Paulo, o servo indomável – Fp 1.12-14
Introdução: o que é o evangelho?
É o anuncio da Palavra de Jesus Cristo aos povos não alcançados. Quando Paulo escreveu a carta aos romanos, percebe que pela carta, havia um sonho dentro dele, um impulso, um desejo...”Meu proposito é colher algum fruto entre vocês, assim como tenho colhido entre os demais gentios”. “Frutos”? O que ele está dizendo? Na continuação ele explica: “Sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes. Por isso estou disposto a pregar o evangelho a vocês que estão em Roma”. Sim, frutos, é gente, é vida, é gentio, é grego, é barbáro, sábios e ignorantes. E, o apostolo dá a melhor definição do evangelho: “Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê: primeiro do judeu, depois do grego” (Rm 1.13-16).
Paulo pregou em muitas cidades, e em muitas cidades plantou
igrejas. Começou na Ásia, depois partiu para Macedônia, fundou igrejas em
Filipos, Beréia, Tessalonica, Atenas. Corinto, etc. Agora, o desejo do apostolo
era pregar o evangelho em Roma, uma população de mais um de milhão de pessoas e
exibia seus magníficos edifícios, entre os quais o palácio do imperador, o
fórum e o circo máximo. Roma era o centro nervoso do poder, lá estava Nero, o
imperador.
1) Em Roma
Paulo está em Roma, No entanto, não do jeito que esperava – como
um evangelista itinerante, pregando pelas ruas de Roma, pregando nos anfiteatros
e arenas publicas: chegou a Roma como prisioneiro acorrentado. Foi preso em
Jerusalém e mandado a Roma para ser julgado por César, onde possivelmente sua
vida lhe seria tirada pela pena de morte.
Ao chegar à cidade, permaneceu em prisão domiciliar durante
todo o ano de 60 e também 61 d.C. Em vez de estar livre para pregar às
multidões, Paulo estava confinado em uma casinha, esperando para ser julgado
por César e receber o veredito final.
Contudo, pregou alguns
dos maiores sermões que já saíram de seus lábios. Esses sermões não foram
pregados para multidões, e sim para os guardas imperiais, um a um. E, em consequência,
a verdade acabou sendo recebida pelos guardas, que a levaram até o palácio de
Nero. Então, as pessoas próximas ao imperador estavam se convertendo pelo
testemunho que Paulo havia transmitido à guarda pretoriana.
O que era a guarda pretoriana? Eram soldados da elite do exercito romano em todo o império romano (9000 homens). Eram guarda costas de César, serviam no Palácio Imperial e costumavam ser influentes junto ao trono, exercendo o seu poder de persuasão sobre os ponto de vista e as decisões do imperador.
Por outro lado, os cristãos de Filipos tinham ouvido relatos perturbadores
das dificuldades que haviam acometido o apostolo dos gentios. Paulo havia sido
detido em Jerusalém, enviado a Roma, sofrido um naufrágio e depois tinha sido
preso. Eles estavam profundamente preocupados com o apostolo Paulo. Será que
Paulo estava em cadeias? Já havia sido julgado? Será que ele ainda estava vivo?
2) Confiança
“Irmãos, quero que saibais que as coisas que me aconteceram contribuíram
para o avanço do evangelho” (Fp 1.12). Ele reconhece que está preso, o que, do
ponto de vista humano, é terrível. Contudo, da perspectiva divina, esse
impedimento inesperado resultou na expansão do evangelho. A preocupação de
Paulo não é garantir sua própria segurança, mas, sim, que a verdade de Jesus
Cristo siga adiante, não importa o que lhe aconteça.
“...avanço (progresso) do evangelho”. No grego (prokope) significa “sair de um lugar para o
outro”. Essa palavra era utilizada nos tempos antigos para descrever um grupo
de madeireiros pioneiros que precediam um exercito em avanço, limpando o
caminho através de uma floresta e de matas obscuras e instransponíveis. Apesar
de estar cativo, tinha oportunidade de compartilhar de Cristo com um soldado após
outro, o qual por sua vez, levaria a mesma mensagem de volta às barracas...ao
outro soldado.
E, nós? Diante de qualquer tipo de resistência ao evangelho,
seja no trabalho, seja em casa ou com os amigos, nós também precisamos falar a
verdade com confiança cada vez maior. Precisamos estar convictos de que, sejam
quais foram os obstáculos que venhamos a enfrentar no nosso testemunho, eles
não são impedimentos para a mensagem de Jesus Cristo.
3) Cadeias
“...a minha prisão pela casa de Cristo se tornou conhecida de
toda a guarda pretoriana e de todos os demais” (Fp 1.13). A palavra aqui
traduzida por “prisão” vem de uma raiz grega (desmon) que significa “grilhões
feitos de correntes”. Em outra passagem, Paulo se identifica como “embaixador
em cadeias” (Ef 6.20). Então, por dois anos, Paulo esteve preso com correntes
que provavelmente eram algemas estendidas, com cerca de 45 cm de comprimento.
Dia e noite, Paulo estava a 45 cm de um soldado romano. Paulo
não se vê como um prisioneiro de Roma. Em vez disso, ele se identifica como “prisioneiro
no Senhor” (Ef 4.1). Crendo que está lá por determinação divina. Sua prisão é “pela
causa de Cristo” (Fp 1.13), e essa prisão e aquela causa se tornaram conhecidas
porque as novas se espalharam. Até mesmo os filipenses, a mil quilômetros de
distancia, tinham ouvido sobre isso.
Em Roma, o confinamento de Paulo em cadeias era bem conhecido
por “toda a guarda pretoriana”. Essa tropa de elite havia se tornado audiência cativa
de Paulo – afinal, ele estava algemado aos soldados, mas os soldados também
estavam algemados a ele! Paulo não podia fugir deles, mas eles também não
podiam fugir de seu testemunho de Cristo.
Adoniran Judson foi um grande missionário que trabalhou na Birmânia, de 1813 à 1831, quase 18 anos. Quando chegou na Birmânia começou a aprender a língua birmanesa, para traduzir a Bíblia. Ele perdeu sua esposa, dois de seus filhos morreram e foi encarcerado e torturado várias vezes. Teve que andar descalço por cima de brasa, a ponto de perder a pele de seu pé. Foi virado de cabeça para baixo, e assim, dormia a noite toda, pendurado. Mas, ele não desistiu. Deixou a Birmânia, com 63 igrejas plantadas; hoje Myanmar tem quase 4 milhões de cristãos.
E, nós? Não importa o quanto seja ruim nossa situação, Deus
pode nos usar para levar adiante sua palavra em tais circunstancias. Em que
aspecto de sua vida você se sente limitado? Será que é o seu trabalho? Enfim,
todos nós, temos limitações, mas, não importa qual seja a dificuldade, será uma
oportunidade de dar testemunho de Cristo.
4) Um coração em chamas
“A maioria dos irmãos, confiando no Senhor por causa de minha prisão, tem mais coragem para falar a palavra de Deus sem medo” (Fp 1.14). Muitos irmãos foram estimulados, por causa da prisão de Paulo, falar a palavra de Deus. Paulo relata que eles dão testemunho do evangelho “sem medo”. Não mais sentem hesitantes em mencionar o nome de Cristo. Veem que Paulo disposto a sofrer pelo evangelho, consegue regozijar-se até mesmo de perder a liberdade e a segurança – e esse exemplo e desafio tem um efeito enorme sobre eles.
Os crentes em Roma dão testemunho de Cristo “confiando no
Senhor”. Ou seja, se Paulo não tivesse sido preso, a igreja em Roma seria muito
mais fraca em seu esforço evangelístico. Sem sua prisão, a cada de Cesar
continuaria sendo uma pocilga, e os cidadãos de Roma não estariam falando
abertamente sobre o evangelho.
Por causa dos grilhões de Paulo, a guarda pretoriana está
sendo ganha para a fé em Jesus Cristo e a palavra está se espalhando como fogo
descontrolado dentro da própria casa de César. Então, por causa da prisão de
Paulo, a igreja em Roma está imbuída de uma ousadia nova para falar a palavra
de Deus sem temer o homem.
Conclusão: ardendo em
chamas
Um crente em chama pode transmitir a milhares uma ousadia
renovada para dar testemunho de sua fé em Cristo. O mesmo aconteceu com
Martinho Lutero na Alemanha e John Knox na Escócia, século XVI. Aconteceu
também com George Whitefield e John Wesley, no século XVIII. Um homem ou uma
mulher que esteja ardendo em zelo por Deus tem a capacidade de forjar em aço a
espinha de inúmeros crentes que vivem, trabalham e testemunha ao redor.
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