Razão e sensibilidade Fp 1.3-11
Introdução: O ministério inevitavelmente gera conflitos. Se não
existir nenhuma resistência ao seu trabalho, é porque ele não está avançando. Por
isso, pastores, presbíteros, diáconos, diaconisas, lideres de departamentos,
precisam ser pessoas resilientes, de pele dura, para resistir à oposição. Portanto,
é preciso ter uma casca grossa (razão), se quiser levar a cabo a obra que Deus
nos confiou.
Essa rara combinação de razão e coração mole (sensibilidade)
se apresenta com clareza na vida do apostolo Paulo. Em meio às exigências de
seu trabalho árduo, jorra de seu coração a virtude do amor fraternal. Paulo
está na prisão, algemado, esperando para ser julgado por Nero, mas com o
coração cheio de amor, afeto.
1)
Gratidão
“Dou graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós”(Fp 1.3). Uma década depois de pregar para eles, o apostolo guardava um carinho muito grande por aquele grupo de irmãos tão especial. Apesar de encarcerado, Paulo exala uma atitude de altruísmo, “fazendo sempre súplicas” (Fp 1.4) por eles. Aqui “fazendo sempre súplicas” o apostolo usa a linguagem de levítico, como se fosse um sacerdote levando uma oferta ao altar para apresentar a Deus. A intercessão orar a Deus em beneficio de outros – é o seu sacrifício por eles.
Portanto, não devemos jamais deixar de orar uns pelos outros.
Ao oferecermos orações intercessórias, o foco da nossa atenção é tirado de
nossas dificuldades e concentrado na vida de outras pessoas. Deixamos de olhar
para nós mesmos e pomos o foco nos outros.
2)
Alegria
“Por todos vós, em todas as minhas orações, com alegria”(Fp 1.4). Paulo está transbordando de uma alegria triunfante. O tom dessas palavras nos leva a pensar que ele deve estar participando de um festival ou comemorando alguma coisa com os amigos em casa. Quem poderia imaginar que, na verdade, ele está algemado a soldados, em prisão domiciliar?
Aliás, alegria é um dos temas principais dessa carta. “Alegria”
(chara) é usada quatro vezes (1.4,25;2.2;4,1); “regozijar-se” (chairo) ocorre
oito vezes (1.18; 2.17,18;3.1;4.4,10). Para muitos, o versículo chave do livro
é “regozijai-vos, sempre no Senhor; outra vez digo: regozijai-vos”(Fp 4.4).
Portanto, ao longo de toda esta carta, percebe-se uma nota triunfante de
alegria na vida e no texto de Paulo.
O que pode roubar nossa alegria? O primeiro ladrão da alegria chama-se PREOCUPAÇÃO. O segundo é a TENSÃO. E o terceiro é o TEMOR. A preocupação é uma ansiedade desordenada acerca de algo que pode ocorrer ou não. Aquilo com que nos preocupamos geralmente não acontece. A TENSÃO é uma preocupação intensificada sobre uma situação que não podemos mudar ou controlar – algo que saiu do nosso controle. E então, em lugar de entregarmos a questão a Deus, nós nos encrespamos. O TEMOR, trata-se da temida consciência da presença de perigo, mal ou dor. O temor faz as coisas parecerem piores do que elas realmente são.
3)
Cooperação
e Esperança
“Cooperação na causa do evangelho, desde o primeiro dia até agora”(Fp 1.5). A palavra traduzida por “cooperação” significa o ato de partilhar algo com outra pessoa. Essa parceria ocorre quando duas pessoas ou mais pessoas se envolvem num mesmo empreendimento. Foi o que aconteceu a Pedro, Tiago e João. Esses quatro homens eram parceiros no mesmo empreendimento de pesca (Lc 5.3-11). Eles estavam literalmente no mesmo barco.
Assim, essa cooperação é o que todos os crentes compartilham
entre si. Todo nós, coletivamente, pusemos nossa confiança no mesmo Senhor e
Salvador, Jesus Cristo. Portanto, temos a incumbência de levar essa mensagem ao
mundo, somos testemunhas de Cristo. Estamos no mesmo barco, dedicados à mesma
profissão de fé... “Ide por todo mundo...”
4)
Afeição
“...estais em meu coração, já que todos sois participantes comigo da graça, tanto nas minhas prisões quanto na defesa e na confirmação do evangelho” (Fp 1.7). Essa expressão “estais em meu coração...”, é uma paixão profunda que o apostolo mantinha por anos. Era como duas peças de metal soldada uma à outra, todo o seu ser está preso a eles pelo vinculo inquebrável do Espírito.
Paulo valoriza cada um dos crentes da igreja como troféu de
graça, todos foram alcançados pela graça de Deus, todos. E, ele participou da
conversão e do discipulado de muitos. Essa afeição genuína por eles enche todo
o seu ser. “Deus é a minha testemunha de
como tenho saudades de todos vocês, com a profunda afeição de Cristo Jesus”
(Fp 1.8). “Afeição” significa “intestinos” e transmite a de forma vivida a
profundidade de sua afeição por eles, do mais intimo do seu ser.
Conclusão: “essa é a minha oração”
“Que o vosso amor
aumente cada vez mais”. Aqui, é o amor pelos irmãos. Quanto mais amamos a
Deus, maior será a nossa capacidade de amar o próximo.
“No pleno conhecimento e em todo entendimento” (Fp 1.9). É um
entendimento da vida das pessoas que vem do coração, consegue perceber suas
necessidades mais intimas e saber qual é a melhor maneira de supri-las.
“A fim de sermos sinceros e irrepreensíveis até o dia de
Cristo” (Fp 1.10). Sincero é retidão, sem cera, uma cara somente, sem
religiosidade. Sem interrupção entre o domingo e a segunda feira. Sem incoerência
entre o que confessamos crer e como vivemos.
“Irrepreensíveis”, não tropeçar, buscar a santidade pessoal para não
causar escândalos aos outros por causa de alguma queda de natureza moral.
“Cheios do fruto da justiça, fruto que vem por meio de Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus” (Fp. 1.11). Essa justiça vem de Jesus Cristo e se manifesta em nossas vidas para glória e louvor de Deus.
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