Justificação pela fé ou pelas obras da lei? Gl
2.15-20
Introdução: A palavra justificação aparece pela primeira
vez em Gálatas. O verbo aparece três vezes no capítulo 16: “Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo,
temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei;
porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada”. E uma vez no versículo 17, enquanto que o
substantivo “justificação” ou “justiça” aparece no versículo 21.
O que é JUSTIFICAÇÃO? É a
boa nova de que homens e mulheres pecadores podem ser aceitos por Deus, não por
causa de suas obras, mas através de um simples ato de confiança em Jesus
Cristo. Ou, quando alguém se arrepende de seus pecados, após reconhecer que é
pecado, quando crê que Jesus Cristo morreu na cruz e derramou seu sangue
precioso como pagamento pelos seus pecados; quando pela fé se apropria do sacrifício
de Cristo, a obra consumada na cruz do Calvário lhe é imputada mediante a fé,
ele tem os pecados perdoados e é aceito por Deus mediante Jesus Cristo.
“Esta é a verdade do
evangelho. É também o artigo principal de toda a doutrina cristã, em que
consiste o conhecimento de toda piedade”. Lutero se refere a justificação como
o “principal”, “o mais importante”, pois
é a doutrina “que certamente transforma as pessoas em cristãos”. Ele
acrescenta: “se o artigo da justificação for alguma vez perdido, então toda a
verdadeira doutrina ficará perdida”.
Justificação é exatamente o
oposto de “condenação”. “Condenar” é declarar uma pessoa culpada; “justificar”
é declará-la sem culpa; inocente ou justa. Sendo assim, a questão mais urgente
que enfrentamos é a mesma que Bildade, o suíta, apresentou séculos atrás: “Como,
pois, seria justo o homem perante Deus?” (Jó 25.4; Salmo 51.5). Ou, como Paulo
o colocou: “Como pode um pecador condenado se justificado?”.
1) A JUSTIFICAÇÃO
PELAS OBRAS DA LEI.
Por “lei” entende-se a soma total dos
mandamentos de Deus, e por “obras da lei” os atos praticados em obediência a
ela. Ou seja, é preciso amar e servir ao Deus vivo, e não ter outros deuses. É preciso
reverenciar o seu nome, não fazer imagens de escultura. É preciso guardar o seu
dia, honrar os pais; é preciso evitar o adultério, o homicídio e o roubo. Nunca
devemos dar falso testemunho, nem cobiças coisas do próximo. Além disso, é
preciso levar a religião a sério; é preciso jejuar, orar e dar esmolas. E, se
fizer tudo isso, sem falhar em nada, ter-se-á alcançado o sucesso e a aceitação
de Deus sendo então justificado “pelas obras da lei”.
“Todas as outras religiões dizem que, se quiser
encontrar Deus, se quiser se aperfeiçoar, se quiser ter uma consciência mais
elevada, se quiser conectar-se com o divino, não importa como ele seja
definido, você tem DE FAZER ALGUMA COISA. Tem de reunir suas forças, seguir as
regras, libertar a mente para então enchê-la e tem de ficar acima da média”.
Mas isso tudo é uma ilusão terrível. É a
maior mentira do maior mentiroso do mundo, o diabo, o qual Jesus chamou de “pai
da mentira” (Jo 8.44). Nunca alguém foi justificado pelas obras da lei,
simplesmente porque ninguém jamais conseguiu obedecer a lei de maneira perfeita
(Mt 5.21-22; 27-28).
2) JUSTIFICAÇÃO
PELA FÉ.
Jesus Cristo veio ao mundo para viver e
morrer (Mt 20.28). Na sua vida a sua obediência à lei foi perfeita (Mt 5.17).
Na sua morte ele sofreu pela nossa desobediência. Na terra ele viveu a única
vida de obediência imaculada para com a lei que já foi vivida. Na cruz ele
morreu porque nós transgredimos a lei, uma vez que a penalidade para a
desobediência à lei era a morte.
Assim, a “fé em Cristo” não é apenas uma
convicção intelectual, MAS UM COMPROMISSO PESSOAL. “...NÓS TEMOS CRIDO EM
CRISTO JESUS” (v.16). É um ato de entrega, não apenas de aceitação do fato de
Jesus ter vivido e morrido, mas de correr a ele em busca de refúgio e de clamar
a ele por misericórdia. Aqui, temos algumas princípios.
Primeiro, a declaração
é geral (v.16 a). Sabemos “que o homem não é justificado por obras da lei, e,
sim, mediante a fé em Cristo Jesus”. Ou seja, qualquer homem, qualquer mulher,
ou seja, não há distinção, todos tem acesso ao evangelho (Gl 3.28).
Segundo, é uma
declaração pessoal (16 b) “...temos também crido em Cristo Jesus, para que
fossemos justificados pela fé em Cristo...”. Ou seja, nossa certeza acerca do
evangelho é mais do que intelectual; nós o testamos pessoalmente em nossa
própria experiência; nós o provamos.
Terceiro, a declaração
é universal (v. 16 c): “pois por obras da lei ninguém será justificado”.
Refere-se a “toda a carne”, a humanidade sem exceção. Seja qual for a nossa
educação religiosa, antecedentes educacionais, status social ou origem racial,
o caminho da salvação é o mesmo. NINGUÉM PODE SER JUSTIFICADO POR OBRAS DA LEI;
TODA A CARNE TEM DE SER JUSTIFICADA ATRAVÉS DA FÉ EM CRISTO.
3) Os judaizantes
criticam a justificação pela fé (vs. 17-20).
“A sua doutrina da justificação pela fé em
Cristo somente, à parte das obras da lei, é uma doutrina altamente perigosa. Ao
afirmar que ele pode ser aceito confiando em Cristo, sem qualquer necessidade
de boas obras, você o está encorajando a transgredir a lei; que é a vil heresia
do antinomianismo (Anti – Contra e nomos, lei; não há leis morais). A primeira
resposta de Paulo aos seus críticos é uma negativa fortemente indignada (v.17),
ou seja, “se depois da minha justificação continuo pecando, a falta é minha e
não de Cristo. Eu sou o único culpado; ninguém pode culpar a Cristo”.
E, continua, “nossa justificação acontece
quando somos ligados a Cristo pela fé. E uma pessoa que foi unida a Cristo
nunca mais será a mesma pessoa. Ela é transformada. Não é apenas a sua posição
diante de Deus que é transfomada; a pessoa que é radical e permanentemente
transformada. Falar de voltar para a sua vida antiga, e de pecar à vontade, é
francamente impossível. Ela se tornou uma nova criatura e começou uma nova
vida.
V.19-20: Porque eu, pela lei, estou morto para a lei, para
viver para Deus. Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu,
mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do
Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.
Conclusão: quatro verdades cristãs que aprendemos
da justificação pela fé.
Primeira, a maior necessidade do homem é a justificação
ou aceitação de Deus. A nossa eternidade passa pela justificação.
Segundo, a justificação não é pelas obras da lei,
mas pela fé em Cristo Jesus. “Eu devo dar ouvidos ao Evangelho, que me ensina
não o que eu devo fazer (Pois este é o trabalho da Lei), mas o que Jesus
Cristo, o Filho de Deus, fez por mim; que ele sofreu e morreu a fim de me
livrar do pecado e da morte” Lutero.
Terceiro, não confiar em Cristo em Jesus Cristo
por causa da confiança em si mesmo é um insulto à graça de Deus e à cruz de
Cristo, pois é dizer que são desnecessárias.
Quarto, confiar em Cristo, sendo assim unido a
ele, é começar uma vida totalmente nova.
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