma péssima escolha de prioridades, o que importa para ela não é o caráter, ou a discrição, mas aparência externa.

Terceiro, o apostolo Pedro exorta as esposas a verificarem a postura que assumem. O versículo 4 inicia com uma conjunção adversativa, exprimindo oposição, “mas”, “pelo contrário”. O apostolo leva seus leitores a olharem para a postura interior do coração e não para os enfeites exteriores do corpo. “A beleza de você deve estar no coração...”. A palavra “coração” é kardia  e diz respeito a fonte do verdadeiro caráter da pessoa. 

A fonte desse enfeite é invisível, mas se manifesta em atos e palavras externos. Portanto, nos versículos 3 e 4, o apostolo Pedro estabelece uma diferença entre o Kosmo “enfeite e cosmético” e kardia “coração e interior”, ou seja, o exterior e o interior. A ornamentação superficial do corpo e a manifestação superior da virtude. De um lado diz: “A beleza de vocês não deve estar nos enfeites exteriores ...”. e do outro exorta: “...a beleza de vocês deve estar no coração...”. 


Algumas horas são suficientes para que uma pessoa se prepare para uma noite sofisticada, mas é necessária uma vida inteira para formar um caráter honrado. A cultura valoriza a ostentação, a moda, sensualidade, o que está em alta. A mídia nos bombardeia com uma única mensagem: “a beleza não tem preço”. Mas Deus anda na contramão dos interesses do mundo. A beleza interior da virtude jamais sai de moda, ela não perece.

Quarto, o apostolo Pedro exorta as esposas a avaliarem aquilo que prestam atenção. “Era assim que adornavam as mulheres santas do passado...” (1 Pe 3.5). Adornar é kosmeo na acepção da postura interior que se manifesta tanto em atos quanto em palavras. Sara chamava seu marido de senhor, isso era primazia, respeito, consideração e cooperação.  Para Sara submissão era “render uma obediência inteligente a alguém que tenha sido investido de poder de Deus”.

2)     Aos maridos 

“Da mesma forma, maridos” (1 Pe 3.7). Ou “por semelhante modo”, ou “igualmente”. Assim como as esposas tem certas responsabilidades no casamento, do mesmo modo os maridos cristãos têm importantes funções a desempenhar.

Primeiro, o marido deve viver com sua esposa. “Coabite com sua esposa”. O grego nessa frase é composto por Sun (com) e Oikeo (habitar, residir. Juntando essas palavras significam habitar juntos, ou seja, uma proximidade intima.   Isso é mais do que “viver debaixo do mesmo teto”, mas significa viver junto em um relacionamento íntimo – nos planos físico, emocional, mental e espiritual.

Segundo, “Coabite com sua esposa com entendimento”. O que é isso? O apostolo está falando de uma compreensão mais ampla e da valorização da esposa por parte do marido. Isso abrange a sensibilidade do marido em relação aos desejos mais íntimos de sua esposa e às suas necessidades como pessoa. Envolve a percepção de preocupações e interesses não verbalizados, além de ajuda-la com cuidado e carinho.

E trata-la da mesma forma que trataria, literalmente “um vaso mais frágil”, ou “vaso delicado”. Ou seja, deve tratar a esposa como se ela fosse uma peça de porcelana, com todo carinho, cuidado e delicadeza. Quanto a serem “vaso mais frágil” não está falado da questão moral, espiritual ou intelectual, mas que a mulher tem menos força física do que o homem.

Terceiro, o marido deve honrar a esposa. O marido deve reservar à esposa um lugar de honra. A esposa deve ser a máxima prioridade do homem e ocupar a mais alta posição não apenas em sua mente e em seu coração, mas também em sua agenda de compromisso. Ele deve honrá-la com atos e palavras.

Conclusão

Esposas, suas ações, seus adornos, suas atitudes e sua atenção são importantes para o seu casamento. Maridos, coabitai com suas esposas, conhece-las, honrá-las, são imperativos para o seu casamento aos olhos de Deus. E o apostolo Pedro termina afirmando: “para que as vossas orações não sejam impedidas”. Uma pergunta: você já tentou orar depois de uma briga com sua esposa?