terça-feira, 28 de julho de 2020

João, o apostolo do amor.  Mc 9.38-41

 

Introdução:

Estamos numa exposição sobre os doze apóstolos de Cristo.  Vimos Simão Pedro e sua impetuosidade, sua megalomania, seu temperamento sanguíneo, etc. Em seguida, vimos André, irmão de Simão Pedro, mais recatado, comedido em suas palavras e atos e ambicionava levar pessoas até a Cristo, como aconteceu com Simão e depois com os gregos, um evangelista pessoal. Logo, vimos Tiago, filho de Zebedeu, que tinha um temperamento ardido, impetuoso, zeloso e insensível. Agora, caminharemos no entendimento de um dos apóstolos mais conhecidos do Novo Testamento, João, aliás, temos cinco livros escrito por ele nas sagradas escrituras: Evangelho de João, a primeira epistola, a segunda epistola, a terceira e o livro de apocalipse.

                                                                                          

1)    João

João significa “Deus é cheio de graça”, ou, “agraciado por Deus, ou, “a graça e a misericórdia de Deus”. O nome tem origem no hebraico e é composto de dois elementos: Yah que significa “Javé, Jeová, Deus” e hannan que quer dizer “graça” e, portanto, significa “Deus é gracioso”, agraciado por Deus. 


João era o irmão mais novo de Tiago, eram filhos de Zebedeu. Um homem de posse material e tinha status religioso. Tudo que diz respeito a Tiago – que era zeloso, impetuoso, intenso, insensível e fervoroso -, também é pertinente na personalidade de João, aliás, eram os “Boanerges”, filhos do trovão. Eram inseparáveis: João estava lá, ao lado de Tiago, desejoso que caísse fogo do céu contra os samaritanos. Também, estavam no meio das discussões sobre quem era o maior, um queria sentar à direita e outra à esquerda de Jesus.

De modo que, João em sua juventude era tanto, um filho do trovão quanto Tiago. Se você imagina João da forma como ele foi retratado pela arte medieval -, como uma pessoa frágil, mansa, pálida e delicado, declinado sobre o ombro de Jesus, Fitando-o com grandes olhos brilhantes -, esqueça essas imagens. Ele era rude e vigoroso, como todos os outros discípulos pescadores. Era também tão intolerante, ambicioso, zeloso e explosivo quanto seu irmão mais velho.

Nos evangelhos, João estava sempre acompanhado pelos discípulos. Só em um momento que ele aparece sozinho e fala por si. Nessa ocasião, ele confessou ao Senhor que havia repreendido um homem por expulsar demônios em Nome de Jesus, pois tal homem não fazia parte do grupo de discípulos (Mc 9.38). Então, pelos evangelhos, João era capaz de se comportar de modo extremamente partidário, ignorante, inflexível, inconsequente e impetuoso. Era uma pessoa inconstante, era atrevido, era agressivo, era intenso, zeloso e pessoalmente ambicioso – exatamente como seu irmão Tiago. Os dois eram farinha do mesmo saco!

2)    Preto no branco

João em seus livros, pensa e escreve em termos absolutos. Em seu evangelho, por exemplo, faz contraponto entre a luz e a escuridão, a vida com a morte, o reino de Deus com o reino do diabo, os filhos de Deus com os filhos de Satanás, o julgamento dos justos com o julgamento dos perversos, a ressurreição para a vida com a ressurreição para a condenação, receber a Cristo como rejeitar a Cristo. 



Ele nos diz que ou estamos andando na luz ou vivendo em trevas. Se nascemos de Deus, não vivemos na prática do pecado – na verdade não podemos viver em pecado (1 João 3.9). Somos “de Deus” ou “do mundo” (1 Joao 4.4-5 v.6) “Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus ouve-nos; aquele que não é Deus não nos ouve...”. Se amamos, somos nascidos de Deus, e se não amamos não somos nascidos de Deus (1 João .7-8). João escreve: “Todo aquele que permanece nele não vive pecando; todo aquele que vive pecando não o viu, nem o conheceu” (1 João 3.6).

Continuando, em sua segunda epístola, ele pede uma completa e total separação de tudo o que é falso: “Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece, não tem Deus; o que permanece na doutrina, esse tem tanto o Pai como o Filho. Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas. Porquanto aquele que lhe dá boas vindas faz-se cumplice das suas obras más” (2 joão 9-11). E termina sua terceira epístola com esta palavra no versículo 11: “Aquele que pratica o bem procede de Deus, aquele que pratica o mal jamais viu a Deus”

Seu desejo nessas passagens, é ressaltar o fato de que a justiça, e não o pecado, é o princípio dominante na vida de um verdadeiro cristão. É maravilhoso ter a verdade em alta consideração (aliás, ele usa a palavra verdade 25 vezes no seu evangelho e 20 vezes em suas epistolas), mas o zelo pela verdade deve ser pesado pelo amor às pessoas, senão dará lugar a condenação, severidade e falta de compaixão. Felizmente, três anos com Jesus começaram a transformar um fanático egocêntrico num homem maduro e equilibrado.

3)    Verdade versus amor

O relato de Marcos 9 é a única passagem nos evangelhos em que João fala e age por si. O mesmo episódio também se encontra em Lucas 9, logo depois do relato quando pediram que fogo caísse sobre os samaritanos. Portanto, nesse episódio com os samaritanos, evidenciaram falta de amor com os incrédulos. No texto de Marcos, João é culpado de um espírito de partidarismo, desamor. Porquanto, ele proibiu o homem de ministrar em nome de Jesus “porque não seguia conosco” (Mc 9.38).

Em Marcos 9.1 Jesus diz aos discípulos: “E lhes digo a verdade: alguns que estão aqui neste momento não morrerão antes de ver o reino de Deus vindo com grande poder” (NVT). Qual é o cunho dessa promessa? O versículo, nos ilumina: “Seis dias depois, tomou consigo à Pedro, Tiago e João e levou-os sós, à parte a um alto monte. Foi transfigurado diante deles(v.2)”. 

De modo que a glória Shekinah – a mais pura essência do Deus Eterno brilhasse com ardente resplendor. “As suas vestes tornaram-se resplandecentes e sobremodo brancas, como nenhum lavandeiro na terra as poderia alvejar” (v.3). Mateus diz que essa cena foi tão chocante que os discípulos caíram de bruços (Mt 17.6). Ninguém na terra havia experimentado nada remotamente parecido com isso desde Moisés. Ele havia visto de passagem as costas de Deus depois de ser colocando na fenda de uma rocha (Ex 33.20-23). “Pois ninguém poderá olhar diretamente para minha face, pois ninguém pode me ver e continuar vivo” (v.20).

Para complementar isso tudo, “apareceu-lhes Elias com Moisés, e estavam falando com Jesus” (Mc 9.4). Pedro, com seu jeito típico, falou mesmo assim: “Mestre, bom é estarmos aqui e que façamos três tendas: uma será tua, outra para Moisés, e outra para Elias” (v.5). Então naquele exato momento (“Falava ele ainda” Mt 17.5), “veio uma nuvem que os envolveu, e dela uma voz dizia: Este é o meu filho amado; a ele ouvi” (v.7). Essas foram praticamente as mesmas palavras que vieram do céu no batismo de Jesus (Mc 1.11). Mas, “Ao descerem do monte, ordenou-lhes que não divulgassem as coisas que tinham visto até o dia quando o Filho do homem ressuscitasse dentre os mortos”

Mais adiante nesse mesmo capítulo, Marcos diz que chegaram a Cafarnaum “Estando ele em casa interrogou os discípulos de que é que discorríeis pelo caminho? ” (v.33). Jesus sabia o que estavam falando. Assim, “eles guardaram silencio; porque pelo caminho haviam discutido entre si qual era o maior” (Mc 9.34). Pedro, Tiago e João, transbordando de autoconfiança, depois e sua experiência no alto do monte, certamente pensaram que haviam tomado a dianteira.

“Assentando-se, chamou os doze e lhes disse: “Se alguém quer ser o primeiro, será o último e servo de todos. Trazendo uma criança, colocou-a no meio deles e, tomando-a nos braços, disse-lhes: Qualquer que receber uma criança, tal como está, em meu nome, a mim me recebe; e qualquer que a mim me recebe, não recebe a mim, mas ao que me enviou” (vs. 35-37). Ou seja, se desejavam ser os primeiros no reino, precisavam ser servos. Se desejavam ser verdadeiramente grandes, precisavam ser mais parecido com uma criança. Em vez de discutirem e brigarem entre si e exaltarem a si mesmos precisavam assumir o papel de servos. Era uma lição de amor. “O amor é paciente e bondoso... não é ciumento nem presunçoso” (1 co 13.4)

É nesse ponto que encontramos a única ocasião em que João fala nos evangelhos: “Disse-lhe João: Mestre, vimos um homem que, em teu nome, expelia demônios, o que não nos segue; e nós lho proibimos, porque não seguia conosco” (v.38). Reprender um homem por ministrar em nome de Jesus, só porque ele não pertencia ao grupo, isso era partidarismo e mostrava intolerância de João, um filho do trovão. Era a visão limitada, a ambição, o desejo de ter todos os privilégios para si e não dividi-los com mais ninguém.

Conclusão:

A história da igreja atesta que João tornou-se pastor da igreja de Efeso, fundada pelo apostolo Paulo. Em seguida, uma perseguição voraz do Imperador Domiciano, ele foi exilado na ilha de Patmos. De bom grado enfrentou o sofrimento, e em nenhuma de suas epistolas nem no livro de apocalipse há queixas sobre suas aflições. Se observamos que a palavra verdade aparece 45 vezes, por outro lado a palavra amor, aparece 80 vezes em seus escritos. Isso é uma síntese que o filho do trovão aprendeu com o seu mestre ponderar verdade com amor. Faleceu por volta de 98 d.C, na época do imperador Trajano. Uma frase que estava constamente em seus lábios era: “Filhinhos, amai-vos uns aos outros”. 

 

Bibliografia


Site: https://www.isaltino.com.br/
Doze Homens extraordinariamente comum 0 john Macarthur - Editora Thomas Nelson
O Treinamento dos doze - CPAD A.B. Bruce CPAD
Biblia de Estudo Swindoll - NVT
Biblia de Estudo King James
Encontro com Jesus Timothy Keller - Editora Vida Nova

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