terça-feira, 25 de novembro de 2025

 Quando vem o desanimo Ne 4 

Introdução

Desanimo é um retrato da sociedade em que vivemos. O que é desânimo? É falta de motivação, de energia, entusiasmo, de vigor. A palavra já diz: des-animado. É como se alguém estivesse sem alma, todo impulso de vida desvaneceu. A chama se apagou. A palavra desanimar vem da negação de “animare”, que significa “dar alma”, “vida, “movimento”, coragem, vivacidade, etc.  Portanto, é assim que estava o povo nos dias de Neemias, diante da incumbência de levantar o muro de Jerusalém, havia os inimigos do povo de Deus, fazendo tudo para desanimá-los, pará-los no meio do caminho.

1)     O que estava acontecendo?

Sem força, sem animo. O verso 10 diz: “os trabalhadores já não têm mais força” (Ne 4.10 NAA), “Os trabalhadores já estão cansados...” (NVT). No texto original o significado é: deslizar, titubear, vacilar. Ou seja, essas pessoas, Neemias, já estão trabalhando há um longo tempo e estão ficando cansados. Não tem mais ânimo, não tem mais força. O verso 6 nos diz que estão chegando à metade da altura do muro. A novidade já estava perdendo a sua força. A metade do caminho é desanimadora. 

Perda da visão. O povo que estava em Judá disse: “...ainda há muito entulho” (Ne 4.10). “...os escombros são muitos...” (NAA). Além da falta de força, do cansaço, o povo começou a falhar, começou a desistir da empreitada da construção do muro, apesar de todo o trabalho já feito, havia muito lixo, muito escombro. A palavra em hebraico para lixo significa “terra seca, entulho”. 

Em outros termos: “Olhemos ao redor de Neemias e vemos que tudo é entulho – sujeitas, pedras quebradas, pedaços de argamassa secos e duros. Tudo está ficando muito cansativo. Há entulho demais”. É como aquela mãe que ficou a noite toda acordada por causa da criança que não para de chorar. É como a dona de casa que já limpou a casa a manhã toda, mas ainda faz muita coisa para fazer. Há muito lixo, há muito entulho, muita sujeita, muita coisa para fazer. Diante dos escombros da vida, das dificuldades, perdemos a visão, perdemos o alvo, perdemos o objetivo de tudo que estamos fazendo. E não conseguimos ver além dos escombros.

Não tem mais confiança. O muro já estava na metade de sua altura. O lixo, entulho estavam espalhados por todo o lugar. Olhando para tudo isso, expressaram um sentimento de tristeza: “...não conseguiremos construir o muro...”(Ne 4.10). “Não seremos capazes de construir o muro sozinhos” (NVT). Quando você perde a FORÇA E A VISÃO, logo, você perde a CONFIANÇA. Três palavras importantes na vida: força, visão e confiança. E quando você perdeu a confiança, o desanimo pode virar a esquina, a qualquer momento. Os judeus tinham construído o muro até a metade da sua altura porque o povo “estava totalmente dedicado ao trabalho”, ou “o povo tinha o coração na obra”. Porém, com as dificuldades que vieram, o povo perdeu seu coração, sua motivação e afirmou: “...nós não poderemos edificar o muro” (v.10). 

Perda de segurança. O verso 11 diz: “E os nossos inimigos diziam: antes que descubram qualquer coisa ou nos vejam, estaremos bem ali no meio deles; vamos matá-los e acabar com o trabalho deles” (Ne 4.11 NVI). Os inimigos disseram: “temos uma estratégia. Não diremos a ninguém o que vamos fazer. Mas quando menos esperarem, bum! Entraremos sorrateiramente e lá ficaremos. Acabaremos com o trabalho tão rapidamente e por completo que vocês nunca saberão que estivemos por lá”. 

Em quem temos colocado nossa segurança? No nosso projeto de vida? No nosso trabalho? Se somos mandados embora, sentimos um desanimo total. Ou temos colocado nossa segurança em amigos e familiares? Uma mudança, ficaremos distantes de amigos e familiares! Você perdeu a FORÇA, você perdeu a CONFIANÇA, você perdeu a VISÃO. E por fim, você perdeu a sua SEGURANÇA. E, agora, o que será de mim? Existe um vazio lhe atormentando, deixando-lhe desassossegado.

2)     Focando o alvo

Nos posicionando no campo de batalha. “Por isso posicionei alguns do povo atrás dos pontos mais baixos do muro, nos lugares mais baixos do muro, nos lugares abertos, divididos por famílias, armados de espadas, lanças e arcos (Ne 4.13). Não é hora de parar, mas de avançar. Todos estavam espalhados por toda Jerusalém, fazendo seu serviço como tirar pedras, trazer água, fazer argamassa, mas espalhados das famílias. O que Neemias fez? Os uniu de acordo com as famílias e deu a cada um objetivo comum: preservação. 

O lar deveria ser uma fonte natural de entusiasmo, de animo, de força. Neemias disse: vamos lá, ajuntemo-nos de acordo com as nossas famílias. Vocês companheiros, sentem aqui; você e sua família lá. Infelizmente, estamos desunidos, estamos separados, cada um fazendo seu trabalho. tentando carregar um peso insuportável. O que Neemias está nos ensinando é que precisamos uns dos outros. Sozinho é impossível...

Direcione sua atenção para Deus. Veja o que diz o verso 14: “...Não tenha medo deles, lembrai-vos do Senhor, que é grande e terrível”. Eles estão cansados, olhando somente para o monte de entulhos, mas precisamos olhar para o Senhor. Olha o que diz o Salmo 46: “Deus é o nosso refugio e fortaleza, socorro bem presente na angustia. Por isso, não temeremos, ainda que a terra trema e os montes afundem nas profundezas do mar, ainda que as águas rujam e agitem e os montes seja sacudido pela sua fúria” (Sl 46 1-3). Apesar de toda calamidade que enfrentamos em nosso dia-a-dia, temos uma promessa: “Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o lugar Santo onde habita o Altíssimo...o Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é a nossa torre segura” (Sl 46.7). 

O Salmo 93 fala das dificuldades: “As águas se levantam, Senhor, e se revoltam. Ouve o barulho das ondas que se levantam e fazem estrondo. Mas o Senhor que está no céu, é mais forte do que o barulho das águas, mais poderoso do que o rebentar do mar” (Sl 93). Temos um alento no livro de Isaias: “Mas agora, assim diz o Senhor que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu. Quando passares pelas águas estarei contigo, e quando passares pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem chama arderá em ti” (Is 43.1-2).

O exército da Síria sitiou onde estava Eliseu e Geazi, toda cidade de Dotã foi sitiada, rodeada, pelos inimigos. Geazi diante dessa cena ficou desesperado: “O que vamos fazer, senhor meu?”(2 Rs 6.15). “Eliseu disse: não tenha medo deles. O exercito que luta por nós é maior do que o que luta por eles” (2 Rs 6.16). O apostolo João em sua primeira carta, talvez lembrando-se desse episódio, afirmou: “Filhinhos, sois de Deus, e já os tendes vencido; porque maior é o que está em vós do que o que está no mundo” (1 Joao 4.5). 

E o Salmo 37 começa falando para “Não se aborreça por causa dos homens maus nem tenha inveja dos perversos. Confie no Senhor e faça o bem; habite e desfrute a fidelidade. Deleita-te no Senhor e ele concederá aos desejos do teu coração. Entregue o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele agirá” (Sl 37.1-5). E fala sobre o fim dos perversos: “Pois os ímpios serão eliminados, mas os que esperam no Senhor herdarão a terra” (Sl 37.9).

O que Neemias está dizendo, diante de toda dificuldade, não podemos parar, há uma terra para conquistar, há um céu nos esperando...Ele disse: “Lutem”, “há um trabalho a ser feito. Empunhem as espadas!” O verso 14 conclui: “Lutem por seus irmãos, por seus filhos, suas filhas, suas mulheres e por suas casas”. 

Ouvindo os nossos inimigos que nós tínhamos sido avisados, e tendo Deus reduzido a nada o conselho deles, voltamos todos nós para o muro, cada um para sua obra. Desde aquele dia em diante metade dos meus servos trabalhava na obra, e metade deles tinha as lanças, os escudos, os arcos e as couraças; os chefes estavam atrás de toda casa de Judá”. O v.17 acrescenta: “Os oficiais davam apoio a todo o povo de Judá quem estava construindo o muro. Aqueles que transportavam material faziam o trabalho com uma mão e com a outra seguravam uma arma”.

 Conclusão: Desenvolva o ministério que Deus te deu, vss. 21 e 22.

Em essência Neemias estava dizendo: “hei, precisamos de ajuda. Estou lhes pedindo para servir e ajudar uns aos outros. Não conseguiremos fazer isso sozinhos”.  Nos dias de pressão que se seguiram, v. 23, nem tinham tempo para trocar de roupas. Quando iam tomar banho, permaneciam com as armas nas mãos. VOCE QUER SABER COMO SER MISERÁVEL? Viva para si mesmo. Use eu, meu, me durante o maior tempo possível da sua vida. 


 

sábado, 22 de novembro de 2025

 A natureza do amor 


"Coloque-me como um selo sobre o seu coração; como um selo sobre o seu braço; pois o amor é tão forte quanto a morte, e o ciúme é tão inflexível quanto a sepultura. Suas brasas são fogo ardente, são labaredas do Senhor.  Nem muitas águas conseguem apagar o amor; os rios não conseguem levá-lo na correnteza. Se alguém oferecesse todas as riquezas da sua casa para adquirir o amor, seria totalmente desprezado" (Ct 8.6-7). 

Introdução

O livro “Cânticos dos Cânticos” foi escrito pelo Rei Salomão, rei de Israel. Dizem que Salomão escreveu o “Cânticos dos Cânticos” em sua juventude, em sua fase viril; escreveu o livro de provérbios em sua meia idade. Por fim, escreveu o livro de Eclesiastes, em sua fase final da vida. O livro de Cantares de Salomão expressa o relacionamento entre Salomão e sua noiva, Sulamita.

Ele inicia o livro com esse verso: “Beije com os beijos da sua boca! Porque o seu amor é melhor do que o vinho (Ct 1.1-2). Tem como diferenciar o beijo com o vinho, diz Salomão. Porque o beijo é intimidade, é o relacionamento entre homem e mulher, é compromisso, cumplicidade, é o desejo de estar com a pessoa amada, por fim, é o casamento de papel passado.

Enquanto o vinho é um relacionamento solto, sem compromisso, sem apego, sem afeto, irresponsável, passageiro de uma noite, paixão, desejo, sexo, etc. Portanto, para Salomão, mais importante é o beijo do que o prazer temporário do vinho.

1)     A natureza do amor.

No capítulo 8, conforme o texto lido, ele fala da natureza do amor. Primeiro, ele diz: “Põe como selo sobre o teu coração” (Ct 8.6). Nos dias de Salomão as pessoas traziam um selo pendurado sobre o coração. Esse selo sobre o coração falava de compromisso e quando existe um desejo de colocar sobre o coração é para que todos olhassem que a Sulamita era dona de seu coração...

Selo sobre o teu coração”. Fala de uma nova identidade. A Bíblia diz “deixará o homem a seu pai e sua mãe, e unir-se...apegar-se-á à sua mulher. E serão os dois uma carne; e assim já não serão dois, mas uma carne” (Mc 10.10). Não mais dois, duas vontades, dois desejos, dois quereres, mas uma só carne. A conta divina do casamento é diferente da conta divina da sociedade, pois para sociedade isso é loucura afirmar que dois transforma-se em um. Mas, para conta divina, essa é a solução, é o jeito de dar de certo de todo casamento. A Bíblia diz que “o cordão de tres dobras não se quebra facilmente” (Ec 4.12).

“selo sobre o teu braço”. O braço é o símbolo de segurança, de proteção, cuidado. O teólogo Martin Henry, expressou-se: “A mulher não foi feita da cabeça do homem, para não dominá-lo; também não foi feita dos pés, para ser pisada por ele. Mas, feita das costelas, perto do coração e dos braços, para ser amada e protegida por ele”.

“O amor é tão forte quanto a morte”. Salomão está comparando o amor com a morte. A morte é o destino de todos quando ela chama, a morte separa, a morte causa ruptura, tristeza, desconsolo, a pessoa fica inconsolável diante de uma perda. Enquanto o amor é o inverso, o amor é a celebração da vida; o amor é a celebração da união; o amor é a celebração do casamento; o amor é a junção de duas pessoas que querem viver juntas pelo resto da vida que possuem.

Na língua grega temos os vários tipos de amor. O amor eros, que é o desejo sexual, erótico; o amor storge, que é amor familiar; o amor phileo, que é o amor de amigos. E por fim, o amor agaphe, que é o amor de Deus, o amor incomensurável, o amor divino por nós. E Salomão está falando sobre esse amor que é tão forte quanto a morte...

O que pode deter esse amor? “As muitas águas não poderiam apagar esse amor nem os rios afoga-los”. A metáfora para muitas águas ou “inundações”, “Tsunamis”, etc, fala de dificuldades, idas e vindas no casamento, adversidades, angustias, doenças, desentendimentos, que todo casal enfrenta. No entanto, o amor é tão forte, que mesmo passando por muitas situações, não conseguem apagar o amor.

Aliás, o processo pela maturidade do casal, do crescimento, desenvolvimento, ocorre em meio ao “caos” da vida. É nesse momento que valores são formados, o amor se torna mais forte, resoluto, dando ao casal independência emocional e afirmação...diante do caos.

Ele termina afirmando: “Ainda que alguém desse toda fazenda de sua casa por este amor, certamente a desprezariam” (v.7). O amor não pode ser comprado, manipulado ou alugado. Não se divide o amor no cartão de credito em 200 vezes. O amor é inestimável, o amor é caro demais. O amor é dado livremente, o amor não tem preço...

Juramento:

Primeiro, o noivo, Eu, Rondineli, diante de Deus e de todas as testemunhas aqui presente, prometo lhe amar de forma verdadeira, prometo estar sempre ao seu lado nos momentos bons e nos momentos ruins da vida.

Segundo, Eu, Lorena,  diante de Deus e de todas as testemunhas aqui presente, prometo lhe amar de forma verdadeira, prometo estar sempre ao seu lado nos momentos bons e nos momentos ruins da vida.

alianças: Essa aliança é um simbolo do meu amor e da minha fidelidade. 

Eu, Pastor João Vicente Pereira, vos declaro marido e mulher! 

 

 

terça-feira, 18 de novembro de 2025

 O Ruach do Espirito Ne 8.1-10 

Introdução

O vento é um símbolo do Espirito Santo, na língua hebraica é a ruach, o vento que sopra sobre a criação; no Novo Testamento é o pneuma o vento que sobra sobre a igreja batizando os discípulos. O vento, desde então, tem soprado sobre a vida dos homens e mulheres. E sempre o vento vem depois de um período de decadência espiritual, depois de um esfriamento, na perda do primeiro amor.

O vocábulo ruach é utilizado no sentido de poder, da vida e do Espirito de Deus. O vento é um agente de Deus, sempre forte e violento, por vezes, deixando um caos. Depois de cedermos ao pecado, o vazio na alma se torna insuportável, um sentimento de agonia toma conta da nossa alma. Então, vem o vento do Espirito, vem o ruach e sopra “...reavivas o dom que há em ti” (2 Tm 1.7); “desperta, ó tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e Cristo resplandecerá sobre ti” (Ef 5.14). “Lembra-te de onde caiste, e arrepende-te...” (Ap 2.5). 

O ruach de Deus produz mudança de vida, produz arrependimento de pecados, confissão. O profeta Isaias, diante da visão no templo, exclamou: ‘Ai de mim, que vou perecer” (Is 6). Quando o Espirito sopra vidas são mudadas, quando o Espirito sopra homens são levantados para sua obra; quando o Espirito sopra há desejo de santificação; quando o Espirito sopra desperta o prazer da leitura da Palavra de Deus; quando o Espirito sopra desperta o prazer de orar, quando o Espirito sopra há um desejo de frequentar a casa do Senhor...há uma dependência absoluta de Deus.

O vento soprou. O que dizer de John Wesley, um homem chamado por Deus, um país mergulhado na corrupção e no vicio do pecado. Deus chama, convoca, capacita e começa a pregar o evangelho na Inglaterra em todos os lugares e coisas grandiosos começam acontecer nesse país, as pessoas eram mudadas pelo poder de Deus. Pregou durante 50 anos, anunciou mais de 40.000 sermões, falou a uma multidão de mais de 20,000 sem ajuda da mídia. Viajou 360.000 km, a maior parte à cavalo. 

 1)     Soprando nos dias de Neemias

O texto de Neemias diz: “Todo o povo juntou-se como se fosse um só homem na praça, em frente da porta das Águas. Pediram ao escriba Esdras que trouxesse o livro da lei de Moisés, que o Senhor dera a Israel” (Ne 8.1). Uma outra versão diz: “...no dia 08 de outubro, o sacerdote Esdras trouxe o livro...” (VFL). Prestem atenção o que o texto afirma: “Ele leu em alta voz desde o raiar da manhã até o meio dia, de frente para praça, em frente da porta das Águas, na presença de homens, das mulheres e dos que tinham entendimento da lei. Todo o povo ouvia com atenção a leitura do livro da lei” (Ne 8.3). 

A Bíblia é a Palavra de Deus para a humanidade. É a revelação de Deus, é o véu que foi tirado, o véu descoberto, o véu desvendado, o véu revelado. É Deus revelando seu caráter, sua vontade, seus mandamentos, seus preceitos, para todos os homens. A Bíblia é a Palavra de Deus, ela é inspirada por Deus, no grego é Theopneustos (soprado por Deus). O Espirito Santo soprou em seus profetas, soprou em Amós, Joel, Ezequiel, Miquéias, Isaias, Jeremias, Paulo, Pedro, Tiago, João, etc. Todos foram inspirados por Deus para escrever seus sessenta e seis livros. 

A passagem da chamada do profeta Amós é maravilhosa, que profetizou durante o reinado de Jeroboão II. Quando foi profetizar no reino norte de Israel, Amazias sacerdote de Betel, tentou proibi-lo de profetizar a Palavra de Deus. Então, num gesto de coragem e lhe diz: “Eu não era profeta, nem filho de profeta, mas boiadeiro, e cultivador de sicômoros. Mas o Senhor me tirou de seguir o rebanho, e o Senhor me disse: Vai e profetiza ao meu povo” (Am 7.14-15).

A Biblia foi escrita em um período de mil e quinhentos anos, soprada pelo Espirito Santo na vida de quarenta escritores! Ela tem um começo (Genesis, o começo de tudo, o começo do mundo e o pecado que entrou no mundo por Adão e Eva). Mas, ela também tem o fim anunciado (o livro de apocalipse que fala das últimas coisas, da última trombeta). Portanto, Deus testifica de si mesmo: “Eu sou o Alfa e o OMEGA, O PRINCIPIO E O FIM” (AP 21.6). 

E MAIS: A Bíblia foi escrita em três continentes diferentes: África, Asia e Europa. Ela tem dois testamentos: O Antigo Testamento contendo sessenta e seis livros e o Novo Testamento contendo 27 livros. O Antigo Testamento está dividido em Lei: os cinco livros de Moisés; livros históricos: 12 livros; livros poéticos 5 livros; profetas maiores: 5 livros e profetas menores: 12 livros. O Novo Testamento está divido em evangelhos: 4 livros; história: atos; cartas paulinas 13 cartas; cartas gerais: 8 cartas e, por fim, o livro de apocalipse.  

O apostolo Paulo testifica da inspiração da Biblia: “Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça” (2 Tm 3.16). O Salmista exalta seus caminhos: “Lâmpada para os meus pés é a tua Palavra e luz para o meu caminho” (Sl 119.105).  O Salmo 119 exorta os jovens: “Como pode o jovem manter puro o seu caminho? Vivendo de acordo com a tua palavra” (Sl 119.9). Qual é a instrução do apostolo Paulo para os obreiros: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Tm 2.15).

O profeta Jeremias quando descobriu as palavras de Deus, disse: “Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o meu coração, pois sou chamado pelo teu Nome” (Jr 15.16). Quando o profeta Ezequiel foi chamado por Deus, o Ruach veio sobre ele e fez com que ficasse em pé, depois vi um livro que se estendia para ele e uma ordem foi dada: “Filho do homem, come tudo quanto está neste livro; depois vai pregar à nação de Israel” (Ez 3.1). 


E qual é o poder da Palavra, diz o escritor aos hebreus: “Pois a Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes: ela vai até o ponto de dividir alma e espirito, juntas e medulas, e julga pensamentos e intenções do coração” (Hb 4.12). Sim, a palavra de Deus é viva, porque o Ruach, o Espirito Santo está em nós, habita em nós, testifica com o nosso espirito. E mais: é eficaz, ela fala, ela convence do pecado, da justiça e do juízo; ela vai no recôndito da alma, das juntas e medulas e sabe as intenções do coração.

Quando vem o Espirito sobre sua igreja há respeito, temor e reverencia pela verdade, pela Palavra de Deus. Em Atos, quando o Espirito Santo desceu “...estavam todos reunidos num só lugar” (Atos 2.1). Nos dias de Neemias, o povo ouviu atentamente desde o raiar da manhã até o meio dia: “Esdras louvou o Senhor, grande Deus, e o todo povo ergueu as mãos e respondeu: amém! Amém. Então eles adoraram o Senhor, dobrados em terra” (Ne 8.6). Havia reverencia, havia temor na presença de Deus. Em Eclesiastes temos uma exortação: “Guarda o teu pé, quando entrares na Casa de Deus...” ( Ec 5.1 NAA) e parte final diz: “...vá pronto para ouvir e obedecer a Deus” (NTLH) 

O que Esdras fez diante dessa multidão de homens e mulheres? “Leram o livro da lei, interpretando-o e explicando, a fim de que o povo entendesse o que estava sendo lido” (Ne 8.8). A palavra de Deus tem que lida, interpretada e explicada. Em Efesios diz que Deus “designou uns como apóstolos, profetas, evangelistas e pastores e mestres” (Ef 4.11). Para quê? “...edificação do corpo de Cristo” (Ef 4.12). Portanto, o papel do pregador, do pastor é pregar a Palavra do Senhor, enquanto prega, o Ruach sopra sobre sua igreja, sobre o corpo de Cristo; vai tocando nos corações, o Ruach vai amolecendo... 

Diante da Palavra de Esdras, diz o texto “...todo o povo chorava ouvindo as palavras de Deus na lei” (Ne 8.9). Quando choramos é porque somos convencidos que somos pecadores, que o vazio da nossa alma se deve ao pecado que cometemos, que tudo o que está acontecendo conosco é devido nossa desobediência. O cativeiro babilônico era uma marca indelével na consciência do povo de Deus.

Conclusão

No entanto, agora, não hora para chorar, mas para se alegrar, para jubilar, para adorar, para glorificar o Santo Nome de Deus. O passado não pode nortear minha vida. Eu preciso avançar, eu preciso caminhar, andar pra frente. Olhar para Jesus, autor e consumador da minha vida. Os lideres exortavam o povo: “Este dia é sagrado para o Senhor, seu Deus. Não chorem nem estejam cabisbaixos” (Ne 8.9). Hoje é dia de festa, de comer e cear na presença do Senhor. Porque “...alegria do Senhor é a sua força” (Ne 8.10). 


 

 

domingo, 16 de novembro de 2025

 Agostinho de Hipona 

Agostinho nasceu na cidade de Hipona, atualmente é Argélia que fica no norte da África. Sua mãe, Mônica, era uma mulher piedosa, cristã, de personalidade muito forte e com a firme determinação que seu filho se tornasse cristão. Ela orava por ele todos os dias, mas embora Agostinho amasse sua mãe, não lhe dava muita atenção e não queria saber de vida espiritual.

Agostinho tinha teve um filho com uma amante e sempre estava tendo recaídas com mulheres. Afirmava que tinha muita necessidade de sexo, e que não tinha forças para resistir aos seus impulsos naturais. Ele se entregava à imoralidade, aparentemente sem o menor aperto na consciência, mas ao mesmo tempo lamentava profundamente a ocasião em que furtara algumas peras no quintal do vizinho.

Quando começou a estudar de início tornou-se maniqueísta, uma seita exótica que seguia os ensinamentos de um homem persa, Mani, o qual afirmava que todos os seres vivos eram controlados pelos poderes da escuridão, pelos poderes do mau. Além disso, ele abandonou também a astrologia.... havia uma inquietação, uma sede de conhecimento, sua juventude era ávida, que queria experimentar todos os ensinamentos de sua época...

Agostinho acreditava somente em coisas que se podiam ver, medir e provar, se fosse atualmente, chamaríamos de materialista ou marxista. Ele era racional e pensava sistematicamente, ou seja, dentro de um sistema fechado. A ideia da existência de um Deus espiritual e invisível, um Deus que se relaciona com seres humanos, parecia-lhe contos de cachorrinha. Mas quando começou a estudar os ensinos de Platão e seus seguidores, ficara convencido de que as coisas reais eram as invisíveis, espirituais.

No entanto, Agostinho ponderava: “Para seguir Platão, temos apenas que pensar como ele. Seguir a Cristo, significa algo mais, significa que temos que colocar nisso toda nossa vida e deixar de lado tudo que nos impede de segui-lo. Não é somente uma questão filosófica; por exemplo, para ser budista, você não precisa renunciar a nada, porque o budismo é uma filosofia. Já seguir a Cristo, sua vida deve estar imergida nele, tomada por Ele, toda sua vida.

Ele continua: “É como se Platão levasse a gente, para o alto de uma montanha muito elevada, de onde se pode avistar à terra da paz. Mas não sabemos que fazer para chegar lá...”

Agostinho não abrigava ilusões a respeito de si mesmo, ele se conhecia. Sabia, com que facilidade sua mente era dominada pelos hábitos, escravizada e ficava acorrentada a eles, principalmente a lascívia, desejo desenfreado pelo sexo. Era orgulhoso. Sabia que era totalmente depravado, e afirmava, que a mente por si só não consegue superar as seduções dos prazeres malignos.

Portanto, Agostinho, sabia que seguir a Cristo exigia um compromisso com Cristo, e compromisso com Cristo, significava transformação radical. Teria de parar de praticar sexo erradamente. E mais que isso: teria de desistir de todos os seus sonhos de glória e fama. Teria que passar a agradar a Deus e não ao mundo ao seu redor. Um lado meu quer isso, pensou consigo mesmo, e o outro lado não conseguiria.

Ele diz: “Senhor, tu me fizeste virar e olhar a mim mesmo. Tiraste-me de detrás das minhas costas, onde me havia abrigado, pois não desejava olhar para mim. Mas, tu me colocaste frente a frente com a minha própria pessoa, para que eu pudesse enxergar minha malignidade, torpeza e depravação, e ver como estou cheio de impureza e fraquezas. Olhei para mim mesmo e fiquei horrorizado, mas não podia fugir, nem me afastar de mim mesmo”.

Durante sua vida tentou por vários caminhos, buscou na sabedoria humana dos filósofos, na religião dos maniqueus, na fama da oratória. Mas ainda lhe faltava algo, havia inquirição, desassossego na alma de Agostinho...Ele diz: “Depositei minhas esperanças em algo que era, meramente humano, e muitas vezes também na sensualidade”.

Mas algo lhe dizia: “Quando voce tomar está decisão, nunca mais terá permissão para fazer isso e aquilo, nunca, nunca mais. E logo seus hábitos lhe indagaram: “acha que poderá viver sem nós? Enquanto pensava essas coisas, havia uma tempestade dentro dele, uma agonia interior que ia intensificando a ponto de parecer que seu peito fosse estourar. Deixou-se cair embaixo de uma figueira, soluçando sem parar...

E disse: “Até quando Senhor? Será que nunca vou parar de firmar meu coração em coisas que são sombras, e de seguir mentiras? Até quando? Até quando? É sempre amanhã? Por que não hoje? Por que não terminar com minha impureza neste momento?”

Então...ele ouviu uma voz. Era como uma voz infantil, uma voz de uma tonalidade aguda, que ele não sabia dizer, se era feminina ou masculina. A voz parecia vir de uma casa ali perto. Ela repetia incessantemente, quase como que cantando, sem melodia: “Pegue e leia. Pegue e leia. Pegue e leia”

Agostinho viu a Biblia aberta em Romanos 13, as palavras lhe queimava em sua mente: “Andemos dignamente como em pleno dia, não de orgias e bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e ciúmes; mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e nada disponhais para carne, no tocante às concupiscências”.

No mesmo instante, as sombras escuras da dúvida saíram de seu coração, como se ali houvesse introjetado um raio de luz tranquila. E, o homem de vontade indomável foi subjugado pelas palavras de um livro obscuro. De repente, aquelas palavras lhe revelavam aquilo que durante todo o tempo procurara em vão. Naquele momento sabia, com certeza, que tinha encontrado a verdade. Aquela frase: “Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo” soluciona tudo, custasse o que custasse, consagraria sua vida a Cristo.

 

terça-feira, 11 de novembro de 2025

 Uma igreja poderosa Atos 2.42-47 

O que uma igreja? Diante de tantas “igrejas” da atualidade, igrejas “modernas”, pregação “psicológica”; igrejas escuras, luzes apagadas, enfim, temos um cardápio variado. Mas, como que podemos definir uma igreja verdadeira? Uma pessoa desigrejada definiu o que para ele seria uma igreja ideal. Primeiro, uma igreja que tem pregação bíblica, pregação cristocêntrica; segundo uma igreja que tenha comunhão real, verdadeira, onde os membros se cuidassem mutuamente e se apoiassem; em terceiro, uma igreja que adorasse, que buscasse a presença de Deus; quarto, uma igreja que tivesse preocupação em evangelizar os perdidos. Por fim, esses quatros pontos desse desigrejado é um retrato da igreja do Novo Testamento.

1)     Sendo igreja

“Eles perseveravam na doutrina dos apóstolos...” (At 2.42). A igreja nasceu sob o bastão da verdade. A igreja começa com derramamento do Espirito Santo no pentecostes, onde os discípulos falam em outras línguas. Em seguida temos a pregação cristocentrica do apostolo Pedro e a conversão de três mil pessoas e a permanência dos novos crentes na doutrina dos apóstolos. Os discípulos se assentavam aos pés dos apóstolos para aprenderem a verdade. 

“Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina” (Ef 2.20). Devemos ressaltar que Deus tem compromisso com a verdade. Ele tem zelo pela verdade. Uma igreja fiel não pode mercadejar a Palavra de Deus. Não há poder espiritual à parte da verdade. Não há avivamento genuíno sem a Palavra de Deus. Não há crescimento saudável sem apego à sã doutrina. A igreja precisa da Palavra de Deus. “Lâmpada para os meus pés é a tua Palavra e luz para os meus caminhos” (Sl 119).

“Perseveravam nas orações...” (Atos 2.42). A igreja de Jerusalém não apenas possuía um interesse genuíno pela Palavra, mas também era um igreja que orava. Era uma igreja totalmente dependente de Deus, era uma igreja que vivia a oração. Em quase todos os capítulos de Atos, a igreja ora, busca, intensivamente a presença de Deus. Em Atos 1.14, todos perseveravam em oração. Em Atos 2, a igreja estava esperando o Pentecoste em oração; em Atos 3, os lideres da igreja vão às três horas da tarde no templo para orar; em Atos 4, depois da perseguição religiosa, a igreja ora com intensidade e o lugar é sacudido e a gloria desce. 

Em Atos, capitulo 5, através da oração, Deus deu discernimento a Pedro sobre a falsidade de Ananias e Safira; em Atos capitulo 6, a liderança da igreja entende3 que a sua maior prioridade é a oração e a pregação da Palavra; em Atos 9, o primeiro sinal que Deus deu a Ananias sobre a conversão de Paulo é que ele estava orando; em atos 12, Pedro estava preso, mas a igreja orava em seu favor, e ele é libertado miraculosamente. Em atos 13, a igreja de Antioquia ora, e Deus abre as portas das missões mundiais; em atos 16, Paulo e Silas oram na prisão, e Deus abre as portas da prisão. Em Atos 20.36, Paulo ora com os presbíteros da igreja de Éfeso na praia.

A igreja de hoje fala de oração, mas não ora. Sem oração não tem poder, sem oração não tem discernimento, sem oração não tem dependência de Deus,  sem oração não tem batismo com Espirito Santo, sem oração não tem vida nos cultos. Sem oração a pregação é vazia e sem vida; sem oração a muralha de Jericó não vai cair; sem oração não tem comunhão, sem oração não tem perdão; sem oração não tem poder para expulsar demônios, sem oração não tem poder para impor sobre os enfermos. 

Havia temor de Deus na igreja. Em cada alma havia temor....”(Atos 2.43). temor a Deus é respeito, reverencia pela presença de Deus. Hoje, infelizmente, as pessoas vêm à igreja sem temor, há uma banalização do sagrado, uma falta de respeito. Há saturação, há comercialização das coisas de Deus. Quem conhece a santidade de Deus não brinca com as coisas de Deus. Falta temor a Deus no seio da igreja; falta temor a Deus nos púlpitos; falta temor a Deus nas músicas; falta temor a Deus nas conversas.

Havia manifestação sobrenatural da presença de Deus. “...e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos” (Atos 2.43). O milagre acontecia diariamente nos cultos. Em atos 3, o paralitico é curado; em atos 4, o lugar onde a igreja ora, é sacudido pelo poder de Deus. Em atos 5, muito sinais e prodígios são feitos. Em atos 8, o diácono Filipe prega, e Deus realiza sinais e maravilhas no meio dos samaritanos. Em atos 9, o homem mais temido da igreja – Saulo de Tarso – é convertido na estrada de Damasco. Em Atos 19, pelas mãos de Deus, o milagre acontecia, os demônios eram expulsos. 

Havia prazer de estar na casa de Deus. “Diariamente perseveravam unânimes no templo...” (Atos 2.46). O culto era um deleite. Eles amavam a casa de Deus. Diz o salmista: “Com amáveis são os teus tabernáculos, Senhor dos Exercitos”, (Sl 84.1), e depois compara: “Um dia nos teus átrios vale mais que mil dias nas tendas da perversidade”. (Sl 84.10).  Felizes são aqueles que podem habitar na casa do Senhor e meditar no seu santo templo. 

Era uma igreja que “louvando a Deus...” (Atos 2.47). uma igreja alegre, que canta, que engrandece. Os muçulmanos é a segunda maior religião do mundo, mas eles não cantam! Uma igreja viva tem um louvor fervoroso, contagiante, sincero, verdadeiro. A origem do louvor que agrada a Deus está no próprio Deus; tem o proposito de exaltar a Deus e como resultado produzir quebrantamento nos corações. Hoje vemos cultos se transformando em shows e cantores sendo trados como artistas, pagando altos valores para cantar nas igrejas e praças.

Os cristãos tinham prazer de estar juntos. “.... e perseveravam na comunhão... todos os que creram estavam juntos...partiam o pão...” (Atos 2.42,44,46). Todos estavam juntos, eles se reuniam no templo e também nos lares, e isso com frequência. Onde desce o óleo do Espirito, aí há união entre os irmãos; aí ordena o Senhor a sua benção e a vida para sempre” (Sl 133.1-3). Onde tem união, cessam as contendas; onde tem união, comunhão, tem perdão, tem cura, tem participação na ceia do Senhor. E consegue discernir o corpo do Senhor. 

Eles eram sensíveis à condição dos necessitados “.... tinham tudo em comum...vendiam suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, a medida que alguém tinha necessidade” (At 2.44,45). Os crentes converteram o coração e o bolso. Havia desapego nos bens e apego às pessoas. Aqueles que foram alcançados pela graça salvadora de Deus encarnaram a graça da contribuição. “Aquilo era uma comunidade angelical, não consideravam exclusivamente deles nem uma das coisas que possuíam...ninguém acusava, ninguém invejava, ninguém tinha ressentimentos, não havia orgulho e nem desprezo. O pobre não sabia o que era desprezo, o rico não conhecia arrogância” (João Crisóstomo).

Portanto, a igreja era comprometida com a verdade, mas não legalista. Era uma igreja que orava, que acreditava nos dons espirituais, nos milagres de Deus. Uma igreja cheia do temor de Deus, que tinha reverencia pelas coisas de Deus. Uma igreja que congregava, adorava constantemente no templo, nas casas. E, uma igreja que vivia em comunhão, havia koinonia nos corações dos irmãos; uma igreja contagiante e contagiavam as pessoas de fora. Pela graça de Deus, eles se tornavam melhores maridos, melhores esposas, melhores filhos, melhores pais, melhores estudantes, melhores profissionais.

Conclusão

“...enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor dia a dia, os que iam sendo salvos” (Atos 2.47). Com respeito ao crescimento da igreja, temos dois extremos: numerolatria e numerofobia. Buscar o numero a qualquer preço é cair nas malhas do pragmatismo e abandonar o verdadeiro evangelho. Criar mecanismo para justificar a preguiça, a falta de novos convertidos, é abandonar o compromisso com o evangelho. A verdade dos fatos é qualidade gera quantidade. A igreja de Jerusalém vivia com Deus e fazer a obra de Deus. Por isso, crescia em numero. A igreja crescia diariamente. A igreja crescia por adição de vidas salvas. A igreja crescia por ação divina. Vejamos o crescimento da igreja:

Atos 1.15 – 120 membros

Atos 2.41 – 3 mil membros

Atos 4.4 – 5 mil membros

Atos 5.14 – uma multidão é agregada à igreja

Atos 6.17 – o numero dos discípulos é multiplicado

Atos 9.31 – a igreja se expande para Judéia, Galileia e Samaria

Atos 16.5 – igrejas são estabelecidas e fortalecidas no mundo inteiro

 


terça-feira, 4 de novembro de 2025

 CRIME E CASTIGO – Jz 20 

Introdução

As sutilezas são implícitas, são subentendidas, são sorrateiras, sempre ficam nas entrelinhas da história, mas nem sempre conseguimos discerni-la. As “verdades” podem ser editadas, divulgadas, colocadas em outdoor, em páginas das mídias socias, todas são frutos de narrativas construídas, até mesmo, fictícias, imaginadas por alguma mente capciosa. O livro de Juizes expõe abertamente essas sutilezas e o que pode produzir.

1)     Editando história

O livro de juízes é um livro pesado, difícil, mas também cheio da graça de Deus. Todo Israel ficou indignado diante do fato dos benjamitas terem abusado sexualmente da concubina do levita. Causou comoção nacional “...Todos os filhos de Israel, desde Dã até Berseba e Gileade, saíram, e a congregação se reuniu diante do Senhor em Mispa...”(v. 1).  Constrangimento, revolta, era o assunto do dia, da semana na boca do povo de Israel.  Logo, juntou-se um exercito de 400.000 homens para combater seus irmãos benjamitas.

O texto fala que esse juntamento de 400 mil soldados é “como se fosse um só homem” (v.1, 8, 11). O que é mais interessante e absurdo que é uma guerra contra uma das tribos de Israel, sendo que em muitos momentos de guerra do povo de Deus contra os inimigos externos (filisteus, midianitas, amonitas, moabitas, etc) nem todos quiseram lutar, nem todos ficaram do lado de Gideão (acovardaram-se), nem todos ficaram do lado de Jefté, nem todos ficaram do lado de Sansão. Mas agora, quando é contra uma das tribos de Israel, todo Israel vai como se “fosse um só homem”. 

O levita contou a história do que aconteceu em Gibeá, no entanto, em uma narrativa editada: “Chegamos para passar a noite em Gibeá de Benjamim, logo, os homens de Gibeá vieram para atacar-me e cercaram a casa, com a intenção de matar-me” (Jz 20.5). Primero, não foram todos os homens “alguns homens depravados” (Jz 19.22). Segundo, os homens perversos, depravados, disseram: “Tire o homem que tem em sua casa, queremos ter relações sexuais com ele” (Jz 19.22 VFL). Ele fala que os homens queriam mata-lo, mas o texto fala que os homens queriam ter relações sexuais com ele.

 Contou a história de forma seletiva, editou a história, omitiu detalhes, do que ele fez, isto é, “empurrou para fora” (Jz 19.25 VFL), “pegou sua concubina e a entregou a eles do lado de fora” (NAA) e: “obrigou a sair” (VFL). Ele empurrou, pegou a sua mulher e colocou para fora, jogando-a aos homens depravados para ser abusada, violentada. Em seguida, dormiu, sossegadamente. Pela manhã, sua mulher estava caída junto à porta da casa, morta, sem vida. E, quando chegou em casa, cortou sua esposa em dozes pedaços e enviou para as tribos de Israel! 

O livro de Romanos, nos capítulos 1 e 1, fala do pecado em evidencia, pecado descarado, imoral, feito à luz do dia, foram entregues “à impureza sexual, segundo as vontades pecaminosas do seu coração” (Rm 1.24); mas, no capitulo 2, fala dos religiosos, do levita, do que julga, que conhece a verdade, mas vive editando a verdade. O levita conseguiu passar uma versão que lhe era conveniente. Logo, todo povo de Israel, levantou-se contra a tribo de Benjamim.

2)     Briga entre irmãos

Os israelitas estão unidos como nunca estiveram antes, “como um só homem”.  Mas, antes da guerra, as tribos unidas, envia emissários para que entregassem os homens que molestaram e abusaram da moça e “dar a eles o que merecem” (v. 9,10). Mas os benjamitas “não quiseram ouvir” (v.13), ao invés disso, se agruparam em Gibeá “para lutar contra os israelitas” (v. 14). Reuniram 26.700 soldados, incluindo tropas de elite (v.15,16), para enfrentar quatrocentos mil israelitas (v.17).

Quantos de nós, quando envolve família prefere proteger ao invés de agir com justiça! Um dos ídolos mais perniciosos ao relacionamento humano é o nosso sangue ou parentesco, a atitude que defende minha família ou meu país, estejam eles certos ou errados. Mas, não podemos nos fazer de surdos, mudos e cegos diante do pecado, da transgressão dos nossos filhos, parentes. Isso chama-se disciplina. Disciplina é um direito de todo crente; somos responsáveis uns pelos outros. Se a igreja não disciplina, o caminho torna-se largo. 

Eles preferem lutar, soltar suas espadas, entrar numa guerra, uma guerra civil. De um lado 400. 000 mil soldados, e do lado deles 26.700 soldados. um acréscimo é que os 700 homens eram treinados, melhores soldados, escolhidos. O que faziam? “Eram canhotos. Qualquer um deles podia atirar com funda uma pedra num fio de cabelo, sem nunca errar” (Jz 20.16 NTLH). Primeiro, eram canhotos, ou seja, quando a pedra é jogada do lado direito é previsível qual é a direção, mas quando é lançada pelo lado canhoto, é impossível saber com exatidão o lado, por causa da curva que a pedra faz ao ser jogada. Segundo, era tamanha precisão de grupo especializado que conseguiam acertar um fio de cabelo à distância. Eles tinham uma vantagem tática na guerra. 

Antes da guerra, foram para Betel, lugar de adoração, consultar ao Senhor. E perguntaram: “Qual das nossas tribos atacará primeiro a tribo de Benjamim? E o Senhor respondeu: a tribo de Judá” (Jz 20.18). Judá era proeminente, sobre Judá havia a promessa do cetro, do reinado. No primeiro combate entre os dois exércitos 22.000 homens de Israel perecem no campo de batalha. No segundo dia, de combate, mais 18.000 homens de Israel morrem na batalha. Toda luta por uma justa que seja, não é fácil, é renhida, difícil.

Depois de perder 40.000 soldados os israelenses se desesperaram. “Subiram até Betel e ali se assentaram e choraram diante do Senhor. Naquele dia, eles jejuaram até a tarde e ofereceram holocaustos e ofertas pacificas ao Senhor” (Jz 20.26). Choraram, angustiaram, clamaram, suplicaram ao Senhor. A arca do Senhor estava com eles em Betel, e mais, “...Fineias, filho de Eleazar, filho de Arão, ministrava diante dela naqueles dias” (Jz 20.28). E “o Senhor respondeu: vão, amanhã eu os entregarei nas suas mãos” (Jz 20.28). 

O exercito de Israel armou uma emboscada (alguns homens se esconderam ao redor da cidade de Gibeá), atraiu a principal defesa dos benjamita para fora de sua fortaleza (vs. 30-33). Diante dos homens de benjamim o exercito de Israel fugiu descendo, como se estivesse com medo. Recuaram diante da batalha, e o exercito de benjamim foram ao encalço deles, pensando que novamente iriam ganhar a guerra. Mas dessa vez benjamim foi derrotado terrivelmente. Os homens que estavam escondidos em Gibeá saíram e arrasaram a cidade e foi ao encontro do homens, matando todos pelo caminho.

“O Senhor ajudou Israel a derrotar Benjamim e, naquele dia, os israelitas mataram 25.100 guerreiros de Benjamim, todos hábeis no uso da espada. Então os homens de Benjamim viram que estavam derrotados” (Jz 20.35-36). O Senhor pesou a mão sobre seu povo; benjamim fica pasmo diante de tal calamidade, diante das mortes e da derrota. Todos morrem, mulheres, homens, animais, somente 600 homens sobrevivem e se escondem numa caverna.  

Conclusão

Uma pergunta: precisava tanto? Matar todo mundo, matar as pessoas da cidade, crianças, mulheres, animais, etc. cometeram um genocídio! Infelizmente a raiz de amargura se alaga e causa uma destruição descomunal no seio da igreja. Temos que entender o que é perdão. Perdoar não é jogar na cara o erro da pessoa, não pensar mais na pessoa. Mas perdoar é uma promessa de não guardar mágoas contra quem nos feriu e nem lhe desejar mal nenhum.

Segundo o perdão é possível. Somente quando vemos e sentimos a realidade do perdão monumental e valioso que Deus operou por meio de Cristo. Reconhecer a divida que temos com Deus é a única maneira de colocar em perspectiva a divida que alguém tem conosco. O perdão oferecido por Cristo nos dá humildade emocional para perdoar e recursos emocionais para perdoar.