terça-feira, 13 de junho de 2023

 Pascoa e Jesus -  Lv 23.1-8 


Deus estabelece para o povo de Israel sete festas (Lv 23), estas festas estão relacionadas com o calendário agrícola de Israel, demarcam o inicio da agrícola e o fim da colheita. O Senhor diz que a Palestina era uma “terra de trigo e cevada, videiras e figueiras e romãzeiras, azeite de oliva e mel” (Dt 8.8). No capitulo 23 encontra-se a palavra “santo” dez vezes, ressaltando o propósito da festa. Também se destaca o numero sagrado “sete”, que significa: “totalidade, culminância ou perfeição”: sábado (sete dias), sétimo ano (descanso), havia sete semanas entre a pascoa e o pentecoste, a pascoa durava sete dias e a festa do tabernáculo, sete dias.

A primeira festa é a páscoa, que é comemorada no mês de abril (abibe), nela se celebra o livramento do povo de Deus do Egito. A segunda, é a festa dos pães ázimos um período que o povo de Israel, logo a pascoa, ficava comendo pão sem fermento, dando a idéia de separação, consagração. A terceira festa é a festa das primícias, quando inicia a colheita do trigo e da cevada, a primeira parte da colheita era levada perante o Senhor. A quarta festa é a de pentecoste (quinquagésimo, cinquenta dias da pascoa), também celebrava as colheita final. A quinta festa é a das trombetas que era uma convocação, shofazes tocavam sete dias seguidos anunciando a festa da expiação. E a sexta festa é a expiação, confissão nacional, um cordeiro era morto. E a sétima festa é a festa dos tabernáculos em que o povo se lembrava dos quarenta anos no deserto. 

1)     Libertação

O povo de Israel estava escravizado no Egito. Os egípcios “lhes fizeram amargar a vida”. “Ouvindo Deus o seu gemido, lembrou-se da sua aliança com Abraão, com Isaque e Jacó” (Ex 2.24). O povo de Deus, no entanto, o apagou de sua memória. Na sarça ardente, Moisés perguntou: “Qual é o seu nome?” E Deus respondeu: “Eu sou o que sou”. Portanto, Moisés deve voltar ao Egito, falar tanto com Israel e quanto com Faraó e apresentar YHWH como o Deus que é, de fato, em comparação com os deuses que não são. 

YHWH envia dez pragar sobre o Egito, atingindo frontalmente suas divindades: A primeira praga transformou a agua do Nilo em sague (Ex 7.14-24), confrontando o deus Hapi. Na segunda praga, Deus enviou rãs (Ex 8.1-15), mostrando o desprezo de Deus ao deus Heqt (deusa rã).

Na terceira praga vieram os piolhos (Ex 8.16-19), um soco no deus Geb; na quarta praga, uma onda de moscas (Ex 8.20-32), um ataque ao deus Khepfi (deus dos insetos). A quinta praga todo rebanho foi afetado, mostrando a impotência de apis (o deus touro). A sexta praga vieram ulceras que afligiam homens e mulheres (Ex 9.8-12), um gancho direto no queixo de Imthotep, a divindade da cura.

A sétima praga o granizo (Ex 9.13-35), destruí todas as plantações e devastou o Egito e confrontou Nut (deusa da colheita). Na oitava praga os gafanhotos praticamente comeram quase toda plantação, humilhou Anubis, deus dos campos. E, com a nona praga, uma escuridão palpável, e tão densa qu era (Ex 10.21-29), revelou a fragilidade do grande Amon-Rá, o deus sol e pai dos Faraós. 

2)     A pascoa

A ultima praga seria a morte de todo primogênito cuja casa não possuía o sangue. Se o seu povo confiasse de fato em YHWH, viveria pelo sangue do cordeiro. Se duvidasse e não marcasse as portas com sangue seu primogênito seria morto com os primogênitos do Egito. Deus deu algumas instruções:

Tratava-se de uma celebração familiar e cada homem deveria escolher um cordeiro para a sua casa e só compartilhá-lo com o vizinho se sua família fosse pequena demais para consumir o cordeiro inteiro (Ex 12.3-4). Portanto, a participação era exclusiva a comunidade do povo de Deus

O cardápio era simples: um cordeiro ou um cabrito de um ano “sem defeito” (Ex 12.5), escolhido no décimo dia do mês mas imolado no décimo quarto dia. Por que separado no décimo dia? Dois propósitos: o cordeiro teria que conviver com a família durante quatro dias; tinha que ficar para ser avaliado, não podia ter defeito, mácula. 

Então no décimo quarto dia o cordeiro era imolado, assado ao fogo e consumido por inteiro: “cabeça, pernas e vísceras” (“fressuras”) (Ex 12.9). Se não conseguisse comer todo cordeiro, o resto deveria ser queimado. Também ervas amargas e pães asmos. As ervas amargas constituíam os acompanhamentos simples. As ervas amargas o lembrariam de sua própria história, dos séculos de opressão cruel e tirania severa. Os pães asmos contariam outra história, sobre um novo começo, um rompimento com o passado infeliz e o ingresso numa vida radicalmente nova e diferente. 

“Passem, então, um pouco de sangue nas laterais e nas vigas superiores das portas das casas nas quais comerão o animal” (Ex 12.7). as nove horas da manhã do dia 14 de Nisã, o cordeiro era amarrado, onde ficava aguardando a imolação na hora do sacrifício da tarde. As três horas da tarde o cordeiro era morto, sua garganta era cortada e seu sangue aspergido sobre as portas.  O sangue era cobertura, protegendo seu povo da justiça a ser executada pelo anjo da morte. O termo hebraico para Páscoa é “Pessach”, que retrata a imagem vivida de um Deus que “abre as asas” sobre o seu povo a fim de protege-lo e salvá-lo. 

3)     Eis o cordeiro que tira o pecado do mundo

João Batista estava junto ao rio jordão batizando para o arrependimento, mas “Quando viu Jesus passar, olhou para ele e afirmou: Vejam é o cordeiro de Deus” (Jo 1.36). Paulo afirma que “...Cristo nosso cordeiro pascal, foi sacrificado” (1 Co 5.7). Jesus morreu na pascoa. E no livro de hebreus fala sobre o seu sacrifício: “pois não temos um sumo sacerdote que não seja capaz de compadecer-se das nossas fraquezas, mas temos o sacerdote supremo que, à nossa semelhança, foi tentado de todas as formas, porém, sem pecado algum” (Hb 4.15). 

Em João 14.6, Jesus afirma: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim”. No Antigo Testamento o tabernáculo era dividido em três partes: o átrio, o lugar santo e o lugar santíssimo. No átrio ficava o altar do holocausto e a pia da purificação. Quando Jesus diz: “Eu sou o caminho”, ele está apontando para o átrio, ou seja, lugar do sacrifício, lugar da morte e da purificação. Então, ninguém pode chegar ao lugar santíssimo se não passar pelo átrio. 

“Eu sou a verdade” que é um símbolo do “O lugar santo”, onde ficava a mesa dos pães da preposição (que alimentava os sacerdotes), o castiçal de ouro (símbolo da luz que não apaga) e o altar do incenso (que subia um incenso aromático o tempo todo, símbolo da oração).

“Eu sou a vida” E, por fim, temos o “Santo dos Santos”, onde ficava a arca do concerto, lugar da presença de Deus, da sua manifestação, onde o sangue era aspergido em cima da tampa da propiciação e os pecados eram perdoados. Só o Sumo sacerdote entrava uma vez no ano para oferecer sacrifício no dia da expiação. Assim, Jesus daria a sua vida por todos nós.

 Conclusão

Jesus reuniu seus discípulos para comemorem a pascoa. Então “Jesus pegou o pão, deus graças, quebrou-o, e o deu aos seus discípulos, recomendando: tomai e comei; isto é o meu corpo. Em seguida tomou o cálice, deu graças e o entregou aos seus discípulos, proclamando: Bebei dele todos vós... é o meu sangue... para remissão de pecados” (Mt 26.26-28).

O cordeiro para o povo era preso à estaca às nove horas da manhã. No momento em que o sumo sacerdote estava amarrando o animal na estaca, Jesus estava sendo pregado na cruz do outro lado do muro, diante dos olhos do mundo. À tarde, às 15 00 hs, no horário tradicional da imolação do “cordeiro para o povo”, o sumo sacerdote cortou a garganta do animal e conclui a oferta da paz com a declaração litúrgica: “Está consumado”.

Exatamente no mesmo instante, do outro lado do muro, Jesus, o sumo sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque, clamou: “Está consumado!” e deu seu ultimo suspiro (Jo 19.30). 

O cordeiro perdoou nossos pecados. Estávamos presos no Egito, escravizados. Hoje, o pecado continua sendo um capataz cruel. A libertação é possível por meio da morte, não apenas do cordeiro, mas também dos deuses que os nossos corações insensatos se curvam.

O cordeiro tem graça para nos conceder. É a graça que salvou, é a graça que buscou o mais vil pecador no mais denso pecado e transportou para o reino do filho amado. “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8-9).

O cordeiro nos justifica de todo pecado. Paulo afirma: “Tendo sido, pois, justificado pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo por meio de quem obtivemos acesso pela fé a esta graça na qual agora estamos firmes; e nos gloriamos na esperança da gloria de Deus” (Rm 8.1).

O cordeiro nos concede a verdade liberdade. Disse Deus: “Este mês será o principal dos meses; será o primeiro mês do ano” (Ex 12.2). tudo começou com o poderoso livramento que Deus deu ao seu povo. Fomos redimidos, comprados, libertados do pecado. “...Não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito, e sem macula, o sangue de Cristo” (1 Pe 1.18.19).  

 




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