terça-feira, 9 de dezembro de 2025

 Cantares de Salomão Ct 4.1-16 

Introdução

O livro Cântico dos Cânticos expressa o relacionamento entre Salomão e Sulamita. No terceiro capitulo, temos a concretizar do relacionamento: o casamento, sim,  casamento de papel passado! Era o casamento do rei de Israel com uma jovem camponesa de Suném. No antigo Israel, o casamento não era religioso, mas um contrato civil de duas pessoas. Com certeza todos em Israel estavam apreensivos e ansiosos e curiosos para a cerimônia de casamento. Aliás, todos que vivenciaram esse momento, sabe do nervosismo dos contratempos, das vicissitudes que acontece neste dia...

1)     O casamento

Um coro de mulheres está posicionado para apresentar a cerimonia. Elas começam com uma indagação: “O que é isso que vem subindo do deserto, como uma nuvem de fumaça?”.  Coluna de fumaça”, ou “nuvem de fumaça” fala do incenso que era queimado à frente do cortejo da noiva. “De onde vem esse perfume de mirra e incenso, o aroma de todos os tipos de especiaria?” Mirra, incenso, aromas eram perfumes exóticos e caros que foram importados da África. 

Ela vem na “liteira de Salomão, cercada por sessenta homens valentes, os melhores soldados de Israel” (Ct 3.7). Todos esses homens que vem “...trazem espada, todos são experientes na guerra; cada um com a sua espada à cintura, preparados para enfrentar os pavores da noite” (Ct 3.8). São homens valentes, experimentados na guerra. São aqueles que lutam ao lado do rei, que sacrificam pelo rei. Eram homens que tinham atitudes de servos, eram corajosos, nobres e fiéis. 

O palanquim foi feito de madeira do Líbano, madeira de cedro; que era arvore alta, com muitos ramos, resistente. “As colunas são de prata, a cobertura é de ouro, as almofadas são de tecido púrpura. Foi enfeitada com carinho pelas mulheres de Jerusalém” (Ct 3.10 NVT). Tudo de primeira grandeza, prata ouro, aliás, a purpura era um tecido muito caro, usada pelos antigos como símbolo de riqueza e alta posição social devido ao alto preço. Foi usado no véu do tabernáculo na época de Moisés (Ex 26.31). 

No dia do casamento, a mãe de Salomão, Bate-Seba, preparou uma coroa especial para seu filho naquele dia tão feliz. Era uma coroa usada especialmente por ocasião do casamento. Podia ser uma grinalda de pedras preciosas, ouro e prata, símbolos de honra e alegria. É importante notar que a mãe de ambos se envolve nos assuntos de amor conjugal dos filhos. A mãe de Sulamita (Ct 6.9; 8.2,5) proporciona segurança no meio dos medos da noiva. A mãe de Salomão (Ct 3.4) demonstra apoio ao casamento na colocação da coroa e celebração do casamento.

2) A noite de núpcias

O rei Salomão era apaixonado por Sulamita. Ele começa elogiando da cabeça e vai descendo. Sete partes do corpo são elogiadas: olhos, cabelos, dentes, lábios (boca), rosto, pescoço e seios. O amado louva sete traços da beleza da amada indicando que ela era perfeita em beleza, assim como o numero sete no antigo testamento significa perfeição. Ele começa elogiando sua beleza: “Como és bela, minha amada, como é linda”. (Ct 4.1). Ele a vê duplamente formosa. Repete duas vezes na mesma frase, enfatiza sua beleza.

Os teus olhos, por trás do teu véu, são viçosos como os olhos das jovens pombas de Israel” (Ct 4.1). “Os seus olhos são como pombas e brilham através do véu” (NAA, Nova almeida atualizada). A noiva estava de véu, o olhar dela é como o de pomba, está focada unicamente no amado; outra coisa, seu olhar é de delicadeza, gentileza e amor. Essa qualidade de que os olhos “falam” é uma “conversa” que atinge o coração. 

Os seus cabelos são como o rebanho de cabras que descem ondeantes do monte de Gileade” (Ct 4.1), ou “O seu cabelo é comprido e ondulado; cai como um rebanho de cabras que descem pelos montes de Gileade” (VFL, versão fácil de ler). A cor das cabras que pastam no Gileade é usualmente negra; a comparação é a semelhança entre o movimento sinuoso e ondulante do cabelo negro de Sulamita, e o movimento dos rebanhos de cabras que desciam pelos montes de Gileade. A comparação é uma forma poética de descrever a beleza e a abundancia dos cabelos de Sulamita. 

Os seus dentes são brancos como ovelhas como a lã cortada, que acabaram de ser lavadas” (Ct 4.2 NTLH). As ovelhas tosquiadas são brancas, sem mancha escura, assim era o dente de Sulamita. O ato de dar banho em ovelhas era comum, tirando a sujeira acumulada. Sulamita tinha um cuidado diário com seus dentes.

“Os seus lábios e a sua boca são lindos, como um fio de cor vermelha”, “escalarta” (Ct 4.3). o termo escarlata pode se referir a um tipo de batom usado no antigo Oriente Médio. A menção de “fio” implica um perfil delicado dos lábios. Assim, o noivo estava falando que os lábios eram perfeitos e delicadamente formados e brilhantes, atraindo muito a atenção à boca, que Salomão diz ser formosa. 

“As tuas faces, como romã partida, brilham através do véu”. “As tuas faces” são as têmporas e as bochechas. As faces de Sulamita eram brilhantes, rosadas e cheias de vida. “O teu pescoço é como a torre de Davi” (Ct 4.4). “O seu pescoço mantém a cabeça erguida, é como a torre de Davi, feita para guardar o armamento. Na sua cabeça são pendurados mil escudos de corajosos soldados” (Ct 1.4 VFL). Ou seja, o pescoço de Sulamita era tão formoso e majestoso qye os mil guerreiros do exercito de Salomão fizeram um compromisso de fidelidade a ela, principalmente, o rei. O pescoço dela é como a torre de Davi redondo e liso. 


“Os teus seios são como duas crias, gêmeas de gazela” (Ct 4.5). Salomão fala de um desejo, desejo de intimidade sexual. Em Cantares de Salomão 1.11-12, a Sulamita fala sobre o nardo e mirra sendo posto entre os seus seios; em Cantares 2.17, ela convida o rei a voltar a brincar sobre os montes escabrosos ou “montes de separação” representando os seios dela. 


2)     3) Cântico de amor pela amada

O versículo 8 é um convite de Salomão à Sulamita, para que ela deixe as preocupações que estava afligindo seu coração. Ele cita alguns nomes: “Amana, Senir e Hermon”, refere-se aos três picos mais altos de uma cordilheira chamada Ante-Lêbano, no norte de Israel. O local é muito distante e representa os pensamentos ansiosos de Sulamita. A menção de leões e leorpados evoca o sentido de perigo e ameaça, que são símbolos do medo legítimos antes do casamento.

Então, Salomão lhe diz: “Voce conquistou o meu coração, minha irmã, minha noiva; conquistou o meu coração com um simples olhar, com uma simples joias dos seus colares”, e continua no verso 11: “Os seus lábios gotejam a doçura dos favos de mel, minha noiva; leite e mel estão debaixo da sua língua...”. “leite e mel” descreve a produtividade abundante da terra prometida devido à benção de Jeová. O amor mútuo entre os casais é suficiente para satisfazer os desejos mais profundos e necessidades do casal, esse amor, torna-se uma terra prometida para eles. 

Salomão continua seu cântico pela amada. “És como um jardim fechado, minha noiva e minha irmã em Israel; és jardim fechado, uma fonte lacrada”. No antigo Oriente Médio, o jardim fechado era uma área fechada com flores, árvores e uma fonte de água, protegida por um muro ou por uma cerca viva para que pudesse ser aproveitado somente pelo dono. Metaforicamente, o jardim fechado faz referência aos órgãos sexuais femininos. O jardim dela é trancado, inacessível para qualquer homem, até que ela convida Salomão para entrar (Ct 4.16). Ela se mantinha virgem, para que pudesse se entregar somente a Salomão. 


Conclusão

“Acorde, vento norte!” (Ct 4.16). “Desperta, vento norte, e venha, vento sul!”. É um convite da noiva para consumar o casamento. Antes, ela disse: “Não desperteis, não acordeis o amor, até que ele o queira” (Ct 2.7). Agora, depois do casamento, ela diz: “levanta-te”, “Desperta”, é o tempo da sexualidade chegou! Sulamita abre os portões do seu jardim para Salomão; agora ela percebe que o seu corpo pertence a ele, que o jardim dela é o jardim dele, que o fruto dela é o fruto dele.  


 

 

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