terça-feira, 21 de julho de 2020


Tiago, o fervoroso.  Atos 12.1-3



Introdução:  quem era Tiago?

Tiago (“aquele que vem do calcanhar”) era irmão mais velho de João; seu nome sempre aparece depois de Pedro na lista dos 12 apóstolos. A família de Tiago e João tinha uma condição financeira melhor que a família de Pedro e André. Isso fica implícito no fato de que Tiago e João são chamados com frequência de “filhos de Zebedeu” (Mt 20.20), o que significa que Zebedeu era um homem importante. 



O conceito, ou status, de Zebedeu pode ter vindo de seu sucesso financeiro (tinha uma empresa de pesca), ou de sua linhagem de sua família (talvez era da tribo de Levi), ou de ambas as coisas. Seu negócio de pesca era grande o suficiente para empregar vários servos (Mc 1.20). Além disso, a família toda de Zebedeu tinha prestigio suficiente para que João fosse “conhecido do sumo sacerdote e desse modo, conseguisse que Pedro entrasse no pátio na noite em que Jesus foi preso” (Jo 18.15-16).

Tiago ocupou uma posição de destaque no círculo mais íntimo de Jesus. Ele, Pedro e João foram os únicos que Jesus permitiu acompanha-lo quando ressuscitou a filha de Jairo (Mc 5.37). Esses mesmos três discípulos testemunharam a glória de Cristo no Monte da transfiguração (Mt 17.1). Tiago estava entre os quatro discípulos que fizeram perguntas a Jesus em particular no monte das oliveiras (Mc 13.3). Foi incluído mais uma vez juntamente com João e Pedro na ocasião em que o Senhor instou esses três homens a orarem com em particular no Getsêmani (Mc 14.33). Ele foi testemunha da ressurreição de Jesus.  Todos esses acontecimentos devem ter fortalecido sua fé imensamente e o capacitado para o sofrimento e o martírio.

1)    Tiago era intenso
Se há uma palavra que aplica à vida do apostolo Tiago, essa palavra é intensidade, ou seja, era um homem de intenso fervor e entusiasmo. Aliás, Jesus deu a Tiago e João um apelido: Boanerges – “filhos do trovão”. Ele era zeloso, impetuoso, intenso e fervoroso. Pela graça divina, seu temperamento no decorrer do seu discipulado, foi modelado por Deus e chegou a ocupar um lugar de liderança entre os apóstolos. 


Marcos, o evangelista, relata como Jesus chamou Tiago e João de “filhos do trovão” (Mc 3.17), inclui esse falto em sua relação dos doze, da mesma forma como observa que Simão era chamado de Pedro, a menção feita em Marcos é a única em todas as escrituras. O apelido “Boanerges” parece ter sido dado aos filhos de Zebedeu para repreendê-los quando seu temperamento naturalmente ardoroso fugia ao controle. Talvez o Senhor tivesse usado com humor ao mesmo tempo em que o empregava com uma bondosa admoestação.

Enquanto André, calmamente levava pessoas a Jesus, Tiago desejava ter poder de pedir fogo dos céus para destruir vilas inteiras cheias de pessoas. Elias era um homem desse tipo, aliás, ele foi o modelo que 

Tiago pensava estar seguindo quando pediu fogo do céu. Neemias possuía era semelhante (Ne 13.25). João Batista era de temperamento ardoroso. Ao que parece, Tiago era feito de matéria prima igual à deles. Era franco, intenso e impaciente com aqueles que praticavam o mal.

2)    Fogo do céu
Em Lucas 9.51-53, lemos: “Como se aproximava o tempo de ser elevado ao céu, Jesus partiu com determinação para Jerusalém. Enviou mensageiros adiante até um povoado samaritano, a fim de fazerem os prepativos para a sua chegada. Contudo, os habitantes do povoado (Samaria) não receberam Jesus, porque parecia evidente que ele estava a caminho de Jerusalém” (NVT).

A maioria dos judeus que viajava da Galileia para Jerusalém, fazia questão de tomar uma direção que os obrigava a percorrer vários quilômetros fora da rota, passando pelo deserto da Peréia – fazendo com que tivesse de cruzar o Rio Jordão duas vezes – só para evitar passar por Samaria.

Agora, quem eram os Samaritanos? Os samaritanos eram uma etnia de mestiços dos israelitas do reino norte. Em 722 a.c, Sargão II, invadiu o reino Norte, ou Samaria, capturando e matando muita gente. A maioria dos habitantes foram espalhados e a terra foi reassentada com pagãos e estrangeiros leais ao rei da Assiria “E o rei da Assiria trouxe gente de Babilonia, de Cuta, de Ava, de Hamate e Sefarvaim e a fez habitar mas cidades de Samaria, em lugar dos filhos de Israel” (2 Rs 17.24).

Os judeus mais pobres que permaneceram na terra casaram-se com esses povos. O resultado, portanto, foi uma religião que misturava elementos da verdade e do paganismo. “Temiam ao Senhor e, ao mesmo tempo, serviam aos seus próprios deuses, segundo o costume das nações dentre as quais tinham sido transportadas” (2 Rs 17.33). Em outras palavras, diziam ser adoradores de Jeová como Deus, mas fundaram seu próprio sacerdócio, construíram seu próprio templo e criaram seu próprio sistema de sacrifícios.

Outrossim, o primeiro templo dos samaritanos havia sido construído sobre o Monte Gerizim, em Samaria. Era considerado, portanto, um lugar sagrado, e estava convencido de que aquele era o único local em que Deus podia ser devidamente adorado. Por esse motivo, a mulher samaritana no relato de João 4.20 disse a Jesus: “Nossos pais adoravam neste monte; vós, no entanto, dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar”. Obviamente, esse era um dos principais motivos de contendas entre judeus e samaritanos.

Jesus, portanto, estava determinado a ir para Jerusalém, escolhendo o caminho mais direto passando por Samaria. Ao longo da viagem, ele e seus discípulos precisariam de lugares em que pudessem comer e passar a noite. No entanto, os samaritanos deliberadamente recusaram hospedá-los.

Embora Jesus tenha curado um samaritano de sua lepra e elogiado esse homem por sua gratidão (Lc 17.16). Ele havia aceitado água de uma mulher samaritana e dado a ela a água viva (Jo 4.39-43). Ele havia transformado um samaritano em herói numa de suas parábolas mais conhecidas (Lc 10.30-37). E, mais tarde, iria ordenar aos discípulos que pregassem o evangelho em Samaria (Atos 1.8). Jesus sempre usou de bondade e de boa vontade para com os samaritanos. No entanto, os samaritanos estavam tratando-os com desprezo propositado.

Tiago e João, os filhos do trovão, encheram-se imediatamente da mais intensa ira. Não tardou ara que pensassem numa forma de retificar a situação e disseram: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para os consumir” (Lc 9.54). Em outras palavras, “Senhor, queres que (nós) mandemos descer fogo do céu para os consumir”. Ou seja, estavam sugerindo que Jesus lhes desse poder de pedir fogo do céu”. Em várias ocasiões o próprio Cristo havia sido desafiado por seus adversários a realizar tais milagres cósmicos e sempre havia se recusado a faze-los (Mt 12.39). 



Cristo tinha vindo para salvar e não para destruir. Assim, sua resposta aos “irmãos Boanerges” foi uma firme repreensão: “O filho do homem veio buscar e salvar o perdido” (Lc 19.10). Ele estava numa missão de resgaste, e não de julgamento. Apesar de ter todo o direito de exigir adoração absoluta, “o filho do homem (...) não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgaste por muitos” (Mt 20.28). “Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele” (Jo 3.17). O próprio Jesus disse: “Eu vim como luz para o mundo, a fim de que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas. Se alguém ouvir as minhas palavras e não as guardar, eu não o julgo; porque eu não vim para julgar o mundo, e sim para salvá-lo” (Jo 12.46-47).

No entanto, um dia Jesus virá para julgar o mundo. As escrituras dizem que ele irá “do céu se manifestar (...) com os anjos do seu poder, em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de Nosso Senhor Jesus. Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos  da face do Senhor e da glória do seu poder” (2 Ts 1.7-9).

Afinal, em vez de pedirem fogo do céu, “seguiram para outra aldeia” (Lc 9.56). Simplesmente acharam acomodação em outro lugar. Alguns anos depois, à medida que a igreja primitiva foi crescendo e a mensagem do evangelho espalhou-se para além da Judéia, Filipe, o diácono, “descendo à cidade de Samaria, anunciava-lhes a Cristo” (Atos 8.5). “As multidões atendiam, unanimes, às coisas que Filipe dizia, ouvindo-as e vendo os sinais que ele operava. Pois os espíritos imundos de muitos possessos saiam gritando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos foram curados. E houve grande alegria naquela cidade” (Atos 8.6-8).

3)    Quem é o maior?
“Então a mãe dos filhos de Zebedeu veio a Jesus com seus filhos. Ela se ajoelhou diante dele a fim de lhe pedir um favor. O que você quer? Perguntou ele. Ela respondeu: Por favor, permita que, no seu reino, meus dos filhos se sentem em lugares de honra ao seu lado, um à sua direita e outra à sua esquerda. Jesus respondeu: “Vocês não sabem o que estão pedindo! São capazes de beber do cálice que estou prestes a beber? Somos, disseram eles. Então Jesus disse: De fato, vocês beberão do meu cálice. Não cabe a mim, no entanto, dizer quem se sentará à minha direita ou à minha esquerda. Meu pai preparou esses lugares para aqueles que ele escolheu’ (Mt 20.20-24 NVT). 


Tiago não era apena fervoroso, zeloso, insensível; também era ambicioso e demasiadamente confiante. Ao invés da coroa de glória: Jesus deu-lhe um cálice e sofrimento. Desejava um lugar ao lado do Senhor; Jesus deu-lhe o tumulo de mártir. E lhe explicou a essência do reino de Deus: “Quem quiser ser o líder entre vocês, que seja servo, e quem quiser ser o primeiro entre vocês, que se torne escravo. Pois nem mesmo o Filho do homem veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos (Mt 20.26-28).

Conclusão: o cálice do sofrimento
“Por aquele tempo, mandou o rei Herodes prender alguns da igreja para os maltratar, fazendo passar ao fio de espada a Tiago irmão de João...” (Atos 12.1-3). Eusébio, historiador, transmite a morte de Tiago, apresentado por Clemente de Alexandria: “Aquele que levou Tiago até o tribunal, ao ouvir seu testemunho foi tocado e confessou que ele também era um cristão. Assim, os dois foram levados juntos. E, no caminho, ele implorou que Tiago o perdoasse. Depois de refletir por um instante, Tiago disse: A paz seja contigo, e beijou-o. Os dois, então, foram decapitados ao mesmo tempo”.

Tiago, em algum ponto ao longo do caminho cristão, teve que aprender a controlar a raiva, refrear a língua, redirecionar o zelo, eliminar a sede de vingança e perder inteiramente a ambição egoísta. O Senhor usou-o para realizar uma obra magnifica na igreja primitiva. 


Bibliografia

Site: https://www.isaltino.com.br/
Doze Homens extraordinariamente comum 0 john Macarur - Editora Thomas Nelson
Biblia de Estudo Swindoll - NVT

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