terça-feira, 29 de outubro de 2024

 O evangelho em Creta  Tt 1.1-5 

Introdução

O apostolo Paulo escreveu essa carta a Tito. Seu nome significa “honorável”, “honrado” ou “de valor”. Ele começa a carta “Tito, meu verdadeiro filho em nossa fé comum...” (Tt 1.4), ou “meu filho em relação à fé comum”. Aqui, trata-se de uma filiação espiritual, Tito, era um discipulo que nasceu das viagens missionárias do apostolo Paulo e, depois, tornou-se obreiro, presbítero da igreja de Jesus Cristo. 

Tito passou pela igreja de Corinto que é chamado por Paulo de “meu companheiro e colaborador” (2 Co 8.23), ajudou na coleta de recursos para auxiliar os cristãos de Jerusalém. Depois, foi enviado para Dalmácia (2 Tm 4.10), onde o apostolo Paulo fundou uma igreja, era um povo conhecido por sua selvageria e prática de pirataria. E, por fim, é enviado para a Ilha de Creta.

A Ilha de Creta é a maior e mais populosa ilha da Grécia. Havia, no tempo do apostolo Paulo aproximadamente cem cidades. Era uma ilha, logo, era um local cosmopolita, onde recebia muitas pessoas. Adoravam vários deuses e não tinham compromisso com qualquer tipo de moralidade. A mesma cultura da Grécia, com seus deuses, ídolos, fazia parte também da cultura do povo de Creta. 

O povo dessa ilha era preguiçoso, mentiroso e briguento, violento e de péssima fama. “Um dos seus profetas chegou a dizer: Cretenses, sempre mentirosos, feras malignas, glutões preguiçosos” (Tt 1. 1.2). Se Corintianizar era sinônimo de prostituição, imoralidade e homossexualismo; laodicenses era sinônimo de arrogância, soberba;  ser cretense era sinônimo de pessoas mentirosas e preguiçosas. A fama de Creta corria por todo lado... 

1)     O evangelho

“Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo...” (Tt 1.1). O apostolo se identificou usando o termo “doulos theou”, isto é, servo de Deus. Enquanto que para muitos romanos ser servo era um destino pior que a morte, para o apostolo Paulo, era a maior honra do mundo, portar o titulo de “servo de Deus”.  E “...apóstolo de Jesus Cristo”, um enviado designado. No grego, apostolo se refere a alguém enviado para realizar uma tarefa em nome daquele que o enviou, Jesus Cristo. 

Nenhum homem ou mulher merece ficar diante do povo de Deus por seu próprio mérito. Nenhuma quantidade de educação, sucesso, longevidade, popularidade, carisma ou poder pessoal qualifica uma pessoa para ser o porta-voz de Deus para os outros. Paulo reivindica a autoridade de um servo enviado, um enviado que exercia o poder daquele que o enviara. “Chamado para ser apostolo e separado para o evangelho de Deus” (1 Co 1.1).

E você, qual é a sua identidade do corpo de Cristo? O que você tem feito, como você tem contribuído para esculpir o reino de Deus nessa cidade? Paulo era um apostolo, chamado e separado por Deus. Jeremias era um profeta, para anunciar a palavra de Deus. Josué era um general, representante do Deus altíssimo. Moisés, era gago, mas se tornou um libertador do povo de Deus. Bezalel e Aoliabe construíram o tabernáculo de Moisés. Abraão por causa do chamado de Deus, abandonou sua terra e foi para a Palestina.  Os descendentes de coré compunham Salmos e cantavam no santuário.  Qual é a sua identidade, qual é o seu chamado na obra de Deus? 

“...Para levar os eleitos de Deus à fé...”. O apostolo Paulo era o meio pelo qual os escolhidos ou eleitos de Deus creram em Cristo. Paulo é o meio, através dele o evangelho chegou em Creta. Em Romanos ele faz três perguntas retóricas “Como, pois, invocarão aquele em que não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? Como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho de paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas” (Rm 10.14-15). 

“...e ao conhecimento da verdade que produz à piedade” (1 Tt 1.1). Ele tinha de nutrir o conhecimento deles da verdade para que seu comportamento exterior refletisse sua crença interior. Uma vez que a verdade seja entendida e assimilada, é natural começar a fazer escolhas diferentes. E mais, a palavra traduzida como conhecimento é “epignosis”, que se refere ao conhecimento experimental ou sabedoria prática. Alguém sem “epignosis” pode até acreditar na verdade, todavia, falta-lhes conhecer a fé , ou à verdade, que produz à piedade.

Qual era o anseio do apostolo Paulo? Fazer as pessoas de Creta entender as complexidades da graça, saber a respeito da misericórdia de Deus, do amor de Deus, da redenção, etc. Dando as pessoas discernimento, sabedoria, conhecimento em todos os âmbitos da vida. Esse conhecimento não é intelectual, mas leva à piedade, à vida cristã.

 “fé e conhecimento que se fundamentam na esperança da vida eterna, a qual o Deus que não mente prometeu antes dos tempos eternos” (Tt 1.2). O apostolo Paulo tinha de ajudar continuamente os cristãos a superarem os desafios até que entrassem em seu destino eterno após o término desta vida. Ele queria levar as pessoas à crença em Cristo, nutrir conhecimento delas na graça e encorajá-las a antecipar o dia que inevitavelmente encontrariam Cristo face a face. 

No mesmo pensamento o apostolo João exorta: “Filhinhos, agora permaneçam nele para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança e não sejamos envergonhados diante dele na sua vinda” (1 Jo 2.28).

Portanto, o apostolo Paulo declarou seu principal proposito na vida, resumido em três pontos: ser o meio de os pecadores que creem virem a fé, fortalecer o conhecimento deles da verdade e estabelece-los em sua expectativa certa para a vida eterna (Tt 1.1-2).

 “No devido tempo, ele trouxe à luz sua palavra, por meio da pregação que me foi confiada por determinação de Deus, nosso Salvador”. Sua palavra foi manifestada no grego é “tornar visível, deixar claro”, a pregação revela quem é Jesus e o que ele fez na cruz. A pregação, em vez de revelar sentidos escondidos, traduz princípios da palavra de Deus na vida diário do crente, a pregação norteia nosso comportamento, a pregação forma a identidade da igreja de Cristo. 

Para esta missão te deixei em Creta, para que pusesses em ordem o que ainda faltava...”. “...por em ordem...” significa “endireitar totalmente e ainda mais”. O apostolo encontrou as igrejas aos pedaços ou pervertidas pela apostasia e determinou o realinhamento delas. O verbo “endireitar” vem do grego “orthoo”, que os escritores médicos usavam para descrever o processo de arrumar e imobilizar ossos quebrados.

Obtemos nossas palavras “ortodentia” e “ortopedia” desse termo. Afinal, o que estava acontecendo nas igrejas de Creta? Lideres sem qualificação (falsos profetas e legalistas), ensino falso e comportamento improprio. “...já te orientei”. Que significa “ordenar, colocar no lugar, estabelecer”. Tito, após anos de serviço dedicado a Paulo, fora totalmente treinado. Ele sabia exatamente o que seu mentor esperava dele. Tito tinha de treinar outra geração de lideres da mesma forma que Paulo o preparava.

Conclusão

“...constituísse presbíteros em cada cidade, como eu o instrui” (Tt 1.5). ). Paulo tinha toda a consciência de que o trabalho precisava ser organizado. Sem organização e liderança local uma igreja não sobrevive, mesmo que tenha sido planta­da por um apóstolo.

 Como deve ser o presbítero? Irrepreensível, marido de uma só mulher, e tenha filhos crentes que não sejam acusados de libertinagem ou de insubmissão. Não orgulhoso, não briguento, não apegado ao vinho, não violento, nem ávido por lucro desonesto.  Que seja hospitaleiro, amigo do bem, sensato, justo, consagrado, tenha domínio próprio. E apegue-se firmemente à mensagem fiel ...para que seja capaz de encorajar os outros pela sã doutrina e de refutar os que se opõem a ela” (Tt 1.5-9). 





terça-feira, 22 de outubro de 2024

 Lembranças boas e ruins 2 Tm 4.9-14 

Introdução

Em 1975, o bibliotecário do congresso americano descobriu uma caixa de sapato azul, contendo os conteúdos do bolso de Abraão Lincoln na noite em que foi morto, 14 de abril de 1865. Essa caixa muito bem guardada e segura, continha alguns objetos pessoais do ex-presidente americano. Os itens eram: um lenço branco de linho escrito “A” de Abraão e Lincoln, além disso, no bolso dele havia uma faca canivete, um estojo porta ósculo escuro de couro, um par de osculo dourado branco.

E, mais: uma carteira de couro contendo uma nota de cinco dólares e oito recortes de jornais, bem gastos, do tempo que ele disputava a reeleição para presidente dos Estados Unidos. Esses jornais foram publicados um pouco antes de sua morte e falam dos grandes feitos de Lincoln, além de narrarem sua grande pessoa. Mas havia um discurso de um estadista britânico chamado Jonh Brigth que afirmava que Abraão Lincoln foi “um dos maiores homens de todos os tempos”. Parece patético, mas não é, o 16 º presidente dos Estados Unidos com o bolso cheio de recortes falando sobre ele, ali buscava conforto e encorajamento.

A liderança e a solidão andam de mãos dadas. Moisés era solitário, assim como Josué quando assumiu o lugar de Moisés. E o que falar de Davi nos tempos de dificuldade? Assim, se chamava Paulo, quando ele diz a Timóteo: “Procura vir ter comigo depressa”, é porque queria companhia, amigos espirituais perto dele. Ele estaca na prisão Mamertina em Roma, na masmorra, sozinho e as lembranças povoavam a mente do cansado apostolo, algumas lembranças boas e outras ruins. 

1)     Lembranças ruins

“Procura visitar-me em breve...”, Ou “Procura vir logo ao meu encontro...” (NVI). “Venha para cá o mais rápido que puder” (A mensagem).  A expressão grega traduzida, como um pedido, envolve pressa. Porque Paulo não sabia quanto tempo mais tinha de vida, seu julgamento podia acontecer a qualquer momento, após o qual ele teria alguns dias antes da execução. Por isso que existe pressa... Aliás, Paulo estava numa prisão, numa cisterna subterrânea e fortemente guardada, protegida por soldados da guarda pretoriana. 

O apostolo Paulo lamenta de forme eloquente a primeira das duas lembranças dolorosas. “Pois Demas, amando este mundo...” (v.10). O nome Demas só aparece em outras duas passagens do Novo Testamento e, mesmo assim só de passagem. Demas envia saudações junto com Lucas no fim da carta aos Colossenses (Cl 4.14) e a Filemon (Fm 1.24). Demas era um cooperador, estava junto do apostolo em suas viagens e ajudando nas igrejas. 

O nome Demas significa “popular” com o decorrer do tempo algo aconteceu no interior de Demas. Eles antes seguira a Cristo de modo ardente, demonstrara coragem e determinação, pois viajar com Paulo não exigia menos que isso. Mas “...Demas, tendo amado o presente século...”. O apostolo Paulo usa o verbo cristão agapao, ou seja, Demas expressou agapao por este mundo.

A expressão “este mundo” se refere não só a busca mundana por dinheiro, poder, posição, prazer ou posse. Jesus identificou o inimigo do reino como o mundo “...não sois propriedade do mundo; mas eu vos escolhi e vos libertei do mundo; por essa razão o mundo vos odeia” (Jo 15.19). O mundo também representa as pessoas que vivem pelos valores dele e servem voluntariamente aos fins dele. “Deus enviou o seu filho ao mundo não para condenar o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por meio dele” (Jo 3.17).

Mas o mundo o rejeitou “Quem nele crê não é condenado; mas quem não crê já está condenado...” (Jo 3.18). Dizer que alguém ama este mundo é dizer que ele é inimigo do reino de Deus “...se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele” (1 Jo 2.15). “Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou e se foi para Tessalônica” (2 Tm 4.10). Quem abandona prejudica mais a si mesmo do que o reino de Deus. Por que?

Porque o reino de Deus é aquela pedra que derrubou a estatua do sonho de Nabucodonosor, quanto mais o tempo passa, ele cresce. “Com que mais se parece o reino de Deus? É como o fermento que uma mulher usa para fazer o pão. Embora ela coloque apenas uma pequena quantidade de fermento em três medidas de farinha, toda massa fica fermentada” (Lc 13.20-21). O reino de Deus não vai a falência por causa da nossa deserção, rebelião, nosso distanciamento espiritual.

As pessoas que se afastam do reino de Deus, amando o presente século, perdem a oportunidade de serem uteis, de encontrarem significado para a vida cristã e de escreverem histórias no reino de Deus. Quantas histórias estão sendo escritas por pessoas no reino de Deus! Sim, as pessoas perdem o privilégio de serem ferramentas que Deus usa para esculpir a sua igreja; perdem a oportunidade de receberem um galardão, a coroa da justiça e estão destinadas a condenação do inferno.

Também, diz o apostolo que “Alexandre, o ferreiro, causou-me muitos males...” (2 Tm 4.14). Este, ao contrário de Demas, se opôs firmemente ao apostolo e ao seu ministério. O verbo “prejudicou” significa “mostrar”, “manifestar” ou “provar”. “Ele me acusou de muitos males”, com certeza com falsas acusações. 

 Lembranças boas

Crescente foi para Galácia, Tito, para a Dalmácia. Somente Lucas está comigo. Toma contigo Marcos e traze-o, pois me é útil para o ministério. Quanto a Tíquico, mandei-o até Éfeso” (2 tm 4.10,11-12). Agora, o apostolo Paulo lembra o nome de cinco homens fieis, companheiros, ao seu ministério. 

O primeiro deles é Crescente (significado é o que cresce, progressiva, gradual) que foi para Galácia (atualmente Turquia). Seu nome não aparece em nenhum lugar do Novo Testamento. Ele foi para Galácia supervisionar as igrejas dessa região.

O segundo homem fiel é Tito. Paulo o enviou para a Dalmácia (atualmente península balcânica), também conhecida como Ilírico. Um historiador chamava a região de desprezível “por causa da selvageria dos habitantes e seu habito de praticar a pirataria”.

O terceiro homem fiel é Lucas, o único que permaneceu ao seu lado. Como as prisões forneciam apenas provisões escassas, os prisioneiros dependiam da família e dos amigos para trazer alimento, agua, roupas, etc. Nesse tempo Lucas já havia escrito seu evangelho e estava terminando o livro de Atos dos apóstolos. Lucas, ficou ao lado do apostolo o tempo todo, um amigo em tempos sombrios.

O quarto homem fiel é Marcos, conhecido como João Marcos, primo de Barnabé. Na primeira viagem missionaria abandonou a missão na metade dela. Depois, quando estavam indo para a segunda viagem missionária, Paulo não aceitou levar João Marcos, porque tinha falhado na primeira viagem. Barnabé não concordou de tal modo que se separaram. Agora, depois de anos, o apostolo está dizendo “Marcos é útil para o ministério”.

E o quinto homem é Tíquico, que o apostolo conhecera provavelmente em Éfeso (Atos 20.4). Tíquico viajara com o apostolo Paulo e servira como mensageiro, levando as cartas de Paulo para sua cidade (Ef 6.21), Colossos (Cl 4.7) e, provavelmente para Filemon.

Conclusão

Ninguém é super-homem ou sobre-humano, precisamos de amigos, de pessoas do nosso lado. Haverá decepções, sim, tem Demas, Alexandre, etc. Mas tem companheiros ministeriais, homens e mulheres que ombreiam conosco na obra do Senhor. Precisamos de relacionamentos dentro da igreja. E, também, precisamos de defensores leais, aqueles que defendem a mesma causa, o evangelho, o reino de Deus. Quando estamos debilitados, alguém sai em nossa defesa. 


 

domingo, 20 de outubro de 2024

 Quem é digno? Ap 5 

Introdução

No capitulo 4 do livro de apocalipse fala de uma “porta aberta no céu”. Ou seja, o mundo invisível é descortinado diante dos olhos do apostolo João e nos diz o apostolo “Imediatamente me vi tomado pelo Espirito”(v.2). O ele vê quando o céu lhe é descortinado?

Ele vê o “trono de Deus”. Quem é que domina? Sabemos que o apostolo estava na ilha a mando do imperador Domiciano. Mas, na verdade: Quem é o Senhor da história? Domiciano ou Deus? Existem dois tipos de história.

A história que Deus permite e a história que Deus produz. A história secular é a história que Deus permite. É a história da civilização humana que vai e vem. É a história dos grandes impérios mundiais: Egito, Suméria, Babilonia, Medo Persa, Grécia, Roma, Império Otomano, Império Britãnico e Império americano. A história que Deus permite exalta o homem e suas grandes conquistas. Vejam as grandes pirâmides do Egito: Queops, Quefren e Miquerinos...eram túmulos para enterrar os faraós do Egito.

Mas, na Bíblia, nós temos no capitulo 7 de Daniel um retrato das civilizações humanas, como os animais. Quando fala do império grego, ou, o império de Alexandre, grande, o animal que é representado é o bode! Ou seja, para Deus, essas civilizações, ou a história que Deus permite passa, acaba, vive na margem, tem um começo e um fim.

E, tem a história que Deus produz. É a história determinada por Deus, a que Deus faz acontecer. O livro do capitulo 5 está fechado, selado por dentro e por fora. A medida que cada selo era aberto, algo acontece, Deus intervendo na história humana, ou a irrupção de Deus na vida do homem.

O que mais João viu no capitulo 4? Ele vê que “o trono de Deus brilhava como pedras preciosas, jaspe e sardônico. Um arco íris, com o brilho semelhante ao de esmeralda, circundava o trono”. O trono de Deus não é escuro, não é preto, mas cheio de luz, de vida ...

O que mais João viu? “vinte e quatro anciãos. Eles estavam vestidos de branco e na cabeça tinham coroas de ouro...” (Ap 4.4). E João também vê “no centro, ao redor do trono, havia quatro seres viventes coberto de olhos, tanto na frente como atrás”. Dia e noite sem cessar eles cantam: “Santo, santo, santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir”.

O que mais o apostolo Joao vê? O céu é um local de adoração, louvor, glória, presença de Deus, é céu é cheio de luzes! Enquanto os quatro seres viventes engradecem a essência de Deus: “o que era, o que é, e o que há de vir”. Os vinte e quatro anciãos se dobram diante daquele que está assentado e lançam suas coroas suas coroas diante dele, dizendo: “Digno ó Senhor, sim! Nosso Deus, recebe a glória, a honra! O poder! Tu criaste tudo. Tudo o que existe é criado”.

1)     Uma cena

Agora, no capitulo 5, o apostolo João vê o desenrolar da salvação humana. “Então vi na mão direita daquele que está assentado no trono um livro em forma de rolo, escrito em ambos os lados e selado sete selos” (Ap 5.1). Sim, um livro em forma de rolo. É a história que Deus produz, é a intervenção dele na vida dos homens e mulheres. Deus é o alfa e o Omega, ele é o começo e o fim de todas as coisas. “sete selos” fala de completude. Deus tem “sete chifres”, “sete olhos”, “sete espíritos”

“Vi um anjo poderoso, proclamando em alta voz: Quem é digno de romper os selos e abrir o livro? Mas não havia ninguém nem na terra nem debaixo da terra, que pudesse abrir o livro, ou sequer olhar para ele” (Ap 5.3).

“Não havia ninguém no céu”. Nem anjos, nem querubins, nem serafins, nem Miguel, nem Gabriel, nem Abraão, nem Isaque, nem Jacó, nem Moisés, nem Paulo, nem Maria...ninguém.

“Não havia ninguém na terra”. Nenhum homem, Faraó, Nabucodonosor, Ciro, Alexandre, o grande, Antioco Epifânio, Julio Cesar, Augusto, Nero, nenhum ditador, nenhum empresário, nem doutor, nem cientista, nem o Papa. Por que? Todos são como o rei Belsazar: “Mene, Mene, Tequel, Uparsim”: foram pesados na balança e achado em falta.

Não havia ninguém debaixo da terra”. Ninguém no mundo inferior que pudesse abrir o livro, ou ao menos, olhar pra ele. Ninguém no inferno, nem o diabo, nem os demônios, nem o Anticristo, nem os espíritos atormentadores...foram encontrados dignos de abrir o livro e desatar os sete selos.

Diante disso, diz o texto: “Eu chorava muito”, quem vai abrir o livro e desatar os sete selos? É uma linguagem de profunda tristeza, um lamento por algo que aparentemente não tem solução. Surgem perguntas: será que tudo caminha para o caos? Para o esfacelamento da humanidade? A história está a deriva? Há alguém capaz de abrir o livro e desatar os sete selos?

2)     Cordeiro

Então um dos anciãos lhe diz: “Não chores. Olhe – o leão da tribo de Judá, a raiz da arvore de Davi, venceu. Ele pode abrir o livro e desatar os sete selos”

Ele é o leão da tribo de Judá, ele é o cumprimento da profecia de Jacó, quando diz o que cetro, o reino, não se arredará de Judá...até que venha siló” (Gn 49.8-9). Sim, ele é o cumprimento das profecias do Antigo Testamento. Sim...

No livro de genesis: ele é o descendente da mulher, pisaria na cabeça da serpente

No livro de Exodo: ele é o cordeiro pascal, o sangue nos protege, nos limpa, purifica

No livro de Levitico: ele é o sacrificio expiatório, sim expiaria o pecado do mundo

No livro de Deuteronomio: ele é o profeta, não um simples profeta, mas Deus.

No livro de Josué: ele é o capitão do exercito do Senhor, ele é general de guerra.

No livro de Juizes: ele é o libertador sem pecado

No livro de 1 Sm, 2 Sm, 1 Rs e 2 rs 1 Cr e 2 Cr: ele é o rei prometido

No livro de Esdras, neemias e Ester: ele aquele que restaura nossa sorte, que restaura nossa vida.

No livro de Jó: ele é o meu redentor que se levantará sobre a terra

No livro de salmos: ele é a nossa alegria, nosso socorro na hora bem presente.

No livro de Proverbios: ele é a sabedoria do mundo

No livro de Eclesiastes: ele é sentido para nossa vidas

No livro de Cantares: ele é o amado da nossa alma

Nos profetas maiores e profetas: é o messias prometido

Nos evangelhos: ele é o salvador do mundo

No livro de Atos dos Apostolos: ele é a pedra angular, rejeitado por muitos, mas aceita pela igreja

Nas epistolas paulinas: ele é o cabeça da igreja, a igreja é o corpo, mas quem manda é o cabeça, Jesus Cristo

Nas epistolas gerais: ele é a nossa esperança em um mundo de perseguição.

No livro de apocalipse. ele é alfa e o omega, ele é todo poderoso, é o Senhor da história que virá para buscar a sua igreja.

Ele é a “raiz de Davi”. O profeta Isaias profetizou: “Porque brotará um rebento do tronco de Jessé, e das suas raízes um renovo frutificará... repousará sobre ele o Espirito do Senhor, o espirito de sabedoria e de entendimento, o espirito de conselho e de fortaleza, o espirito do conhecimento e de temor do Senhor” (Is 11.2,3,10).

“um cordeiro que parecia ter estado morto”. É o cordeiro prometido, é o cordeiro do sacrifício. João Batista quando batizava no rio Jordão viu Jesus se aproximando e lhe disse: “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”; o cordeiro que foi sacrificado, que foi moído pelos nossos pecados.  Sim, é cordeiro que morreu na cruz pelos nossos pecados, mas no terceiro dia ele ressuscitou.

“Ele tinha sete chifres e sete olhos”. Chifres fala do seu poder, ele diz em apocalipse. Ele diz para João: “Não tenhas medo, eu sou o primeiro e o ultimo; eu sou o que vive e estive morto, mas eis que estou vivo para toda a eternidade! Eu possuo as chaves da morte e do inferno” (Ap 1.17-18). Ele tem “sete olhos”, ele vê todas as coisas...ele sabe tudo, ele vê tudo, nada passa despercebido do olhar do Senhor.

Conclusão

No final do capitulo o céu adora, o céu louva a Deus e o Cordeiro. O primeiro cântico se dirige ao cordeiro de Deus e é cantado pelos quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos. “Cada um tinha uma harpa e uma taça...que são as orações dos santos”.

"Tu és digno de receber o livro e de abrir os seus selos, pois foste morto, e com teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, língua, povo e nação.  Tu os constituíste reino e sacerdotes para o nosso Deus, e eles reinarão sobre a terra".

O segundo cântico é cantado por uma multidão incontável de anjos – milhares de milhares e milhões de milhões. Eles rodeavam o trono, bem como os seres viventes e os anciãos e cantavam em alta voz: “Digno é o corpo que foi morto de receber poder, riqueza, sabedoria, força, honra, glória e louvor’.

O terceiro cântico é um ajuntamento de todas as criaturas, no céu e na terra e os anjos. Louvando a Deus e ao cordeiro: "Àquele que está assentado no trono e ao Cordeiro sejam o louvor, a honra, a glória e o poder, para todo o sempre! "

E finaliza com os quatro seres viventes afirmando "Amém", e os anciãos prostraram-se e o adoraram.

 

 

terça-feira, 15 de outubro de 2024

 Meus últimos dias  2 Tm 4.6-8 

Introdução

Se você soubesse que morreria amanhã, o que você faria? Alguns olhariam em retrospectiva, ou faria um balanço de sua vida antes de entrar na eternidade.  Outros, se desesperariam, ficariam aterrorizados, sem chão, sem saber o que fazer. Outras pessoas, procurariam pessoas para se reconciliar, resolver o conflito. Diante das reações, ou ajustes, todos diriam que deviam ter se tornado outra pessoa. Poderia ter feito isso ... 

Infelizmente, muitos vivem suas vidas servindo a si mesmo, seu ego, seu interesse, bens materiais, etc. Deus não tem prioridade, a igreja não tem prioridade, aliás, a igreja é meramente algo conveniente. De vez em quando a gente dá um pulo na igreja para aliviar o peso da nossa consciência. E na sepultura como ficarão?

O apostolo Paulo, diferentemente de muitos, dedicou sua vida a Cristo. Ele fora algo de abuso durante anos. Teve que suportar dezenas de traições; suportou o peso das falsas acusações; sofreu perigo, aprisionamento e açoitamento, até mesmo apedrejamento por causa do evangelho. Nesse tempo em que ele escreveu essa carta, numa masmorra, parecia muito mais velho do que deveria, encurvado e cheio de cicatrizes.

Ele não tinha dinheiro, diferente de muitos narcisistas; nenhum rosto familiar (fora abandonado por muitos) a não o doutor Lucas, para encorajá-lo. É assim que ele pronuncia suas ultimas palavras “Eu já estou sendo derramado com uma oferta de bebida. Está próximo o tempo da minha partida. Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé...” (2 Timoteo 4.6-7).

1)     Últimas palavras

A Biblia King James explicita: “... já estou sendo derramado como vinho na oferta de libação”. E na versão A Mensagem, é mais realísta: “Assuma o comando, porque estou para morrer. Minha vida é uma oferta no altar de Deus”. Na Bíblia Linguagem de hoje, lemos: “Quanto a mim, a hora já chegou de eu ser sacrificado, e já é o tempo de deixar esta vida”.  

O apostolo Paulo usa duas figuras de linguagem interessante para descrever seus últimos dias. A primeira é “libação” era um costume judaico conhecido em que o adorador “derramava” vinho vermelho, ou azeite  na base do altar. O vinho representava o sangue de um cordeiro oferecido como sacrifício. Ser derramado é ser esvaziado de sua forma a ponto de morrer.

Paulo, durante seu primeiro período na prisão, escreveu para os cristãos de Filipos: “Contudo, ainda que eu seja derramado como libação sobre o sacrifício e o serviço da vossa fé, alegro-me e me congratulo com todos vós” (Fp 2.17). Ele sentiu sua vida exaurindo durante a longa espera pelo julgamento e estava preparado para dar a vida pelo Senhor. Ele considerava que o sacrifício de sua vida valia a pena por causa da salvação deles e continuava a crescer em graça. “Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro” (Fl 1.21).  

Sua segunda figura de linguagem descreve uma jornada, falando de sua morte como minha partida “o tempo da minha partida é chegado”. Esse termo grego tem várias nuances, retrata não menos que quatro palavras-imagens. A primeira imagem é a ideia do exame, a palavra incorpora a ideia de destrançar (abrir, desfazer) uma corda, ou seja, sua morte resultaria em sua vida e realizações serem vistas a olho nu para todos verem. 

A segunda imagem é a ideia de libertar da escravidão. Paulo considerava a morte como uma libertação, a quebra dos grilhões e ferro colocados na perna. A morte significa libertação. A terceira imagem é a ideia de mudar a residência da pessoa. Os gregos usavam o termo para descrever a desmontagem de uma tenda a fim de coloca-la em outro lugar. Paulo via a morte como uma transferência para outro lugar em uma terra muito melhor. 

A quarta imagem é mais pungente, é a ideia de uma viagem. Os marinheiros usavam essa palavra no sentido de partida. Eles desamarravam o navio do ancoradouro a fim de lança-lo ao mar. A morte de Paulo libertou-o do seu ancoradouro terreno para fazer a viagem ao reino de seu Pai celestial. A ancora já foi levantada, as amarras estão soltas e o barco está prestes a fazer-se à vela, rumo a outra praia.

2)     Combati o bom combate

O apostolo Paulo olhou em retrospectiva para ver um combate travado até o fim; uma carreira concluída e a fé mantida. Ele escreve ao pé da letra: “O bom combate combati, a carreira terminei, a fé mantive”. Combate é “empenho por vitória”; nossa palavra “agonia” vem desse conceito grego de dar tudo de si mesmo para vencer uma disputa ou alcançar um objetivo.

Os atletas de elite – profissionais e campeões mundiais – conhecem a “agonia” do treinamento. E, no dia da competição, eles “agonizam” para alcançar a vitória. 

O apostolo Paulo se lembra do dia que o Senhor o parou no caminho com uma revelação cegante de si mesmo, desafiou e condenou o homem sincero e ardente, todavia arrogante, e depois o chamou, equipou, enviou, apoiou e fortaleceu para o ministério. Ele revê uma carreira árdua que teve que correr – uma supermaratona de trinta anos – e afirma que deu tudo que tinha nela, não reteve nada!

Ele afirma em sua carta: “São servos de Cristo? Sou ainda mais (falo como se estivesse louco), muito mais em trabalho; muito mais em prisões; em chicotadas sem medida; em perigo de morte muitas vezes; cinco vezes recebi dos judeus trinta e nove chicotadas. Três vezes fui espancado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, passei um dia e uma noite em mar aberto. Muitas vezes passei por perigos em viagens, perigos em rios, perigos entre bandidos, perigo entre os do meu próprio povo, perigos entre gentios, perigos na cidade entre gentios, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, perigos entre falsos irmãos; em trabalho e cansaço, muitas vezes em noite sem dormir, com fome e com sede, com frio e com falta de roupas. Além de outras coisas, ainda pesa diariamente sobre mim a preocupação com todas as igrejas” (2 Co 11.23-28).

Paulo não só correra bem; ele terminara bem. Sua declaração “terminei a carreira” usa uma palavra que combina as ideias de proposito e conclusão. Ele afirmara antes: “Em nada considero a minha vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus” (Atos 20.24).

A carreira de Paulo o levou por algumas curvas aterradoras e mais que alguns buracos traiçoeiros. No fim, a carreira o levou para uma masmorra, abaixo das ruas de Roma. Mas esse não é o fim da sua jornada. Foi apenas uma parada para outra etapa. O fim da jornada de Paulo na terra o colocou em um curo em direção a gloria.

A terceiro declaração de Paulo, guardei a fé, tem um duplo sentido. Primeiro, ele continuou a confiar no Senhor e na correção e solidez do evangelho que fora comissionado a pregar. Segundo ele guardou o tesouro que lhe fora confiado, preservou a verdade divina. Ou seja, “Guardei com toda segurança, como bom guardião ou despenseiro, o tesouro do evangelho confiando aos meus cuidados”. 

Conclusão

“Agora me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amam a sua vinda”. Paulo termina vindicando, não reclamando de nada, ou exigindo qualquer coisa. Ele olha para frente, totalmente liberto do perigo, é a consciência de saber que maior é o Deus que está em você.

Vindicar é acreditar justificação, sim tem uma coroa da justiça lhe aguardando. O atleta nos dias de Paulo recebia uma coroa de louro, simbolizando tudo que ele estava para receber: uma placa de bronze com seu nome, todas as dividas eram perdoadas e ficaria livre de imposto pelo resto da vida.

Vindicar “coroa da justiça” é a justiça do filho de Deus, seus sacrifício, seu amor por nós na cruz. Em Apocalipse 4,  os vinte e quatro anciãos, lançam suas coroas diante do trono de Deus  e cantam um louvor: “Tu, Senhor e Deus nosso, és digno de receber a gloria, a honra e o poder, porque criaste todas as coisas, e por tua vontade elas existem e forma criadas” (Ap 4.11). Sim, a coroa da justiça é a salvação, é o direito de andar em ruas de ouro e cristais. 



domingo, 13 de outubro de 2024

 Fugindo de Sodoma e Gomorra – Lc 17.28-33 

Introdução

As Escrituras falam dos atributos de Deus, são os atributos de poder e os atributos morais. Fala-se do amor de Deus, desse relacionamento eterno do Pai, Filho e Espirito, um Deus que se manifesta em tres pessoas, numa unidade eterna. E o amor de Deus, foi evidenciado com a vinda do seu filho ao mundo, para morrer em nosso lugar.

Fala-se da Eternidade de Deus, de sua infinitude, ou de sua incomensurabilidade. Fala-se de sua onipotência, todo poder; fala-se de sua onisciência, todo saber, toda ciência; fala-se de sua onipresença, todo lugar, está em todo lugar. Também, fala-se de sua bondade, de sua misericórdia, de sua sabedoria, de seu ser compassivo e paciente. Fala-se de sua imutabilidade, o que significa que Deus não muda, não altera. Fala-se de sua soberania, sim, ele é soberano sobre todas as coisas, detém todo o poder no céu e na terra.

Fala-se de sua santidade, sim, Deus é santo, santo e santo, três vezes santo. Sua santidade fala de sua beleza, da sua glória, que não pode ser contaminado pelo mal. Também, fala-se de sua justiça, sim, a justiça divina! Não ousamos em pensar que a tolerância e a paciência de Deus tem limites! Sua misericórdia tem data de validade. Mas há ocasiões em que Deus afirma: “Basta. É isto, chega”.

1)     Chega de Deus

Deus disse “chega” em Genesis 6, quando expressou sua tristeza por ter criado a humanidade, pelo que trouxe, mais tarde, o grande diluvio. Mas, o tempo em que Noé construiu a arca foi de 120 anos, no entanto, o povo se recusou a se arrepender, então, Deus disse “chega”.

Deus Disse “chega” em Genesis 11, quando os seres humanos, em seu orgulho, ficaram obcecados pela construção de um monumento a si mesmos, a torre de Babel. Então, o Senhor dividiu suas línguas e cada um foi por um canto povoar o mundo.

Deus disse “chega” para Sansão, quando havia quebrado todos os mandamentos de Nazireu. Por causa de sua desobediência, inconsequência, foi colocado nas mãos dos seus inimigos, vazados seus olhos e morto.

Deus disse “chega” em Daniel 5, quando Belsazar aviltou Deus em um banquete imoral em celebração aos deuses falsos. Quando dedos na parede, sim dedos de uma mão humana, nenhuma pessoa, nenhum braço, nenhuma mão, somente dedos! “Mene, Mene, Tequel e Parsim”, isto é, teu reino foi contado, pesado e achado em falta e dividido.

Se o mal nunca fosse confrontado, se o pecado nunca fosse punido, Deus não seria justo. Se o Senhor estabeleceu princípios e nunca exigisse seus cumprimentos, para que serviriam os princípios? Ele estabeleceu um código moral – um padrão objetivo de certo e errado – sua leis quando obedecidas dá saúde para os ossos e torna a nossa vida melhor.

1)     Julgamento

Sodoma e Gomorra foram condenadas por causa do pecado. Deus envia dois anjos para tirar Ló e sua família da cidade. Havia um senso de urgência, não há mais tempo, os anjos não deixaram ninguém dormir: “Depressa! Leve daqui sua mulher e suas duas filhas, ou vocês serão mortos quando a cidade for castigada” (Gn 19.15). Mas, Ló hesitou, ou não levou a ameaça de destruição assim tão a sério. 

Imagine alguém chegando à sua casa e dizendo: “Um terremoto vai acontecer daqui a três minutos, e toda está área será destruída. Sei do que estou falando; por isso, você deve ir para o local mais longe que puder”. Você não hesitaria se tivesse confiança no mensageiro e acreditasse na mensagem.

Essa semana vimos nos Estados Unidos o que aconteceu na Flórida. Todos estavam com medo, seria o furacão Milton na escala 5. Sim, o maior furacão há mais de cem anos, poderia arrasar todo o estado da Flórida. Milhões de pessoas saíram, fugiram para o norte dos Estados Unidos com medo do furacão. Quando ele passou, diminui na escala 3 e 16 pessoas morreram.

Os anjos disseram: “Fujam por amor à vida! Não olhe para trás e não pare em lugar nenhum da planície. Fuja para as montanhas, ou você será morto! (v. 17). Em essência, eles disseram: agora, não há mais nada para você aqui. Sua vida em Sodoma acabou; olhe apenas para o futuro que está à sua frente. O que acontece aqui, agora, é entre Deus e esse povo depravado. Não há nada da sua conta aqui.

O texto bíblico nos diz: “Quando Ló chegou a Zoar, o sol já havia nascido sobre a terra. Então o Senhor, o próprio Senhor, fez chover do céu fogo e enxofre sobre Sodoma e Gomorra. Assim ele destriu aquelas cidades e toda a planície, com todos os habitantes das cidades e vegetação”. Sim, tudo foi destruído, uma planície rica, cheio de vegetação, agora, totalmente destruída. O fogo e o enxofre acabaram com tudo, tudo, nada restou, todas as cidades pereceram...

“Contudo a mulher de Ló olhou para trás e, imediatamente, transformou-se numa estátua de sal” (Gn 19.26). Os anjos disseram: “Não olhe para trás” (Gn 19.17). A mulher de Ló recusou obedecer ao mandamento. Seu coração estava em Sodoma, embora seu corpo estivesse fora da cidade. Esse é o principio: “A amizade do mundo é inimiga de Deus” (Tg 4.4). Mas, ela olhou e se transformou numa estátua de sal.

Conclusão

Duas bombas caíram sobre Hiroshima e Nagasaki, no final da segunda guerra mundial, as cidades se arrasaram; mas de trezentas mil pessoas morreram. Contudo, se você visitar as duas cidades foram reconstruídas novamente. Mas, Sodoma e Gomorra, continuam com um deserto abrasador e com muitas montanhas de sal e pedras de enxofre! Um vazio tomou conta de toda essa região...

 

Há um tempo, não sabemos quando,
Um lugar, não sabemos onde,
Que marca o destino do homem
Em glória ou desespero.

Há uma linha, para nós invisível,
Que atravessa cada caminho, 
A fronteira oculta entre
A paciência e a ira de Deus.

Oh, qual é aquela misteriosa linha
Que atravessa o caminho do homem,
Além da qual, Deus mesmo jurou,
A alma que for, estará perdida?

Quanto tempo poderei continuar em pecado?
Quanto tempo Deus me poupará?
Onde termina a esperança e Começam os limites do desespero?

A resposta dos céus está enviada:
Vós que de Deus vos afastais,
Enquanto o dia é hoje, arrependei-vos
E não endureçais o coração.

terça-feira, 8 de outubro de 2024

 Dias difíceis e pessoas selvagens 2 Tm 3.1-5 

Introdução

O que dizer dos tempos atuais? O que dizer da sociedade progressista que vivemos? Deus é a verdade, não somente a verdade, é a fonte de toda verdade, ele é a absolutização da verdade. No entanto, a sociedade, prefere o engano, a mentira, a relativização de todo conceito.  Para eles, tudo é válido, a mentira e a verdade, não são absolutos, depende do ponto de vista. A palavra de Deus, para muitos, é um conto de carochinha; o céu e o inferno, não importa. O que importa mesmo é viver “Comamos e bebemos, porque amanha morreremos”. A vida é uma festa, prazeres, musicas, bebidas, etc.

1)     Temos difíceis

O apostolo Paulo adverte: “Saiba disto: nos últimos dias sobrevirão tempos terríveis” (2 Tm 3.1). Ou, “Quero que você saiba de uma coisa...” O tempo verbal exprime ação de “saber continuamente”. Em outras palavras: esteja atento, perceba, preste atenção, tenha isso sempre em mente. A versão de Eugene Peterson está corretíssima: “Não seja ingênuo. Tempos difíceis vem por aí” (A mensagem). 

Nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis”. Alguns sugerem que Paulo se referia à grande tribulação, antes da vinda de Jesus. Mas o uso da expressão “nos últimos dias” se refere com mais frequência ao tempo entre o nascimento do Messias em Belém, sua vida e sua morte e a sua segunda vinda ao mundo. Ou seja, vivemos nos últimos tempos, tempos difíceis...

E, mais, o termo “chalepos”, traduzido por difíceis, só é usado uma outra vez no Novo Testamento para descrever os dois homens endemoninhados que viviam entre as sepulturas perto de Gadara. Eles, capacitados pelo maligno, arrebentaram as cadeias que prendiam e aterrorizavam a região com sua extrema violência: “...eram tão agressivos que ninguém podia passar por aquele caminho” (Mt 8.28). 

A palavra pode ser traduzida também como “feroz”, “difícil de tolerar”, “perigoso”, “duro” ou “selvagem”. O grego clássico usava o termo para descrever animais selvagens ou o mar revolto. Isto é: “nos últimos dias, teremos tempos selvagens”. 

2)     Pessoas difíceis

Não seja ingênuo. Tempos difíceis vem por aí. A medida que o fim se aproxima, os homens vão se tornando egocêntricos, loucos por dinheiro, fanfarrões, arrogantes, profanos, sem respeito para com os pais, cruéis, grosseiros, interesseiros sem escrúpulos, irredutíveis, caluniadores, sem autocontrole, selvagens, cínicos, traiçoeiros, impiedosos, vazios, viciados em sexo e alérgicos a Deus. Eles vão fazer da religião um espetáculo, mas nos bastidores se comportam como animais. Fique longe deles!” (2 Tm 3.1-5 A mensagem).

“Pois” as pessoas seriam difíceis. A palavra empregada para se referir a “homens” é um termo grego que significa humanidade, ou seja, homens e mulheres se tornarão pessoas complicadas. Serão “Egoístas, avarentos, presunçosos...” Todas as designações são pessoas que amam a si mesmas. Quando a busca pelo amor próprio se torna o principal objetivo da vida, essa compulsão passa a corromper tudo o que está por perto. São narcisistas, isto é, amantes de si mesmos (“Eu me amo”) e buscam acima de tudo o conforto e a promoção do ego. 

Avarentos”, são materialistas, buscam riqueza e a posse como um meio de poder, controle, segurança, status, valor pessoal e até mesmo amor. “Jactanciosos” ou presunçosos, isto é gente soberba, que gosta de impressionar as pessoas com conversas. “arrogantes” vem de “aparecer” ou “tornar evidente”, para a ideia de parecer estar sobre os outros, é o orgulhoso, que está sempre olhando para baixo, para as coisas e as pessoas. Enquanto está olhando para baixo, não pode ver algo que está acima dele.

“Blasfemadores”, blasfemar é amaldiçoar ou difamar alguém, tratar alguém verbalmente com desprezo. Para esses homens selvagens, narcisistas, você e os outros não tem nenhuma importância, exceto quando o ajudam a promover seus interesses. “Desobediente aos pais”, a expressão descreve aquelas pessoas grosseiras e insolentes com os pais. Não aceitam os conselhos dos pais. 


“Ingratidão”. Gratidão é uma coisa, ingratidão é o inverso. Ingratidão é a negligencia em perceber o valor do sacrifício de outro indivíduo. Refere-se a um esquecimento deliberado do passado por causa da ganancia cega do presente. O que Deus espera de nós é gratidão. “Olhem para a rocha da qual foram cortados e para a pedreira de onde foram cavados (Is 51.1)”. Lembre-se da rocha de onde você saiu. Lembre-se daqueles que sacrificaram para que você pudesse se tornar o que é hoje. Lembre-se também da graça de Deus, que o sustentou desde o início. A mesma graça que o resgatou das chamas do inferno.  

“Irreverentes”. São pessoas egoístas que vivem na secularidade, sem qualquer ligação com as coisas santas de Deus, e, mais do que isso, sem qualquer desejo por essas coisas. “Desafeiçoados” são pessoas que não demonstram sentimentos, pessoas geladas, sem afeição, sem compaixão, coisas básicas por seus irmãos, pais ou filhos.

“Implacáveis”. A palavra descreve pessoa que não está disposta a resolver conflitos ou a se reconciliar. Uma pergunta: Há alguém que você precisa perdoar? O texto bíblico exorta: “Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus os perdoou em Cristo” (Ef 4.32).

Parte da razão do colapso de nossos relacionamentos está no fato de não darmos a eles tempo suficiente para prosperar. Se as coisas estão difíceis, desistimos; se temos a impressão de que o relacionamento nunca dará certo, largamos. Se a felicidade e o sucesso não vem imediatamente, viramos as costas.

“Caluniadores”. A palavra grega é “diabolôs”, diabo. Caluniar é divulgar informações que não temos coragem de dizer na presença da pessoa em questão. Caluniar é agir com malicia, e é dessa forma que o diabo opera. O cristão, entretanto, não deve agir desse modo. “Sem domínio de si”, é companheiro da calunia, andam juntos. A pessoa não é apenas incapaz de controlar sua língua, é incapaz de conter a si mesmo. O termo se refere à falta de controle, especialmente, à luxuria corporal. 

“Cruéis”. A palavra cruel se refere àquela atitude selvagem, sem nenhum traço de compaixão, ou sensibilidade. É um termo usado para se referir a animais bravios que atacam sem piedade. “Inimigos do bem”, que significa literalmente alguém que não ama o bem. É aquela pessoa que perdeu o paladar para as coisas éticas e morais e se sente mal na presença de indivíduos verdadeiramente piedosos.

“traidores” aparece ligado ao nome de Judas Iscariotes, considerado traiçoeiro. É uma palavra usada para se referir a quem se volta contra você. É aquela pessoa que lhe acompanha durante anos e aparenta ser seu amigo, contudo, certo dia, sem nenhum aviso, a pessoa o surpreende agindo com deslealdade, fingimento e traição. 

“atrevidos” e “soberbos”. O primeiro se refere às pessoas cujo modo de agir é impulsivo, inconsequente e irresponsável; é a pessoa que corre para cair. O segundo é sinônimo de presunçoso, arrogante, que está “envolto em fumaça”, ou “com a cabeça nas nuvens”, alguém cuja percepção de si mesmo está acima de tudo mais;  é aquela pessoa que atropela o mundo inteiro em busca de seus interesses.

Conclusão

“...tendo a aparência de piedade, mas negando o seu poder...” As pessoas preservavam exteriormente uma “forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder” (v.5). As pessoas participavam do culto, cantavam os hinos da igreja, dizimavam ou ofertavam. Ou seja, tinham aparência e palavras notoriamente piedosas. Mas era sem poder, aparência externa sem realidade interna sem moral, fé sem obras.