Quem és tú? Jonas 1.1-11
Introdução:
William Carey é conhecido é como pai das missões modernas.
Antes de ir para Índia, ele foi confrontado pelos homens do seu tempo. Eles
diziam “a conversão dos pagãos caso o Senhor quisesse, sem o auxílio de quem
quer que fosse. Mas, inquieto, escreveu um tratado “Uma investigação dos
cristãos empregarem meios para a conversão dos pagãos”. Num sermão, em 1792,
baseado em Isaias 54.2-3: “Alarga o espaço da tua tenda; estenda-se o toldo da
tua habitação, e não o impeças; alonga as tuas cordas e firma bem as tuas
estacas. Porque transbordarás para a direita e para a esquerda; a tua
posteridade possuirá as nações e fará que se povoem as cidades assoladas”. Sua
frase favorita era: “Realizar grandes coisas para Deus; esperar grandes coisas
de Deus”.
1)
Jonas
e os marinheiros
Jonas rejeitou o chamado para pregar em Ninive. Ele não
queria proclamar a um povo que lhe era hostil. Então, Jonas fugiu, para Társis “longe
da presença do Senhor”. Então, Deus enviou uma tempestade, “os marinheiros
ficaram aterrorizados” (v.5). Estamos falando de homens experientes,
acostumados a enfrentar o mau tempo, mas essa tempestade era excepcionalmente
aterrorizante.
Enquanto os marinheiros se esforçavam para o navio não afundar “...parecia que o navio estava a ponto de se despedaçar” (v.4). Jonas, encontrava-se no porão dormindo profundamente. A Septuaginta, que é o Antigo Testamento traduzido para o grego, acrescenta que Jonas roncava. Ele estava dormindo “o sono da aflição”; ou seja, o desejo de escapar da realidade por meio do sono, ainda que por pouco tempo.
Enquanto Jonas está totalmente alheio ao perigo, os
marinheiros estão totalmente alertas. Enquanto que Jonas dorme profundamente,
os marinheiros estão buscando o bem de todos que estão no barco. Eles oram “...então
os marinheiros ficaram com medo e clamavam cada um ao seu deus”(v.5). Mas,
Jonas não ora ao seu Deus.
Mais, os marinheiros estão espiritualmente conscientes o
bastante para perceber que não era apenas uma tempestade qualquer, mas uma
tempestade diferente. Talvez, pela forma súbita com que surgiu; eles são
astutos para discernir que a tempestade é de origem divina, possivelmente em resposta
ao grave pecado de alguém.
Quando o próprio capitão encontra o profeta adormecido, ele
diz: “Levante-se, clame...”, São as mesmas palavras no original que Deus usou
para chamar Jonas para se levantar e ir a Ninive, a fim de chama-los ao
arrependimento. Mas, enquanto Jonas se espreguiça e esfrega os olhos, há um
marinheiro gentio em cuja boca estão as próprias palavras de Deus. Que ironia!
Os marinheiros, discerniram, que havia pecado humano e uma mão divina por trás da tempestade, eles lançam sortes. É possível que o nome de cada homem tenha sido colocado em um pedaço de madeira, e o sorteado foi o de Jonas. Deus usou o lançar sortes, nesse caso, para apontar o dedo para Jonas. No entanto, os marinheiros, mesmo sabendo a causa da tempestade, fizeram todo possível para evitar jogá-lo no Mar. Em cada atitude, eles superaram Jonas.
Por que o capitão está repreendendo Jonas? Porque Jonas não
está interessado em seu bem comum. O capitão está lhe dizendo: “Você não
consegue ver que estamos prestes a morrer? Como pode ficar tão alheio a nossa
necessidade? Eu sei que você é um homem de fé. Por que não está usando sua fé
para o bem público?
Jonas fugiu porque não queria trabalhar pelo bem dos pagãos. Queria
servir exclusivamente aos interesses dos crentes. Mas o Senhor lhe mostra que é
o Deus de todas as pessoas, e Jonas precisa ver a si mesmo como parte da
comunidade inteira, e não apenas como membro de uma comunidade de fé.
2)
Jonas
fala
Quando a sorte aponta para Jonas, os marinheiros começaram a
bombardeá-lo com perguntas: “...Agora nos diga: quem é o culpado por este mal
que nos aconteceu? Qual é a sua ocupação (sua missão)? De onde você vem (tua
cidade)? Qual é a tua terra? E de que povo você é? (v.8).
Estas são questões relacionadas à identidade. A identidade de
cada pessoa envolve múltiplos aspectos. A pergunta “a que povo pertence” sonda
o aspecto social. Nós nos definimos não apenas como indivíduos, mas também por
meio da comunidade (família, grupo racial, partido politico) com a qual nos
identificamos mais de perto. A pergunta “de onde vens?” aponta para o lugar e o
espaço físico onde nos sentimos mais em casa. “Qual é a tua missão?” Explora
tudo o que pensamos sobre o sentido da vida.
“Levante-se e invoca o teu deus”. Para os marinheiros, os
fatores que compunham a identidade humana estavam indissociavelmente ligados
àquilo que alguém adorava. Quem você era e o que adora eram apenas os dois
lados da mesma moeda. Essa era a camada
mais fundamental da identidade de alguém.
Fomos feitos à “imagem de Deus” (Gn 1.26,27). “Ser à imagem”
significa que os seres humanos não foram criados para subsistirem de forma autônoma.
Ser criado à imagem de Deus significa que devemos viver para o verdadeiro Deus
ou iremos colocar algo no lugar de Deus e fazer nossa vida girar em torno disso.
“Quem és tu?, é perguntar: “De quem és”? Saber quem você é
significa saber a que você se entregou, o que o controla, no que você conta
acima de tudo.
3)
Somente
na superfície.
Embora a questão da raça apareça em último lugar “E de que povo você é” na lista das perguntas, Jonas a responde primeiro “eu sou hebreu”, diz ele antes de qualquer coisa. Então, sua origem étnica consistia no fator mais importante da sua personalidade.
Se sua raça era mais fundamental para sua autoimagem do que
sua fé, isso começa a explicar porque Jonas se opunha a chamar Nínive ao arrependimento.
Logo, o relacionamento de Jonas com Deus não era tão fundamental quanto o que
significa para ele sua raça.
Identidade cristãs superficiais explicam por que cristãos
professos podem ser racistas e materialistas e cheios de ganancia, escravos da
beleza e do prazer, ou cheio de ansiedade e propensos a trabalhar em excesso. Tudo
isso acontece porque a verdadeira raiz de nossa identidade não é o amor de
Cristo, mas, sim, o poder, a aprovação, o conforto e o controle do mundo.
Conclusão:
Jonas, um profeta de Deus, com uma posição privilegiada na
comunidade da aliança, mas que em toda oportunidade se mostra obtuso, egocêntrico,
preconceituoso e tolo.
No entanto, não parece estar ciente disso, algo inconsciente.
Ele parece mais cego as próprias falhas do que qualquer um ao seu redor. Como
pode ser?
Jonas nos lembra outra figura bíblica: Pedro. Apostolo, fazia parte do circulo intimo de Cristo, e tinha muito orgulho disso. Antes da prisão de Jesus jurou lealdade “Ainda que venhas a ser um tropeço para todos, nunca o serás para mim” (Mt 26.33). E, vai mais longe: “Ainda que me seja necessário morrer contigo, de nenhum modo te negarei. E todos os discípulos disseram o mesmo” (Mt 26.35). Em outras palavras, o que ele disse foi: “Meu amor e minha devoção por você são mais fortes do que o amor e a devoção de qualquer outro discípulo”. Contudo, como sabemos, acabou sendo um covarde, mais do que todos os demais.
Como Pedro ou Jonas eram tão cegos de si mesmos? A resposta é
que a essência da identidade de Pedro estava MENOS ARRAIGADA no amor gracioso
de Jesus e MAIS EM SEU COMPROMISSO com Jesus e em seu amor por ele. Ele “achava”,
“seu compromisso” que não negaria a Jesus. E, se decepcionou consigo mesmo.
Como nós, quando confiamos em nós mesmos, ao invés de confiar no amor gracioso
de Jesus.
Biblografia
Timothy Keller - O profeta pródigo - Vida Nova
Isaltino Gomes Coelho Filho - Jonas Nosso Contemporâneo - Juerp
Eugene Peterson - A vocação espiritual do pastor - Textus
Biblia King James Atualizada - Abba Press e BV filmes
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