terça-feira, 20 de junho de 2023

 A festa dos pães asmos e a santidade  Lv 23.4-8 

Introdução

Um homem ficou viúvo e estava se planejando para casar novamente. Seu pastor lhe perguntou: Depois do casamento, vocês dois não vão morar na sua casa, vão? Ele respondeu: Sim, é o que eu estava pensando, aliás, é mais barato. Então o pastor lhe disse que levar sua esposa para uma casa que havia sido mobiliada e decorada por outra mulher criaria uma situação constrangedora. O conselho do pastor foi simples e incisivo: “Venda essa casa, doe os moveis e rompa completamente com o passado”.

1)     A cerimonia

A festa dos pães asmos começava com a seguinte ordem: “Ao primeiro dia, tirareis o fermento das vossas casas” (Ex 12.15). Nessa festa havia uma tensão dinâmica entre ordens afirmativas e negativas. Por um lado, a festa incluía uma ordem afirmativa: Israel deveria comer o pão asmo todos os dias. Por outro lado, a observância da festa envolvia uma negativa séria: Israel devia retirar todo fermento da casa. 

Antigamente, o fermento era produzido por meio da mistura da água à farinha de trigo que era deixada ao ar livre, o que, depois de alguns dias, provocava fermentação. Essa massa levedada era guardada em casa e misturada à massa nova, quando se fosse fazer o pão. Em Êxodo 12.15, diz que no primeiro diz da festa, devia tirar o fermento de sua casa: “...pois qualquer que comer coisa levedada, desde o primeiro dia até ao sétimo dia, essa pessoa será eliminada de Israel”. Eliminar é pena de morte. 

Então, o povo fez a refeição da Páscoa vestido com roupa de viagem e comeram com pressa, pois o castigo de Deus não tardaria a sobrevir aos deuses do Egito e a vida nova de Israel começaria em meio aos gritos de morte por toda terra. Israel precisava preparar pão para viagem, mas não tinha tempo para a fermentação. 

A remoção de todo vestígio de fermento das casas seria testemunho visível de sua fé e confiança em Deus. Não estavam levando nada do Egito consigo e nenhum poder vivente do passado (ídolos) escravo acompanharia o povo recém libertado na jornada. 

2)     Mais do que migalhas

“Remover o fermento das casas” se transformou numa prática familiar que transmitia o significado central da festa, um significado pedagógico. Na refeição pascal, um dos filhos perguntava ao Pai: “Por que esta noite é diferente?” O pai respondia: “Asmos era remoção do Lêvedo da casa”. Havia uma liturgia praticada pelas famílias nesse dia:

Depois da limpeza normal da casa, a mãe deixava de proposito vários pedaços de pão de fermento espalhados pela casa, alguns grandes em lugares fáceis paras as crianças pequenas e outros minúsculos e em outros lugares mais difíceis para os filhos mais velhos. O pai liderava a aventura. Usando uma vela, uma colher de pau, uma pena e um pedaço de tecido de linho, toda família procura diligentemente pela casa toda até encontrar os pedaços de pão. 

Era muito divertido, as crianças transbordavam de animação, riam cada vez que encontravam uma migalha. Depois de achada todas as migalhas, o pai com todo cuidado e gestos dramáticos, varria o fermento para dentro da colher com a pena (ninguém podia tocá-lo) como se estivesse desativando um explosivo poderoso; depois todas as migalhas eram queimadas. 

O fermento representa a idolatria e a influencia do Egito e seus deuses. Deus ordenou que deixássemos todas essas coisas para tras quando nos tirou de lá pelo sangue do cordeiro. “Nunca se esqueçam disso!” Apesar do Egito fazer parte do passado distante, o poder do fermento ainda estava vivo e continuava representar um risco na vida nova em Canaã. Lá, Israel encontraria os Baalins. “Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima dos céus, nem embaixo na terra...” (Ex 20.3-5).

3)     Acautelai-vos do fermento

Séculos depois, Jesus voltou a alertar sobre o fermento. Advertiu seus discípulos a se guardarem do fermento dos fariseus, dos saduceus e herodes: “Estejam atentos e tenham cuidado com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes” (Mc 8.15). Aqui, Jesus estava se referindo aos ensinamentos desses religiosos que escravizam o povo. Paulo também exorta a igreja de Corinto: “Livrem-se do fermento velho, para que sejam massa nova e sem fermento, como realmente são” (1 Co 5.7). Paulo está exortando aos coríntios a se livrarem do fermento da imoralidade sexual que estava acontecendo diante dos seus olhos. 

São inúmeras as fontes de corrupção dentro de nossas casas, muitos fermos espalhados. Podemos citar a presença de maus hábitos de família, o que assistimos na televisão, o que vemos no computador e no celular, as musicas que ouvimos. Somam-se isso más companhias que nos corrompem com más conversações: “...as más companhias corrompem os bons costumes” (1 Co 15.33). O pastor Luiz Sayao publicou algo em seu Instagram: “Em 1981 estava na USP cursando linguística...eu tinha 18 anos. E todos da Universidade pelo meu comportamento, de ler Biblia, livros bons, frequentar a igreja, etc. E diziam: você é jovem, vai se divertir. Algum tempo depois, uma dessas pessoas tentava tirar a própria vida, mas fui até ele e falei do amor de Jesus, e se converteu”.

Paulo também adverte contra conversação torpe, as palavras vãs, as chocarrices (as bem conhecidas piadinhas), a linguagem obscena “Não haja obscenidade nem conversas tolas nem gracejos imorais, que são inconvenientes, mas , ao invés disso, ação de graças” (Ef 5.4). 

Além disso, devemos considerar que o fermento corruptor não vem apenas das coisas que nos cercam. Na verdade, seu maior poder está muito mais perto, está dentro de nós, naquilo que a Bíblia chama de coração. A Biblia ensina que fomos concebidos e nascemos em pecado (Sl 51.5). Nosso coração é fermentado pelo mal. O profeta Jeremias descreve o coração do homem como sendo “...enganoso...mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto” (Jr 17.9). O apostolo Paulo afirmou: “Não há justo, nem um sequer” (Rm 3.10).

Jesus afirmou para um religioso chamado Nicodemos que era preciso nascer de novo para entrar no reino de Deus. O poder de transformação opera de dentro para fora do novo coração. A pessoa nasce de novo no reino de Deus; entra de modo miraculoso num novo tipo de vida originada e mantida a partir do céu pelo Espirito Santo de Deus, em Cristo temos a “vida eterna”.

Conclusão

A instrução para vasculhar nossa “casa”; quer inclua os pensamentos, os comportamentos morais, as famílias ou as igrejas, parece uma maneira apropriada de honrar essa festa. Quando fazemos isso, buscamos a santidade e, ao mesmo tempo, estamos debaixo da redenção de Cristo caracterizada pela ausência de fermento.

Considere as palavras do sermão do monte: “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus” (Mt 5.20). O bisturi de Jesus corta fundo, vai além das aparências: há mais coisas envolvidas no homicídio do que se vê a superfície: “Não matarás” (Mt 5.21). A ira e o julgamento são evidencias do mesmo pecado: “Qualquer um que se irar contra o seu irmão estará sujeito ao julgamento...ou chama-lo de Raca ... louco...corre o risco de ir para o fogo do inferno” (Mt 5. 21.22). 

Há mais coisa envolvida no adultério do que trair a esposa; o hábito de tantos homens de medir uma mulher de alto a baixo com os olhos cheios de deseja sensual “só para brincadeira”. “Qualquer que olhar para uma mulher para deseja-la, já cometeu adultério com ela no seu coração” (Mt 5.28). E acaba corrompendo o amor conjugal que deve ser puro, fiel e verdadeiro. 



Por que Jesus nos faz passar sem anestesia por essa cirurgia da alma? Seu exame visa revelar o fermento em nossa vida. Suas palavras não são apenas conselhos que podemos “aceitar ou rejeitar”. Refletem seu direito como rei. Em seu reino, não há lugar para o fermento. Seu exame é exigente: “Se o seu olho direito o fizer pecar, arranque-o e lance-o fora. É melhor perder uma parte do seu corpo do que ser todo ele lançado no inferno. E se a sua mão direita o fizer pecar, corte-a e lance-a fora. É melhor perder uma parte d seu corpo do que ir todo ele para o inferno” (Mt 5.29-30). 



 

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