terça-feira, 15 de outubro de 2024

 Meus últimos dias  2 Tm 4.6-8 

Introdução

Se você soubesse que morreria amanhã, o que você faria? Alguns olhariam em retrospectiva, ou faria um balanço de sua vida antes de entrar na eternidade.  Outros, se desesperariam, ficariam aterrorizados, sem chão, sem saber o que fazer. Outras pessoas, procurariam pessoas para se reconciliar, resolver o conflito. Diante das reações, ou ajustes, todos diriam que deviam ter se tornado outra pessoa. Poderia ter feito isso ... 

Infelizmente, muitos vivem suas vidas servindo a si mesmo, seu ego, seu interesse, bens materiais, etc. Deus não tem prioridade, a igreja não tem prioridade, aliás, a igreja é meramente algo conveniente. De vez em quando a gente dá um pulo na igreja para aliviar o peso da nossa consciência. E na sepultura como ficarão?

O apostolo Paulo, diferentemente de muitos, dedicou sua vida a Cristo. Ele fora algo de abuso durante anos. Teve que suportar dezenas de traições; suportou o peso das falsas acusações; sofreu perigo, aprisionamento e açoitamento, até mesmo apedrejamento por causa do evangelho. Nesse tempo em que ele escreveu essa carta, numa masmorra, parecia muito mais velho do que deveria, encurvado e cheio de cicatrizes.

Ele não tinha dinheiro, diferente de muitos narcisistas; nenhum rosto familiar (fora abandonado por muitos) a não o doutor Lucas, para encorajá-lo. É assim que ele pronuncia suas ultimas palavras “Eu já estou sendo derramado com uma oferta de bebida. Está próximo o tempo da minha partida. Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé...” (2 Timoteo 4.6-7).

1)     Últimas palavras

A Biblia King James explicita: “... já estou sendo derramado como vinho na oferta de libação”. E na versão A Mensagem, é mais realísta: “Assuma o comando, porque estou para morrer. Minha vida é uma oferta no altar de Deus”. Na Bíblia Linguagem de hoje, lemos: “Quanto a mim, a hora já chegou de eu ser sacrificado, e já é o tempo de deixar esta vida”.  

O apostolo Paulo usa duas figuras de linguagem interessante para descrever seus últimos dias. A primeira é “libação” era um costume judaico conhecido em que o adorador “derramava” vinho vermelho, ou azeite  na base do altar. O vinho representava o sangue de um cordeiro oferecido como sacrifício. Ser derramado é ser esvaziado de sua forma a ponto de morrer.

Paulo, durante seu primeiro período na prisão, escreveu para os cristãos de Filipos: “Contudo, ainda que eu seja derramado como libação sobre o sacrifício e o serviço da vossa fé, alegro-me e me congratulo com todos vós” (Fp 2.17). Ele sentiu sua vida exaurindo durante a longa espera pelo julgamento e estava preparado para dar a vida pelo Senhor. Ele considerava que o sacrifício de sua vida valia a pena por causa da salvação deles e continuava a crescer em graça. “Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro” (Fl 1.21).  

Sua segunda figura de linguagem descreve uma jornada, falando de sua morte como minha partida “o tempo da minha partida é chegado”. Esse termo grego tem várias nuances, retrata não menos que quatro palavras-imagens. A primeira imagem é a ideia do exame, a palavra incorpora a ideia de destrançar (abrir, desfazer) uma corda, ou seja, sua morte resultaria em sua vida e realizações serem vistas a olho nu para todos verem. 

A segunda imagem é a ideia de libertar da escravidão. Paulo considerava a morte como uma libertação, a quebra dos grilhões e ferro colocados na perna. A morte significa libertação. A terceira imagem é a ideia de mudar a residência da pessoa. Os gregos usavam o termo para descrever a desmontagem de uma tenda a fim de coloca-la em outro lugar. Paulo via a morte como uma transferência para outro lugar em uma terra muito melhor. 

A quarta imagem é mais pungente, é a ideia de uma viagem. Os marinheiros usavam essa palavra no sentido de partida. Eles desamarravam o navio do ancoradouro a fim de lança-lo ao mar. A morte de Paulo libertou-o do seu ancoradouro terreno para fazer a viagem ao reino de seu Pai celestial. A ancora já foi levantada, as amarras estão soltas e o barco está prestes a fazer-se à vela, rumo a outra praia.

2)     Combati o bom combate

O apostolo Paulo olhou em retrospectiva para ver um combate travado até o fim; uma carreira concluída e a fé mantida. Ele escreve ao pé da letra: “O bom combate combati, a carreira terminei, a fé mantive”. Combate é “empenho por vitória”; nossa palavra “agonia” vem desse conceito grego de dar tudo de si mesmo para vencer uma disputa ou alcançar um objetivo.

Os atletas de elite – profissionais e campeões mundiais – conhecem a “agonia” do treinamento. E, no dia da competição, eles “agonizam” para alcançar a vitória. 

O apostolo Paulo se lembra do dia que o Senhor o parou no caminho com uma revelação cegante de si mesmo, desafiou e condenou o homem sincero e ardente, todavia arrogante, e depois o chamou, equipou, enviou, apoiou e fortaleceu para o ministério. Ele revê uma carreira árdua que teve que correr – uma supermaratona de trinta anos – e afirma que deu tudo que tinha nela, não reteve nada!

Ele afirma em sua carta: “São servos de Cristo? Sou ainda mais (falo como se estivesse louco), muito mais em trabalho; muito mais em prisões; em chicotadas sem medida; em perigo de morte muitas vezes; cinco vezes recebi dos judeus trinta e nove chicotadas. Três vezes fui espancado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, passei um dia e uma noite em mar aberto. Muitas vezes passei por perigos em viagens, perigos em rios, perigos entre bandidos, perigo entre os do meu próprio povo, perigos entre gentios, perigos na cidade entre gentios, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, perigos entre falsos irmãos; em trabalho e cansaço, muitas vezes em noite sem dormir, com fome e com sede, com frio e com falta de roupas. Além de outras coisas, ainda pesa diariamente sobre mim a preocupação com todas as igrejas” (2 Co 11.23-28).

Paulo não só correra bem; ele terminara bem. Sua declaração “terminei a carreira” usa uma palavra que combina as ideias de proposito e conclusão. Ele afirmara antes: “Em nada considero a minha vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus” (Atos 20.24).

A carreira de Paulo o levou por algumas curvas aterradoras e mais que alguns buracos traiçoeiros. No fim, a carreira o levou para uma masmorra, abaixo das ruas de Roma. Mas esse não é o fim da sua jornada. Foi apenas uma parada para outra etapa. O fim da jornada de Paulo na terra o colocou em um curo em direção a gloria.

A terceiro declaração de Paulo, guardei a fé, tem um duplo sentido. Primeiro, ele continuou a confiar no Senhor e na correção e solidez do evangelho que fora comissionado a pregar. Segundo ele guardou o tesouro que lhe fora confiado, preservou a verdade divina. Ou seja, “Guardei com toda segurança, como bom guardião ou despenseiro, o tesouro do evangelho confiando aos meus cuidados”. 

Conclusão

“Agora me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amam a sua vinda”. Paulo termina vindicando, não reclamando de nada, ou exigindo qualquer coisa. Ele olha para frente, totalmente liberto do perigo, é a consciência de saber que maior é o Deus que está em você.

Vindicar é acreditar justificação, sim tem uma coroa da justiça lhe aguardando. O atleta nos dias de Paulo recebia uma coroa de louro, simbolizando tudo que ele estava para receber: uma placa de bronze com seu nome, todas as dividas eram perdoadas e ficaria livre de imposto pelo resto da vida.

Vindicar “coroa da justiça” é a justiça do filho de Deus, seus sacrifício, seu amor por nós na cruz. Em Apocalipse 4,  os vinte e quatro anciãos, lançam suas coroas diante do trono de Deus  e cantam um louvor: “Tu, Senhor e Deus nosso, és digno de receber a gloria, a honra e o poder, porque criaste todas as coisas, e por tua vontade elas existem e forma criadas” (Ap 4.11). Sim, a coroa da justiça é a salvação, é o direito de andar em ruas de ouro e cristais. 



domingo, 13 de outubro de 2024

 Fugindo de Sodoma e Gomorra – Lc 17.28-33 

Introdução

As Escrituras falam dos atributos de Deus, são os atributos de poder e os atributos morais. Fala-se do amor de Deus, desse relacionamento eterno do Pai, Filho e Espirito, um Deus que se manifesta em tres pessoas, numa unidade eterna. E o amor de Deus, foi evidenciado com a vinda do seu filho ao mundo, para morrer em nosso lugar.

Fala-se da Eternidade de Deus, de sua infinitude, ou de sua incomensurabilidade. Fala-se de sua onipotência, todo poder; fala-se de sua onisciência, todo saber, toda ciência; fala-se de sua onipresença, todo lugar, está em todo lugar. Também, fala-se de sua bondade, de sua misericórdia, de sua sabedoria, de seu ser compassivo e paciente. Fala-se de sua imutabilidade, o que significa que Deus não muda, não altera. Fala-se de sua soberania, sim, ele é soberano sobre todas as coisas, detém todo o poder no céu e na terra.

Fala-se de sua santidade, sim, Deus é santo, santo e santo, três vezes santo. Sua santidade fala de sua beleza, da sua glória, que não pode ser contaminado pelo mal. Também, fala-se de sua justiça, sim, a justiça divina! Não ousamos em pensar que a tolerância e a paciência de Deus tem limites! Sua misericórdia tem data de validade. Mas há ocasiões em que Deus afirma: “Basta. É isto, chega”.

1)     Chega de Deus

Deus disse “chega” em Genesis 6, quando expressou sua tristeza por ter criado a humanidade, pelo que trouxe, mais tarde, o grande diluvio. Mas, o tempo em que Noé construiu a arca foi de 120 anos, no entanto, o povo se recusou a se arrepender, então, Deus disse “chega”.

Deus Disse “chega” em Genesis 11, quando os seres humanos, em seu orgulho, ficaram obcecados pela construção de um monumento a si mesmos, a torre de Babel. Então, o Senhor dividiu suas línguas e cada um foi por um canto povoar o mundo.

Deus disse “chega” para Sansão, quando havia quebrado todos os mandamentos de Nazireu. Por causa de sua desobediência, inconsequência, foi colocado nas mãos dos seus inimigos, vazados seus olhos e morto.

Deus disse “chega” em Daniel 5, quando Belsazar aviltou Deus em um banquete imoral em celebração aos deuses falsos. Quando dedos na parede, sim dedos de uma mão humana, nenhuma pessoa, nenhum braço, nenhuma mão, somente dedos! “Mene, Mene, Tequel e Parsim”, isto é, teu reino foi contado, pesado e achado em falta e dividido.

Se o mal nunca fosse confrontado, se o pecado nunca fosse punido, Deus não seria justo. Se o Senhor estabeleceu princípios e nunca exigisse seus cumprimentos, para que serviriam os princípios? Ele estabeleceu um código moral – um padrão objetivo de certo e errado – sua leis quando obedecidas dá saúde para os ossos e torna a nossa vida melhor.

1)     Julgamento

Sodoma e Gomorra foram condenadas por causa do pecado. Deus envia dois anjos para tirar Ló e sua família da cidade. Havia um senso de urgência, não há mais tempo, os anjos não deixaram ninguém dormir: “Depressa! Leve daqui sua mulher e suas duas filhas, ou vocês serão mortos quando a cidade for castigada” (Gn 19.15). Mas, Ló hesitou, ou não levou a ameaça de destruição assim tão a sério. 

Imagine alguém chegando à sua casa e dizendo: “Um terremoto vai acontecer daqui a três minutos, e toda está área será destruída. Sei do que estou falando; por isso, você deve ir para o local mais longe que puder”. Você não hesitaria se tivesse confiança no mensageiro e acreditasse na mensagem.

Essa semana vimos nos Estados Unidos o que aconteceu na Flórida. Todos estavam com medo, seria o furacão Milton na escala 5. Sim, o maior furacão há mais de cem anos, poderia arrasar todo o estado da Flórida. Milhões de pessoas saíram, fugiram para o norte dos Estados Unidos com medo do furacão. Quando ele passou, diminui na escala 3 e 16 pessoas morreram.

Os anjos disseram: “Fujam por amor à vida! Não olhe para trás e não pare em lugar nenhum da planície. Fuja para as montanhas, ou você será morto! (v. 17). Em essência, eles disseram: agora, não há mais nada para você aqui. Sua vida em Sodoma acabou; olhe apenas para o futuro que está à sua frente. O que acontece aqui, agora, é entre Deus e esse povo depravado. Não há nada da sua conta aqui.

O texto bíblico nos diz: “Quando Ló chegou a Zoar, o sol já havia nascido sobre a terra. Então o Senhor, o próprio Senhor, fez chover do céu fogo e enxofre sobre Sodoma e Gomorra. Assim ele destriu aquelas cidades e toda a planície, com todos os habitantes das cidades e vegetação”. Sim, tudo foi destruído, uma planície rica, cheio de vegetação, agora, totalmente destruída. O fogo e o enxofre acabaram com tudo, tudo, nada restou, todas as cidades pereceram...

“Contudo a mulher de Ló olhou para trás e, imediatamente, transformou-se numa estátua de sal” (Gn 19.26). Os anjos disseram: “Não olhe para trás” (Gn 19.17). A mulher de Ló recusou obedecer ao mandamento. Seu coração estava em Sodoma, embora seu corpo estivesse fora da cidade. Esse é o principio: “A amizade do mundo é inimiga de Deus” (Tg 4.4). Mas, ela olhou e se transformou numa estátua de sal.

Conclusão

Duas bombas caíram sobre Hiroshima e Nagasaki, no final da segunda guerra mundial, as cidades se arrasaram; mas de trezentas mil pessoas morreram. Contudo, se você visitar as duas cidades foram reconstruídas novamente. Mas, Sodoma e Gomorra, continuam com um deserto abrasador e com muitas montanhas de sal e pedras de enxofre! Um vazio tomou conta de toda essa região...

 

Há um tempo, não sabemos quando,
Um lugar, não sabemos onde,
Que marca o destino do homem
Em glória ou desespero.

Há uma linha, para nós invisível,
Que atravessa cada caminho, 
A fronteira oculta entre
A paciência e a ira de Deus.

Oh, qual é aquela misteriosa linha
Que atravessa o caminho do homem,
Além da qual, Deus mesmo jurou,
A alma que for, estará perdida?

Quanto tempo poderei continuar em pecado?
Quanto tempo Deus me poupará?
Onde termina a esperança e Começam os limites do desespero?

A resposta dos céus está enviada:
Vós que de Deus vos afastais,
Enquanto o dia é hoje, arrependei-vos
E não endureçais o coração.

terça-feira, 8 de outubro de 2024

 Dias difíceis e pessoas selvagens 2 Tm 3.1-5 

Introdução

O que dizer dos tempos atuais? O que dizer da sociedade progressista que vivemos? Deus é a verdade, não somente a verdade, é a fonte de toda verdade, ele é a absolutização da verdade. No entanto, a sociedade, prefere o engano, a mentira, a relativização de todo conceito.  Para eles, tudo é válido, a mentira e a verdade, não são absolutos, depende do ponto de vista. A palavra de Deus, para muitos, é um conto de carochinha; o céu e o inferno, não importa. O que importa mesmo é viver “Comamos e bebemos, porque amanha morreremos”. A vida é uma festa, prazeres, musicas, bebidas, etc.

1)     Temos difíceis

O apostolo Paulo adverte: “Saiba disto: nos últimos dias sobrevirão tempos terríveis” (2 Tm 3.1). Ou, “Quero que você saiba de uma coisa...” O tempo verbal exprime ação de “saber continuamente”. Em outras palavras: esteja atento, perceba, preste atenção, tenha isso sempre em mente. A versão de Eugene Peterson está corretíssima: “Não seja ingênuo. Tempos difíceis vem por aí” (A mensagem). 

Nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis”. Alguns sugerem que Paulo se referia à grande tribulação, antes da vinda de Jesus. Mas o uso da expressão “nos últimos dias” se refere com mais frequência ao tempo entre o nascimento do Messias em Belém, sua vida e sua morte e a sua segunda vinda ao mundo. Ou seja, vivemos nos últimos tempos, tempos difíceis...

E, mais, o termo “chalepos”, traduzido por difíceis, só é usado uma outra vez no Novo Testamento para descrever os dois homens endemoninhados que viviam entre as sepulturas perto de Gadara. Eles, capacitados pelo maligno, arrebentaram as cadeias que prendiam e aterrorizavam a região com sua extrema violência: “...eram tão agressivos que ninguém podia passar por aquele caminho” (Mt 8.28). 

A palavra pode ser traduzida também como “feroz”, “difícil de tolerar”, “perigoso”, “duro” ou “selvagem”. O grego clássico usava o termo para descrever animais selvagens ou o mar revolto. Isto é: “nos últimos dias, teremos tempos selvagens”. 

2)     Pessoas difíceis

Não seja ingênuo. Tempos difíceis vem por aí. A medida que o fim se aproxima, os homens vão se tornando egocêntricos, loucos por dinheiro, fanfarrões, arrogantes, profanos, sem respeito para com os pais, cruéis, grosseiros, interesseiros sem escrúpulos, irredutíveis, caluniadores, sem autocontrole, selvagens, cínicos, traiçoeiros, impiedosos, vazios, viciados em sexo e alérgicos a Deus. Eles vão fazer da religião um espetáculo, mas nos bastidores se comportam como animais. Fique longe deles!” (2 Tm 3.1-5 A mensagem).

“Pois” as pessoas seriam difíceis. A palavra empregada para se referir a “homens” é um termo grego que significa humanidade, ou seja, homens e mulheres se tornarão pessoas complicadas. Serão “Egoístas, avarentos, presunçosos...” Todas as designações são pessoas que amam a si mesmas. Quando a busca pelo amor próprio se torna o principal objetivo da vida, essa compulsão passa a corromper tudo o que está por perto. São narcisistas, isto é, amantes de si mesmos (“Eu me amo”) e buscam acima de tudo o conforto e a promoção do ego. 

Avarentos”, são materialistas, buscam riqueza e a posse como um meio de poder, controle, segurança, status, valor pessoal e até mesmo amor. “Jactanciosos” ou presunçosos, isto é gente soberba, que gosta de impressionar as pessoas com conversas. “arrogantes” vem de “aparecer” ou “tornar evidente”, para a ideia de parecer estar sobre os outros, é o orgulhoso, que está sempre olhando para baixo, para as coisas e as pessoas. Enquanto está olhando para baixo, não pode ver algo que está acima dele.

“Blasfemadores”, blasfemar é amaldiçoar ou difamar alguém, tratar alguém verbalmente com desprezo. Para esses homens selvagens, narcisistas, você e os outros não tem nenhuma importância, exceto quando o ajudam a promover seus interesses. “Desobediente aos pais”, a expressão descreve aquelas pessoas grosseiras e insolentes com os pais. Não aceitam os conselhos dos pais. 


“Ingratidão”. Gratidão é uma coisa, ingratidão é o inverso. Ingratidão é a negligencia em perceber o valor do sacrifício de outro indivíduo. Refere-se a um esquecimento deliberado do passado por causa da ganancia cega do presente. O que Deus espera de nós é gratidão. “Olhem para a rocha da qual foram cortados e para a pedreira de onde foram cavados (Is 51.1)”. Lembre-se da rocha de onde você saiu. Lembre-se daqueles que sacrificaram para que você pudesse se tornar o que é hoje. Lembre-se também da graça de Deus, que o sustentou desde o início. A mesma graça que o resgatou das chamas do inferno.  

“Irreverentes”. São pessoas egoístas que vivem na secularidade, sem qualquer ligação com as coisas santas de Deus, e, mais do que isso, sem qualquer desejo por essas coisas. “Desafeiçoados” são pessoas que não demonstram sentimentos, pessoas geladas, sem afeição, sem compaixão, coisas básicas por seus irmãos, pais ou filhos.

“Implacáveis”. A palavra descreve pessoa que não está disposta a resolver conflitos ou a se reconciliar. Uma pergunta: Há alguém que você precisa perdoar? O texto bíblico exorta: “Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus os perdoou em Cristo” (Ef 4.32).

Parte da razão do colapso de nossos relacionamentos está no fato de não darmos a eles tempo suficiente para prosperar. Se as coisas estão difíceis, desistimos; se temos a impressão de que o relacionamento nunca dará certo, largamos. Se a felicidade e o sucesso não vem imediatamente, viramos as costas.

“Caluniadores”. A palavra grega é “diabolôs”, diabo. Caluniar é divulgar informações que não temos coragem de dizer na presença da pessoa em questão. Caluniar é agir com malicia, e é dessa forma que o diabo opera. O cristão, entretanto, não deve agir desse modo. “Sem domínio de si”, é companheiro da calunia, andam juntos. A pessoa não é apenas incapaz de controlar sua língua, é incapaz de conter a si mesmo. O termo se refere à falta de controle, especialmente, à luxuria corporal. 

“Cruéis”. A palavra cruel se refere àquela atitude selvagem, sem nenhum traço de compaixão, ou sensibilidade. É um termo usado para se referir a animais bravios que atacam sem piedade. “Inimigos do bem”, que significa literalmente alguém que não ama o bem. É aquela pessoa que perdeu o paladar para as coisas éticas e morais e se sente mal na presença de indivíduos verdadeiramente piedosos.

“traidores” aparece ligado ao nome de Judas Iscariotes, considerado traiçoeiro. É uma palavra usada para se referir a quem se volta contra você. É aquela pessoa que lhe acompanha durante anos e aparenta ser seu amigo, contudo, certo dia, sem nenhum aviso, a pessoa o surpreende agindo com deslealdade, fingimento e traição. 

“atrevidos” e “soberbos”. O primeiro se refere às pessoas cujo modo de agir é impulsivo, inconsequente e irresponsável; é a pessoa que corre para cair. O segundo é sinônimo de presunçoso, arrogante, que está “envolto em fumaça”, ou “com a cabeça nas nuvens”, alguém cuja percepção de si mesmo está acima de tudo mais;  é aquela pessoa que atropela o mundo inteiro em busca de seus interesses.

Conclusão

“...tendo a aparência de piedade, mas negando o seu poder...” As pessoas preservavam exteriormente uma “forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder” (v.5). As pessoas participavam do culto, cantavam os hinos da igreja, dizimavam ou ofertavam. Ou seja, tinham aparência e palavras notoriamente piedosas. Mas era sem poder, aparência externa sem realidade interna sem moral, fé sem obras. 




domingo, 6 de outubro de 2024

 O inferno e as coisas boas – Lc 16.19-31 

Introdução

Se tem uma mensagem esquecida em nossos púlpitos é sobre o inferno. Uma pesquisa foi feita sobre a existência do inferno. E o resultado foi: 49 por cento não acreditam em vida após a morte; 23 por cento acreditam em alguma coisa; 7 por certo acreditam na reencarnação; 19 por cento acreditam que existe o céu e o inferno.

Um historiador examinou cem anos de alguns jornais acadêmicos à procura de registros sobre o inferno. Não encontrou nenhum. “O inferno”, observou ele, “desapareceu e ninguém percebeu”.

1)     O rico e o Lazaro

O texto lido fala de um homem rico “que se vestia de purpura” e “linho finíssimo”. Todos os dias ele se regalava esplendidamente. Todos os dias havia um banquete onde se alimentava com toda sua família.

Temos, um segundo personagem, Lazaro. Ele era mendigo, todo coberto de chagas, com certeza o corpo fedido, com certeza ninguém gostava de ficar perto dele.; vivia pedindo esmola na casa do homem rico, alimentando das sobras, ou, das migalhas que caiam da sua mesa.

O texto diz que os dois morreram. Lazaro morreu e foi levados pelos anjos. Enquanto que o rico teve um sepultamento suntuoso.

Contudo, depois dessa vida, cada um foi levado para um lugar. O rico foi levado para o Hades, enquanto que Lazaro foi conduzido ao seio de Abraão. Em outras palavras, o inferno é um local geográfico, enquanto que o céu também é geográfico. Jesus disse: “Na casa de meu Pai há muitas moradas...vou preparar-vos um lugar” (Jo 14.2). O inferno, também é um local, não um estado de espirito, mas um lugar real povoado por seres físicos.

Abraão, no paraiso, disse ao homem rico, no tormento: “Está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá, passar para cá” (Lc 16.26). Portanto, não dá para sair do inferno para passar as férias no céu.

Um ator de cinema americano foi perguntado sobre céu e inferno, ele respondeu: “Sou ateu e estou muito tranquilo quanto a isso”. Angela Jolie também se esquivou: “Não há necessidade de acreditar nisso”.  O cantor brasileiro Chico Buarque, respondeu: “Eu perdi a fé”. E o ator Brad Pitt? “Sou vinte por cento ateu, 80 por cento agnóstico. Acredito numa força superior, mas ninguém sabe ao certo. Você vai descobrir quando morrer. Até lá, é inútil pensar sobre isso”.

Mas, o que importa, não é os que esses famosos pensam, mas o que Jesus afirmou a respeito do inferno. Aliás, Jesus falava do inferno com frequência. Treze por cento dos seus ensinos se referem ao juízo eterno e ao inferno. Dois terços de suas parábolas estão relacionadas à ressurreição e ao juízo. Ele fala em termos tangíveis: “Temei, antes”, adverte ele, “aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo” (Mt 10.28).

Mas o que é o inferno? O inferno é eterno, todo mundo que está no inferno está vivo, lucido, consciente. O inferno é um lugar de dor “é o local onde o verme não morre e o fogo não se apaga” (Mc 9.47-48) “ a fumaça do seu tormento sobe para todo sempre; e não tem repouso, nem de dia nem de noite” (Ap 14.11). O inferno é um lugar de medo, lá o medo nunca acaba, será eterno. O inferno é um lugar sem esperança, há um abismo entre o céu e a terra.

Dante Aliguiere, em sua “Divina Comédia”, quando o viajante chega diante do inferno, tem um dizer em cima: “Abandonem a esperança, todos vós que por aqui entrais”.

Por fim, o inferno é um lugar de isolamento, você não vai sentir nenhum tipo de alegria, lá não tem felicidade, contentamento, relacionamento social, cada um ficará isolado em seu mundo.

2)     Coisas boas do inferno

No inferno existem boas pessoas. Olha o rico, ele deixava o homem cheio de chagas, fedorento, dormir em seu portão e comer das migalhas que caiam de sua mesa. Ele era religioso, gente boa, bom cidadão. No entanto, a religiosidade não salva ninguém. Precisamos ter um encontro pessoal com Cristo, precisamos saber que somos pecadores e sem Jesus não somos nada.

No inferno existe boa visão. No inferno o rico levantou os olhos e viu, sim, viu Abraão e Lazaro, um ao lado do outro. Talvez, pensou consigo mesmo: “Ah, se eu tivesse visto isso na terra, talvez seria salvo. Voce está vendo? Você está com os olhos abertos?

No inferno existem boas orações: “Pai Abraão, tem misericórdia de mim...”(v.24). Ah, se tivesse feito essa oração na terra? Se tivesse buscado com sinceridade, com verdade, com arrependimento?

No inferno, existem boas memórias. “Lembre-se de que durante a sua vida você recebeu coisas boas e Lazaro coisas ruins” (v.25). No inferno existe consciência, memória e lucidez. No inferno lembrarão dos sermões que ouviram e não obedeceram, se lembrarão dos hinos da harpa; das pregações de domingo. Se lembrarão das orações do pai, da mãe, dos jovens.

No inferno todo mundo acredita que Deus existe, até os ateus. No inferno todo mundo acredita que a Bíblia é a Palavra de Deus. No inferno todo mundo acredita que Jesus ressuscitou e venceu a morte. No inferno todo mundo acredita que Jesus é o caminho, a verdade e a vida.

Conclusão

No inferno existe prioridade. “...eu lhe suplico, ...manda Lazaro ir à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos. Deixa que ele os avise, a fim de que eles não venham também para este lugar de tormento. Abraão respondeu: Eles tem Moisés e os profetas; que os ouçam”. (Lc 16.27-29).

 

 

terça-feira, 1 de outubro de 2024

 Uma igreja contagiante 2 Tm 2.1-13 

Introdução

Hoje vivemos uma onda de igrejas de “parede preta”, virou uma moda e uma franquia. Começou na Austrália e veio para o Brasil através da Igreja Batista Lagoinha, depois, tornou-se uma febre, uma epidemia. Nessas igrejas, as paredes são pintadas de preto (como cinema, boate e discoteca) e utiliza jogos de luzes e artifícios como fumaça. A idéia dessas igrejas é, sobretudo, o crescimento numérico e a atração de jovens. No entanto, o preto, estimula a individualidade e a falta de comunhão entre as pessoas. 

O apostolo Paulo afirma, que nos últimos dias, surgiria falsos profetas que produziria coceiras nos ouvidos das pessoas ao entregar às multidões aquilo que querem ouvir, e não aquilo que precisam ouvir! Muitos, infelizmente, tem buscado “mestres segundo os próprios desejos”. E uma pergunta: Será que uma igreja boa somente limita a uma pregação cristocêntrica? Além de uma boa pregação, precisamos de mais qualificativos, aliás, precisamos de uma igreja contagiante!

1)     Contagiante

Contagiante vem da raiz latina “contagium”, que o dicionário define como: “transmissão de doença de uma pessoa a outra, por contato direto ou indireto”.  Quando a igreja se acha nessa categoria, as notícias se espalham rapidamente: as pessoas veem o fervor do nosso entusiasmo, nosso testemunho e ouvem o regozijo em nossa voz. 

Primeiro, uma igreja contagiante é um local de graça. “Portanto, você, meu filho, fortifique-se na graça que há em Cristo Jesus”. O verbo fortifique-se exorta a permanecer forte na graça. O imperativo está no presente, o que exige uma resposta contínua. Deus quer nos fortalecer, o poder emana dEle, isso tem que ser todos os cultos.

Aliás, o apostolo Paulo proclamava e promovia a graça; vivia da graça; sua mensagem era o evangelho da graça. Paulo jamais esqueceu a importância do favor imerecido de Deus em sua vida. “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2.8). Também em Tito, lemos: “A graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens...” (Tt 2.11).  

A caminho de Damasco, Paulo foi cegado por uma luz do céu enquanto o Senhor falava e o chamava (justo quem?) para o ministério. Esse chamado mudou o apostolo de dentro para fora: o legalista inveterado foi transformado em um mensageiro da graça! “...meus irmãos, quero que saibam mediante Jesus lhes é proclamado o perdão dos pecados. Por meio dele, todo aquele que crê é justificado de todas as coisas das quais não podiam ser justificados pela lei de Moisés” (Atos 13.38-39).

A mensagem de Paulo anuncia as boas novas da graça aos perdidos. Essa é a primeira parte da grande comissão de Cristo à igreja: “...vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espirito Santo” (Mt 28.19). Imagine se cada cristão se dispusesse a compartilhar o evangelho da graça constantemente e convidasse as pessoas para irem ao culto? Fale de Jesus, conta o seu testemunho, não deixe de falar...

Segundo uma igreja contagiante é um local de mentoria. Paulo diz ao jovem Timóteo: “O que ouviste de mim diante de muitas testemunhas transmite a homens fieis e capacitados a fim de que possam igualmente discipular os outros” (v.2). Timóteo ouviu o evangelho quando Paulo passou em Listra, em sua primeira viagem missionária (Atos 14.8); na segunda viagem, o apostolo convidou Timoteo para se juntar ao seu grupo de evangelização. Ali, viajando com Paulo, ele foi treinado e discipulado para, mais tarde, fazer o mesmo. 

Igrejas contagiantes orientam fielmente aqueles que estão trilhando a vida cristã. Esse principio é fornecido por meio do verbo “confie”, cujo termo original significa literalmente entregar “algo alguém, como custódia”. A dinâmica aconteceu de: Paulo = Timóteo = homens e mulheres fiéis = outros.  

O apostolo Paulo transmitiu seu coração, sua alma, suas verdades, suas convicções, sua teologia, seus estímulos, suas histórias, suas asserções, sua liderança, enfim, sua vida. Timóteo, recebia, acolhia, ouvia atentamente cada pregação do apostolo Paulo; era como uma corrida de revezamento, o segundo corredor recebe o bastão do primeiro. Mais tarde, Timóteo também passaria o bastão a outros fieis, que, por sua vez, fariam o mesmo, um movimento que começa com Jesus, seus apóstolos, Timoteo, homens fiéis...Daniel Berg, Gunnar Vingren, até chegar em nós.

Todo cristão, precisa, de pelo menos três pessoas em sua vida. Primeiro, alguém lhe que mentoreie, lhe discipule; segundo alguém com quem compartilhar as dificuldades, lutas; terceiro, alguém a quem possa servir de mentor. Do contrário, não cresceremos. Mentorear é alguém que servem de guia, de sábio e experiente conselheiro.

perguntas sobre mentoria: 

Por quê grande parte do povo de Deus não sabe pescar “homens e mulheres”? Talvez, porque ninguém nos mostrou na prática, como é ser discipulo! Talvez, não fomos discípulos, fomos a igreja e nos discipulamos indo aos cultos.

Por quê não nos incomodamos com a nossa aridez espiritual? Não aprendemos que “...vão e façam discípulos de todas as nações”. Quando fazemos discípulos o reino de Deus se expande, aumenta, cresce, e os discípulos, buscam outros para se tornarem discípulos.

Por quê temos dificuldades de convidar pessoas para os cultos? Se formos fazer uma enquete na igreja de quantas pessoas que evangelizaram e discipularam, ficaremos horrorizados em saber que a maioria dos crentes não tem compromisso com a evangelização.

Terceiro, uma igreja contagiante é um local de sofrimento e comunhão.Suporte comigo os meus sofrimentos, como bom soldado de Cristo” (v.3). Notou a palavra “comigo” no texto bíblico! É isto que torna a igreja contagiante, isto é, quando alguém se machuca, todos sofrem juntos. Ninguém sofre sozinho. 

Enquanto que do lado de fora tem competição, individualidade, ganancia, prazeres, solidão, ganancia, ou seja, cada um por si. Na igreja, ao contrário, é a graça que nos une, quando alguém sofre, todos sofrem. Então, vamos a casa da pessoa e lhe fazemos uma visita, ou um pequeno grupo. Ou, ajudamos com alimentos, cesta básica, etc

O apostolo Paulo ilustra por meio de tres metáforas, o que significa participar do sofrimento: soldado, atleta e lavrador. Como soldados, estamos numa guerra “e não se deixa envolver com os negócios dessa vida”; essa batalha requer nossa total abnegação. Há uma guerra a lutar, somos as armas de deus para atacar o inimigo. Quanto ao atleta, ele se dedica, se disciplina, sabe se alimentar. E o lavrador, é perseverante, lavrando a terra, cuidando o tempo todo, para colher o que plantou. 

Conclusão

E, em ultimo lugar, uma igreja contagiante, é uma igreja abnegada. “...tudo suporto por causa dos eleitos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus, com gloria eterna” (v.10). Enquanto muitos abandonaram Paulo, outros ficaram do lado dele, resistindo todas as lutas e tribulações. O apostolo Paulo termina afirmando: “Se morremos com ele, com ele também viveremos; se perseveramos, com ele também reinaremos. Se o negamos, ele também nos negará; se somos infiéis, ele permanece fiel, pois não pode negar a si mesmo” (2 Tm 2 .11-13).