terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

 Quando o culto acontece Ex 19 

Introdução

Pense no ultimo culto de domingo em sua igreja. Você o estava aguardando com expectativa? Ou, para você ir ao culto é algo rotineiro, não tão essencial? Ou, você  foi, porque se não fosse, alguém provavelmente “pegaria no seu pé”? Aqui, em Êxodo 19, chegamos a primeira reunião, assembleia ou congregação. Aliás, o termo para as três coisas é o mesmo em hebraico e grego. Moisés descreve esse capitulo como o “dia da assembleia”. No culto de êxodo temos três personagens principais: O Senhor, o povo e o mediador.

1)     O Senhor

Em Êxodo 19.9, Deus diz a Moisés: “Virei a você numa densa nuvem, para que o povo me ouça falar-lhe e confie sempre em você”. Deus virá e Deus falará. Tudo é planejado para que o povo possa ouvir e falar. Em Deuteronômio 4.12, Moisés celebra ao povo esse dia: “O Senhor falou a vocês do meio do fogo. Vocês ouviram o som das palavras, mas não viram forma alguma; havia apenas uma voz”. 

No entanto, não é só isso: “Enquanto o som da trombeta se tornara cada vez mais forte, Moisés falou e a voz de Deus lhe respondeu” (Ex 19.19). Ou seja, Moisés falou e Deus respondeu. Há uma voz e há um diálogo. Há um relacionamento. Se você perguntasse a outros qual é a chave para um bom relacionamento, a resposta seria: comunicação. É o que vemos aqui, comunicação entre Deus e a humanidade. “Procurai o Senhor e o seu poder, buscai sempre a sua face” (1 Cro 16.11).

2)     O povo

O relacionamento com Deus não é direto, pois Deus é santo. Não podemos nos aproximar de forma leviana, ou de qualquer jeito. Israel acampa “na frente do Monte”. Sabemos que monte não em frente, mas o significado é o trono de Deus (v.2). Ou seja, os israelitas estão se aproximando da mesma forma que um súdito se aproxima de um trono.

 No versículo 10, Deus diz a Moisés: “Vá ao povo e consagre-o...eles deverão lavar as suas vestes e abster-se de sexo (V.10,11,15). É preciso haver consagração. No versículo 6, Israel é chamado para ser “reino de sacerdotes e nação santa”, e o próximo fato que acontece é sua consagração (V.10). “Santo” e “consagração” são palavras que vem do mesmo radical, isto é, Israel deve ser consagrado como reino de sacerdotes e nação santa. O apostolo Pedro reitera essas identidades do povo de Deus: “Sede santos, porque EU sou santo” (1 Pe 1.16 ) e “...serdes sacerdotes santos, oferecendo sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus por meio de Jesus Cristo” (1 Pe 2.5) 

É preciso haver consagração, e é preciso haver limites. Êxodo 19.12 diz: “Estabeleça limites para o povo ao redor do monte e diga: Tenham cuidado para não se aproximar do monte nem tocar sua base. Quem tocar o monte será morto”. Mais adiante, nos versículos de 20 a 22, ele chama Moisés ao monte para repetir as instruções. Por quê? “Mesmo os sacerdotes que se aproximam do Senhor devem consagrar-se; do contrário, o Senhor se voltará contra eles” (v.22). “Mas os sacerdotes e o povo não devem ultrapassar o limite para subir ao Senhor; do contrário, ele se voltará contra eles” (v.24).

Aqui, a santidade do Senhor é como se fosse radioativa. Da mesma forma, se o povo deseja se aproximar de Deus, deve ir preparando por meio da consagração. E, ainda assim, não deve chegar muito perto. E, à medida que a glória do Senhor desce sobre o Monte Sinai; o monte é dividido em três regiões de santidade crescente e, portanto, de perigo crescente: somente Moisés pode subir até o topo; Arão e os setenta anciãos tem permissão de ir até a encosta; à beira do monte, o povo deve permanecer. A transgressão desse limite leva a morte.

Quando a glória desce

Na manhã do terceiro dia houve trovões e raios, uma nuvem densa cobriu o monte, e um som muito forte de trombeta ressoou, todos no acampamento tremeram” (Ex 19.16). Aqui, não se trata algo totalmente novo, pois “o monte Sinai estava coberto de fumaça, já que o Senhor tinha descido sobre ele em fogo. A fumaça subia dele como uma fumaça de uma fornalha, e todo monte tremia violentamente” (Ex 19.18). 

O povo tremeu de medo porque o monte tremeu com violência. No versículo 20, Moisés diz ao povo: “Não tenham medo. Deus veio para prova-los, para que o temor de Deus esteja com vocês e os guarde de pecar”. A primeira vista, trata-se de uma declaração estranha, isto é, NÃO TENHAM MEDO, MAS TENHAM MEDO!  PORQUE O TEMOR É A ATITUDE CERTA...

3)     O mediador

O terceiro personagem é o mediador, Moisés. Duas razões. Primeiro, o papel de Moisés é confirmado perante o povo. “O Senhor disse a Moisés: virei a você numa densa nuvem, para que o povo ouça falar-lhe e confie sempre em você” (Ex 19.9). Segundo, o papel de Moisés é confirmado para ele mesmo. Em Êxodo 3.12, quando Moisés teve o primeiro encontro com Deus no Monte Sinai, Deus lhe disse: “Estarei com você. E este será o sinal para você de que eu quem o enviou: quando tiver tirado meu povo do Egito, vocês prestarão culto a Deus neste monte”. 

Que papel é esse? Em êxodo 20.19, o povo diz a Moisés: “Fale você mesmo conosco, e ouviremos. Mas que Deus não fale conosco, senão morreremos”. Então, no versículo 21, o texto informa que: “o povo permaneceu a distância, enquanto Moisés se aproximou das trevas espessas onde Deus estava”. Moisés, portanto, era o mediador entre Deus e os homens.

Moisés sobe ao montem desce o monte sete vezes enquanto Israel está acampado no Sinai: Moisés é literalmente um intermediário. O tempo todo vai e volta entre o povo e Deus. Para onde vamos hoje quando queremos nos encontrar com Deus? Precisamos ir até o céu (simbolizando pelo monte Sinai)? No fim da vida, Moisés disse:

“O que hoje lhes ordeno não é difícil demais para vocês, nem está além de seu alcance. Não está lá em cima no céu, de modo que tenham de perguntar: quem subirá ao céu para consegui-lo e proclamá-lo a nós a fim de que lhe obedeçamos? Não, a palavra está bem próxima de vocês, está em sua boca e em seu coração, para que possam obedece-lhe” (Dt 30.11, 12,14).

Conclusão: uma advertência

Primeiro, Deus não mudou. Ele ainda deseja se relacionar com o seu povo, mas é santo. A fim de experimentarmos a maravilha da graça de Deus por nós em Cristo Jesus, precisamos experimentar antes o terror de sua santidade.

Segundo, os seres humanos não mudaram. Ainda precisamos ser consagrados – ser santificados. Por que? Porque somos profanos. Ainda existe o risco de Deus se voltar contra nós. Como podemos, então, nos relacionar com Deus?

“Vocês não chegaram ao monte que se podia tocar, e que estava chamas, nem às trevas, à escuridão e à tempestade, ao soar da trombeta e ao som de palavras tais, que os ouvintes rogaram que nada mais lhes fosse dito; pois não podiam suportar o que lhes estava sendo ordenado: "Até um animal, se tocar no monte, deve ser apedrejado". O espetáculo era tão terrível que até Moisés disse: "Estou apavorado e trêmulo! "
Mas vocês chegaram ao monte Sião, à Jerusalém celestial, à cidade do Deus vivo. Chegaram aos milhares de milhares de anjos em alegre reunião, à igreja dos primogênitos, cujos nomes estão escritos nos céus. Vocês chegaram a Deus, juiz de todos os homens, aos espíritos dos justos aperfeiçoados, a Jesus, mediador de uma nova aliança, e ao sangue aspergido, que fala melhor do que o sangue de Abel”.
Hebreus 12:18-24

Não estamos no monte Sinai, mas no Monte Sião, que é um representação do céu. A experiência do Sinai foi repleta de terror: um monte ardendo com fogo, um toque cada vez mais alto de trombeta, a voz do próprio Deus. Foi como uma erupção vulcânica, porém muito mais dramática.

Agora, estamos no Monte Sião, a cada culto de estamos na presença de Deus. A palavra “assembleia” em Hebreus 12.22 significa “reunião”, “congregação”. Pela fé, entramos no céu e, ao nosso redor, há milhares de anjos (v.22) e todos os cristãos que morreram foram aperfeiçoados (v.23). Há anjos ao seu lado quando você canta. Sempre que nos reunimos na’ terra, estamos ao mesmo tempo nos reunindo no céu, na presença de Deus “Voces chegaram ao Monte Sião...chegaram a Deus”. 

Como é o ambiente dessa reunião? Não é de medo, mas de alegria. O autor aos hebreus capta o ambiente do Monte Sinai: “escuridão” e “tempestade”(v.18), uma experiência “aterradora” que provoca estremecimento (v.21). O ambiente é bem diferente para aqueles que chegam ao Monte Sião. É uma “alegre assembleia” (v.22).

“Jesus mediador de uma nova aliança”. Lembre-se que Moises teve que voltar varias vezes ao monte, ou seja, sete vezes. Agora, Jesus é o mediador de Deus que é Deus. Em Exodo Deus desceu do céu ao monte Sinai, em Hebreus, Jesus desceu à terra. Veio habitar entre nós é Emanuel “Deus conosco”.

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