sexta-feira, 27 de março de 2020


Quem reina? Salmo 93



Introdução:

Eis uma pergunta pertinente para os nossos dias. Diante de tantas calamidades parece que o mundo é autogovernado! Temos guerras, rumores de guerras, em janeiro a chuva devastou os estados de Minas Gerais e Espírito Santo; terremotos, tsunamis, etc. Agora, o corona vírus, uma pandemia que tem assustado o mundo todo...causado medo, tensão, histeria, mortes...

1)    O Senhor reina
Temos sete salmos que falam sobre a soberania de Deus: Salmos 47, 93, 95-99. O Salmo 93 se destaca no grupo dos sete. Majestoso em sua simplicidade destituída de arte, imponente na brevidade despretensiosa, memorável nos ritmos fortes, ele cativa e convence.

Uma das características da poesia hebraica é a “rima” de significados e não de sons, o emparelhamento de sentidos semelhantes, ou contrastantes em linhas sucessivas:

“O Senhor reina
Vestiu-se de majestade;
De majestade vestiu-se, o Senhor
E armou-se de poder!

O mundo está firme
E não se abalará
O teu trono está firme desde a antiguidade
Tu existe desde a eternidade” 



O trono dele é a terra, esse lugar em que pisamos todos os dias. Além do mais, o governo dEle não tolera oposição: “Não se abalará”.

2)    Diluvio de calamidades

“As águas se levantaram, Senhor,
As águas levantaram a voz;
As águas levantaram seu bramido” 



De nada adianta a terra estabelecida se as águas correm desenfreadas pela superfície firme. De nada vale o trono de Deus seguro se águas violentas e implacáveis levam tudo que está solto, deixando a terra limpa, mas nua. Não me traz consolo saber que o solo sob meus pés é sólido se não consigo ficar em pés por causa das ondas que se abatem sobre mim. Quando a tempestade chega, a terra continua sólida como sempre foi, mas o resto se abala.

As tempestades sempre chegam às manchetes...as forças de destruição, as energias de dor e devastação...a agua devasta a terra, arranca arvores enormes pela raiz. A terra tão sólida, fica cheia de sulcos, tem seu contorno alterado, sofre com a erosão...

3)    O Senhor é poderoso

“Mais poderoso do que o estrondo das águas impetuosas
Mais poderoso do que as ondas do mar
É o Senhor nas alturas”, v.4 



As águas levantam a voz três vezes. O poder de Deus se mostra soberano também três vezes. Três palavras soberanas confrontaram e derrotaram os três testes que o diabo fez para Jesus (Mt 4.1-11). Três afirmações de amor contrabalançaram as três negações de Pedro (Jo 21.15-19). A tríplice confirmação de que “minha graça é suficiente” (2 Co 12.8-9) se coloca diante dos três protestos de Paulo contra seu “espinho”. Lucas narra três vezes a conversão de Paulo, indo contra as três vezes que falou sobre as atividades terroristas dele na igreja primitiva.

Se Deus não for soberano eu vivo, de fato, no meio do caos. O acaso e a sorte permeiam o universo. Por outro lado, se ele governa, há uma ordem fundamental. Nenhum acidente é mero acaso. Nenhum caos é definitivo. Quaisquer que sejam as vontades, poderes e influencias sobre mim e à minha volta, há algo que é primeiro e último, inicial e final: o Senhor é mais poderoso.

O caos dos dias de Noé é equivalente ao batismo de Jesus nas águas do Rio Jordão; o caos no começo do Genesis “a terra era sem forma e vazia” é equivalente a descida do Espírito Santo em Atos dos Apóstolos. Por que mais poderoso do que as ondas no mar é o Senhor nas alturas.

4)    Força não é atributo de Deus
Como esse governo, mais poderoso do que as ondas do mar, se torna realidade?

“Os teus mandamentos permanecem firmes e fiéis
A santidade, Senhor, é o ornamento perpetuo da tua casa”

Teus mandamentos firmes e fieis. Deus governa neste mundo por palavras e não músculos, por decretos e não exércitos, fala de criação e não de coerção: Esses mandamentos, que podem ser tão ignorados e distorcidos, são repetidos era após era por profetas, sacerdotes, reis, sábios, apóstolos e discípulos.

Há urgência em fazer frente à violência mundial que desafia Deus nos próprios termos dela – acaba com ela, enfrentá-la com poder puro e simples: “Senhor, quero que façamos cair fogo do céu para destruí-los? (Lc 9.54). Mas, a palavra dEle governa: os decretos dele permanecem firmes. Só eles, nada mais.

Conclusão: a santidade é o ornamento da sua casa

A palavra ornamento no original é “tornar adorável, adornar de forma vistosa”. O livro bíblico que mais utiliza o termo é Cantares de Salomão, no contexto de diálogo de apaixonados  (Ct 1.10, 1.5; 2.14, 4.3 e 6.4). Somente quando as duas vontades são desenvolvidas e expressas por completo, em relacionamento responsivo, nós celebramos a beleza. 


Deus imutável em seu ser e sua profunda santidade, não deixa de lado as vestes de amor Santo quando exerce seu domínio sobre a lama da história humana. Os meios do governo de Deus são consistentes com seus fins: santidade, a beleza gradual, paciente e penetrante de seu domínio em nosso mundo secularizado, violado e profanado.

“Senhor...perpétuo”. “A medida que os dias se estendem pela história”. Não se trata de um governo eterno no céu, alheio a história humana, é o governo de Deus, surgindo no calendário. A ORAÇÃO, PORTANTO, É A NOSSA PARTICIPAÇÃO PACIENTE NO GOVERNO DE Deus. O senhor reina.


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