A festa das trombetas Lv 23.23-25
Introdução
As festas judaicas são celebração “ou santas convocações” que
aconteciam no calendário do povo judeu. A festa da pascoa celebrava a libertação
do povo da escravidão no Egito, um cordeiro de um ano e sem defeito era imolado,
seu sangue aspergido nos umbrais das portas. A festa do pão ázimo, durava sete
dias e o povo não podia comer pão sem fermento; fermento era símbolo da
corrupção, pecado. Agora, saindo do Egito, indo em direção a terra prometida o
povo deveria viver em consagração ao Senhor.
A festa das primícias começa a colheita da lavoura em Israel, o povo está na terra prometida. Traziam os primeiros frutos da terra, como cevada e trigo; os primeiros frutos eram levados ao templo e o sacerdote chacoalhava os primeiros frutos diante do Senhor. Apontava para a ressurreição de Cristo, os primeiros frutos. E, finalmente, a ultima festa da primavera: a festa do pentecostes (quinquagésimo). Que acontecia cinquenta dias depois da Páscoa; celebrando nesses quarenta nove dias a colheita dos frutos da terra.
No fim da primavera era um período de muito vento em Israel. Jesus
conta a parábola do trigo e joio. “O
agricultor semeou boas sementes em seu campo...o inimigo veio, semeou joio no
meio do trigo e foi embora” (Mt 13.25). Dias depois os servos disseram: “O campo em que o Senhor semeou está
cheio de joio...devemos arrancar o joio?” (Mt 13.27-28). Respondeu o
agricultor: “Deixem os dois crescerem
até a colheita” (Mt 13.30).
Colheita aqui é pentecostes. No dia da colheita o joio é tirado e queimado no fogo e o trigo, ajuntado em feixes e levado ao celeiro. Duas lições: Primeiro, eles sabiam diferenciar o trigo do joio. Então por quê tolera? O joio não tem raiz, logo, prende suas raízes na raiz do trigo. Por causa do trigo, o agricultor tolera o joio. Segundo, no dia da colheita o vento sopra forte, o trigo se inclina, dobra, por causa dos frutos. Mas, o joio, é rígido, não verga, não dobra, mantém-se em pé. Quem está encurvado é trigo, quem está de pé é joio.
1)
A
festa da trombeta
Em Israel havia dois tipos de trombetas. As trombetas de prata, eram instrumentos de metal. Em geral, eram usadas para fins comunitários: convocavam Israel para se reunir e transmitiam instruções durante a peregrinação do povo pelo deserto. A segunda trombeta, mais importante para a vida da fé dos israelitas, era o chifre de carneiro ou shofar. A festa das trombetas (“Yom ruah”, ou “dia de soprar”) era um festival estruturado, originalmente em torno do som desses instrumentos. Os levitas eram músicos habilidosos, era uma festa insistente, bela, majestosa e sonora.
O som da trombeta de chifre de carneiro possuía um significado
arraigado na história da redenção. Quando ordenou que Abraão sacrificasse Isaque
sobre o altar (Is 22), Deus ofereceu um carneiro como substituto para o filho. Por
meio do seu sangue, o animal proporcionou livramento divino. Desde esse dia, a
trombeta de chifre de carneiro passou a despertar e renovar a lembrança. Esse
seria o som da presença de Deus.
O som da trombeta de chifre sinaliza a presença de Deus no
meio do seu povo. Acampado no sopé do Monte Sinai, convocado para o monte pelo
som do shofar (Ex 19.13), o povo de Israel foi ao encontro do Deus que o havia
remido e, portanto, possuía direitos reais de governar sobre eles, como Senhor: “Eu
sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão”
(Ex 20.2).
“Subiu Deus por entre aclamações,
o Senhor, ao som de trombetas. Salmodiai a Deus, cantai louvores; salmodiai ao
nosso rei, cantai louvores. Deus é o rei de toda a terra; salmodiai com
harmonioso cântico. Deus reina sobre as nações; Deus se assenta no seu santo
trono” (Sl 47.5-8).
O som da trombeta de chifre de carneiro era uma convocação para lembrar. Lembrar da queda de Jericó. Depois de marchar sete vezes em torno da cidade (Js 6), o povo foi instruído a soar a trombeta de chifre de carneiro. O som de shofar invocou a intervenção de Deus e convocou Israel a agir com a coragem que nasce da fé. Quando as muralhas caíram, a mensagem era essa: foram derrubadas pela mão forte de Deus. As ruinas de Jericó serviriam para lembrar o povo do som da trombeta e do Deus que era seu rei e redentor.
No entanto, com o passar do tempo o povo não se lembrou de
Deus. O esquecimento representou um rompimento da aliança com Deus. Moisés
havia advertido solenemente: “guarda-te,
para que não esqueça o Senhor que te tirou da terra do Egito” (Dt 6.12).
Deus enviou profetas cuja voz comparada ao toque do shofar para advertir a
cidade do julgamento. O profeta Jeremias anunciou como uma trombeta: “...tocai a trombeta em Tecoa e levantai o
facho... porque do lado do norte surge um grande mal, uma grande calamidade. A formosa
e delicada, a filha de Sião eu deixarei em ruinas” (Jr 6.1-2).
2)
A
trombeta do evangelho
O som da trombeta ecoa pelos testamentos. No Novo Testamento a trombeta é a pregação do evangelho por vozes humanas. No grego “Kerusso”, forma verbal, transmite a ideia do anuncio feito por um arauto investido de autoridade real, que declara sua chegada com toques de trombeta e anuncia a palavra de um rei. Portanto, a pregação, ou o “Kerugma” é o novo som do antigo shofar.
Falavam em sinagogas, nas ruas, em esquinas, perto do rio,
nas praças ou lugares de reunião. Como o apostolo Paulo pregou sobre Cristo
para filósofos da sua época (Atos 17). A pregação tinha um caráter real, pois
anunciava que Deus, o rei tinha vindo na pessoa de Jesus Cristo e que a sua
chegada requeria uma resposta do ouvinte.
Os primeiros versículos de Atos 18 narram o testemunho de Paulo aos judeus: “...que Cristo é Jesus” (V.5). A reação da multidão foi violenta: opuseram a ele e “blasfemaram”. No capitulo seguinte (Atos 19), Lucas relata a reação à pregação de Paulo em Efésios, uma espécie de solo de trombeta: uns recusaram a mensagem do apostolo Paulo, tendo inicio uma grande revolta popular, colocando em risco a segurança de Paulo. Mas, por outro lado, muitos acreditaram: “...muitos do que haviam praticado artes mágicas, reunindo os seus livros, os queimavam diante de todos. Calculados os seus preços, achou-se que montavam a cinquenta mil denários” (Atos 19.19).
Conclusão
Ouça o som da trombeta com frequência. Nunca deixe de ouvir a pregação da Palavra numa igreja impelida pelo evangelho. Sendo honesto: se você não é transformado pela pregação do evangelho em sua igreja; se a mensagem não está lhe moldando do poder do pecado, ou você é alguém de dura cerviz ou está no lugar errado.
Se envolva numa igreja que entende que o seu chamado é para
fazer soar a trombeta em sua cidade (em Jerusalém, Judéia, Samaria e aos
confins da erra). A igreja existe para o mundo. A igreja vive para que possa
anunciar louvores, pregações a um mundo perdido.
Você precisa pregar (shofar) no lugar em que Deus te colocou. Como os cristãos do século 1 que levavam a palavra para onde quer que fossem, você precisa levar o evangelho para o mundo. Você tem uma história para contar sobre seu casamento e como Deus restaurou, ou te sustentou nos momentos mais difíceis. Você tem uma história, como Deus te libertou dos vícios do pecado, dos ídolos e lhe colocou em sua maravilhosa presença.
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