terça-feira, 17 de junho de 2025

 O pentecostes que se espalha – Atos 2.1-5 

Introdução

 O último censo do IBGE mostrou que os evangélicos são quase 27por cento da população brasileira e o número de católicos caiu para 56 por cento. Isso evidencia a força da igreja evangélica no Brasil. E a maior denominação evangélica é a Assembleia de Deus, com 22 milhões de membros espalhados pelas 27 federações do Brasil. Para o crescimento da Assembleia de Deus, somente temos uma resposta: o pentecostalismo. 

1)     Pentecostalismo

Os judeus comemoravam algumas festas e uma delas era o Pentecoste, que significa cinquenta, ou seja, era uma festa que acontecia cinquenta dias após o sábado da semana da Páscoa (Lv 23.15-16); é também chamada de “festa das semanas”, “festa de colheita” e “festa das primícias”. Portanto, essa festa marcava o fim da colheita de trigo e as pessoas ofereciam a Deus seus primeiros frutos como gratidão. 

Mas o que aconteceu no dia de Pentecoste? Os discípulos “...estavam todos reunidos no mesmo lugar” (Atos 2.1); eles oravam a Deus de forma perseverante e unânime. Pois, havia uma promessa e a igreja esperava por ela: “Não saiam de Jerusalém, mas esperem pela promessa de meu Pai, da qual lhes falei: João batizou com água, mas dentro de poucos dias vocês serão batizados com o Espirito Santo” (Atos 1.5).

De repente veio o derramamento do Espirito Santo “...de repente veio do céu um som...”, sim, um “echos”, como o estrondo do mar; é o mesmo som que o apostolo João viu na Ilha de Patmos, quando Jesus lhe apareceu “...e sua voz como um som de muitas águas” (Ap 1.15). Depois, em seguida, veio um vento impetuoso. O vento é o símbolo do Espírito Santo, que soprou sobre os discípulos. Em Ezequiel o vento do Espírito soprou sobre o vale de ossos secos. 

A última manifestação do Pentecoste veio em forma de línguas estranhas. Todos começaram a falar em outras línguas conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem. O fogo também é um símbolo do Espírito Santo; Deus manifestou na sarça um fogo que não consumia. No tabernáculo havia o candelabro, menorá, todos os dias o sacerdote tinha que acender o fogo. Assim, também é o crente, todos os dias temos que acender o fogo do Espírito Santo em nossas vidas. Não somente dia de domingo, mas todos os dias...

1)     O batismo com Espírito Santo no Novo Testamento.

No capitulo 8 o diácono Filipe pregava Cristo em Samaria se juntavam para ouvir sua pregação “...os espíritos saiam de muitos que os tinham... paralíticos e coxos eram curados” (At 8.7). Então, Jerusalém enviou “...Pedro e João”. Quando os apóstolos impunham as mãos sobre os samaritanos “...recebiam estes o Espirito Santo” (Atos 8.17). sim, os samaritanos começaram a falar em outras línguas. E o que dizer da casa de Cornélio? Um romano, homem piedoso e temente a Deus, enquanto o apostolo Pedro pregava “...caiu o Espirito Santo sobre todos os que ouviam a palavra...os ouviam falar em línguas e magnificar a Deus” (Atos 10.44,46).

O Apostolo Paulo está na cidade de Efésios e ali encontra alguns discípulos de João Batista. Aquele que veio antes de Cristo, que preparou seu caminho “...a voz do que clama no deserto” (Jo 1.23). Mas foi decapitado por ordem de Herodes Antipas. Agora, vemos seus discípulos espalhados pela Ásia. O apostolo Paulo lhes pergunta: “Foste batizado com Espírito Santo quando creste?” (Atos 19.2).  Ao que responderam: “De forma alguma, nem sequer ouvimos que haja o Espirito Santo”  (Atos 19.2).

Veja o desenrolar do texto. O apostolo Paulo então pergunta, em forma de questionamento: “Ora, em que tipo de batismo foste batizados, então? E eles declararam: No batismo de João” (At 19.3). Paulo lhes explica “o batismo realizado por João foi um batismo de arrependimento” (Atos 19.4). Então, “...o apostolo lhes impôs as mãos, veio sobre eles o Espirito Santo e começaram a falar em outras línguas e a profetizar” (At 19.6). 

2)     Os fundadores da Assembleia de Deus

O pentecostalismo estendeu-se aos Estados Unidos da América, principalmente na rua Azuza com William Seymour, que pregava a Palavra de Deus, anunciava a promessa divina, o batismo com Espirito Santo, e em seguida, voltando a sentar-se em sua cadeira no púlpito, colocava o rosto entre as mãos, e no decorrer dos trabalhos ele não parava de interceder, de pedir que Deus operasse de maneira extraordinária nos corações dos ouvintes. O que acontecia, então, é inexplicável: o poder de Deus caia sobre a congregação; a convicção das verdades divinas inundava os corações; o desejo de santidade dominava as almas e muitos eram batizados com Espirito Santo, falavam em novas línguas, outros profetizavam e outros cantavam hinos espirituais. 

Daniel Berg nasceu na Suécia, em 1889, converteu-se na Igreja Batista sueca e foi batizado nas águas. Em 1902, ele desembarcou na cidade de Boston, Estados Unidos, em busca de novas oportunidades de emprego. Lá na América soube que um dos seus amigos de infância, Lewis Pethus, recebeu o batismo com Espírito Santo. Voltando para Suécia conversou com seu amigo sobre a experiencia, ou o batismo com Espírito Santo. Depois do encontro, ao regressar aos Estados Unidos em 1909, orou insistentemente a Deus pedindo o batismo com Espírito Santo. Deus ouviu sua oração e lhe batizou com Espírito Santo. 

E Gunnar Vingren? Também era sueco, foi para Chicago em 1904 estudar teologia. Em 1909 tornou-se pastor da igreja batista. No verão deste mesmo ano, Deus o encheu, o inquietou de uma grande sede para receber o batismo com Espírito Santo e com fogo. Foi participar de uma conferencia e durante este tempo começou a buscar perseverantemente o batismo. Depois de cinco dias, Jesus o batizou com Espírito Santo e com fogo, falando em novas línguas. Ele disse: “É impossível descrever a alegria que encheu meu coração, pois Ele me batizou com o seu Espírito e com fogo”. 

O batismo com Espírito Santo é um revestimento de poder, é uma experiencia de enchimento do Espirito Santo, é um poder do céu que cai sobre voce, sobre sua carne, sua alma, seu ser. Uma coisa é nascer de novo, uma coisa é ser batizado nas águas; outra coisa, bem diferente é ser cheio da presença do Espirito Santo. Certa vez, David Hume, ateu, foi visto correndo pelas ruas de Londres. Alguém o abordou: “Para onde vai com tanta pressa?” ele respondeu: “Vou ver o pregador George Whitefield pregar”. A pessoa respondeu: “Mas voce não acredita no que ele prega, acredita?”. Hume respondeu: “Eu não acredito, mas ele acredita”.

Conclusão

Daniel Berg e Gunnar Vingren vieram para o Brasil, em cima de um sonho do irmão Adolfo Uldin, “em que os dois amigos eram personagens, em que lhe aparecera bem legível, um nome muito diferente: Pará! Uldin, jamais lera ou ouvira tal palavra. Mas, entendeu tratar de um lugar. Sim, Belém do Pará. Ali começou a história da Assembleia de Deus no Brasil.

Ali, no porão da 1 primeira igreja batista do Pará Deus começou a curar e fazer prodígios. No dia 08 de junho de 1911, a irmã Celina de Alburquerque, orando em sua casa com outras irmãs, foi batizada com Espirito Santo. No dia seguinte, foi a vez da irmã Nazaré “arder” nas chamas do Espirito Santo. E o “vento que sopra onde quer” espalhou esse fogo por todo território nacional do Brasil. 



  

terça-feira, 10 de junho de 2025

 Estamos em guerra  Ef 6.10-12 

O Apostolo Paulo faz uma convocação: “No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo” (Ef 6.10-11). Estas palavras é um chamado para  lutar, é como um general na frente do seu exercito estimulando os soldados para lutar e não desvanecer. O mundo não sabe, o mundo não conhece “os principais e potestades, príncipes das trevas deste século, hostes espirituais da maldade nas alturas celestiais”. Mas, o cristão sabe, entende, discerne, compreende... 

1)     O mundo

Diante do espírito de nossa época, e toda dificuldade em que há de  viver, de todas suas adversidades, nos encontramos em tempos confusos. Quando mais o tempo vai passando, quanto mais se aproxima o final dos tempos, o combate torna-se mais forte, intenso, avassalador. Houve um tempo em que a vida era mais segura, mais sólida, mais confiável, mais seguro. Mas, hoje, estamos em guerra, estamos em combate...

Agora, o mundo entrou sorrateiramente nas casas pelos rádios, pela televisão, pela internet, pelas mídias sociais, pelo facebook, Instagram, pelo tik tok, etc. São mídias cheias de propagando do mal, propagandas do inimigo, propagandas de prostituição, homossexualismo, meninos que ficam horas na frente de um computador jogando jogos de combate, de crueldade etc. Portanto o combate não é somente a guerra que assistimos, mas o que acontece nas mentes dos nossos filhos que estão à mercê de todas essas mídias. 

Quando o crente não entende a natureza do conflito com o que se defronta está condenado ao fracasso, quando o crente não consegue ver o mau nas sombras, nas entrelinhas, nos recônditos da vida humana, então está condenado. Olha estamos na semana da festa de São João e ninguém consegue ver o mal nisso, acha que simplesmente é uma festa caipira, junina, que vai dançar quadrilha etc. No entanto, é uma festa mundana...que o mundo participa. 

 Então, temos de DISCENIR que somos chamados para um combate, não para uma vida cómoda; somos chamados para um combate, para uma guerra, para pelejar “...não contra pessoas, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais” (Ef 6.12). Nós temos um inimigo, nós temos diante de nós o diabo e seus demónios e não podemos subestimar o poder deles. Primeiro, os principais e potestades são “dominadores deste mundo” (Jo 5.19); Segundo, são malignos, a escuridão é o seu habitat natural; Terceiro, são astutos, sagazes, engenhosos.

2)     Razões para lutarmos nessa peleja

“Fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder”. Eis uma grande ordem dada por este valoroso capitão, o apostolo Paulo – ORDEM DO DIA. Agarrem-se a isso, não o esqueçam. No calor e no grosso da batalha mais tarde no dia, aconteça o que acontecer, jamais esqueçam, jamais percam de vista este grande princípio norteador e determinante.

É uma chamada emocionante para a batalha...não escutas o chamado e o toque da trombeta? Estamos sendo despertados, estamos sendo estimulados, estamos sendo colocados em nossos pés. Somos exortados a sermos varonis, homens e mulheres de Deus, soldados do exército do céu.  O tom inteiro é marcial, é forte...é um chamado para a batalha. 

“Na Batalha contra o mal, sê valente. Segue em marcha triunfal, sê valente. Se o maligno te enfrentar, sê valente. Lutarás sem recuar, sê valente”. (225) Ou nosso famoso hino: “Eu quero estar com Cristo Onde a luta se Travar No lance imprevisto Na frente me encontrar” (212). Sim, é no lance imprevisto que vamos lutar ao lado do exercito de Cristo, levantando nossas bandeiras.   

O que esses hinos da Harpa Cristão significam para nós, na prática? Vivemos em uma batalha, em uma luta espiritual, constante. Será que voce entendeu que está em uma guerra?  Ou voce está vivendo comodamente sua fé, como se nada estivesse acontecendo? “Fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder”.

Por que temos “fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder”? porque temos que compreender a necessidade de sermos fortes por causa do poder do inimigo. Jamais subestimemos seu poder. A Biblia sempre nos exorta a enfrentar o inimigo “...como um leão que ruge procurando alguém para devorar” ( 1 Pedro 5.18). O livro de apocalipse o identifica “...antiga serpente chamada diabo ou satanás, que engana o mundo todo” (Ap 12.9). Por fim, o arcanjo Miguel, não se atreveu a falar com ele levianamente, quando discutia a questão do corpo de Moisés “...não ousou pronunciar juízo de maldição contra ele” , mas disse: “Que o Senhor te repreenda” (Jd 1.9) 


Por que temos “fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder”?  Nós precisamos deste poder para o “dia mau”. Embora a vida seja, em certo sentido, sempre o mesmo tipo de vida, há variações: “Haverá dias bons, haverá dias maus...”. Portanto, há dias maus, uns dias são piores do que outros, são excepcionalmente maus! Nos dias atuais, vivemos “dias maus”. Maus em todos os sentidos: vemos uma igreja fria, indiferença dos crentes, saímos de uma pandemia, vivemos um governo corrupto no Brasil, uma guerra interminável na Ucrânia. E, uma possível terceira guerra mundial...os demônios estão soltos... 

POR ISSO PRECISAMOS DESTE PODER, E DE TODA ARMADURA DE DEUS; E ENTÃO SEREMOS CAPAZES DE RESISITIR. PORTANTO, NÃO DESANIME, NÃO SE DEIXE EXTRAVIAR, NÃO SE PONHA DE FORA, APESAR DOS DIAS SEREM MAUS...

Por que temos “fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder”?  Porque no que se tange a salvação, somos pessoas, não somente unidades isoladas. Todos aqui somos membros do corpo de Cristo, pertencemos a ele, a família de Deus. Lembrem-se de que o Senhor Jesus Cristo “não se envergonha de nos chamar irmãos” (Hb 2.11). Lembrem-se também de que “Deus não se envergonha de se chamar seu Deus” (Hb 11.16). O nome de Deus está sobre nós, o nome de Cristo está sobre nós “...Em Antioquia, os discípulos foram pela primeira vez chamados cristãos” (At 11.26). 

Vivemos, como eu já disse, vivemos em dias maus, estamos presenciando uma guerra do outro lado do mundo: A Rússia invadiu a Ucrânia, homens estão sendo chamados para defender seu país, seu território, sua bandeira, etc. O presidente da Ucrânia Zelesnki e o presidente da Russia Putin, esperam que cada homem cumpra seu dever de soldado. Agora, olhe par você, não é um soldado de um exercito qualquer, somos soldados do exército de Deus, fazemos parte do exército imbatível, que nunca perdeu uma batalha.

 Porque temos que revestir do Senhor e da força do seu poder? Por conta das nossas fraquezas e da nossa necessidade de força. Vá ao livro de Genesis, ali vemos um homem chamado Adão, que era sem pecado e sem defeito. Mas, é confrontando pelo diabo e pela manifestação “das astúcias do diabo”. Embora fosse perfeito e tivesse tido uma vida de amizade e comunhão com Deus, ele caiu; e caiu tão facilmente! Vejam os santos do Antigo Testamento: Abrãão, Isaque, Jacó, Judá, Rubens, Gideão, Sansão, Jefté, Saul, Davi, Uzias, Manassés, Ezequeis e os profetas. Todos eles caíram, nenhum deles pode resistir ao diabo.  Todos “pecaram e destituídos estão da gloria de Deus”. 

Um dos sinais característicos do verdadeiro santo é que ele nunca dá a impressão de que a vida cristã é fácil – nunca! Os maiores santos sempre deram testemunho da ferocidade da batalha, da sua fraqueza pessoal, da sua incapacidade. Como disse o apostolo Paulo, em sua primeira viagem missionária: “É necessário que passemos por muitas tribulações para entrarmos no reino de Deus” (Atos 14.22).

 Conclusão: “Fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder”

O que o apostolo quer dizer com a frase “na força do seu poder”. O fato básico, aqui, é o “poder”. A diferença entre força e poder é que “poder” significa força revestida de energia; “poder” é força inerente, algo que é dado ao homem. O poder é o exterior, como se fosse o físico, enquanto que a força é o interior, é o coração, a alma, o ser interior.

Para “fortalecer-se no Senhor” nós temos que lembrar da “força do seu poder”. Olhe para Jesus, veja sua força, veja seu poder, veja sua glória. O Apostolo Paulo,  afirma: “Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” e, diz mais: “Nele estão ocultos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento” (Cl 1).

Onde vejo sua força? Na sua encarnação, na sua humilhação, na sua determinação de fazer a vontade do Pai “Pai se possível for, passa de mim este cálice, afasta de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero, mas sim como tu queres” (Mt 26.39).

Onde vejo sua força? Vejo em seus milagres: um endemoninhado com uma legião de demônios é libertado pelo poder de Jesus. Um jovem epilético e endemoninhado, os discípulos não conseguiram expulsar o demônio, mas Jesus expulsou. Veja seu poder, somente uma palavra de Jesus e o demônio é expulso. Veja o poder de Jesus na ressurreição de Lazáro, depois de quatro dias morto.

Onde está sua força? Ele morreu, mas no terceiro dia, ressuscitou. “Sou aquele que vive. Estive morto mas agora estou vivo para todo o sempre! Eu tenho as chaves da morte e do inferno” (Ap 1.18). Depois da sua ressureição, ele fala aos discípulos: “É me dado todo o poder, no céu e na terra” (Mt 28.18).

“E vocês receberão poder quando o Espirito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda Judéia, Samaria, e até aos confins da terra” (Atos 1.8).  


 

sábado, 7 de junho de 2025

 O rolo voador Zc 5.1-3 

Todos nós, seres humanos, temos a tendencia de fugirmos de nossa responsabilidade, compromissos e determinações. Isso começou no Jardim do Eden quando Adão quis fugir da sua culpa e colocando-a em Eva e, por sua vez, ela culpou a serpente. Essa maneira de ser é inata no ser humano, embora não queiramos assumir, ou confessar os nossos erros, nossos pecados e, então, fugimos.

1)     Um rolo voador

O profeta Zacarias profetizava para os exilados que tinham retornado do cativeiro babilônico para Jerusalém. Deus lhe deu várias profecias, várias visões, mas no capitulo 5, lemos: “...levantei os meus olhos e olhei; eis que vi um rolo voador. Parece que tem uns nove metros de comprimento e uns 4 metros de largura. Então disse-me: Esta é a maldição que avança pela face da terra”. O que notamos? Ele viu um rolo descendo, ou voando do céu, fala de juízo, julgamento de Deus; o que chama a atenção é o tamanho do rolo...

Imagine você vendo um livro voador de nove metros de comprimento por quatro de largura! Nos tempos antigos os rolos eram grandes e se escreviam em folhas de papiro e depois em pergaminho, necessitando de duas pessoas para carrega-lo. Agora, quando o texto fala do tamanho desse rolo voador, está apontando não para o tamanho em si da profecia, mas para a iniquidade do povo de Deus.

O rolo voou nos dias de Jeremias

Nos tempos do profeta Jeremias no capitulo , Deus dá uma ordem ao profeta Jeremias: “Aconteceu no quarto ano do rei Jeoaquim... que está palavra veio até Jeremias da parte do Senhor, dizendo: toma um rolo de um livro, e escreve nele todas as palavras que eu  tenho falado contra Israel, e contra Judá, e contra todas as nações, desde o dia em que eu te falei, desde os dias de Josias, até este dia” (Jr 36.1-2). Aqui vemos duas ordens do Senhor: 1) a palavra veio até Jeremias da parte do Senhor; 2) Deus lhe dá uma ordem: toma um rolo de um livro e escreve nele...

O rolo voou até o rei Jeoaquim, quando o servo terminou de ler a terceira ou quarta folha do livro, o rei com desdém e orgulho “...cortou com um canivete, e lançou-as as fogo que estava na lareira, até que todo o rolo se consumiu no fogo. Contudo, eles não temeram, nem rasgaram as suas vestes, nem o rei, nem qualquer de seus servos que ouviram todas estas palavras” (Jr 36.23-24).

 O rolo voou 17 anos antes

Dezessete anos antes, o pai de Jeoaquim, Josias, recebeu das mãos do escrivão Safã um rolo e ordenou que o lessem em voz alta para ele. Sua reação foi penitencial – “ele rasgou suas vestes”. Josias reconheceu aquele rolo como a Palavra do Deus verdadeiro e compreendeu a vida de pecado que todo o povo incluisive ele, na ignorância, estava vivendo. Hulda, uma profetisa, descreveu a reação de Deus ao arrependimento de Josias ( 2 Rs 22.19).

O rolo voou nos dias de Ezequiel

O profeta Ezequiel estava no exilio em Babilonia, junto ao rio Quebar, lá foi chamado e Deus disse ao profeta: “Filho do homem, coma o que lhe dou. Coma este rolo! Depois vá e fale ao povo de Israel. Então abri a boca, e ele me deu o rolo para eu comer. Filho do homem, encha seu estomago com ele, disse a voz. Quando eu comi; o sabor era doce como mel em minha boca. E disse-me: Filho do homem, vai, entra na casa de Israel e fala com as minhas palavras a eles” (Ez 3.1-3). 

O rolo voou na ilha de Patmos

No livro de apocalipse temos uma cena parecida com a do profeta Ezequiel, o apostolo João estava preso em Patmos por causa da Palavra de Deus e do testemunho de Jesus. O apostolo relata que pegou o rolo da mão do anjo e o comeu, ele diz: “E eu tomei o pequeno livro da mão do anjo, e o comi; e ele era na minha boca doce como mel; e assim que terminei de come-lo, meu ventre ficou amargo. E ele me disse: tu deves profetizar novamente diante de muitos povos, e nações e línguas, e reis” (Ap 10.10-11).

O profeta Zacarias é incisivo, é direto, sem rodeios: “Esta é a maldição que avança pela face de toda terra”.

A lei do Senhor é lâmpada para os nossos pés e luz para os nossos caminhos; a lei do Senhor é perfeita e restaura a alma; os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos; o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos simples.

O rolo voou nos dias de Paulo

Mas a Palavra do Senhor mostra quem somos, nossa essência, nossa natureza. O apostolo Paulo em Romanos capitulo 7, fala que por causa do mandamento “Não cobiçaras” é que instigou dentro dele o desejo de cobiçar. A lei do Senhor é um espelho, que evidencia nosso verdadeiro eu. Portanto, a lei nos condena, a lei nos aponta; a lei não é complacente com os nossos pecados.

O rolo voou no meu devocional com Deus

Esses dias estava meditando no livro de Levitico 5, que fala sobre sacríficos de reparação. O texto diz: “Quando alguém cometer uma falta, pecando sem intenção deliberada, em relação a qualquer oferta que deixou de consagrar ao Senhor...”. Sim, por causa dessa falta, de alguma oferta, deveria oferecer ao Senhor um sacrifico de carneiro e acrescentar um quinto. Nessa leitura, percebemos o quanto falhamos diante do Senhor...quantas ofertas, votos e dízimos que deixamos de oferecer ao Senhor.

 Conclusão

Você tem se exposto as Escrituras? Ou quando o rolo passa voando sobre sua consciência você se esconde? Ou dá um jeito de se retirar da igreja no momento em que o rolo está descendo? Vai no banheiro ou vai lá pra fora? Justamente na hora em Deus está falando.

 

 

terça-feira, 3 de junho de 2025

 Aviva sua igreja, ó Senhor! – Ne 8.1-10  

O que é o avivamento? É o sopro de Deus para tirar a poeira acumulada no decurso dos anos? É uma visitação inteiramente sobrenatural do Espírito Santo sobre a sua igreja, pela qual toma consciência de sua Santa Presença e é surpreendida por ela. O Avivamento ocorre depois de um período de decadência moral, concessões ao pecado; depois de viver muito tempo praticando um culto frio e repetitivo; depois de certas tragédias familiares e pessoais. 

No século XVIII a França passava pela “Revolução Francesa”, onde mais de quarenta mil pessoas morreram guilhotinadas. A Inglaterra vivia um marasmo espiritual, até que Deus levantou John Wesley para pregar a palavra de Deus para as pessoas mais simples. Sim, Deus fez um grande avivamento através da vida de John Wesley, Charles Wesley, George Whitifield, varrendo a igreja da Inglaterra e dos Estados Unidos da América. 

O que o avivamento produz? A volta ao primeiro amor, a prática das primeiras obras; produz convicção e confissão de pecado; o avivamento santifica e movimenta sua igreja; o avivamento vem como um vento impetuoso batizando com Espírito Santo e renovando crentes. Em decorrência do avivamento, temos uma igreja que medita na Palavra de Deus, uma igreja que ora, que busca ao Senhor intensivamente. E por fim, uma igreja que evangeliza, que discipula, que vai em busca das almas perdidas!

1)     Um avivamento na Porta das águas 

Nos dias de Neemias, depois da reconstrução dos muros da cidade, algo grandioso aconteceu no meio do povo de Deus. De acordo com Neemias 8.1: “...todo povo se ajuntou”. Agora todos estavam protegidos residindo em suas casas, trabalhando, vivendo suas vidas. Mas havia um vazio, um vácuo espiritual na vida do povo de Deus. Diz-nos o texto: “...chegado o sétimo mês, e estando os filhos de Israel nas suas casas...Esdras, o escriba...o livro da lei de Moisés, que o Senhor ordenara a Moisés” (Ne 8.1).

O que podemos falar sobre a igreja? Nos contentamos com pouco. Nos Acostumamos com nossos cultos, nossas reuniões, com nossos departamentos, com nossos congressos, nossas pregações. nos Acostumamos com o conforto da nossa igreja, de toda estrutura que ela nos oferece; nos acostumamos com o ordinário, com o dia a dia, com aquilo que estamos acostumados a fazer todos os dias. Mas será que é só isso, servir ao Senhor? Então, o que ainda falta? 

Primeiro uma volta para as Escrituras. Sim, um dos lemas da reforma protestante era “Solas escrituras”. O que o escriba Esdras fez? “...leu no livro diante da praça, que está diante da porta das águas, desde a alva até o meio-dia, perante homens e mulheres, e os que podiam entender; e os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da lei” (Ne 8.3). Duas coisas saltam do texto: o tempo que o escriba leu as escrituras, isto é, desde o nascer do sol até ao meio-dia; uma multidão composta de homens e mulheres e ouviam a palavra de Deus. 

Portanto, o primeiro passo para a igreja sair do ordinário e entrar no sobrenatural é meditar na palavra de Deus. A Bíblia é a revelação de Deus para a humanidade. Revelação vem do grego “apocalipsis”, que significa o ato de tirar o véu que encobre o desconhecido. Ela é inspirada por Deus, ela é “theopneutos”. Deus inspirou mais de quarenta escritores, em três continentes, num período de 1600 anos, enfim, é a verdade revelada de Deus ao mundo. Portanto, podemos afirmar:

Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e luz para os meus caminhos” (Sl 119.105). “Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça” (2 Tm 3.16). “A palavra de Deus é comprovadamente pura; ela é um escudo para quem nele se refugia” (Pv 30.5). Por fim, em hebreus lemos: “A palavra de Deus é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e as intenções do coração” (Hb 4.12). 

O segundo passo é um respeito para com a verdade. O texto nos diz que o povo ouviu atentamente. “Esdras, o escriba, ficava em pé sobre um estrado de madeira, que fizeram com esse fim...abriu o livro à vista de todo o povo (pois estava acima de todo o povo); e abrindo-o ele, todo o povo se pôs em pé” (Ne 8.4-5). Havia respeito pela Palavra e todos ouviam atentamente o que estava sendo pregado. As pessoas não estavam mexendo em celulares, indo ao banheiro ou conversando na hora da Palavra. 

O terceiro passo é a verdade sendo explicada diante do povo. Diz o texto: “Leram o livro da lei de Deus, interpretando-o e explicando-o, a fim de que o povo entendesse o que estava sendo lido” (Ne 8.8). Duas palavras importantes: “traduzindo-o e explicando-o”. A palavra traduzir em hebraico significa “tornar algo distinto, separado de outro coisa, a fim de que esta coisa flua e adquira um estilo”. Por que precisou traduzir as escrituras? Porque a Bíblia estava em hebraico e o povo falava a língua aramaica, língua do povo babilônico. Ouviram a Biblia hebraica mas com ouvidos babilônicos. Então, os escribas treinados, preparados, pegaram o texto em hebraico e o tornaram significativo aos ouvidos dos que escutavam. 

E depois? Depois do texto traduzido, o verso diz que “... explicando-o a fim de que entendesse”. O texto saltou diante deles levando-os ao entendimento, a compreensão, ao discernimento – aquela habilidade espiritual que aprendemos nos cultos de ensino e na escola dominical que nos leva ao entendimento além da superfície. Primeiro, leram o texto, depois explicaram o que está no texto. 

Em seu livro “O peregrino” John Bunyan leva o cristão até uma sala, lá ele viu um quadro retratando um homem com os olhos direcionados para o Céu, o melhor dos livros nas mãos e a lei da verdade sobre os seus lábios.  Como uma coroa de ouro na fronte, ele estava em uma atitude como se fizesse um pedido aos homens. Então o Cristão perguntou: “O que significa esse quadro?” O intérprete respondeu: o homem do quadro é um entre mil, ele gera filhos; os olhos em direção ao céu, o melhor dos livros em sua mão e a lei da verdade sobre os lábios representam seu trabalho que é conhecer e revelar as coisas encobertas para os pecadores. Ele está em pés porque tenta convencê-los. A coroa de ouro em sua cabeça representa o desprezo pelas coisas do mundo, e o seu amor ao serviço do mestre. (O peregrino pg 39). 

O quarto passo a verdade foi aplicada. Aqueles que a ouviram, responderam. Então Neemias, que era o governador, autoridade civil, e Esdras, o ministro e escriba, e os levitas que estavam instruindo o povo disseram a todos: “Este dia é consagrado ao Senhor, o nosso Deus. Nada de tristeza e choro! Pois o povo estava chorando enquanto ouvia as palavras da lei” (Ne 8.9). O povo estava chorando, quebrantando-se na presença do Senhor enquanto a lei estava sendo lida...

O que é uma pregação? “A pregação é uma ponte entre dois mundos, entre o texto antigo e o ouvinte dos dias atuais. De tal maneira que voce não prega diante da congregação, voce prega à congregação” (Martin Loyd Jones).

Conclusão: Passos para o avivamento.

O povo entendeu as palavras dos escribas:” E leram no livro, na lei de Deus; e declarando, e explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse” Neemias 8:8.

O povo chorou. POR QUE CHORAVAM? Porque sabiam que eram culpados. Também recordavam os pecados dos seus antepassados que os tinham levado ao cativeiro. Sentiram uma culpa tão profunda que ela provocou um pranto intenso.

O povo se alegrou: Neemias levantou-se e disse: “Agora, parem com isso. Deus é perdoador. Vamos mudar. Este é um dia santo. Este não é um dia de choro, mas de celebração”. A ALEGRIA DO SENHOR É A NOSSA FORÇA. 


 

sábado, 31 de maio de 2025

 O casamento em cantares de Salomão Ct 8.6-7 

“Coloque-me como um selo sobre o seu coração; como um selo sobre o seu braço; pois o amor é tão forte quanto a morte, e o ciúme tão inflexível quanto a sepultura. Nem muitas aguas conseguem apagar o amor; os rios não conseguem leva-lo na correnteza. Se alguém oferecesse todas as riquezas da sua casa para adquirir o amor, seria totalmente desprezado” (Ct 8.6-7).

1)     O cântico dos cânticos

O livro “Cântico dos cânticos” foi escrito pelo rei Salomão. Os comentaristas afirmam que ele escreveu o “cântico dos cânticos” em sua juventude. Provavelmente escreveu esses cânticos para celebrar seu casamento com a Sulamita, princesa de Tiro. Na introdução, lemos: “Eis o cântico dos cânticos, a mais bela poesia por Salomão”.

É um cântico que exalta o amor em todas as suas vicissitudes, os altos e baixo da vida: a reciprocidade do amor, a intensidade do amor, os afagos do amor, as idas e vindas do amor, os conflitos ou as crises do amor, etc. O cântico dos cânticos é a quintessência das quintessências (ou seja, o que há de mais excelente do amor. Eugene Peterson em seu livro sobre “O cântico dos cânticos” afirma que é o “santo dos santos” dos relacionamentos humanos.

O “Cântico dos cânticos” é uma aliança (Berit) entre homem (Salomão) e sua noiva (Sulamita), ou seja, entre um homem e uma mulher, conforme Deus estabeleceu em Genesis: “O homem deixará pai e mãe e se unirá a sua mulher, e eles se tornarão uma só carne” (Gn 2.18). Nos 8 capítulos do “Cântico dos cânticos” há diálogos entre Salomão e Sulamita, há perguntas e respostas; há promessas e cumprimento da promessa. Há desentendimento e reconciliação; Há  Também quebra de  barreiras. Enfim, o cântico fala sobre o principio divino: “Não é bom que o homem esteja só...”.

Alguém me perguntou essa semana: “Pastor como que a mulher veio a existir”. Então lhe disse que Deus fez o homem do pó da terra e sobrou em suas narinas o folego de vida, o homem tornou-se um ser vivente. Diante de toda obra criada por Deus nos seis dias, não havia ninguém que completasse ou encaixasse com o homem. Deus fez o homem a sua imagem e semelhança.

Mas não havia nada na criação que completasse o homem. O que Deus diz? “Não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que lhe auxilie e lhe corresponda” (Gn 2.18). “...tirou-lhe uma das costelas...e o Senhor fez uma mulher e a trouxe a ele” (Gn 2.22). O que chama a atenção no texto bíblico é reação de Adão quando viu pela primeira vez Eva, ele exclamou: “Esta, sim, é ossos dos meus ossos e carne da minha carne! Ela será chamada mulher, porque do homem foi tirada” (Gn 2.23).

2)     Selo em seu coração

O texto diz que esse relacionamento é baseado em dois selos: “Coloque-me como um selo sobre o seu coração; como um selo sobre o seu braço...”. O selo era o símbolo de um acordo estabelecido, uma aliança, um compromisso, uma palavra dada. Primeiro, vem o selo no coração, um sentimento, uma decisão intima, algo que vai crescendo, desenvolvendo. Depois vem o “selo no braço” que é uma decisão publica, um casamento de papel passado. Quando você abandona a certidão de nascimento, o seu vinculo com pai e mãe e se vincula com sua esposa e esposo.

E o que isso significa? Um homem e uma mulher não mais pertencem a si mesmos, mas um ao outro. Se torna uma só carne. Somente quando houver uma aliança, um selo no coração e um selo no braço que podemos experimentar o que vem no v.7: “As muitas águas não podem apagar este amor, nem os rios afoga-lo; ainda que alguém desse todos os bens de sua casa pelo amor, certamente o desprezariam”.  “As muitas águas” são sinônimos das adversidades, lutas, doenças, dificuldades financeiras, familiar, enfrentadas que sobrevém ao amor. “Ainda que alguém desse todos os bens”. Representam propostas sedutoras que tenta sabotar o amor. O amor tem que prioridade na vida de um casal.

Juramento:

Primeiro, o noivo, Eu, Marcos, diante de Deus e de todas as testemunhas aqui presente, prometo lhe amar de forma verdadeira, prometo estar  sempre ao seu lado nos momentos bons e nos momentos ruins da vida. E sempre pensarei mais em ti, mais em nossa união, nosso casamento, do que em mim mesmo. 

Segundo, Eu, Kelly,  diante de Deus e de todas as testemunhas aqui presente, prometo lhe amar de forma verdadeira, prometo estar  sempre ao seu lado nos momentos bons e nos momentos ruins da vida. E sempre pensarei mais em ti, mais em nossa união, nosso casamento, do que em mim mesma. 


Aliança

O selo é a aliança colocada no dedo esquerdo dos noivos. Aliás, conta-se uma tradição que o dedo esquerdo tem uma veia que leva diretamente ao coração é a "veia do amor".  “Essa aliança é símbolo do meu amor e da minha fidelidade”.

 

terça-feira, 27 de maio de 2025

 Um caso extraconjugal  2 Sm 11.1-5 

Introdução

Ela era uma mulher extremamente bela, uma mulher ainda muito nova, casada recentemente, com um homem mais velho, sem filhos. Seu marido, havia alguns meses, estava fora da cidade, a serviço militar de Israel, lutando contra os amonitas, sim, estava acontecendo uma guerra; um exército inimigo com mais de trinta mil soldados! (2 Sm 10.6-7).

Em uma noite de primavera, já bem tarde, Bate-Seba estava se preparando para dormir. Despiu-se para o banho. O seu cabelo longo, negro, caiu suavemente ao redor de sua face e de seu corpo – enquanto tomava banho, sem que ela soubesse ou visse, os olhos de um homem a estavam observando...foi tudo tão inesperado e era tão formosa, que ele não resistiu o segundo olhar. Talvez, o rei Davi pensou que nunca tinha visto algo tão belo ou tão gracioso em sua vida.

 Quando a Bíblia diz que uma mulher é formosa, é porque é fabulosa.  Quando diz que é bonita, ela é extraordinariamente bela, fisicamente atraente, além de qualquer descrição.

1)     Um “caso”

A Palavra de Deus nunca encobre ou omite as falhas humanas. Deus não escreve biografias humanas como um pai ou uma mãe “coruja”, que procura esconder as falhas dos filhos. Mas para Deus as falhas, os erros ou pecados são tão identificados claramente quanto os seus sucessos. Deus não encobre os seus defeitos. A história de Davi mostra que as tentações atuais são tão antigas quanto o homem e que o fracasso faz parte de cada um de nós.

A Biblia diz que era “no começo do ano” (2 Sm 11.1), era a estação de primavera, uma das mais belas estações do ano. Tempo de flores, tempo em que o sol brilha com força, tempo de alegria. O mercado estava efusivo, muita gente comprando. As crianças estavam indo para as escolas, brincavam pelas ruelas de Jerusalém; e os sacerdotes estavam em seu ofício desde a madrugada oferecendo sacrifícios dos ofertantes. Israel estava vencendo todas as guerras contra os seus inimigos. Reinava paz e prosperidade. Havia somente uma batalha contra os Amonitas, mas não havia motivo para temer, era um povo fraco, militarmente. 

Portanto, ninguém suspeitava de que algo desastroso pudesse acontecer naquele dia, e muito menos Davi e Bate-Seba. Nada indicava a terrível cadeia de eventos desencadeada naquele dia: adultério, gravidez, engano, homicídio, tragédia familiar e juízo divino. Tudo isso num dia como outro qualquer.

Uma mulher disse: “Eu nunca pensei que isto poderia acontecer conosco”, confessou ao pastor, depois do culto. Eu disse mais: “As coisas pareciam estar correndo tão bem, tudo era normal, não havia sinais de perigo, não havia doenças na família – estávamos congregando durante os cultos semanais – mas, inesperadamente, algo agonizante aconteceu. Meu marido requereu o divórcio, abandonou a mim e as crianças e se juntou com uma mulher leviana que já estava no terceiro casamento”. 

Vejam as palavras da mulher: “as coisas estavam indo tão bem”, “tudo era normal”, “não havia sinais de perigo”, “inesperadamente”. Estas não são palavras de surpresa. Tudo parece bem. Não há razões para se suspeitar de uma tragédia. A família está indo bem. Estamos frequentando os cultos. E então, sem nenhum sinal de advertência ... a bomba!

José, filho de Jacó, fora vendido ao Egito e sido comprado por Potifar, ali tinha grande responsabilidade para organizar toda sua casa. Ele gerenciava todos os assuntos domésticos e todos os seus negócios. “Tudo estava correndo normalmente: as plantações produzindo, os rebanhos se multiplicando. Deus o fazia prosperar” (Gn 39.5). E então, um dia – em nada especial – enquanto ele estava cuidando de seu trabalho, uma mulher começou a olhá-lo de maneira significativa, sugerindo sedutoramente: “José, venha dormir comigo!”. 

Ao se levantar aquela manhã, José nunca sonharia que naquele dia – outro dia normal de trabalho – ele receberia um convite apaixonado para um caso extraconjugal, sofreria chantagem e seria levado para a prisão (Gn 39.20).

Portanto os “casos” não começam com o piscar de luzes vermelhas de advertência. O dia não começa com nuvens negras e agourentas, avisos de furacão, de tsunami, de ventos fortes, uma intranquilidade interior ou uma voz do céu que diz: “Reforce suas defesas; a tentação está se aproximando, cuide-se”. É tempo de primavera, um lindo dia...

2)     Como aconteceu

Nem Davi e nem Bate Seba planejara nada. Não foi resultado de trocas de mensagens nas mídias sociais. Davi era um homem segundo o coração de Deus, e Bate-Seba, uma esposa fiel ao seu marido, corajoso e patriota, lutava por Israel. Davi estava vindo de um período de prosperidade e fama e conquista. Havia vencidos quase todos seus inimigos. E todas essas vitórias eram confirmação da presença de Deus com ele da promessa de Deus de lhe dar uma dinastia perene.

Haviam acabado de ser pronunciadas as promessas de Deus: “Eu escolhi voce das pastagens...tenho estado com voce...será contado entre os homens mais famosos do mundo! A sua dinastia governará o meu povo para sempre”. E Davi se empolgou diante de tal favorecimento: “Ó Senhor Deus! Por que derramou suas bençãos justamente sobre este teu servo de família tão insignificante? ...essa bondade está longe da compreensão humana!...toda honra seja dada ao Senhor...Pois o Senhor é Deus, e verdadeiras são suas palavras” (2 Sm 7.5-28). 

E a cena do capitulo 9, quando Mefibosete é restaurado, o aleijado filho de Jonatas é restituído de todos os bens de Saul. É uma cena de encantamento, de delicadeza, compaixão, vivacidade. Sem falar no capitulo 6 que Davi dançara diante da arca do Senhor, à vista de toda a cidade, celebrando louvores a Deus: “Não me importa que aos seus olhos eu não seja bem visto: continuarei dançando, em louvor ao Senhor” (2 Sm 6.22). Portanto, aqui está Davi, um homem de grande coragem, generosidade e bondade e paixão por Deus. Dificilmente poderia ser um candidato a um desastre pessoal. 

Naquela noite, no entanto, Davi teve insônia. Aquela noite em que os pensamentos parecem correr e pular como cabritos selvagens, a cabeça parece uma panela de pressão com inúmeros pensamentos. O que ele faz? Davi levantou-se da cama e for dar uma volta no terraço do palácio – para tentar acalmar seu coração. Ele olha em várias direções de Jerusalém, a cidade estava quieta, calma, todos estavam dormindo, descansando. De repente, à distância, ouve alguém fazendo ruídos na água e talvez cantarolar uma canção, ele olhou uma vez, depois olhou uma segunda vez e viu uma bela jovem tomando seu banho... 

3)     Quem somos nós

As circunstâncias não fazem um homem: elas o revelam. Nossa verdadeira força, nossa essência se manifesta quando somos tentados. Não havia nada de errado se Davi visse Bate-Seba e continuasse caminhando, nada de errado em reconhecer intimamente que ela era bonita, formosa, atraente. Nada de errado com uma exclamação silenciosa! 

Davi sabia da lei de Deus e a proibição quanto ao adultério: “Não cobiçaras a mulher do seu próximo”. Mas, ele se deixou levar pelo segundo olhar, ele se deixou levar pelo desejo desenfreado, pelo seu impulso sexual. Talvez tenha dito: “Tenho sofrido muita pressão; mereço um pouco de relaxamento. Tenho guardado a lei Deus por muito tempo; uma pequena infração não é nada sério demais. De fato, pode ser que Deus me fez andar aqui fora esta noite para que pudéssemos estar juntos. Será somente uma noite, ninguém ficará sabendo...”

“Quem é aquela moça? A casa é de quem? Preciso saber” (2 Sm 11.3). “Ela é Bate-Seba, a esposa de Urias”, informa o servo. Davi murmura: “E Urias está ausente, na guerra. Tudo se encaixa tão bem, ela é nova enquanto que ele é velho. Essa jovem precisa de um pouco de conforto, de uma companhia masculina. Não é pecado, é somente um deslize. E Também ele fala ao seu servo: “Traze-a para mim” ( 2 Sm 11.4). O apostolo Tiago fala sobre a tentação: “...cada um é tentado pelo seu próprio mau desejo, sendo por este arrastado e seduzido. Então esse desejo, tendo concebido, dá a luz o pecado...” (Tg 1.14-15). 

Conclusão:

O que ficou depois é a memória, sim, o diabo atua na memória, lhe acusando o tempo todo. Dentro de pouco tempo, com ausência de um período menstrual, tontura matinal e diz ao rei Davi: “Estou grávida” (2 Sm 11.5). E agora, Davi? O fato de ter vivido uma mentira uma noite, se não for confessado completamente, requer muitas mentiras pra encobri-lo. Alguém disse: “Eu me sinto um miserável, tendo que inventar tantas mentiras...”. um homem segundo o coração de Deus – torna-se ardiloso, traiçoeiro, implacável e sem consciência.

Davi tentou três coisas para encobrir o caso: 1) trouxe Urias da guerra para que dormisse com Bate-Seba, no entanto ele dormiu com os guardas. 2) vamos embriaga-lo, podemos fazer com que entre em sua casa e durma com Bate-Seba, mas novamente ele dormiu com os guardas. 3) Colocou Urias na linha de frente da guerra, para que ele morresse. Depois do pecado de Davi, a vida dele virou de ponta cabeça. O seu filho morreu, sua filha foi abusada, Absalão levantou-se contra seu pai...