terça-feira, 29 de junho de 2021

 Alma sombria. 1 Samuel 27     

               

Introdução:

Um dos livros mais famosos já escritos é de autoria de um homem que estava na prisão: John Bunyan e o livro é o Peregrino. Em um ponto de sua história, enquanto viaja em direção ao céu, ele cai num buraco profundo e lamacento chamado Vale das lagrimas. Se fossemos traduzir o vale de lagrimas de Bunyan em termos modernos, chamaríamos esse buraco de lama de “inferno”. E, neste lugar encontraremos Davi... “vale de lágrimas”.

1)    O que provoca as nuvens e a escuridão na alma?

O texto de 1 Samuel 27.1 começa: “Disse, porém, consigo mesmo”, ou “...uma hora dessas...”. Aqui, portanto, está o inicio de tudo. Quando consultamos somente a nós mesmos, quando somente falamos com nossos botões. A primeira razão de Davi ter caído “no vale de lagrimas, ou no inferno” é o que chamaríamos de seu ponto de vista humanista. Ele olhou a situação e a avaliou estritamente em sentido horizontal. Voce não vê Davi orando, uma vez sequer neste capítulo. 



Davi está saindo de um pico espiritual e emocional elevado...por duas vezes ele poderia ter assassinado Saul (Capitulos 24 e 26), mas não fez isso. Depois (capitulo 25), quando estava quase pra matar Nabal, Abigail felizmente o dissuadiu disso. Então, nas horas quando estamos no topo, esse é o ponto mais vulnerável da vida de qualquer ser humano.

Em seguida, Davi era pessimista. Veja o que ele diz a si mesmo: “Pode ser que algum dia eu venha a perecer às mãos de Saul” (1 Sm 27.1). Note que ele diz, “venha eu a perecer”. Ele está falando de algo futuro... mas o homem não conhece o futuro. “Quem de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar uma hora que seja à sua vida” (Mt 6.27). O raciocínio pessimista enfoca de maneira continua o lado potencialmente negativo ao futuro, sofrendo antes da hora. O futuro era sombrio para Davi: “...uma hora dessas Saul vai conseguir me capturar”. 



 O Salmo 42 salta aos nossos olhos, diante do pessimismo do Salmista: “Por que está abatida, ó minha alma? Por que está perturbada dentro de mim? Ponha a sua esperança em Deus! Pois ainda o louvarei; ele é o meu Salvador e o meu Deus. A minha alma está profundamente abatida...” (Sl 42.5-6).

No entanto, Samuel ungira Davi com azeite e lhe assegurara que um dia viria a ser rei. Deus falou com ele por meio de Abigail e disse que o Senhor “Te estabelecerá príncipe sobre Israel” (1 Sm 25.30). Deus falou com ele mais uma vez mediante Jônatas, filho de Saul, assegurando-lhe: “Voce será o próximo rei”. Até Saul, seu inimigo dissera: “Agora, pois, tenho certeza de que serás rei; e de que o reino de Israel há de ser firme na tua mão” (1 Sm 24.20). Mas, Davi ignorou todas essas promessas. Ele agora se convenceu: vou perecer, jamais reinarei sobre Israel...nunca!

POR QUE SOMOS TÃO PESSIMISTAS? PORQUE NOSSOS OLHOS ESTÃO EM NÓS MESMOS. O SENHOR NUNCA NOS LEVOU A TER UM PENSAMENTO PESSIMISTA. “SE VOCE SE MOSTRA FRACO NO DIA DA ANGUSTIA, QUÃO PEQUENA SERÁ A SUA FORÇA” (Pv 24.10).

Davi usou uma lógica racionalista. “Pode ser que algum dia venha eu a perecer nas mãos de Saul; nada há, pois, melhor para mim do que fugir para a terra dos filisteus...” (1 Sm 27.1). Voce acredita nessa declaração? Não passa de racionalismo. Ele pensou: os tempos estão difíceis. Deus me abandonou. Pensei que poderia ser rei, mas nunca chegarei lá. Vou morrer se continuar fugindo do exercito de Saul. Eles irão finalmente apanhar-me. Tenho de escapar. A melhor solução é para Filístia. 



Davi é como o crente carnal, que escolhe desobedecer a Deus e agir na carne. Davi, neste ponto de sua vida, é um retrato claro de alguém que é crente no intimo, mas por fora parece um não crente em vista do seu estilo de vida. “O homem é o único animal que corre mais depressa quando perde o caminho”. Então, quando não sabemos o caminho, nos movemos apressadamente para a direção errada, na direção do inimigo...

 2)    Consequências

Quando Davi se retirou do deserto, sua casa, e retirou-se para a terra dos filisteus, ele não estava sozinho. Sua casa, sua família, foi junto e, mais seus seiscentos homens; homens marginalizados, endividados, que com o tempo tornou-se uma unidade sobre o comando de Davi. Portanto, temos sua família, mais seus homens.

Você pensa que pode fazer concessões sem que isso afete sua família? Quando tomamos uma decisão errada, afeta não somente a mim, mas todos que confiam e dependem de nós. Embora inocentes, eles ficam contaminados pelas nossas escolhas pecaminosas.

PARA ONDE DAVI FOI? Fugiu para Gate. Lembra-se de Gate? Lembra-se do Gigante? Lembra-se da cidade natal dele? O homem era conhecido como Golias de Gate. Então, foi para lá que Davi se encaminhou! Você pode acreditar nisso? Há apenas alguns anos, ele matara Golias no vale de Elá. Agora corre para Gate, justamente a cidade do gigante e decide que vai viver ali com o rei Aquis – o arqui-inimigo dos israelitas. E a musica cantada entre as mulheres: “Saul matou milhares, e Davi, dezenas de milhares” (Sm 18.7).


A primeira consequência da decisão falha de Davi foi então a de criar um falso sendo de segurança porque Saul deixara de persegui-lo: “Avisado Saul que Davi ...Gate, desistiu de o perseguir” (v.4). Agora, estamos salvos, Saul não irá nos perseguir em terra de filisteus.  O PECADO TEM SEUS PRAZERES TEMPORÁRIOS. A desobediência tem seus momentos estimulantes, mas são passageiros, duram poucos...e, nunca resultam na máxima satisfação. Nunca. Nunca!

A segunda consequência da decisão de Davi é achada no versículo 5: “se achei mercê  na tua presença, dá-me numa das cidades da terra, para que ali habite; porque há de habitar o teu servo contigo na cidade real? (v.5). então, quando escolhemos um estado de vida desobediente, quando nos entregamos à calamidade em vez de à espiritualidade, começamos a servir a causa do adversário. Davi era “SERVO” de Aquis.

 A terceira consequência é um longo período de tolerância. Você talvez diga: Ah, não faz mal. Um dia ou dois aqui e posso voltar à normalidade. O que são dois meses de carnalidade comparados a uma vida inteira de obediência? Davi foi para Gate, e acabou ficando dezesseis meses. Um ano e quatro meses...é muito tempo servindo à causa do adversário...ele não escreveu canções, não tocou sua harpa. Pouca alegria flui na vida de durante o tempo da desobediência.

3)    Escorregando os pés...

Quando a duplicidade começa a marcar os passos de Davi. O  dicionário diz que duplicidade é “engano, fingimento, dissimulação, falsidade, hipocrisia”. No fundo, Davi era um israelita, mas procura fazer com que os filisteus pensem que está do lado deles. Isso que acontece quando você passa algum tempo no “curral da deslealdade”. Por dentro, você tem sua identidade, mas por fora quer parecer como o resto do mundo. 



“Subia Davi com os seus homens, e davam contra os gersuritas, os gersitas e os amalequitas; porque eram estes os moradores da terra... habitavam a terra que se estende do Sur ao Egito...Davi feria aquela terra e não deixava com vida nem homem nem mulher” (1 Sm 27.8-9). Os gersuritas, os gersitas e os amalequitas eram inimigos de Israel, mas não dos filisteus. Quando Davi volta à cidade, o rei pede um relatório: ONDE VOCE ESTEVE? ONDE FOI O ATAQUE HOJE?

A duplicidade leva à ambiguidade, Davi responde: “Contra o sul de Judá”, implicando que estivera matando o povo de Judá, que era israelita. Mas, na verdade, não matara israelita e sim amalequitas, gersuritas e gersitas. Ele diz que esteve lutando contra o sul de Judá e “sul dos jerameelitas, e o sul dos queneus”. Isso é mentira. Ele não lutou contra essas pessoas. Era por isso, que ele matava a todos. 


Conclusão:

Quando você opera no “curral da deslealdade”, também opera sob um manto de segredo. Não quer justificar seus atos. Não quer que ninguém faça perguntas. Davi simulava tanto, que arrancava elogios de Aquis (v.12). 



  

Nenhum comentário:

Postar um comentário