Tiago, o fervoroso.
Atos 12.1-3
Introdução: quem era
Tiago?
Tiago (“aquele que vem do calcanhar”) era irmão mais velho de
João; seu nome sempre aparece depois de Pedro na lista dos 12 apóstolos. A família
de Tiago e João tinha uma condição financeira melhor que a família de Pedro e
André. Isso fica implícito no fato de que Tiago e João são chamados com frequência
de “filhos de Zebedeu” (Mt 20.20), o que significa que Zebedeu era um homem
importante.
O conceito, ou status, de Zebedeu pode ter vindo de seu
sucesso financeiro (tinha uma empresa de pesca), ou de sua linhagem de sua família
(talvez era da tribo de Levi), ou de ambas as coisas. Seu negócio de pesca era
grande o suficiente para empregar vários servos (Mc 1.20). Além disso, a família
toda de Zebedeu tinha prestigio suficiente para que João fosse “conhecido do
sumo sacerdote e desse modo, conseguisse que Pedro entrasse no pátio na noite
em que Jesus foi preso” (Jo 18.15-16).
Tiago ocupou uma posição de destaque no círculo mais íntimo de
Jesus. Ele, Pedro e João foram os únicos que Jesus permitiu acompanha-lo quando
ressuscitou a filha de Jairo (Mc 5.37). Esses mesmos três discípulos testemunharam
a glória de Cristo no Monte da transfiguração (Mt 17.1). Tiago estava entre os
quatro discípulos que fizeram perguntas a Jesus em particular no monte das
oliveiras (Mc 13.3). Foi incluído mais uma vez juntamente com João e Pedro na
ocasião em que o Senhor instou esses três homens a orarem com em particular no
Getsêmani (Mc 14.33). Ele foi testemunha da ressurreição de Jesus. Todos esses acontecimentos devem ter
fortalecido sua fé imensamente e o capacitado para o sofrimento e o martírio.
1)
Tiago
era intenso
Se há uma palavra que aplica à vida do apostolo Tiago, essa
palavra é intensidade, ou seja, era um homem de intenso fervor e entusiasmo.
Aliás, Jesus deu a Tiago e João um apelido: Boanerges – “filhos do trovão”. Ele
era zeloso, impetuoso, intenso e fervoroso. Pela graça divina, seu temperamento
no decorrer do seu discipulado, foi modelado por Deus e chegou a ocupar um
lugar de liderança entre os apóstolos.
Marcos, o evangelista, relata como Jesus chamou Tiago e João
de “filhos do trovão” (Mc 3.17), inclui esse falto em sua relação dos doze, da
mesma forma como observa que Simão era chamado de Pedro, a menção feita em
Marcos é a única em todas as escrituras. O apelido “Boanerges” parece ter sido
dado aos filhos de Zebedeu para repreendê-los quando seu temperamento
naturalmente ardoroso fugia ao controle. Talvez o Senhor tivesse usado com
humor ao mesmo tempo em que o empregava com uma bondosa admoestação.
Enquanto André, calmamente levava pessoas a Jesus, Tiago
desejava ter poder de pedir fogo dos céus para destruir vilas inteiras cheias
de pessoas. Elias era um homem desse tipo, aliás, ele foi o modelo que
Tiago pensava estar seguindo quando pediu fogo do céu. Neemias possuía era semelhante (Ne 13.25). João Batista era de temperamento ardoroso. Ao que parece, Tiago era feito de matéria prima igual à deles. Era franco, intenso e impaciente com aqueles que praticavam o mal.
2)
Fogo
do céu
Em Lucas 9.51-53, lemos: “Como se aproximava o tempo de ser
elevado ao céu, Jesus partiu com determinação para Jerusalém. Enviou
mensageiros adiante até um povoado samaritano, a fim de fazerem os prepativos
para a sua chegada. Contudo, os habitantes do povoado (Samaria) não receberam
Jesus, porque parecia evidente que ele estava a caminho de Jerusalém” (NVT).
A maioria dos judeus que viajava da Galileia para Jerusalém,
fazia questão de tomar uma direção que os obrigava a percorrer vários quilômetros
fora da rota, passando pelo deserto da Peréia – fazendo com que tivesse de
cruzar o Rio Jordão duas vezes – só para evitar passar por Samaria.
Agora, quem eram os Samaritanos? Os samaritanos eram uma
etnia de mestiços dos israelitas do reino norte. Em 722 a.c, Sargão II, invadiu
o reino Norte, ou Samaria, capturando e matando muita gente. A maioria dos
habitantes foram espalhados e a terra foi reassentada com pagãos e estrangeiros
leais ao rei da Assiria “E o rei da Assiria trouxe gente de Babilonia, de Cuta,
de Ava, de Hamate e Sefarvaim e a fez habitar mas cidades de Samaria, em lugar
dos filhos de Israel” (2 Rs 17.24).
Os judeus mais pobres que permaneceram na terra casaram-se
com esses povos. O resultado, portanto, foi uma religião que misturava
elementos da verdade e do paganismo. “Temiam ao Senhor e, ao mesmo tempo,
serviam aos seus próprios deuses, segundo o costume das nações dentre as quais tinham
sido transportadas” (2 Rs 17.33). Em outras palavras, diziam ser adoradores de
Jeová como Deus, mas fundaram seu próprio sacerdócio, construíram seu próprio templo
e criaram seu próprio sistema de sacrifícios.
Outrossim, o primeiro templo dos samaritanos havia sido construído
sobre o Monte Gerizim, em Samaria. Era considerado, portanto, um lugar sagrado,
e estava convencido de que aquele era o único local em que Deus podia ser
devidamente adorado. Por esse motivo, a mulher samaritana no relato de João
4.20 disse a Jesus: “Nossos pais adoravam neste monte; vós, no entanto, dizeis
que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar”. Obviamente, esse era um dos
principais motivos de contendas entre judeus e samaritanos.
Jesus, portanto, estava determinado a ir para Jerusalém,
escolhendo o caminho mais direto passando por Samaria. Ao longo da viagem, ele
e seus discípulos precisariam de lugares em que pudessem comer e passar a
noite. No entanto, os samaritanos deliberadamente recusaram hospedá-los.
Embora Jesus tenha curado um samaritano de sua lepra e
elogiado esse homem por sua gratidão (Lc 17.16). Ele havia aceitado água de uma
mulher samaritana e dado a ela a água viva (Jo 4.39-43). Ele havia transformado
um samaritano em herói numa de suas parábolas mais conhecidas (Lc 10.30-37). E,
mais tarde, iria ordenar aos discípulos que pregassem o evangelho em Samaria
(Atos 1.8). Jesus sempre usou de bondade e de boa vontade para com os
samaritanos. No entanto, os samaritanos estavam tratando-os com desprezo
propositado.
Tiago e João, os filhos do trovão, encheram-se imediatamente
da mais intensa ira. Não tardou ara que pensassem numa forma de retificar a
situação e disseram: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para os
consumir” (Lc 9.54). Em outras palavras, “Senhor, queres que (nós) mandemos
descer fogo do céu para os consumir”. Ou seja, estavam sugerindo que Jesus lhes
desse poder de pedir fogo do céu”. Em várias ocasiões o próprio Cristo havia
sido desafiado por seus adversários a realizar tais milagres cósmicos e sempre
havia se recusado a faze-los (Mt 12.39).
Cristo tinha vindo para salvar e não para destruir. Assim,
sua resposta aos “irmãos Boanerges” foi uma firme repreensão: “O filho do homem
veio buscar e salvar o perdido” (Lc 19.10). Ele estava numa missão de resgaste,
e não de julgamento. Apesar de ter todo o direito de exigir adoração absoluta, “o
filho do homem (...) não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua
vida em resgaste por muitos” (Mt 20.28). “Porquanto Deus enviou o seu Filho ao
mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele”
(Jo 3.17). O próprio Jesus disse: “Eu vim como luz para o mundo, a fim de que
todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas. Se alguém ouvir as minhas
palavras e não as guardar, eu não o julgo; porque eu não vim para julgar o
mundo, e sim para salvá-lo” (Jo 12.46-47).
No entanto, um dia Jesus virá para julgar o mundo. As escrituras
dizem que ele irá “do céu se manifestar (...) com os anjos do seu poder, em
chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os
que não obedecem ao evangelho de Nosso Senhor Jesus. Estes sofrerão penalidade
de eterna destruição, banidos da face do
Senhor e da glória do seu poder” (2 Ts 1.7-9).
Afinal, em vez de pedirem fogo do céu, “seguiram para outra
aldeia” (Lc 9.56). Simplesmente acharam acomodação em outro lugar. Alguns anos
depois, à medida que a igreja primitiva foi crescendo e a mensagem do evangelho
espalhou-se para além da Judéia, Filipe, o diácono, “descendo à cidade de
Samaria, anunciava-lhes a Cristo” (Atos 8.5). “As multidões atendiam, unanimes,
às coisas que Filipe dizia, ouvindo-as e vendo os sinais que ele operava. Pois
os espíritos imundos de muitos possessos saiam gritando em alta voz; e muitos paralíticos
e coxos foram curados. E houve grande alegria naquela cidade” (Atos 8.6-8).
3)
Quem
é o maior?
“Então a mãe dos filhos de Zebedeu veio a Jesus com seus
filhos. Ela se ajoelhou diante dele a fim de lhe pedir um favor. O que você quer?
Perguntou ele. Ela respondeu: Por favor, permita que, no seu reino, meus dos
filhos se sentem em lugares de honra ao seu lado, um à sua direita e outra à
sua esquerda. Jesus respondeu: “Vocês não sabem o que estão pedindo! São
capazes de beber do cálice que estou prestes a beber? Somos, disseram eles.
Então Jesus disse: De fato, vocês beberão do meu cálice. Não cabe a mim, no
entanto, dizer quem se sentará à minha direita ou à minha esquerda. Meu pai
preparou esses lugares para aqueles que ele escolheu’ (Mt 20.20-24 NVT).
Tiago não era apena fervoroso, zeloso, insensível; também era
ambicioso e demasiadamente confiante. Ao invés da coroa de glória: Jesus
deu-lhe um cálice e sofrimento. Desejava um lugar ao lado do Senhor; Jesus
deu-lhe o tumulo de mártir. E lhe explicou a essência do reino de Deus: “Quem
quiser ser o líder entre vocês, que seja servo, e quem quiser ser o primeiro
entre vocês, que se torne escravo. Pois nem mesmo o Filho do homem veio para
ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos (Mt
20.26-28).
Conclusão: o cálice do sofrimento
“Por aquele tempo, mandou o rei Herodes prender alguns da
igreja para os maltratar, fazendo passar ao fio de espada a Tiago irmão de
João...” (Atos 12.1-3). Eusébio, historiador, transmite a morte de Tiago,
apresentado por Clemente de Alexandria: “Aquele que levou Tiago até o tribunal,
ao ouvir seu testemunho foi tocado e confessou que ele também era um cristão.
Assim, os dois foram levados juntos. E, no caminho, ele implorou que Tiago o
perdoasse. Depois de refletir por um instante, Tiago disse: A paz seja contigo,
e beijou-o. Os dois, então, foram decapitados ao mesmo tempo”.
Tiago, em algum ponto ao longo do caminho cristão, teve que
aprender a controlar a raiva, refrear a língua, redirecionar o zelo, eliminar a
sede de vingança e perder inteiramente a ambição egoísta. O Senhor usou-o para
realizar uma obra magnifica na igreja primitiva.
Bibliografia
Site: https://www.isaltino.com.br/
Doze Homens extraordinariamente comum 0 john Macarur - Editora Thomas Nelson
Biblia de Estudo Swindoll - NVT
Site: https://www.isaltino.com.br/
Doze Homens extraordinariamente comum 0 john Macarur - Editora Thomas Nelson
Biblia de Estudo Swindoll - NVT
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