terça-feira, 2 de dezembro de 2025

 Cântico dos Cânticos: Salomão e Sulamita Ct 1.1-11 

Introdução

O livro inicia: “Cânticos dos Cânticos de Salomão” (Ct 1.1). Logo, o autor desse livro é o Rei Salomão. O texto bíblico diz: “Ele (Salomão) criou três mil provérbios e compôs mil e cinco cânticos” (Rs 4.32). O livro tem oito textos e são 117 versículos. Todos falando sobre o relacionamento entre Salomão e Sulamita. A maioria dos estudiosos afirmam que as experiencias do livro de Cantares dizem respeito ao início do seu reinado, quando o coração dele ainda pertencia a uma só mulher, quando ainda seu coração não havia  se corrompido com as mulheres de outros povos.

No livro de Cantares de Salomão há quase todas as fases que um casal atravessa em seu relacionamento, desde aproximação (sentimento), começando o namoro, até a lua de mel, casamento e as dificuldades do casamento. Podemos resumir o livro, assim: a fase da conquista (Ct 1.3-5); o casamento, cerimonia (Ct 3.6-11); a noite de núpcias (Ct 4, 5.1); a vida matrimonial (Ct 5.2-6.13); a renovação do amor (Ct 7.1-13); e a natureza do amor (Ct 8.1-14). 

1)     Sulamita

A Sulamita (significa “pacifica”) é a mulher mencionada em Cantares 6.13, seu nome pode ser uma variação de “Sunamita”, isto é, mulher natural ou habitante da cidade de Suném, parte da terra prometida que foi dada a Issacar. Provavelmente era mulher simples, que trabalhava com sua família nas vinhas. E por causa de sua beleza extraordinária fora escolhida para fazer parte da escola real de beleza, juntamente com outras mulheres, antes de ser escolhida pelo rei. 

Quem não se lembra do casamento da rainha Ester com Assuero, rei do império Medo-Persa; Ester era uma jovem judia, simples. Podemos comparar com a princesa Lady Diana Spencer com o herdeiro da coroa britânica, príncipe Charles, que se casaram em 1981 na catedral de São Paulo em Londres. Assim, também, Sulamita, uma camponesa simples das terras altas de Israel casou-se com o rei de Israel, Salomão.

Nos versos iniciais, Sulamita, revela três atitudes essenciais do amor conjugal que devem estar presentes no período do namoro e continuar durante todo o casamento:

Ela fala da importância da intimidade, do conhecimento em que deve existir do amor conjugal. “Beija-me com os beijos de tua boca; porque melhor é o teu amor do que o vinho”. O que mais importante para Sulamita é o beijo ou o vinho? O beijo é intimidade, é conhecimento, o desejo de estar com a pessoa amada, conhecer sua família, muitas conversas, sonhando juntos etc. Enquanto o vinho, para Sulamita, é um relacionamento sem compromisso, carnal, irresponsável, passageiro, somente interessado em sexo, egoísta. 


“O aroma dos teus perfumes é suave, teu (shem) nome, é como (shemem) óleo perfumado que se derrama generosamente. Por isso as jovens se apaixonam por ti” (Ct 1.3). No hebraico tem um jogo de palavras com “nome” e o “óleo”, as duas palavras soam de modo semelhante em sua pronúncia. Sulamita afirma que o seu nome é como perfume, que é caráter, que é estável, o que é. O nome Salomão é derivado do verbo hebraico shalem “ser perfeito, completo”. Todas as donzelas em idade de casar-se, estão interessadas no noivo por causa do seu “nome”. 

Arrasta-me, pois, contigo! Corramos! Leve-me, ó rei, aos teus aposentos e exultemos!” (Ct 1.4). Aqui, existe um desejo por intimidade. De acordo com Jonh MacArthur “a melhor interpretação é que a frase expresse mais o desejo do coração dela, do que uma afirmação do fato”. Pois, em Cantares 4.12 a figura que aparece dela é de “jardim fechado, manancial recluso, fonte selada”; e o argumento é que a virgindade foi mantida até Cantares 5.1: “Adentrei ao meu jardim, minha irmã, minha igual, noiva amada...” E temos uma conjuração: “Conjuro-vos...que não acordeis, nem desperteis o amor, até que este o queira” (Ct 2.7)

“Estou morena do sol, mas conservo-me bela... escura como as tendas nômades de Quedar, lindas como as cortinas de Salomão” (Ct 1.5). Ela era uma moça prendada, que ajudava sua familia em cuidar da vinha, trabalhava na roça com seus irmãos. Por causa da exposição ao sol, sua pele se queimou. Ela está queimada do sol, escura como as tendas de Quedar (feitas de peles negras ou marrons, cuja cores escuras a noiva compara à cor de sua pele). Mas não perde sua autoestima, pois diz: “mas conservo-me bela... linda como as cortinas de Salomão” (Ct 1.5). 

Quando Eliezer partiu para Macedônia em busca de uma esposa para Isaque, no caminho ele orou ao Senhor, que a moça escolhida lhe daria água beber e para seus dez camelos.  Assim fez Rebeca deu água para Eliezer e para seus dez camelos (Gn 24.15-21). Sim, Rebeca saciou a sede dos camelos com mais de 2000 litros de água! Assim, como Sulamita, Rebeca tinha caráter, é esforçada, prendada, gentileza. 

Ela continua: “Diz-me tu, amado de minha alma, onde apascentas teu rebanho e onde o fazes repousar ao meio-dia, se não me disseres serei como uma mulher que anda sem véu entre os rebanhos de teus companheiros” (Ct 1.7). O amor genuíno que sente pelo amado desperta uma saudade constante de estar em sua presença imediatamente. Ela quer saber onde ele estará ao meio-dia! Aqui, existe dependência do amado, ela precisa dele, necessita dele, não consegue viver longe dele. Aliás, ela diz que sem ele é “uma mulher que anda sem véu entre .... teus companheiros” (Ct 1.7). Uma mulher sem véu, é uma mulher sem marido, sem relacionamento, sem compromisso, sozinha...

2)     Salomão

O noivo lhe diz duas coisas: “Sai”, (Ct 1.8) e “escuta os sinais”. Isto, é, voce não é uma mulher sem véu, sem identidade, sem marido, sozinha. Segundo, sabes que és tu? “Se não o sabes tu, ó mais bela entre todas as mulheres...”. Para Salomão ela é “mais formosa entre as mulheres”. O amado eleva sua autoestima, lhe dando identidade e elogiando sua beleza, sua formosura, e de quão desejável ela é.

Em seguida ele diz: “Ó minha amada, eu te comparo à égua das carruagens do faraó” (Ct 1.9). No antigo Oriente, os cavalos egípcios eram uma riqueza cobiçadíssima; é evidente que os animais do palácio haveriam de ser os melhores dentre os melhores. As éguas de faraó eram as melhores, pois pertenciam à realeza. Ela a chama de “minha amada”, ou “querida minha”, que são expressões de amizade, companheirismo, proteção do bem-estar da amada, cuidado. Ele se preocupa com ela, diferente dos seus irmãos, que deixaram sozinha cuidando da vinha (Ct 1.6). 

Os filhos de minha mãe se iraram contra mim e me puseram para guardar as vinhas; contudo, da minha própria vinha não pude cuidar” (Ct 1.6).

Lindas são tuas faces entre teus brincos, e belo é o teu pescoço com os colares que te adornam” (Ct 1.10). Salomão, primeiro afirma que és a “mais formosa entre as mulheres”, depois ele compara seu valor com a “égua de faraó”, caríssimas, de status! Em seguida, fala de suas faces, de seu rosto. Elogia seus brincos e os colares que adornam seu pescoço. Mas, não são as joias o importante, mas suas faces entre os pendentes e seu pescoço entre os colares. Os ornamentos acentuavam a beleza das faces e do pescoço da esposa. 

Salomão vai mais longe: “Faremos para ti brincos de ouro cravejados de prata” (Ct 1.11). Além dos enfeites no versículo 10, o amado promete novos, mas de ouro com prata. Ele quer realçar ainda mais a beleza de sua amada.

Conclusão

De um lado, temos o rei de Israel, Salomão. Iniciando seu reinado, recebendo de Deus sabedoria para compor provérbios e o maior cântico de todos os tempos. Do outro lado, temos uma moça jovem, do campo, que cultivava vinhas e tomava contas de rebanho. Salomão foi seduzido por sua beleza, gentileza. O noivo é afamado, seu nome é conhecido, popularizado em todos os lugares de Israel. Enquanto, que Sulamita, é uma simples camponesa, queimada do Sol, mais que cativou o coração do rei. 


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