Um caso extraconjugal 2 Sm 11.1-5
Introdução
Ela era uma mulher extremamente
bela, uma mulher ainda muito nova, casada recentemente, com um homem mais velho,
sem filhos. Seu marido, havia alguns meses, estava fora da cidade, a serviço militar
de Israel, lutando contra os amonitas, sim, estava acontecendo uma guerra; um exército
inimigo com mais de trinta mil soldados! (2 Sm 10.6-7).
Em uma noite de primavera,
já bem tarde, Bate-Seba estava se preparando para dormir. Despiu-se para o
banho. O seu cabelo longo, negro, caiu suavemente ao redor de sua face e de seu
corpo – enquanto tomava banho, sem que ela soubesse ou visse, os olhos de um
homem a estavam observando...foi tudo tão inesperado e era tão formosa, que ele
não resistiu o segundo olhar. Talvez, o rei Davi pensou que nunca tinha visto
algo tão belo ou tão gracioso em sua vida.
Quando a Bíblia diz
que uma mulher é formosa, é porque é fabulosa. Quando diz que é bonita,
ela é extraordinariamente bela, fisicamente atraente, além de qualquer
descrição.
1)
Um “caso”
A Palavra de Deus nunca encobre
ou omite as falhas humanas. Deus não escreve biografias humanas como um pai ou
uma mãe “coruja”, que procura esconder as falhas dos filhos. Mas para Deus as
falhas, os erros ou pecados são tão identificados claramente quanto os seus
sucessos. Deus não encobre os seus defeitos. A história de Davi mostra que as
tentações atuais são tão antigas quanto o homem e que o fracasso faz parte de
cada um de nós.
A Biblia diz que era “no começo do ano” (2 Sm 11.1), era a estação de primavera, uma das mais belas estações do ano. Tempo de flores, tempo em que o sol brilha com força, tempo de alegria. O mercado estava efusivo, muita gente comprando. As crianças estavam indo para as escolas, brincavam pelas ruelas de Jerusalém; e os sacerdotes estavam em seu ofício desde a madrugada oferecendo sacrifícios dos ofertantes. Israel estava vencendo todas as guerras contra os seus inimigos. Reinava paz e prosperidade. Havia somente uma batalha contra os Amonitas, mas não havia motivo para temer, era um povo fraco, militarmente.
Portanto, ninguém suspeitava
de que algo desastroso pudesse acontecer naquele dia, e muito menos Davi e
Bate-Seba. Nada indicava a terrível cadeia de eventos desencadeada naquele dia:
adultério, gravidez, engano, homicídio, tragédia familiar e juízo divino. Tudo isso
num dia como outro qualquer.
Uma mulher disse: “Eu nunca
pensei que isto poderia acontecer conosco”, confessou ao pastor, depois do
culto. Eu disse mais: “As coisas pareciam estar correndo tão bem, tudo era
normal, não havia sinais de perigo, não havia doenças na família – estávamos congregando
durante os cultos semanais – mas, inesperadamente, algo agonizante aconteceu.
Meu marido requereu o divórcio, abandonou a mim e as crianças e se juntou com
uma mulher leviana que já estava no terceiro casamento”.
Vejam as palavras da mulher:
“as coisas estavam indo tão bem”, “tudo era normal”, “não havia sinais de
perigo”, “inesperadamente”. Estas não são palavras de surpresa. Tudo parece
bem. Não há razões para se suspeitar de uma tragédia. A família está indo bem. Estamos
frequentando os cultos. E então, sem nenhum sinal de advertência ... a bomba!
José, filho de Jacó, fora vendido ao Egito e sido comprado por Potifar, ali tinha grande responsabilidade para organizar toda sua casa. Ele gerenciava todos os assuntos domésticos e todos os seus negócios. “Tudo estava correndo normalmente: as plantações produzindo, os rebanhos se multiplicando. Deus o fazia prosperar” (Gn 39.5). E então, um dia – em nada especial – enquanto ele estava cuidando de seu trabalho, uma mulher começou a olhá-lo de maneira significativa, sugerindo sedutoramente: “José, venha dormir comigo!”.
Ao se levantar aquela manhã,
José nunca sonharia que naquele dia – outro dia normal de trabalho – ele receberia
um convite apaixonado para um caso extraconjugal, sofreria chantagem e seria
levado para a prisão (Gn 39.20).
Portanto os “casos” não
começam com o piscar de luzes vermelhas de advertência. O dia não começa com
nuvens negras e agourentas, avisos de furacão, de tsunami, de ventos fortes, uma
intranquilidade interior ou uma voz do céu que diz: “Reforce suas defesas; a
tentação está se aproximando, cuide-se”. É tempo de primavera, um lindo dia...
2)
Como aconteceu
Nem Davi e nem Bate Seba
planejara nada. Não foi resultado de trocas de mensagens nas mídias sociais.
Davi era um homem segundo o coração de Deus, e Bate-Seba, uma esposa fiel ao
seu marido, corajoso e patriota, lutava por Israel. Davi estava vindo de um
período de prosperidade e fama e conquista. Havia vencidos quase todos seus
inimigos. E todas essas vitórias eram confirmação da presença de Deus com ele
da promessa de Deus de lhe dar uma dinastia perene.
Haviam acabado de ser pronunciadas as promessas de Deus: “Eu escolhi voce das pastagens...tenho estado com voce...será contado entre os homens mais famosos do mundo! A sua dinastia governará o meu povo para sempre”. E Davi se empolgou diante de tal favorecimento: “Ó Senhor Deus! Por que derramou suas bençãos justamente sobre este teu servo de família tão insignificante? ...essa bondade está longe da compreensão humana!...toda honra seja dada ao Senhor...Pois o Senhor é Deus, e verdadeiras são suas palavras” (2 Sm 7.5-28).
E a cena do capitulo 9, quando Mefibosete é restaurado, o aleijado filho de Jonatas é restituído de todos os bens de Saul. É uma cena de encantamento, de delicadeza, compaixão, vivacidade. Sem falar no capitulo 6 que Davi dançara diante da arca do Senhor, à vista de toda a cidade, celebrando louvores a Deus: “Não me importa que aos seus olhos eu não seja bem visto: continuarei dançando, em louvor ao Senhor” (2 Sm 6.22). Portanto, aqui está Davi, um homem de grande coragem, generosidade e bondade e paixão por Deus. Dificilmente poderia ser um candidato a um desastre pessoal.
Naquela noite, no entanto, Davi teve insônia. Aquela noite em que os pensamentos parecem correr e pular como cabritos selvagens, a cabeça parece uma panela de pressão com inúmeros pensamentos. O que ele faz? Davi levantou-se da cama e for dar uma volta no terraço do palácio – para tentar acalmar seu coração. Ele olha em várias direções de Jerusalém, a cidade estava quieta, calma, todos estavam dormindo, descansando. De repente, à distância, ouve alguém fazendo ruídos na água e talvez cantarolar uma canção, ele olhou uma vez, depois olhou uma segunda vez e viu uma bela jovem tomando seu banho...
3)
Quem somos nós
As circunstâncias não fazem um homem: elas o revelam. Nossa verdadeira força, nossa essência se manifesta quando somos tentados. Não havia nada de errado se Davi visse Bate-Seba e continuasse caminhando, nada de errado em reconhecer intimamente que ela era bonita, formosa, atraente. Nada de errado com uma exclamação silenciosa!
Davi sabia da lei de Deus e
a proibição quanto ao adultério: “Não cobiçaras a mulher do seu próximo”. Mas, ele
se deixou levar pelo segundo olhar, ele se deixou levar pelo desejo
desenfreado, pelo seu impulso sexual. Talvez tenha dito: “Tenho sofrido muita
pressão; mereço um pouco de relaxamento. Tenho guardado a lei Deus por muito
tempo; uma pequena infração não é nada sério demais. De fato, pode ser que Deus
me fez andar aqui fora esta noite para que pudéssemos estar juntos. Será somente
uma noite, ninguém ficará sabendo...”
“Quem é aquela moça? A casa é de quem? Preciso saber” (2 Sm 11.3). “Ela é Bate-Seba, a esposa de Urias”, informa o servo. Davi murmura: “E Urias está ausente, na guerra. Tudo se encaixa tão bem, ela é nova enquanto que ele é velho. Essa jovem precisa de um pouco de conforto, de uma companhia masculina. Não é pecado, é somente um deslize. E Também ele fala ao seu servo: “Traze-a para mim” ( 2 Sm 11.4). O apostolo Tiago fala sobre a tentação: “...cada um é tentado pelo seu próprio mau desejo, sendo por este arrastado e seduzido. Então esse desejo, tendo concebido, dá a luz o pecado...” (Tg 1.14-15).
Conclusão:
O que ficou depois é a memória, sim, o diabo atua na memória, lhe acusando o tempo todo. Dentro de pouco tempo, com ausência de um período menstrual, tontura matinal e diz ao rei Davi: “Estou grávida” (2 Sm 11.5). E agora, Davi? O fato de ter vivido uma mentira uma noite, se não for confessado completamente, requer muitas mentiras pra encobri-lo. Alguém disse: “Eu me sinto um miserável, tendo que inventar tantas mentiras...”. um homem segundo o coração de Deus – torna-se ardiloso, traiçoeiro, implacável e sem consciência.
Davi tentou três coisas para encobrir o caso: 1) trouxe Urias da guerra para que dormisse com Bate-Seba, no entanto ele dormiu com os guardas. 2) vamos embriaga-lo, podemos fazer com que entre em sua casa e durma com Bate-Seba, mas novamente ele dormiu com os guardas. 3) Colocou Urias na linha de frente da guerra, para que ele morresse. Depois do pecado de Davi, a vida dele virou de ponta cabeça. O seu filho morreu, sua filha foi abusada, Absalão levantou-se contra seu pai...
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