Josué e as muralhas de Jerico.
O
nome de Josué ficou eternamente ligado ao sucesso nas campanhas militares. De
fato, ele parece ter sido um homem nascido para triunfar. Já nos primeiros dias
que se seguiram à saída do Egito, destacou-se como líder numa batalha entre
Israel e os amalequitas (Êx 17.9)- Aquela foi a primeira de muitas vitórias.
Depois de cumprir eficientemente várias outras missões, Josué' ganhou o
respeito e a confiança de toda a nação. Ele se tornou auxiliar imediato de
Moisés, sendo posteriormente designado para sucedê-lo, introduzindo os hebreus
na terra prometida.
Entretanto,
houve um momento na vida de Josué em que ele se viu perante um obstáculo quase
intransponível. Jerico - cidade considerada por muitos a mais antiga do mundo
- interpunha-se entre ele e a conquista de Canaã. O general israelita já havia
travado muitas lutas, mas nunca sitiara uma cidade. E os muros de Jerico representavam
um desafio e tanto. Eles compunham uma inexpugnável fortificação estratégica,
formada por um conjunto de duas espessas muralhas paralelas, cada qual com dois
metros de largura e dez metros de altura2. Josué sabia que tomar Jerico não
seria fácil. Entretanto, era uma tarefa necessária: se os israelitas não o
fizessem, teriam sempre uma cidade inimiga às suas costas, o que poria em risco
a sua sobrevivência.
Assim como Josué, também nos encontramos às vezes diante de
problemas que parecem não ter solução. Grossas muralhas interpõem-se entre nós
e nossos sonhos. Graves dificuldades ameaçam barrar nosso avanço. Inimigos
poderosos nos injuriam e atacam, afirmando que jamais os superaremos. Em
ocasiões semelhantes, qual é o nosso procedimento? Desistimos? Batemos em
retirada? Ou será que nos lançamos desesperados ao conflito, colecionando
frustrações e derrotas? Às vezes, o que fazemos é murmurar contra os céus,
queixando-nos das adversidades. Josué, porém, agiu de uma forma que lhe
garantiu a vitória. E nós temos a oportunidade de aprender com seu exemplo,
identificando nas suas atitudes os ingredientes de uma verdadeira fórmula do
sucesso.
Humildade
Josué
assumiu uma postura humilde. Esse foi o primeiro passo na direção da vitória. A
Bíblia diz que "estando Josué ao pé de Jerico, levantou os olhos e olhou;
eis que se achava em pé diante dele um homem que trazia na mão uma espada nua;
chegou-se Josué a ele e disse-lhe: És tu dos nossos ou dos nossos adversários?
Respondeu ele: Não; sou príncipe do exército do Senhor e acabo de chegar.
Então, Josué se prostrou com o rosto em terra, e o adorou, e disse-lhe: Que diz
meu senhor ao seu servo?" (Js 5.13,14.) Prostrar-se em adoração foi um ato
de humildade e reconhecimento. Perguntar pelas ordens de Deus foi um indício
de submissão e obediência. Assim, Josué mostrou que sabia qual era o seu lugar.
Mais do que isso: ele percebeu que a situação estava lhe proporcionando a
oportunidade de uma experiência mais íntima com Deus.
Grandes
problemas trazem sempre grandes oportunidades. Eles nos dão a chance de
reavaliar nossa capacidade. Permitem-nos exercitar nossa modéstia. Levam-nos a
buscar uma maior dependência. Além disso, eles favorecem nosso crescimento
espiritual, pois é nas horas das maiores provações que temos os vislumbres mais
claros do poder divino. Depois de enfrentar sua "Jerico" pessoal, Jó
disse ao Senhor: "Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te
vêem" (Jó 42.5).
E Martinho Lutero escreveu:
"Eu nunca entendi o significado da Palavra de Deus até que entrei em
aflição". Homens e mulheres de fé têm aprendido, ao longo dos séculos, que
as provações são seguidas de bênçãos.
Humildade
é o reconhecimento dos nossos limites e a confiança no ilimitado poder de
Deus. É um ingrediente fundamental para uma receita de sucesso. Como afirmou o
sábio, "diante da honra vai a humildade" (Pv 18.12). Quando somos
modestos, podemos contar com os recursos de Deus, e não apenas com os nossos.
Josué, mesmo ocupando a mais alta posição de autoridade em sua nação, não
deixou de admitir suas limitações, de buscar a direção do Senhor e de se
submeter a ele. Será que, nos momentos de lutas, temos feito o mesmo?
Confiança
O
general israelita revelou ter confiança em Deus e nas suas orientações. As
ordens que recebeu foram as seguintes: "Vós, pois, todos os homens de
guerra, rodeareis a cidade, cercando-a uma vez; assim fareis por seis dias.
Sete sacerdotes levarão sete trombetas de chifre de carneiro adiante da arca;
no sétimo dia, rodeareis a cidade sete vezes, e os sacerdotes tocarão as
trombetas. E será que, tocando-se longamente a trombeta de chifre de carneiro,
ouvindo vós o sonido dela, todo o povo gritará com grande grita; o muro da
cidade cairá abaixo, e o povo subirá nele, cada qual em frente de si" (Js
6.3-5).
O
que Deus mandou Josué fazer deve ter lhe parecido estranho. Ele bem poderia
ter respondido: "Mas, Senhor, não é assim que se conquista uma
cidade!" Josué era um guerreiro experimentado. Ele sabia que nenhuma
batalha jamais havia sido vencida daquela maneira. Talvez tenha pensado:
"Se eu passar essas ordens adiante, meus soldados deixarão de me
respeitar. E se fizermos o que Deus está falando, nossos inimigos dirão que
ficamos loucos. Eles rirão de nós e falarão que o sol do deserto fritou nossas
cabeças!" Entretanto, se algum desses pensamentos cruzou a mente de
Josué, logo foi varrido para longe. Ele decidiu fazer o que lhe fora mandado,
porque confiava no Senhor.
Os
dicionários definem fé como "confiança em alguém ou em alguma coisa,
crença nos dogmas de uma religião, fidelidade em honrar os compromissos".
Mas a minha definição pessoal de fé é a seguinte: fé é confiar a ponto de obedecer. Toda vez que fazemos o que o
Senhor nos diz, estamos exercitando nossa fé. Mas quando dizemos que cremos em
Deus e apesar disso não lhe obedecemos, enganamo-nos a nós mesmos, porque a
verdade é que não confiamos nele. É a certeza de que Deus nos ama e deseja o
melhor para nós que nos leva a seguir suas orientações, mesmo quando não somos
capazes de entendê-las. Os métodos do Senhor podem nos parecer estranhos, mas
nunca deixam de ser eficazes.
O
Senhor mandou que Naamã mergulhasse sete vezes no rio Jordão, e ele foi curado
da sua lepra. O Salvador disse ao cego de nascença que se lavasse no tanque de
Siloé, e ele voltou enxergando. A Bíblia nos manda amar nossos inimigos,
perdoar aos nossos ofensores, vencer o mal com o bem e voltar a outra face aos
nossos agressores. Diz aos que enfrentam problemas financeiros que sejam fiéis
na entrega de seus dízimos, e exorta os solitários a não se envolverem em
relacionamentos contrários à vontade de Deus. Essas e outras orientações podem
nos parecer difíceis. Porém, se as seguirmos com fé, veremos que elas nos
conduzirão ao sucesso, porque o Senhor, que as deu, é fiel.
Persistência
O
último ingrediente na receita vitoriosa de Josué foi a perseverança. O Senhor
lhe disse que, para que os muros de Jerico caíssem, teriam de ser rodeados por
sete dias, e no último dia, por sete vezes. Isso significa que durante um bom
tempo o general israelita seguiu as diretrizes divinas sem que nada acontecesse.
Aquilo certamente foi um grande teste para a sua fé. É dessa forma, igualmente,
que a nossa confiança costuma ser provada. Seguir em frente quando nossos
esforços parecem infrutíferos não é fácil. Por outro lado, nunca ninguém
alcançou nada sem empenho e persistência.
Uma mulher orou durante quarenta anos pela conversão do
marido alcoólatra. Outra intercedeu vinte anos pelo filho rebelde até vê-lo
render-se a Jesus. Muitos outros exemplos poderiam ser somados a estes,
ensinando-nos uma importante lição: Deus está disposto a dar-nos o triunfo, mas
permitirá antes que lutemos por ele, a fim de fortalecermos nossos músculos
espirituais. Assim, os que desistem diante da primeira demora podem acabar
privados da bênção que lhes estava reservada. "Não é digno de saborear o
mel quem se afasta da colméia por causa da picada das abelhas", escreveu
Shakespeare. A vitória sorri para aquele que, à humildade e à confiança,
acrescenta a perseverança.
Thomas
Edison conseguiu fazer funcionar a primeira lâmpada elétrica na sua centésima
tentativa. Naquela ocasião, um repórter lhe perguntou:
- Depois
de fracassar noventa e nove vezes, não pensou em desistir?
- Eu
não fracassei noventa e nove vezes. Apenas descobri, noventa e nove vezes, como
algo não funcionava, respondeu Edison.
Essa é uma maneira
interessante de ver as coisas! Não encare suas tentativas como insucessos, e
sim como exercícios. Levante-se. Persevere. Tente outra vez. Mostre que sabe o
que quer! Você não deve desistir dos seus sonhos, mas precisa provar que está
à altura deles. Na hora certa, Deus estenderá suas mãos, e os muros cairão.
Mantendo
uma postura adequada, Josué e os israelitas alcançaram seu objetivo.
"No sétimo dia, madrugaram, ao subir da alva e,
da mesma sorte, rodearam a cidade sete vezes; somente naquele dia rodearam a
cidade sete vezes. E sucedeu que, na sétima vez, quando os sacerdotes tocavam
as trombetas, disse Josué ao povo: Gritai, porque o Senhor vos entregou a
cidade... Gritou, pois, o povo, e os sacerdotes tocaram as trombetas. Tendo
ouvido o povo o sonido da trombeta e levantado grande grito, ruíram as
muralhas, e o povo subiu à cidade, cada qual em frente de si, e a
tomaram." Os 6.15,16,20.)
A
fórmula de Josué provou ser eficiente. Os israelitas venceram sua batalha mais
difícil, e prosseguiram na conquista da terra que Deus lhes havia prometido. Da
mesma forma, quando enfrentamos nossos desafios com humildade, confiança e persistência,
podemos aguardar bons resultados. O Senhor não nos abandonará. Ele não deixará
de nos conceder aquilo de que necessitamos e que sabe ser o melhor para nós.
Então, sigamos em frente. Vamos colocar de lado o desespero e a afobação, e
agir da maneira como Deus nos tem orientado. Afinal, não existe sucesso maior
do que estar em harmonia com a vontade do Senhor.
Fonte:Marcelo Aguiar - Lições de Fé.
Fonte:Marcelo Aguiar - Lições de Fé.
Muito bom, aleluia....
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