Quem reina? Salmo 93
Introdução:
Eis uma pergunta pertinente para os nossos dias. Diante de
tantas calamidades parece que o mundo é autogovernado! Temos guerras, rumores
de guerras, em janeiro a chuva devastou os estados de Minas Gerais e Espírito
Santo; terremotos, tsunamis, etc. Agora, o corona vírus, uma pandemia que tem
assustado o mundo todo...causado medo, tensão, histeria, mortes...
1)
O
Senhor reina
Temos sete salmos que falam sobre a soberania de Deus: Salmos
47, 93, 95-99. O Salmo 93 se destaca no grupo dos sete. Majestoso em sua
simplicidade destituída de arte, imponente na brevidade despretensiosa,
memorável nos ritmos fortes, ele cativa e convence.
Uma das características da poesia hebraica é a “rima” de
significados e não de sons, o emparelhamento de sentidos semelhantes, ou contrastantes
em linhas sucessivas:
“O Senhor reina
Vestiu-se de majestade;
De majestade vestiu-se, o Senhor
E armou-se de poder!
O mundo está firme
E não se abalará
O teu trono está firme desde a antiguidade
Tu existe desde a eternidade”
O trono dele é a terra, esse lugar em que pisamos todos os
dias. Além do mais, o governo dEle não tolera oposição: “Não se abalará”.
2)
Diluvio
de calamidades
“As águas se levantaram, Senhor,
As águas levantaram a voz;
As águas levantaram seu bramido”
De nada adianta a terra estabelecida se as águas correm
desenfreadas pela superfície firme. De nada vale o trono de Deus seguro se
águas violentas e implacáveis levam tudo que está solto, deixando a terra
limpa, mas nua. Não me traz consolo saber que o solo sob meus pés é sólido se
não consigo ficar em pés por causa das ondas que se abatem sobre mim. Quando a
tempestade chega, a terra continua sólida como sempre foi, mas o resto se
abala.
As tempestades sempre chegam às manchetes...as forças de
destruição, as energias de dor e devastação...a agua devasta a terra, arranca
arvores enormes pela raiz. A terra tão sólida, fica cheia de sulcos, tem seu
contorno alterado, sofre com a erosão...
3)
O
Senhor é poderoso
“Mais poderoso do que o estrondo das águas impetuosas
Mais poderoso do que as ondas do mar
É o Senhor nas alturas”, v.4
As águas levantam a voz três vezes. O poder de Deus se mostra
soberano também três vezes. Três palavras soberanas confrontaram e derrotaram
os três testes que o diabo fez para Jesus (Mt 4.1-11). Três afirmações de amor
contrabalançaram as três negações de Pedro (Jo 21.15-19). A tríplice confirmação
de que “minha graça é suficiente” (2 Co 12.8-9) se coloca diante dos três protestos
de Paulo contra seu “espinho”. Lucas narra três vezes a conversão de Paulo,
indo contra as três vezes que falou sobre as atividades terroristas dele na
igreja primitiva.
Se Deus não for soberano eu vivo, de fato, no meio do caos. O
acaso e a sorte permeiam o universo. Por outro lado, se ele governa, há uma
ordem fundamental. Nenhum acidente é mero acaso. Nenhum caos é definitivo.
Quaisquer que sejam as vontades, poderes e influencias sobre mim e à minha
volta, há algo que é primeiro e último, inicial e final: o Senhor é mais
poderoso.
O caos dos dias de Noé é equivalente ao batismo de Jesus nas
águas do Rio Jordão; o caos no começo do Genesis “a terra era sem forma e vazia”
é equivalente a descida do Espírito Santo em Atos dos Apóstolos. Por que mais
poderoso do que as ondas no mar é o Senhor nas alturas.
4)
Força
não é atributo de Deus
Como esse governo, mais poderoso do que as ondas do mar, se
torna realidade?
“Os teus mandamentos permanecem firmes e fiéis
A santidade, Senhor, é o ornamento perpetuo da tua casa”
Teus mandamentos firmes e fieis. Deus governa neste mundo por
palavras e não músculos, por decretos e não exércitos, fala de criação e não de
coerção: Esses mandamentos, que podem ser tão ignorados e distorcidos, são
repetidos era após era por profetas, sacerdotes, reis, sábios, apóstolos e discípulos.
Há urgência em fazer frente à violência mundial que desafia
Deus nos próprios termos dela – acaba com ela, enfrentá-la com poder puro e simples:
“Senhor, quero que façamos cair fogo do céu para destruí-los? (Lc 9.54). Mas, a
palavra dEle governa: os decretos dele permanecem firmes. Só eles, nada mais.
Conclusão: a santidade é o ornamento da sua casa
A palavra ornamento no original é “tornar adorável, adornar
de forma vistosa”. O livro bíblico que mais utiliza o termo é Cantares de
Salomão, no contexto de diálogo de apaixonados (Ct 1.10, 1.5; 2.14, 4.3 e 6.4). Somente
quando as duas vontades são desenvolvidas e expressas por completo, em
relacionamento responsivo, nós celebramos a beleza.
Deus imutável em seu ser e sua profunda santidade, não deixa
de lado as vestes de amor Santo quando exerce seu domínio sobre a lama da
história humana. Os meios do governo de Deus são consistentes com seus fins:
santidade, a beleza gradual, paciente e penetrante de seu domínio em nosso
mundo secularizado, violado e profanado.
“Senhor...perpétuo”. “A medida que os dias se estendem pela
história”. Não se trata de um governo eterno no céu, alheio a história humana,
é o governo de Deus, surgindo no calendário. A ORAÇÃO, PORTANTO, É A NOSSA
PARTICIPAÇÃO PACIENTE NO GOVERNO DE Deus. O senhor reina.
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