sábado, 7 de maio de 2016

JOQUEBEDE: Uma mãe segundo o coração de Deus

"E a mulher concebeu e deu à luz um filho; e, vendo
que era formoso, escondeu-o por três meses. Não podendo,
porém, escondê-lo por mais tempo, tomou um cesto de
junco, calafetou-o com betume e piche e, pondo nele o
menino, largou-o no carriçal à beira do rio."
(Êx 2.2,3.)


Abraão ficou conhecido como príncipe do Senhor (Gn 23.6) e amigo de Deus (Is 41.8). Mas é lembrado, acima de tudo, como um pai exaltado. Sua vida de fé, integridade e dedicação beneficiou todos os lares. O Senhor lhe falou: "Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra" (Gn 12.3). Essa pro­messa se cumpriu fielmente. Da descendência de Abraão nas­ceu Jesus Cristo, aquele que faz a diferença na vida das pessoas e das famílias. Desejando ser uma bênção para o seu lar, Abraão abençoou todos os demais.

Busquemos em Deus a orientação para que não apenas a nossa família, mas muitas outras,sejam abençoadas. O mundo precisa de bons pais. Qual será a nossa contribuição nesse sen­tido? Orando por nós mesmos ou intercedendo por outros, esforcemo-nos para que os lares sejam agraciados com homens comprometidos com a paternidade. Disso resultará a felicidade das pessoas que nos cercam e a restauração da sociedade em que vivemos.

O poeta P. de Vires escreveu: "A mão que embala o berço é a mão que rege o mundo". De fato, não há como exagerar a importância da maternidade. Todas as mães são notáveis. Mas há algumas que se destacam, tornando-se inspiração para as demais.

A mãe de Moisés foi uma dessas mulheres especiais. Em Êxodo 6.20, somos informados de que o nome dela era Joquebede, que significa, em hebraico, "do Senhor é a glória". Ela foi uma mãe segundo o coração de Deus.

Quais são as marcas de uma mãe assim?

Sua motivação é o amor

Joquebede decidiu enfrentar Faraó e suas ordens. Recusan­do-se a entregar seu filho para ser morto, pôs em risco a própria vida. Durante três meses isolou-se dentro de casa, tentando manter em segredo a presença do bebê. Por que fez tudo isso? Não por obrigação ou interesse, mas por amor. A Bíblia diz que, "vendo que era formoso, escondeu-o". Mas que mãe não considera formoso o filho a quem ama?

Conta a fábula que a águia e a coruja firmaram um acordo.
Sendo as duas maiores caçadoras da floresta, perceberam que seriam beneficiadas estabelecendo um pacto de não-agressão.

— Eu não comerei os seus filhotes, e você não comerá os meus, falou a coruja.
— De acordo, respondeu a águia. Mas como poderei reco­nhecer seus filhotes?
— Isso é fácil, emendou a primeira. Quando você vir as cri­aturas mais lindas e encantadoras da mata, saberá que são eles.
Dito isso, as duas se separaram.
Semanas mais tarde, a águia encontrou o ninho da coruja. Deparando-se com uns animaizinhos muito feios, de penugem esbranquiçada e olhos esbugalhados, falou para si mesma: "Não existe possibilidade de que sejam da coruja". E devorou-os.
Chegando ao ninho e não achando seus pintainhos, a coruja ficou desesperada. Procurou a águia e lançou-lhe em rosto a quebra do trato. Admirada, a outra respondeu:
— Mas, comadre, como eu poderia saber que aqueles
monstrinhos eram seus filhotes?

Vem daí a expressão "mãe coruja", assim também como o ditado: "Quem ama o feio, bonito lhe parece". A fábula pode nos parecer engraçada, mas contém grande fundo de verdade. O fato é que, para aquela que ama, nenhum sacrifício ou exi­gência são grandes demais. Ela os enfrenta por amor, e nisso reside o segredo de sua vitória.

Seu diferencial é a sabedoria

Joquebede amou Moisés. Mas isso, por si só, não seria o bastante. Se quisesse salvá-lo, ela teria de agir com inteligência. E foi o que fez: vendo que não podia mais ocultá-lo, escolheu um cesto, impermeabilizou-o cuidadosamente e colocou-o num remanso do Nilo. Tudo foi planejado e executado com maestria.

Lemos nas Escrituras que "a mulher sábia edifica a sua casa" (Pv 14.1). Se toda mulher precisa de sabedoria, a mãe precisa ser duplamente sábia! Esta deve ser sua oração todos os dias: "Concede-me, ó Deus, um coração sábio". Os desafios da ma­ternidade são muitos e intrincados. Os perigos que cercam os filhos são numerosos e sutis. Uma mulher não protegerá sua família se não agir com inteligência.

Joquebede revelou sabedoria tanto para reter quanto para liberar seu filho. Manteve o pequenino Moisés junto de si en­quanto foi possível. Mas, quando chegou a hora, percebeu que tinha de levá-lo para fora de casa, e entregá-lo aos cuidados de Deus. Na vida de toda mãe, esses dois tempos se fazem presentes.

Algumas mães deixam os filhos sair de debaixo de suas vistas cedo demais. E outras (talvez em maior número) que­rem conservá-los sob suas asas por mais tempo do que o necessário. Discernir a hora certa é fundamental. É algo que exige sabedoria e coragem. Podemos pedir as duas coisas a Deus.

Seu emblema é a fé

Uma mãe segundo o coração de Deus faz da fé o seu escu­do. Joquebede confiou que o Senhor poderia conduzir para um lugar seguro o cestinho em que seu filho dormia. Acreditou que Deus operaria aquilo que ela mesma já não era capaz de fazer. Certamente, seu coração ficou apertado ao afastar-se de Moisés. Mas até a melhor das mães é limitada, e Joquebede sabia disso. Decidiu, portanto, confiar no Senhor.

Deus honrou a fé de Joquebede de uma forma maravilhosa. A filha de Faraó estava se banhando no rio e enxergou o cesto. "Abrindo-o, viu a criança; e eis que o menino chorava. Teve compaixão dele e disse: Este é menino dos hebreus." (Êx 2.6.) Então, a princesa não apenas adotou o bebê, como ainda con­tratou sua mãe para cuidar dele (Êx 2.7-10). Que conclusão ad­mirável para uma história de amor, sabedoria e fé!



O menino salvo das águas foi protegido pela filha do ho­mem que buscava matá-lo, e admitido na corte do império que procurava destruir seu povo. Quem poderia imaginar tal desfe­cho? Assim, aprendemos que o personagem principal dessa his­tória não é Moisés, sua irmã ou a princesa, e nem mesmo Joquebede. É o Senhor, que ouve as nossas orações e conduz os fatos de nossa vida de forma encantadora. Vale a pena con­fiar num Deus assim.

Uma mãe segundo o coração de Deus é uma mulher de fé. Ela renova diariamente, perante o Senhor, suas preces em favor de seus filhos. Ela não se desespera nem se deixa abater. Seu coração está firmado no Salvador.

Sua recompensa é a vitória

O amor, a sabedoria e a fé daquela mãe não ficaram sem recompensa. Joquebede teve a alegria de ver seu filho salvo. Desfrutou, também, do prazer de vê-lo tornar-se um homem de Deus. Moisés veio a ser um grande legislador e libertador. Mas isso não foi tudo. Seus dois irmãos - Arão e Miriã - também se destacaram. Ele se tornou sumo-sacerdote, e ela, profetiza em Israel. As três pessoas mais importantes daquela geração eram filhas de Joquebede. Que mãe não se sentiria orgulhosa com algo semelhante?


A mãe de George Washington pediu que, ao morrer, fosse gravada no seu túmulo uma única frase: "Maria, mãe de Washing­ton". Era assim que ela queria ser lembrada. Seu maior motivo de satisfação era a vida do seu filho. Não é esse, exatamente, o sen­timento de toda mãe? Ela deseja fazer eco às palavras da Bíblia: "Não tenho maior alegria do que esta, a de ouvir que meus filhos andam na verdade" (3 Jo 4).

Toda mãe deseja ser reconhecida pelo procedimento dos seus filhos. Portanto, cada filho deve se esforçar para não envergo­nhar sua mãe. Deve mostrar gratidão e respeito, andando sem­pre na verdade. Dessa maneira, não apenas alegrará o coração de sua mãe, mas cultivará sua própria felicidade. O único man­damento com promessa diz: "Honra a teu pai e a tua mãe, como o Senhor, teu Deus, te ordenou, para que se prolonguem os teus dias e para que te vá bem na terra que o Senhor, teu Deus, te dá" (Dt 5.16).

Uma mãe segundo o coração de Deus sempre enfrentará lu­tas. A vitória, entretanto, lhe sorrirá no final. É muito importan­te ter isso em mente, porque às vezes a situação parece insustentável, e o socorro, demorado. Nessa hora, as mães devem ter fé e confiar no resultado do trabalho que fizeram. Serão mais que vencedoras, pela graça do Senhor.

Joquebede foi uma bênção para seus filhos. Estes, por sua vez, abençoaram a nação de Israel. Dessa nação viria, mais tarde, o Salvador. Isso significa que Joquebede foi, de certa for­ma, uma bênção para cada um de nós.

Como é grande o alcance da obra de uma mãe dedicada! Às vezes, ela pode se sentir desanimada, pois seus esforços pare­cem passar desapercebidos. Entretanto, não há empreendimento maior do que a maternidade. Não existe investimento melhor do que aquele feito na vida dos filhos. A mão que embala o berço é a mão que rege o mundo. Vale a pena ser uma mãe segundo o coração de Deus.


Marcelo Aguiar: Lições de fé.

Um comentário:

  1. Mensagem perfeita e verdadeira.Abrace a irmã Cleria pelo dia das mães por mim ok?! A Paz!

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