sábado, 23 de outubro de 2021

 

SIFRÁ E PUÁ – duas parteiras 

Estou lendo o livro de Exodo, o livro da saída, da partida do povo, depois de 430 anos de escravidão no Egito. A partir daqui o povo está indo em direção à terra prometida, terra de canaã...TERRA QUE MANA LEITE E MEL

Mas, ainda estão no Egito, então quase tudo que é do livro  de Exodo, o cenário E A GEOGRAFIA SÃO egípcioS, ou se passa no deserto do Sinai. 

Neste tempo, o Egito é a potência mundial do mundo, o povo mais armado, mais rico e o povo mais temido. Quem já não ouviu falar sobre as pirâmides do Egito e a esfinge de Gizé, o templo de Carnaque sobre triunfos e derrotas militares e sobre os deuses e deusas famosos de entalhes e gravuras. A história narra sobre as sagas do Faraó Tutmés, Ramsés, Amenothep, Tutancâmon, etc

Contudo, o livro de Exodo, não se importa em evidenciar os faraós, ou as riquezas arquitetônicas , ou culturais dessa antiga civilização. Mas, faz referência à duas parteiras: Sifrá e Puà (Ex 1.14). Duas mulheres da classe social e econômica mais baixa daquela sociedade, eram meramente parteiras. A ordem de Faraó foi: “...quando ajudares as hebreias a dar à luz, prestem atenção durante o parto. Se for menino, matem o bebê; se for menina, deixem que viva” (Ex 1.16). Mas, elas não aceitaram a ordem de Faraó e permitiu que os meninos nascessem...um ato de rebeldia, ou melhor um ato de boa consciência.

Portanto, Sifrá e PuÁ são parteiras. Seu trabalho é trazer bebês ao mundo, é ver uma mãe alegre quando seu filho nasce, elas estão do lado da vida e não da morte. Quando Faraó ordena, manda que matem esses bebês, elas desacatam sua ordem de modo simples e sem alarde: “as parteiras, porém, temeram a Deus e não fizeram o que o rei do Egito lhes havia mandado. Inversamente, deixaram que os meninos vivessem” (Ex 1,17).

 Que gesto inesquecível ...a vida sendo preservada, a vida é dignificada, exaltada. Parece que elas tinham consciência divina da formação humana, como nos diz o salmo 139:.  

Tu criaste o íntimo do meu ser e me teceste no ventre de minha mãe. Eu te louvo porque me fizeste de modo especial e admirável. Tuas obras são maravilhosas! Disso tenho plena certeza. Meus ossos não estavam escondidos de ti quando em secreto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos viram o meu embrião; todos os dias determinados para mim foram escritos no teu livro antes de qualquer deles existir. Como são preciosos para mim os teus pensamentos, ó Deus! Como é grande a soma deles! Salmos 139:13-17 


Somos obras de Deus, toda nossa vida, desde o embrião até a vida acontecer no dia do nosso nascimento...

A salvação não é imposta de cima para baixo ou de fora para dentro. Ela surge das condições em que nos encontramos, quando a vida é confrontada com a morte. Sifrá e Puá se recusam a obedecer a ordem de matar. A ordem para matar vem do caráter anônimo e impessoal do privilégio e do poder; o desejo de promover a vida vem de duas mulheres que vivem à margem da sociedade, porém são identificadas de modo extremamente pessoal: Sifrá e Puá, representantes dos oprimidos e de crianças impotentes e inocentes...

E, lhe pergunto, e você, está do lado de quem? Da vida? Ou, da morte?

 

 

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