terça-feira, 6 de junho de 2023

 O sábado e Jesus  Mt 11.28-30 

Introdução

Em nosso país temos um conjunto de festas em nosso calendário; por exemplo, páscoa, natal, corpus cristis, etc. E quando o povo de Deus estava no deserto indo em direção a terra prometida, Deus estabeleceu no calendário do seu povo um conjunto de festas. Cada uma das celebrações, fornecia um indicio, um vislumbre daquele que estava por vir. O apostolo Paulo, mais na frente, chamou as festas de sombras (Cl 2.17).

“Estas coisas são sombras do que haveria de vir; a realidade, porém, encontra-se em Cristo” (Cl 2.17). Pense num homem andando em direção ao oeste numa manhã ensolarada. Enquanto o sol aquece as costas do andarilho, sua sombra se estende adiante e chega antes dele. A sombra não é apenas um exemplo dele, mas sim, um elemento ligado de modo inseparável à sua pessoa. Anuncia que a sua chegada é iminente. 


Jesus é o personagem principal da Bíblia, aquele que faz sombras enquanto se move pela história da humanidade rumo à sua encarnação em Belém da Judéia. A sombra apareceu no antigo Israel em seus sacrifícios e festas. A sombra era a promessa daquele que estava por vir, um retrato bastante real da “realidade” que é “encontrada em Cristo”.

1)   No começo

De acordo com Genesis “Criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). Deus conferiu a responsabilidade de exercer domínio ativo ao sol (o luzeiro maior). Estabeleceu limites para o processo reprodutivo no reino vegetal e animal. Adão devia exercer domínio responsável sempre em sujeição a Deus, o soberano (Gn 1.26-28). “Sejam férteis e multipliquem! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes...as aves e todos os animais...” 

Sob seu cuidado, a criação devia louvar a Deus de novas maneiras. No tocante à sua identidade, Adão era portador da imagem de Deus; seu trabalho, portanto, refletiria a imagem divina. O mandato cultural de Adão e seus descendentes era que cuidasse e zelasse da criação. E quando Deus terminou a criação, declarou: “é muito bom” e, no sétimo dia, descansou (Gn 2.2-3). Aqui o sábado aparece pela primeira vez para marcar alegria e o prazer porque a criação era perfeita e desfrutava Shalom – paz.

Mas a alegria durou pouco. O pecado se infiltrou e corrompeu tudo o que Deus havia criado e desvirtuou tudo o que antes era “bom”. A mulher, criada para descansar nos braços carinhosos do marido e se regozijar com o dom vivificador de dar à luz, gemeria de dores de parto. O homem criado, para se relacionar com o seu criador, agora esconde-se de Deus, o homem criado para ser feliz e produtivo em seu trabalho, provaria da amargura e angustia da labuta.   

Dos escombros de um mundo que se desintegrou, cintila uma claridade tênue, uma luz, Deus anuncia seu plano: esmagará satanás e será vitorioso por meio do “descendente da mulher”. A restauração da alegria e do descanso acarretará em conflito: “Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela; este lhe ferira a cabeça, e você lhe ferira o calcanhar” (Gn 3.15). Precisamos saber o preço do nosso pecado e aprender, pela fé, a ansiar pela redenção de Deus.

2)   Sombras vindouras

Ao longo de todo o Antigo Testamento, Deus interveio de modo direito com mão forte, porém terna, a fim de estimular a fé do seu povo. Deus libertou o seu povo da escravidão de Faraó, Deus levou seu povo para o deserto, cuidou do seu povo. Nesse tempo de deserto, de peregrinação, Deus instituiu festas que serviriam para estruturar, organizar a vida e, ao mesmo tempo, retratar a redenção.

Deus chamou as festas de “santas convocações”, ou     “santas assembleias” (Lv 23.1-2). Vários termos hebraicos se acham por trás dessa tradução para a nossa língua. O primeiro as “festas fixas” instituídas pelo Senhor e regulamentadas por suas ordenanças. Dentre elas, havia as Haggim, festas de peregrinação, ocasiões em que o povo de Israel devia se encaminhar para um lugar central, templo e Jerusalém. 

Quando Israel fosse convocado para uma das festas de peregrinação ou quando as famílias se reunissem nos lares ou nas ruas dos vilarejos para celebrar as outras festas, deviam voltar seus olhos (e sua fé) para o futuro. As festas de Israel não exigiam que Israel negociassem com Deus. Foram instituídas depois dos israelitas serem libertados da escravidão do Egito pela graça maravilhosa de Deus, remidos por essa graça para ser seu povo especial.

O PROPOSITO DAS FESTAS: OS SABADOS, A PASCOA, PÃES ASMOS, DAS PRIMICIAS, PENTECOSTES, TROMBETAS, DIA DA EXPIAÇÃO, TABERNÁCULOS E ANO JUBILEU – ERA AJUDAR O POVO A OLHAR PARA FRENTE, CONFERIR A VIDA UM SENTIDO FUTURO, APONTAR INEXORALVEMENTE PARA O MESSIAS QUE CUMPRIRIA TUDO O QUE AS FESTAS RETRATAVAM. 

3)   Sábados

O sábado não era apenas um dia para ser observado a cada semana. Na verdade, havia sábados no plural, deveriam ser comemorados no sétimo dia, no sétimo ano e ano  jubileu- o sábado dos sábados, uma celebração de um ano inteiro depois do sétimo ciclo de sete anos.

Primeiro, guardar os sábados implicava dar ouvidos ao chamado para “lembrar”. Mas o que Israel devia lembrar? O sábado era uma lembrança da criação: “Lembra-te do dia de sábado para o santificar...porque, em seis dias, fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o Senhor abençoou o dia de sábado e o santificou” (Ex 20.8-11).

O que aprendemos? Que eles se esforçassem para captar a verdade maravilhosa de que todos os aspectos da criação derivavam seu significado e proposito daquele que os fez existir. Portanto, nos dias de sábado, homens e animais deviam tirar uma folga para provar a dadiva do descanso concedido por Deus num mundo exausto e recordar a bondade desfrutada antes da terra ser sufocada por ervas daninhas. No princípio, toda criação era boa; pois havia sido criada pela sua palavra. 

Segundo, quando entregou a lei pela segunda vez (Dt 5.12-15), porém, Deus definiu uma base diferente para a celebração do sábado, a saber, a lembrança do livramento do Egito: “Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito e que o Senhor, teu Deus, te tirou dali  com mão poderosa e braço estendido; pelo que o Senhor, teu Deus, te ordenou que guardasse  dia de sábado” (Dt 5.12-15).

Aqui neste texto, o sábado é caracterizado pelo livramento que se torna foco de todos os sábados. Também nesse caso, era preciso lembrar: Israel devia recordar e relatar a história dos patriarcas  (êxodo) às gerações mais novas. A observância do sábado, era um esforço de fé para vislumbrar a redenção que viria de modo mais pleno no futuro. Ele traria, por fim, o descanso verdadeiro... todos os sábados do Antigo Testamento se cumpririam nele.

Ao “guardar a lei”, como dizem as escrituras, nem mesmo as leis acerca do sábado. Deus queria que seu povo soubesse, a cada geração, que buscar descanso pelos próprios esforços era um projeto destinado a fracassar, pois eles nunca achariam repouso final da busca.

As palavras de Jesus e o modo como observou o sábado são como uma placa de neon num lugar publico para servir como advertência a todas as gerações: ESFORÇAR-SE PARA DESCANSAR NÃO ADIANTA; NEM SE DEEEM O TRABALHO DE TENTAR!

Jesus clamou: Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei” (Mt 11.28). Jesus se refere como “Senhor dos sábado” e corrobora sua afirmação ao curar, no sábado, um homem que tinha uma das mãos ressequidas. Ao rejeitar de modo desafiador as exigências dos fariseus de que honrasse o sábado com abstinência total de trabalho, insistiu que seu trabalho proporcionava descanso. 

O ensinamento principal acerca do sábado consistia no fato de que ninguém encontra descanso por seus próprios esforços, o descanso concedido por Deus seria garantido pela morte de Jesus na cruz como castigo por nossos pecados e como o fim da culpa  que deixa nossa alma tão inquieta.

Conclusão

Paulo disse aos romanos acerca de Jesus: “Foi entregue por causa das nossas transgressões” (Rm 4.25) e “foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravo” (Rm 6.6). Ele explicou a ideia em mais detalhes em sua carta aos gálatas: “Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl 2.19-20). Garantiu aos romanos: “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus” (Rm 5.1). Conclui que, diante da cruz de Cristo: Já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1). 


  

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