terça-feira, 4 de julho de 2023

 A festa do pentecostes – Levitico 23.16-21



Introdução

As três primeiras festas, as comemorações da Páscoa, dos pães asmos e das primícias na primavera, eram fundamentais. A páscoa era o alicerce: Israel precisava aprender que a sua própria existência se baseava na graça, pois era remida pelo sangue do cordeiro pascal. A festa do pão ázimo ensinava que o povo libertado era um povo santo, livre não apenas de nome, mas verdadeiramente livre do poder escravizador do pecado e da idolatria e chamado para viver como tal. E a festa das primícias celebrava os primeiros frutos na terra prometida, a primeira colheita que Deus estava dando ao seu povo. 

As três festas apontavam para o ministério terreno de Cristo. Ele morreu na páscoa (sexta feira) como sacrifício expiatório por nossos pecados, como nossa justificação “Ele foi entregue a morte para pagar todos os nossos pecados...” (Rm 4.25). Foi sepultado na festa dos pães asmos (sábado) como nossa santificação e, em sua graça, rompeu o controle exercido pelo pecado. Ressuscitou na festa das primícias (domingo) sendo seu próprio corpo ressurreto o primeiro feixe de cereal da nova criação por vir “...ressuscitado para nossa completa justificação” (Rm 4.25).

1)     O pentecoste

A festa das semanas (pentecoste) era uma celebração da colheita que concluía a comemoração iniciada com a festa das primícias. Da Páscoa ao pentescoste passaram-se 50 dias, portanto, pentecoste, no grego, é quinquagésimo. Então, a festa tem inicio quando Israel seguiu a orientação para “contar” os dias depois da festa das primícias: “Contem sete semanas completas. Contem cinquenta dias...então apresentem uma oferta de ceral nova ao Senhor” (Lv 23.15-16). 

A cada noite: o dia que havia terminado era marcado pelo chefe da família de uma maneira criativa para ensinar às crianças a promessa e expectativa da esperança da colheita. O povo usava o Salmo 67, onde era recitado a cada dia seus 7 versículos com 49 palavras (em hebraico) e acrescentavam um simbolismo que ia além do tema da colheita: “Que a terra dê a sua colheita, e Deus, o nosso Deus, nos abençoe” (Sl 67.6). 

Depois da contagem e da espera, enfim, o dia da festa chegava (quinquagésimo dia), no encerramento da colheita. Era o dia de santa convocação, quando toda comunidade se reunia para se regozijar com as boas dádivas da fartura divina. Israel apresentava porções simbólicas da farta colheita num momento de culto que assumia o caráter de celebração de ação de graças. Também oferecia nesse dia oferta de manjares com cereais frescos, traziam sete cordeiros (oferecidos como holocausto), dois cordeiros (ofertas de comunhão, de paz), um bode (oferta de confissão, de arrependimento). 


Com o passar do tempo, contudo, as tradições em torno da festa da colheita começaram assumir um novo caráter, duas mudanças importantes ocorreram: Primeira a festa não era mais chamada de semanas, mas de Pentecostes; segunda, a festa tornava formalmente vinculada à entrega da lei do Senhor no Sinai.

A chegada do povo de Israel no Sinai (Ex 19), cinquenta dias depois de partir do Egito, Israel havia, de fato, acampado no sopé desse monte. O texto relata com os israelitas se aproximavam de Deus com terror. A montanha coberta de fumaça estremecia com violência enquanto raios cortavam o céu e trovões ribombavam com tamanha força que todos tremiam de medo. Israel devia manter-se afastado, pois do contrário morreria, somente Moisés poderia subir ao monte para falar com YHWH. 

2)     Uma colheita diferente

Em Atos dos Apóstolos no inicio do capitulo todo povo judeu estava em Jerusalém para comemorar a festa de pentecostes. Antes, no capitulo 1, Lucas relata as palavras de Jesus aos seus discípulos: “Não saiam de Jerusalém, mas esperem pela promessa de meu pai, da qual lhes falei” (Atos 1.4). Antes, deviam esperar “...o poder...Espirito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda Judéia e Samaria, e até os confins da terra” (Atos 1.8). 

Jesus orientou seus discípulos a esperar com grande expectativa pela dádiva que faria avançar a obra graciosa da redenção, pois a dádiva à qual o Messias se referiu não era a Torá, ou a lei de Moisés, mas a vinda graciosa do Espirito Santo. No tempo da lei, de Moisés, quando Deus entregou os dez mandamentos ocorreu “houve trovões e raios, uma densa nuvem cobriu o monte...todos no acampamento tremeram de medo...com chamas de fogo” (Ex 19.16-18). 

Mas, o Pentecostes foi acompanhado “veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa na qual estavam assentados. E viram o que parecia línguas de fogo, que se separaram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espirito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espirito Santo os capacitava” (Atos 2.1-4).

Aqui em Atos, Deus não tinha em mente e no coração uma colheita de trigo e cevada, mas uma celebração da colheita da redenção, de vidas que havia se iniciado com o próprio Cristo. Se Cristo era o primeiro feixe (festa das primícias), a colheita mais plena faria os cestos transbordarem e se espalharia pra todos os cantos da terra.

Em Jerusalém nesse dia “Havia em Jerusalém judeus, tementes a Deus, vindo de todas as nações do mundo...partos, medos, elamitas, habitantes da mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto e da Provincia da Ásia, Frigia, Panfilia, Egito e das partes da Libia próximas a Cirene; visitantes de Roma... cretenses e árabes...”(Atos 2.5-11). Ao citar o profeta Joel, o apostolo Pedro sugere uma redenção tão grandiosa que incluiria jovens e velhos, homens e mulheres e todas as nações “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Atos 2.21). 

Jesus em seu ministério terreno percorreu as estradas poeirentas da Judéia, Galileia, Peréia, Samaria, etc, e convidando o povo pessoalmente a segui-lo por meio de seus ensinamentos e curas. E, havia também explicado, que o reino de Deus estava “dentro deles”, posteriormente, o Espirito Santo se faria presente em poder onde Cristo estivera presente de forma física.

E somente pelo poder do Espirito Santo derramado o reino de Deus se expandiria da presença física de Jesus para os confins da terra; somente por meio da ousadia concedida pelo Espirito para homens comuns pregarem, o alcance pleno de sua redenção se tornaria conhecido. “Assim como um corpo sem respiração é um cadáver, a igreja sem o Espírito Santo é morta. Pois é o Espírito que produz o novo nascimento, o caráter cristão (o fruto do Espírito) e a unidade do corpo. É o Espírito quem concede os dons para o serviço e o poder para a realização do trabalho”.

Jesus fez menção de tudo isso em seus ensinamentos aos discípulos perto do final de seu ministério, ao explicar: “Aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai” (Jo 14.12). 

Os discípulos não haviam entendido. Como seria possível que eles pescadores incultos da Galiléia, pudessem realizar obras maiores do que as de seu mestre? Afinal, ele havia ressuscitado pessoas, curado paralitico, feito cego vê, o leproso fora limpo por seu toque, e, ensinou com uma sabedoria que invejavam os religiosos. Como que faremos mais obras? “Recebereis poder ao descer sobre vós, e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda Judéia e Samaria, e até os confins da terra” (Atos 1.8).

Conclusão

Satanás é chamado de “príncipe do mundo” (Jo 14.30). Com a morte e a ressurreição de Cristo seu poder foi quebrado “e, tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles um espetáculo publico, triunfando sobre eles na cruz” (Cl 2.15). Agora, com a ascensão de Cristo, a permissão de Satanás de enganar as nações havia chegado ao fim. Agora, toda autoridade pertence a Jesus: “Toda autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mt 28.19),

Ou, quando o apostolo João está na ilha de Patmos e vê o Cristo ressurreto, ele relata: “Quando o vi, caí aos seus pés como morto. Então ele colocou sua mão direita sobre mim e disse: "Não tenha medo. Eu sou o primeiro e o último. Sou aquele que vive. Estive morto, mas agora estou vivo para todo o sempre! E tenho as chaves da morte e do Hades” (Ap. 1.17-18).

Deus não seria mais conhecido apenas por Israel, não precisaria mais como a Rainha de Sabá fez, sair da Etiópia para conhecer o Deus Todo Poderoso. O evangelho de Cristo, agora, é levado às nações com forma centrifuga, impelido para fora em todas as nações do mundo. 



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