Filadélfia: uma porta aberta - Ap. 3.7-13
Introdução: William Carey
Carey converte-se aos 18 anos. Sapateiro, professor de
geografia, aos 26 anos foi ordenado ao ministério pastoral. Autodidata, leitor
fluente, aprendeu latim, grego, hebraico, italiamo, francês e holandês. Ao ler
o livro “A ultima viagem do capitão Cook”, sente-se chamado para a obra
missionaria com a seguinte pergunta: “Alguém já foi conquistar as ilhas do Capitão
Cook para Jesus?”. Em uma reunião, pensando nos povos não alcançados, o
presidente do conselho lhe diz: “Jovem sente-se. Quando Deus quiser converter
os pagãos. Ele o fará sem a sua ajuda ou a minha”. Em 30 de maio de 1792, Carey
tem a oportunidade de pregar sobre Isaias 54.2,3, fazendo um famoso desafio: “Espere
grandes coisas de Deus, faça grandes coisas para Deus”. Na India, Carey,
enfrentou diversas circunstancais difíceis: morreu o filho e a esposa. Mas
perseverou. Traduziu a Biblia ou parte dela em 35 idiomas e dialetos.
1)
A
cidade de Filadélfia
Fundada por colonos provenientes de Pérgamo sob o reinado de
Átalo II nos anos de 159 a 138 a.C. Ele amava tanto a seu irmão Eumenes que
apelidou-o de PHILADELPHOS, O QUE AMA A SEU IRMÃO.
A cidade de Filadélfia era pequena se comparada a Éfeso e a
Esmirna. Menor em prosperidade, indústria e prestigio. Como Sardes, ela estava
situada na fértil região da Lídia e era dominada pelo monte Tmolus. Por sua
localização, era o maior eixo de comunicação; em meio a está pequena cidade,
situavam-se os reinos da Lídia, Mísia e Frígia.
Viajantes passavam por ela a caminho dos mais variados
destinos. Era conhecida como o “Portão Leste”, ou a porta para o Oriente. Os exércitos
de César marchavam por Filadélfia de regresso a Roma. Mercadores também
passavam por ela, transportando grandes riquezas. Mas, era “uma cidade de
terremotos”. Em 17 a.C., um terremoto devastou-a, causando a perda de muitas
vidas e bens materiais.
2)
A
igreja e a porta aberta
Por que está porta que foi aberta não pode ser fechada? A
metáfora é usada em dois sentidos:
a)
Porta
da salvação
O próprio Jesus usou duas vezes esta linguagem. Durante o
sermão do monte, ele disse: “Entrem pela porta estreita. Pois larga é a porta e
amplo o caminho eu leva à perdição, e muitos são os que entram por ela. Como é
estreita a porta, e apertado o caminho que leva à vida! Poucos são os que a
encontram” (Mt 7.13-14).
Então, são duas portas, e ambas estão abertas. Uma abre sobre
uma rua larga e apinhada de gente;
inclina-se suavemente e termina em destruição, chamada inferno. “A estrada mais
segura para o inferno é a gradual – a ladeira suave, como chão suave, sem
curvas acentuadas, sem aviso de quilometragem e sem placas indicativas de
sinalização” C.S. Lewis. A outra porta abre-se para um caminho estreito e
escassamente povoado, que sobre em caracol em terreno íngreme e leva à vida
eterna.
A porta larga é tão espaçosa que é fácil às pessoas
despreocupadas se acumularem em grande número através dela. Mas a outra porta é
tão baixa que temos de nos curvar humildemente para atravessá-la, e tão
estreita que podemos passar somente apertado, e um de cada vez.
b)
Porta
do serviço
Tendo passado pela porta da salvação, os cristãos se apressam
em direção à porta do serviço para esperar pelos outros. Os cristãos, da igreja
primitiva, empreenderam a atividade evangelizadora com absoluta tranquilidade.
Convivendo com a Paz Romana, falavam a língua grega, caminhavam sobre as estradas
romanas e usavam o texto da Septuaginta, versão do hebraico para o grego. Aonde
quer que fossem, encontravam mentes inquietas e corações famintos. As velhas superstições
pagãs estavam sendo abandonadas.
Paulo, em Éfeso, aonde passou três anos, se expressou: “se
abriu para mim uma porta ampla e promissora” (1 Co 16.9). Quando mais tarde ele
chegou em Roma e foi por dois anos mantido sob prisão domiciliar, ele pede: “Orem
por nós para que Deus abra uma porta para a nossa mensagem, a fim de que
possamos proclamar o mistério de Cristo, pelo qual estou preso. Orem para que
eu possa manifestá-lo abertamente, como me cumpre fazê-lo” (Cl 4.3-4).
3)
Oposição
A igreja de Filadélfia era fraca: “...sei que tens pouca
força”. Talvez a congregação fosse pequena, ou talvez fosse composta de pessoas
com renda muito baixa, constituída de pessoas pobres. O que fazia que ela
tivesse pouca influencia sobre a cidade (1 Co 1.28-29).
Havia oposição: “farei aqueles que são sinagoga de satanás,
que se dizem judeus e não são”. Na cidade havia um grupo de judeus que alegavam
ser os verdadeiros filhos de Abraão, mas não o eram. Eram incrédulos; eram
filhos de satanás! E, acrescenta: “Farei que aqueles que são sinagoga de
satanás...venham se prostrar aos seus pés e reconheçam que o amei” (v.9).
Ameaça de perseguição: “Eu também o guardarei da hora da
provação que está para sobrevir a todo mundo”. Tinham eles guardado sua palavra?
Então, ele os guardaria do mal. Ele não os pouparia do sofrimento, mas os
sustentaria durante a provação. Daniel não foi poupado de ser jogado na cova
dos leões, mas Deus o guardou dos leões. Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, não
foram livrados da fornalha de fogo, mas foram livrados do fogo da fornalha. O
apostolo João, não escapou da prisão em Patmos, mas em Patmos Deus esteve com
ele. Diz o Salmista: “Aquele que habita no esconderijo do Altissimo, à sombra
do onipotente descansará. Direi ao Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a
minha fortaleza e nele confiarei. Porque Ele te livrará do laço do
passarinheiro, e da peste perniciosa. Ele te cobrirá com suas penas, e debaixo
das suas asas te confiarás; a sua verdade será o teu escudo e o teu broquel.
Não terás medo do terror nem da seta que voa de dia. Nem da peste que anda na escuridão,
nem da mortandade que assola ao meio dia. Mil cairão ao teu lado, e dez mil à
tua direita, mas não chegará a ti. Porque tu, ó Senhor, és o meu refugio. No
Altissimo fizeste a tua habitação” (vs. 1-9).
4)
A
chave de Davi
“Estas são as palavras daquele que É SANTO e VERDADEIRO, que
tem a CHAVE DE DAVI. O que ele abre ninguém pode fechar, e o que ele fecha ninguém
pode abrir”. (v.7).
“Santo”: o conceito de santidade provém da raiz semítica da
palavra que significa cortar. Ser santo é estar cortado, separado (Is 40.25).
“Verdadeiro”: ele abomina todo o mal e engano. Ele é a perfeição
da justiça, e o cumprimento de toda profecia.
“Chave de Davi”: a expressão é tirada de Isaias 22:21,22.
Onde é usada por um homem chamado Eliaquim. Ele era o guardião dos tesouros do
rei; apenas ele possuía as chaves para abrir o tesouro real. Apenas Eliaquim
podia abrir a porta que dava acesso às riquezas de Ezequias. Mas, quando a
fechava, ninguém podia abri-la. Deus concedeu-lhe autoridade, chamando “pai
para os moradores de Jerusalém” e acrescentou “porei sobre o seu ombro a chave
da casa de Davi; ele abrirá, e ninguém fechará, fechará e ninguém abrirá” (2 Rs
18.17-18; Is 22.21,22).
Eliaquim é um símbolo de Cristo. Pois, Cristo é o cabeça da família
de Deus, a igreja. A ele foi dado “toda autoridade, no céu e na terra” (Mt
28.18). Ele, portanto, é que tem as chaves não somente “da morte e do inferno”
(Ap. 1.18), mas também da salvação e serviço. A chave da salvação está na mão
de Cristo. Na verdade ele “abriu a porta do céu a todos os crentes”. Eis que
coloquei diante de você uma porta aberta” (v.8). O tempo do verbo é passado, pois
ele abriu-a uma vez por longo tempo, e ela continua aberta até hoje.
Uma porta fechada
“Esforcem-se para entrar pela porta estreita, porque eu lhes
digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão. Quando o dono da casa se
levantar e fechar a porta, vocês ficarão do lado de fora, batendo e pedindo: Senhor,
abre-nos a porta”.
Ele porém, responderá: “Não os conheço, nem sei de onde são vocês”
Então vocês dirão: “Nós comemos e bebemos contigo, e tu
ensinastes em nossas ruas.
Ele então responderá: “Não os conheço, nem sei de onde são vocês.
Afastem-se de mim, todo vocês que praticam a iniquidade. Ali haverá choro e
ranger de dentes, quando vocês virem Abraão, Isaque e Jacó e todos os profetas
do reino de Deus, mas vocês serão excluídos” (Lc 13.24-28).
Conclusão: a promessa
“Venho em breve! Retenha o que você tem para que ninguém tome
a sua coroa. Farei do vencedor uma coluna no santuário do meu Deus, e dali ele
jamais sairá. Escreverei sobre ele o nome do meu Deus, a Nova Jerusalém, que
desce do céu da parte de Deus; e também escreverei sobre ele o meu novo nome”
Se apagarmos nosso nome neste mundo por amor de Cristo, então
no próximo, sobre a coluna, serão gravados três nomes. O primeiro será o nome
de Deus, o segundo o nome da Nova Jerusalém (a igreja triunfante), e o terceiro
o próprio novo nome de Cristo.
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