terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

 O Bezerro de ouro e nós. Ex. 32.1-6 

Introdução:

Vimos, nos capítulos 25 à 30 de Êxodo as instruções dados pelo Senhor quanto ao tabernáculo: a arca do Senhor, a mesa da presença, o candelabro, o véu que separava o lugar Santo do Santíssimo e, paramos no Altar de Bronze e necessidade do sangue de animais. Agora, folheando, os capítulos 35 à 40, Moisés, apresenta, os detalhes, pormenores da construção, execução do Tabernáculo. 

Aqui, deparamos com duas coisas: Primeiro, os artesãos, Bezalel e Aoliabe, o texto diz: “...Homens capazes, a quem o Senhor concedeu destreza e habilidade para fazerem toda obra de construção do santuário, realizarão a obra como o Senhor ordenou” (Ex 35.1). Segundo, em Êxodo 25, Deus deu uma ordem: “Diga aos israelitas que me tragam uma oferta. Receba-a de todo aquele cujo coração o compelir a dar”. O apostolo Paulo quando escreveu aos macedônios quanto a contribuição á igreja da Judéia, ele diz: “Cada um dê conforme determinou em seu coração, não com pesar ou por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria” (2 Co 9.7). Agora, veja a resposta do povo de Israel: “E o povo continuava a trazer voluntariamente ofertas, manhã após manhã. Por isso, todos os artesãos habilidosos que trabalhavam no santuário interromperam o trabalho e disseram a Moisés: O povo está trazendo mais do que o suficiente para realizar a obra que o Senhor ordenou” (Ex 36.3,4).

E, tudo chega ao ápice quando a glória de Deus desce sobre o Tabernáculo em Êxodo 40.34-38: “Então a nuvem cobriu a tenda do encontro, e a glória do Senhor encheu o tabernáculo. Moisés não podia entrar na tenda do encontro, porque a nuvem estava sobre ela, e a gloria do Senhor enchia o tabernáculo”. 

1)     Um ídolo...vaca sagrada.

Nos capítulos 32 a 34, enquanto “Quando o povo de Israel percebeu que Moisés tardava muito a voltar do monte, juntou-se ao redor de Arão...Vamos fazer-nos deuses...”(Ex 32.1). Aqui, vemos uma mancha, pecado, sombra, iniquidade...nessa narrativa grandiloquente da presença de Deus. O povo foi tirado da escravidão, 400 anos. O povo escapou da morte por meio da pascoa. O povo foi batizado no Mar Vermelho. E, no Monte Sinai, uma aliança, um casamento, entre o povo e Deus. Israel é uma nova humanidade, uma nova identidade.

Infelizmente, porém, a velha humanidade está à espreita no coração da nova humanidade. E, aqui, o povo de Deus, se comporta como a humanidade em Adão, pecadora. Enquanto Moisés está recebendo as instruções para o culto verdadeiro a Deus, o povo institue um culto alternativo e usam o seu ouro (Ex 32.2,3) para confeccionar um ídolo (V.4). Arão, irmão de Moisés, reage de modo semelhante ao primeiro Adão, culpando Eva pelo pecado.

Em Êxodo 32.4, ele diz que lançou o ouro no fogo e, como que por mágica “eu joguei no fogo e surgiu um bezerro”. Mas, o texto não diz isso: “Ele os recebeu (o ouro) e os fundiu, transformando tudo num ídolo, que modelou com uma ferramenta própria, dando-lhe a forma de um bezerro...”. Em Isaias 44 fala dessa ferramenta e nos dá detalhes: “O ferreiro apanha uma ferramenta e trabalha com ela nas brasas; modela um ídolo com martelos, forja-o com a força do braço...inclina-se diante dele e o adora. Ora a ele e diz: Salva-me; tú és o meu deus. Eles nada sabem, nada entendem; seus olhos estão tapados, não conseguem ver, e suas mentes estão fechadas, não conseguem entender” (Is 44.12,17-18). 

O povo quer deuses que “vão a nossa frente” (v.1), mas isso é exatamente o que o Senhor havia feito (Ex 14.19). O povo está privando Deus de sua glória, trocando-o por um pedaço inanimado de metal brilhante. O Salmo 106.19-20, que reflete esse episódio, diz: “Em Horebe fizeram um bezerro, adoraram um ídolo de metal. Trocaram a Glória deles pela imagem de um boi que come capim”. A expressão “VACA SAGRADA” vem dessa história; sua vaca sagrada é aquilo de que você não pode abrir mão, pois crê que sua segurança, identidade, aprovação, realização ou satisfação depende disso. Sua vaca sagrada é seu ídolo...

2)     Idolatria

Idolatria é um ato de adultério. Em Êxodo 24, o povo havia firmado uma aliança com Deus. O Senhor havia se tornado seu marido. Tinham feitos votos de aliança não muito diferentes de casamento “Quando Moisés relatou ao povo todas as palavras e leis do Senhor, responderam a uma só voz: Faremos tudo o que o Senhor ordenou” (Ex 24.3). Agora, no capitulo 32, viraram as costas para Deus e se curvaram diante de um bezerro.

Nossa idolatria como cristão não é diferente. Por meio do batismo, firmamos uma aliança com Deus. Toda vez que você toma a ceia do Senhor, reforça os compromissos dessa aliança “Porque, sempre que comerem deste pão e beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhor até que ele venha” ( Co 11.26). E toda vez que peca e dedica sua lealdade a alguma outra pessoa ou coisa, quebra a aliança. O Apostolo Tiago, é incisivo: “Adúlteros! Ou não estais cientes de que a amizade com o mundo é inimizade contra Deus? Ora, quem quer ser amigo do mundo torna-se amigo de Deus” (Tg 4.4). O apostolo João nos exorta: “Não amem o mundo nem o que nele há. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele. Pois todo o que há no mundo – a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens – não provém do Pai, mas do mundo” (1 Jo 2.15,16). 

ÍDOLOS não tem moralidade e, portanto, a idolatria não tem moralidade. O bezerro de ouro é mudo. Paulo em sua primeira carta aos Coríntios, comenta: “Por isso, meus amados irmãos, fugi da idolatria” e pergunta: “...Será que o sacrifício oferecido a um ídolo significa alguma coisa?”. E o apostolo responde: “O que os pagãos sacrificam é oferecido, isto sim, aos demônios e não a Deus...” (1 Co 10.1,19-20).

A idolatria leva a um colapso moral. Como afirmou Dostoievski, em seu livro “Os irmãos Karamazov”: “Se Deus não existe tudo é permitido”. De acordo com Êxodo 24.11, quando os representantes do povo, os anciãos, subiram no Monte Sinai e vislumbraram luzes “cujos pés havia algo semelhante a um pavimento de safira, como o céu em seu esplendor...depois comeram a beberam” (EX 24.9-11). Enquanto, que em Ex 32:6: “O povo se assentou para comer e beber, e levantou-se para se entregar à farra” (ou orgia sexual). 


Conclusão: Por que um bezerro de ouro?

O termo traduzido por “bezerro” indica, um boi jovem. Touros e bois eram símbolos comuns de força e fertilidade. O mercado em alta na bolsa de valores, é “mercado de touro”, e dizemos que alguém é “forte como touro”. Israel lança mão de imagens das culturas ao redor para reimaginar Deus. 

O povo se dispõe a adorar a Deus, mas deseja fazê-lo em seus termos. Está disposto a prestar culto a Deus, mas deseja combinar esse culto com mundanidade e excessos. Querem um deus visível e manipulável. Ainda que não estejam substituindo Deus, eles o estão reduzindo.

O que acontece hoje? Algumas pessoas querem se beneficiar de participar da igreja, mas não querem se relacionar com Deus nos termos dele. Ou querem as bênçãos de Deus juntamente com os prazeres de satisfazer os próprios apetites. Querem perdão de Deus, mas não querem obedecer a sua vontade.

Algumas pessoas querem escolher quais partes da Biblia aceitam. Todos nós temos uma tendência natural de remodelar Deus á nossa imagem de nossa cultura, em vez de nos lembrarmos de que fomos criados a sua imagem. 


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário