terça-feira, 23 de dezembro de 2025

 SUBIU AS ALTURAS E CONCEDEU DONS AOS HOMENS Efesios 4.1-17 

Introdução

O apostolo Paulo exorta para que “...andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados...” (Ef 4.17). O termo “modo digno” no grego é axios. Que funciona como uma metáfora, como um conjunto que constitui uma balança formada por um travessão equilibrado sobre uma haste, com pratos pendentes em cada extremidade do travessão. Balança significa equilíbrio, moderação.

Peterson traduziu: “É por essa razão que insisto – e tenho o apoio de Deus – em que jamais sigam a multidão, a massa ignorante que não tem nada na cabeça” (A Mensagem). De um lado, uma sociedade à mercê do prazer, do sexo, da sensualidade, do outro lado, a igreja que caminha na contramão do mundo. Paulo diz: “Rogo-vos, pois, eu”, escreve Paulo, “que andeis (peripateo) de modo digno (axios) da vocação a que fostes chamados (kaleo).  Ou seja, temos que nos manter em equilíbrio, em moderação, “andar de modo digno”. 

1)     Chamado

Quando Deus nos chama não é para passar informações, mas para termos intimidade com Ele. Deus fez Adão e Eva para viverem em comunhão com Ele, mas eles desobedeceram a Deus, quebraram o mandamento. O equilíbrio entre a palavra de Deus e a caminhada de Adão foi quebrada. Deus chama e o homem tem que responder ao seu chamado vivendo digno da vocação que recebeu.

Abraão foi chamado por Deus a deixar Ur, sua terra, e dirigir-se para Canaã. Lá ele daria à formação de um povo de salvação. Abraão partiu, caminhou para o oeste através do deserto. Ele obedeceu, deixou toda sua herança cultural, abandonou os deuses mesopotâmicos, para servir ao Deus vivo, El-Shaday, O Deus-todo-poderoso!

Moisés apascentava ovelhas em Midiã quando do meio da sarça ardente foi chamado pelo nome: “Moisés! Moisés!”. Ele ouviu o seu nome chamado e aprendeu o nome daquele que o chamava: “Yahweh”. A resposta de Moisés, sua caminhada, àquele chamado pessoal junto à sarça ardente transformou-se numa congregação de gente caminhando para fora do Egito através do mar rumo à liberdade. 

Jesus à beira do lago da Galileia chamou quatro discípulos pelo nome. Jesus continuou chamando: os quatro logo se tornaram doze. Eles o seguiram para cima e para baixo pelas estradas da Galiléia, ouvindo, obedecendo, questionando, observando, orando. Mais tarde, depois que eles se haviam habituado ao som de sua voz, Jesus os chamou novamente. Dessa vez, o chamado era para cada um pegar a própria cruza e segui-lo até a cruz dele, sua morte em Jerusalém. Com o tempo, os discípulos se tornaram comitiva do Espírito Santo que transformou em igreja.

Um homem chamado Saulo caminhava pela estrada de Damasco a fim de perseguir os cristãos quando foi parado no meio da jornada por uma voz que se dirigia a ele pelo nome: “Saulo!Saulo!”. Como acontecera com Moisés na sarça ardente, ele aprendeu o nome daquele que o chamava nominalmente; dessa vez o nome daquele que chamava era “Jesus”. E nesse chamado o próprio nome de Saulo foi mudado. Saulo se converteu no ato, de perseguidor da igreja tornou-se discípulo de Jesus. 

O chamado de Deus entra em nossos ouvidos, convida-nos para um relacionamento com Deus, leva-nos a um estilo de vida que jamais foi experimentado dessa forma antes: uma promessa, uma coisa nova, uma benção, descobrimos nosso lugar na criação, uma vida ressuscitada. Quando o chamado e a caminhada estão em equilíbrio, somos dignos. Estamos nos pratos equilibrados de uma balança, num contato sensível e simultâneo com Deus que sabe nosso nome. Deus chama, nós caminhamos. Somos axios, dignos de andar na presença de Deus.

Na mesma que vamos andando na presença de Deus, temos uma maior intimidade com Ele; a voz de Deus em nossos ouvidos tem uma intimidade orgânica. Temos a consciência que fazemos parte de um corpo, somos peregrinos, todos diferentes e todos um só, é a igreja. Somos o “corpo de Cristo”, enquanto Cristo é a “cabeça” desse corpo. Todos diferentes, todos organicamente ligados “...bem ajustado e consolidado pelo auxilio de toda junta” (Ef 4.16). Portanto, a maturidade se desenvolve no culto à medida que que evoluímos na amizade com os amigos de Deus. Se quisermos crescer em Cristo devemos fazer na companhia de todos os que estão respondendo ao chamado de Deus.

2)     Subiu as alturas

O salmo 68 fala da adoração que acontece no templo. Sim, adoração começa no santuário e nele termina (v.35). O santuário é o lugar onde descobrimos nosso lugar e nosso papel para participarmos do drama da salvação. O culto do Salmo 68 é um ato de atenta escuta da palavra e da ação de Deus, que se transforma numa alegre participação e comunhão. O verbo final, ativado por Deus no santuário, é dar (v.35). Deus dá a seu povo. Quem é Deus e o que Deus faz, sua “força e poder”, são dados a nós, seu povo. Nessa força vai cantando ao som de adufes, desde o menor até o maior.

Quando fala de “subiu” fala da entronização de Deus e sua vitória sobre o inimigo. Aqui, o apostolo Paulo, refere-se a vitória de Jesus na cruz, sua ascensão, à direita de Deus. Em Colossenses, o apostolo Paulo fala dessa vitória: “E tendo despojado os principados e poderes, os expos em público e na mesma cruz trinfou sobre eles” (Cl 2.15).  Jesus venceu, Jesus morreu, mas, no terceiro dia ressuscitou e está assentado à direita de Deus.

Durante 40 dias Jesus esteve com seus discípulos, assimilando por completo e as implicações da sua ressurreição. Depois, Jesus lhes ordenou que ficassem em Jerusalém e aguardassem a “promessa do Pai” (At 1.8) “Recebereis poder ao descer sobre vós o Espirito Santo, e sereis minhas testemunhas”, sim, testemunhas “em Jerusalém, em toda Judéia, em Samaria e em lugares mais distantes da terra” (Atos 1.8).

Depois, Jesus ascendeu aos céus. Eles nunca mais o viram. Dez dias depois que ascendeu aos céus em Betânia a promessa se cumpriu. O Espírito Santo, conforme a promessa, desceu sobre os discípulos reunidos em Jerusalém, marcando o início da igreja num espaço e no tempo. Quando diz que Jesus está a “destra de Deus”, está em toda parte; ele é onipotente, onipresente e oniscientes.  Seu trono relativiza e marginaliza todos os tronos terrenos e todas as políticas do mundo.

O Salmo 68 fala de Deus que desfila e recebendo presentes de amigos e inimigos. Ele é coberto de presentes daqueles que o adoram. Mas, o apostolo Paulo, fala que Jesus, depois de ascender aos céus “concedeu” dons aos homens. Ao invés de receber, concedeu; os magos levaram presente para Jesus; um menino lhe deu cinco peixes e dois pães e uma multidão foi saciada; Jesus abençoou o pão e o vinho na ceia do Senhor simbolizando sua morte na cruz do calvário.

Conclusão.  

Mas, aqui, “Quando ele subiu às alturas...concedeu dons aos homens”. O que voce tem recebido? E se o recebeu, por que se orgulha, como se assim não fosse? 1 Co 4.7). Aos poucos esses dons se desenvolvem e se transformam em forças e responsabilidades da maturidade. “E a graça foi concedida a cada um segundo a proporção do dom de Cristo” (Ef 4.7). Graça (charis) é sinônimo de dom. “Proporção” é expandida como “para encher todas as medidas”.

Paulo fala de cinco dons: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres. Cada dom é um convite e oferece um meio para participar na obra de Jesus. Dons que nos equiparam para trabalhar na obra de Jesus e juntos com seus discípulos. Para que? “o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo” (Ef 4.12). Também, temos, nove dons em 1 Co 12.4-19; em Romanos 12.6-8, sete dons. O pastor Jonh Sttot fala em 20 dons. A diversidade dos dons constitui uma unidade de função. 


  

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