terça-feira, 10 de março de 2020


O que fazer com a culpa? Sl 51


Introdução:
Há um século, cerca de uma dúzia de cidadãos mais ilustres de Londres receberam uma carta singular. O envelope era comum, mas não trazia o endereço do remetente. A história conta que todos empalideceram assim que abriram o envelope e leram o conteúdo anônimo. A curta nota dizia: “FOMOS DESCOBERTOS! FUJA IMEDIATAMENTE! ”. Todos sabiam exatamente o que queria dizer a mensagem. Alguns rapidamente arranjaram um meio de tirar férias e viajar para longe de Londres. Todos, porém, estavam a salvo, pois as cartas eram apenas brincadeiras.

Num dia ensolarado de setembro, em 1972, um homem bem vestido e com um olhar severo parou numa esquina movimentada no centro de Chicago. O homem ficou ali em pé, rígido, observando cada pessoa que passava. De repente, quando uma pessoa se aproximava, ele a olhava friamente e apontava o dedo em sua direção: “CULPADO! ”, o homem dizia com um olhar reprovador. As pessoas apontadas paravam, assustadas, para ver quem era seu acusador. Baixavam os olhos, olhavam novamente para ele, olhavam para todos os lados e depois seguiam seu caminho apressadamente. Um dos homens que ouviu a acusação, afastou e murmurou baixinho, confuso: “Como ele sabe?”

1)    Culpado
Vemos o clamor de Jó (9.2): “Como pode o homem ser justo para com Deus? ” Um psicólogo da Califórnia, depois de um estudo feito com pessoas em instituições para doentes mentais, relatou que aqueles que não estão devido a distúrbios fisiológicos do cérebro, estão lá por causa da culpa. A causa é a culpa. 



Sigmund freud elaborou a teoria de que a neurose é produto das dificuldades de socialização na infância. Ele não acreditava num padrão absoluto de conduta; por isso, não acreditava em algo como culpa concreta e existencial. Alguns tipos de culpa:

a)     Somos seres caídos. É uma culpa suprema. No tribunal de Deus todas as pessoas são consideradas condenadas (Rm 3.23). Em Romanos 1:18-32 descrevem seres humanos que subvertem a justiça divina, trocando-a por sua própria versão distorcida, todos tem uma consciência natural de que aquela vida é inadequada. Esse sentimento de não sermos o que fomos feitos para ser é o desconforto que acompanha nossa condição.

b)    Culpa legalista. Relacionada a medir o valor pessoal de forma legalista, ou seja, pelos nossos próprios esforços. Essa culpa é o legado de sermos criados num lar cheio de autoritarismo, ou numa família onde o legalismo e não a verdadeira fé, serve para medir o nível de aceitação.

c)     Culpa/autopunição. Ao invés de admitir com maturidade que uma atitude é pecaminosa, estúpida, demonstra rebelião contra Deus e tem consequências negativas, algumas pessoas refugiam-se nas atitudes ou ações autodestrutivas. Exemplos: um marido infiel volta-se para o álcool depois de ser abandonado pela esposa. Uma criança que sofre abusos cresce e torna-se dependente de drogas. Um empresário que fracassa num investimento comete suicídio. A PESSOA TORNA-SE SEU PROPRIO JUIZ, JURADO, VERDUGO, IRADA POR TODA ESSA INJUSTIÇA.

d)    Culpa objetiva. É uma culpa boa, saudável que ajuda o cristão a crescer e faz com que o ímpio entenda que necessita de um salvador. Paulo descreve esse sentimento: “Desventurado homem que sou” (Rm 7.24), ou “Quem me livrará do corpo desta morte” (v.24). A resposta é: “Graças a Deus por Jesus Cristo... Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, por que a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus te livrou da lei do pecado e da morte (Rm 7.25,8.2).

2)    Os frutos da culpa

Ansiedade
A culpa cria um senso de medo ansioso. Um sentimento de angustia paira sobre a cabeça de muitas pessoas, que ficam olhando para trás e para frente a todo instante quando andam nas ruas e vivem suas vidas. O livro de Jó nos oferece uma ilustração viva da ansiedade: “Os perversos se contorcem de dor a vida toda; aos cruéis estão reservados tempos de sofrimento. Em seus ouvidos ressoam sons de terror, e mesmo em dias tranquilos temem o ataque do destruidor. Não se atrevem a sair no escuro, por medo de serem mortos pela espada. Ficam perambulando e dizendo: ‘Onde posso encontrar pão?’; sabem que o dia de sua destruição se aproxima. Vivem angustiados e aflitos, cheios de terror, como um rei que se prepara para a batalha, pois agitam os punhos contra Deus e desafiam arrogantemente o Todo-poderoso. Jó 15:20-25

Depressão
É a doença do século. É uma fuga da realidade, ou uma fuga da culpa. O número de depressivos tem aumentado exponencialmente. Nos salmos de Davi notamos alguns sintomas da depressão, provinda da culpa: “Tuas flechas se cravam fundo em mim, e o peso de tua mão me esmaga. Por causa da tua ira, todo o meu corpo adoece... minha culpa me sufoca é um fardo pesado e insuportável” (Sl  32).  “Dia e noite, tua mão pesava sobre mim; minha força evaporou como água no calor do verão” (Sl 32.4). “Sou como a coruja no deserto, como a pequena coruja num lugar desolado. Não consigo dormir, sou como o pássaro solitário no telhado” (Sl 102.6-7). 



Consciência inflamada
Sentimentos: Sinto-me impuro; sinto-me sujo; sinto-me indigno; sinto-me como um rato sujo; sinto-me muito vil; sinto-me um verme

Imagine o estado emocional do discípulo Pedro depois de ter negado e desonrado covardemente o Senhor. Que tipos de nuances de autoimagem o Senhor ressurreto viu, quando olhou para dentro do coração de Pedro na praia e diretamente perguntou: “Simão, você realmente me ama” (Jo 21.15). Pedro foi forçado a jurar novamente seu amor e declarar a quem pertencia, uma vez para cada uma das vezes que negou.

Enfermidades físicas
Em quase 80% das enfermidades há o elemento psicossomático. O que é isso? Significa que um distúrbio na mente causou um distúrbio no corpo. A pressão emocional tem sido estudada em sua relação com vários distúrbios, desde úlcera, até câncer. Alguns exemplos: “Por causa de tua ira, todo o meu corpo adoece; minha saúde está arruinada, por causa de meu pecado... estou encurvado e atormentado; entristecido, ando o dia todo de um lado para o outro. Meu corpo arde em febre, minha saúde está arruinada”.  Quanto a ceia: “Pois, se comem do pão ou bebem do cálice sem honrar o corpo de Cristo, comem e bebem julgamento contra si mesmos. Por isso muitos de vocês estão fracos e doentes e alguns até morreram” (1 Co 11. 29-30). 


Conclusão:o caminho do perdão
A justificação pela fé é o mais importante pilar da religião cristã. É o eixo central, em torno do qual tudo gira. “Se afirmamos que não temos pecados, enganamos a nós mesmos e não vivemos na verdade. Mas, se confessarmos nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar nossos pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 João 1.8-9).

Em Romanos 8.33,34, Paulo faz as mais importantes perguntas que alguém está oprimido pela culpa poderia ouvir:
Pergunta: quem fará qualquer acusação contra os escolhidos de Deus?
Resposta: Deus
Pergunta: quem os condenará?
Resposta: Ninguém, para o cristão. O juiz, que é Jesus Cristo, intercede por nós
Pergunta: Paulo, este Deus é o mesmo que Justifica?
Resposta: Exatamente o mesmo.
Pergunta: este juiz é o mesmo que morreu e ressuscitou? É o mesmo juiz que está sentado à direita de Deus e que intercede por nós?
Resposta: Sim, é Ele. 





Nenhum comentário:

Postar um comentário