O erro de Pedro e o nosso. Gl 2.11-16.
Introdução: Uma situação da igreja do primeiro século
Os judaizantes-missionários confrontavam os cristãos da Galácia incisivamente:
_ Vocês são cristãos?
_ Somos – respondiam os cristãos gentios. _ Cremos em Jesus Cristo
como Senhor e Salvador.
Os missionários judeus então diziam: _ Que coisa maravilhosa! Nós
também somos! E vocês já foram circuncidados?
_ Não – informavam com estranheza os recém-convertidos.
_ Como não foram?! Quem pregou o evangelho para vocês? O apostolo
Paulo? Já Imaginávamos! Vocês sabiam que Paulo não pertence aos Doze? Ele veio
depois. Não faz parte do grupo original dos apóstolos de Cristo. Ele não
ensinou que vocês deviam ser circuncidados?
_ Não. Ele disse que pela fé estamos salvos e não precisamos de
mais nada. O que devemos fazer, depois de ter sido salvos, é obedecer a Deus,
perseverar na verdade, pregar o evangelho a outras pessoas e fazer parte da
igreja.
_ NÃO, NÃO. Paulo ensinou tudo errado! Vocês não são cristãos
completos ainda. Para que sejam cristãos de fato e possam entrar no reino de
Deus, é preciso ir além de somente crer em Jesus. Voces precisam ser circuncidar,
deixar de comer carne de porco e sangue, ou seja, parar de viver dessa maneira
que vocês vivem. Voces tem que se tornar judeus, porque Jesus era judeu.
Refutando essas idéias temos: (Hb
9.9-10), Colossenses 2.16: “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo
beber,ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados”. E Marcos
7:14,15.
1)
Paulo e Pedro.
Tanto Paulo como
Pedro eram cristãos, homens de Deus; ambos eram apóstolos de Jesus Cristo;
ambos eram respeitados nas igrejas por sua liderança; ambos haviam sido
poderosamente usados por Deus. Na verdade o livro de Atos está virtualmente
dividido no meio pelos dois, a primeira parte contando a história de Pedro e a
segunda parte, a história de Paulo.
1) A conduta de Pedro (VS. 11-13).
Quando Pedro chegou a Antioquia, ele comia com os
cristãos gentios. Na verdade, o tempo imperfeito de verbo indica que este era o
seu comportamento regular. “Pedro tinha o hábito de se sentar à mesa com os
gentios”. Então, um dia, chegou a Antioquia um grupo de
Jerusalém. Eram todos crentes cristãos professos, mas eram de origem judaica,
escrupulosos fariseus (At 15:5) e vinham “da parte de Tiago”, sem a sua
autoridade (At 15:24). E diziam, que era impróprio sentar junto para
cear. Eles se apresentaram como delegados apostólicos e ensinavam: “que
era incorreto que os CRENTES JUDEUS CIRCUNCIDADOS praticassem da mesma mesa com
os crentes gentios INCIRCUNCIOSOS, ainda que esses últimos cressem em Jesus e
fossem batizados.
Por que ele o fez? Lembremos que havia pouco tempo (At 10:9-16), Pedro recebera
uma revelação direta e especial de Deus exatamente sobre esse assunto. Ele
estava no terraço de uma casa em Jope, uma tarde, quando entrou em êxtase e
teve uma visão de um lençol que descia do céu segurado pelos quatro cantos,
contendo uma variedade de criaturas impuras (aves, vermes e repteis). Então ele
ouviu uma voz que dizendo: “Levanta-te, Pedro; mata e come”. Quando ele
objetou, a voz continuou dizendo: “Ao que Deus purificou não consideres comum”.
A visão se repetiu três vezes, com ênfase. Pedro concluiu que devia
acompanhar os mensageiros gentios que foram enviados da
parte do Centurião Cornélio e foi à casa deste, atitude que lhe era proibida,
por ser um judeu. No sermão que pregou na casa de Cornélio, ele disse: “RECONHEÇO
POR VERDADE QUE DEUS NÃO FAZ ACEPÇÃO DE PESSOAS”.
Será que Pedro havia
se esquecido dessa revelação? “Ele veio apartar-se, temendo os da circuncisão”.
“ E também os demais judeus dissimularam com ele, ao ponto de o próprio Barnabé
ter-se deixado levar pela dissimulação deles” (v.13). “Pedro estava mais
desejoso de agradar do que edificar, e visava mais ao que gratificaria os
judeus do que ao que seria conveniente a todo o corpo de Cristo”. (Calvino). V.
13: “dissimulação” é “hipocrisia” , que significa “fazer fita”. Eles fingiram.
O mesmo Pedro que negou o seu Senhor com medo de uma criada, negou-o agora com
medo do partido da circuncisão.
2) A conduta de Paulo (VS. 14-16).
O versículo 11 diz que Paulo “resistiu” ou “enfrentou”
a Pedro “face a face”. A razão da atitude drástica de Paulo foi que
Pedro “se tornara repreensível”. Ou seja, Paulo diz que Pedro não estava “andando”
com o evangelho. O prefixo ORTO quer dizer ser correto; assim vamos ao ortodontista
para endireitar os dentes. Isto é, “ele
estava inteiramente errado”. Além disso, Paulo repreendeu Pedro “na presença de
todos” (v. 14), franca e publicamente.
Por que
ele o fez? Por que Paulo se atreveu a contradizer um companheiro
seu, apostolo de Jesus Cristo, e isto
publicamente? Sempre por causa do seu temperamento? Seria ele um exibicionista?
Será que considerava Pedro como um perigoso rival? Não! Paulo “viu” que Pedro e
os outros não estavam procedendo “corretamente segundo a verdade do evangelho”
(v.14). A verdade do evangelho parece estar sendo comparada a um caminho reto e
estreito. Em vez de se manter nele, Pedro estava se desviando.
Qual é, então, essa verdade do evangelho? São as boas novas de que
nós, os pecadores, culpados e sob o julgamento de Deus, podemos ser perdoados e
aceitos pela sua plena graça, pelo seu favor livre e imerecido, com base na
morte do seu Filho e não através de quaisquer obras ou méritos nossos. Os
VS. 15 e 16 dizem: Nós (isto é, Pedro e Paulo)...sabendo, contudo, que o homem
(qualquer homem, judeu ou gentio) não é justificado por obras da lei, e , sim,
mediante a fé em Cristo Jesus...”
Conclusão: o erro de
Pedro e o Nosso.
Temos a mesma dificuldade de Pedro quando sentamos juntos “dessas outras
pessoas” na igreja, mas não comemos com elas; não somos amigos delas. Não temos
contato social com elas, nem tampouco compartilhamos nossa vida, casa e outras
coisas. Preferimos relacionamentos formal e as veremos apenas em reuniões
oficiais da igreja.
Tudo isso advém de não viver em conformidade com o evangelho. Sem o
evangelho, nosso coração tem de manufaturar a autoestima, comparando nossos
grupos com outros grupos.
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