A morte de Moisés Dt 34
Introdução
Existem duas coisas certas
na vida: a morte e os impostos. Os cemitérios são carregados de
particularidades de quem já morreu, cada família coloca nos túmulos dos entes queridos
objetos, afetos e devoções. A família mais abastada investe em mármore, outras famílias
escrevem frases, epitáfios que em uma frase resume a vida de quem já partiu. O tempo
que passamos na terra está em uma linha horizontal, sim, nascemos, crescemos,
conquistamos algumas coisas (ou não), depois morremos.
1) A visão do alto
O capítulo 34 de Deuteronômio
começa contando sobre o lugar e proposito da morte de Moisés: “Então subiu
Moisés das campinas de Moabe ao Monte Nebo, ao cume de Pisga...” (Dt 34.1).
O topo do monte pisga chega a alcançar 1371 metros de altura, portanto não são
muitos homens com cento e vinte anos que conseguem subir a montanha assim tão
alta e viver para contar a história. Mas, Moisés fez isso. Escalou-a com o auxílio
das mãos e com as forças das pernas até chega no cume do Monte Pisga. Nos seus últimos
dias: “Não se lhe escureceram os olhos, nem se lhe abateu o vigor” (Dt
34.7). Lemos na Biblia Viva: “Enxergava perfeitamente e era forte como um
rapaz”.
Isso demonstra que Moisés fisicamente
ainda está forte e robusto. Em cima do Monte
Nebo, com 120 anos de idade estava Moisés em seus últimos momentos de vida. Talvez
ali olhando de cima do cume do Pisga, ele tivera tempo suficiente para fazer
uma retrospectiva de sua vida. Desde quando fora salvo das águas do rio Nilo
pela filha de Faraó, o tempo que passou com sua mãe (ouvindo as histórias dos
patriarcas) e o tempo que passara na corte de Faraó, estudando, preparando-se.
Ali na corte de Faraó, pensou que fosse alguém.
Até que aconteceu o fato com
o egípcio, matou o egípcio e o enterrou na terra. Moisés fugiu do Egito e foi
para o deserto de Midiã, tornando-se pastor de ovelhas durante quarenta anos. Ali,
no deserto de Midiã, o deserto da autodescoberta, aprendera que não era ninguém,
somente um mero pastor de ovelhas, aliás, ovelhas do seu sogro Jetro.
Então, com 80 anos, ele foi chamado por Deus em sua sarça que não se apagava, Deus apareceu para Moisés no meio da sarça, chamou-o pelo nome e lhe comissionou para voltar ao Egito e libertar o seu povo para irem em direção a terra prometida. Então, nos últimos quarenta anos, ele passou descobrindo o que Deus pode fazer com um ninguém. O apostolo Paulo quando escreveu aos Coríntios sublinha nossa identidade: “Lembrem-se de quem vocês eram quando foram chamados para esta vida. Não vejo entre vocês muitos representantes da elite intelectual, nem cidadãos influentes...Deus deliberadamente, escolheu homens e mulheres que a sociedade despreza, explora e abusa? Não é obvio que ele escolheu gente do tipo “zé ninguém” para desmascarar as pretensões vãs dos que se julgam importantes?...” (1 Co 1.26-31 A mensagem).
Em cima do Monte Nebo, com os ombros aliviados, Moisés pode subir as encostas a passos largos. Ele sabia muito bem que logo daria seu último suspiro. Ele sabia também, que o crente não tem razão para temer ou fugir em pânico para a rua quando a morte chega. Não estamos realmente prontos para viver até que estejamos prontos para morrer. Quando, portanto, ficamos prontos para morrer, vamos então morrer.
Quando chega o último momento de uma pessoa, desejamos que ela fique mais tempo, desejamos que Moisés espere mais um pouco, que ande mais alguns capítulos. Esse é o sentimento de muitas pessoas quando alguém muito querido partiu, sentimos sua falta, seu cheiro, sua comida, suas palavras, seus risos... Deus ordenou que subisse ao Monte Nebo, não tinha mais tempo para viver, o seu tempo havia chegado...mas antes de morrer, ele viu a terra prometida, a terra de Abraão, de Isaque e Jacó...
Imagine a vista que se
estendia à frente de Moisés. Ele olhou “...desde de Gileade até Dã; toda
região de Naftali, Efriam e Manassés; todo território de Judá que se estende
até o Mar Mediterrâneo; o Neguebe e as campinas que cercam Jericó, a cidade das
Palmeiras, até Zoar, ao sul” (Dt 34. 1-3 A mensagem). Moisés começa olhando
o Norte (Gileade e Dã); depois se volta e vê o oeste (Efraim e Manassés); e a
seguir avista o Sul (a tribo de Judá até o Mar Mediterrâneo). E por fim, a região
de Jericó e o Neguebe.
Moisés deve ter ficar fascinado com a vista o tempo todo e dito a si mesmo: “Veja só isso! Lindo! Maravilhoso! O Senhor, veja que terra!” Moises ficara fascinado com a cidade prometida. O que dizer de Canaã: “Lugares altos com chuva abundante para regar os vinhedos (Moabe, Basã, Gileade); desertos para os rebanhos (deserto da Judéia e Neguebe); colinas para árvores frutíferas, grãos e azeitonas; vales viçosos para colheitas (o vale do Jordão); vales áridos para figos; um imenso lago de águas frescas com peixes em profusão (Mar da Galiléia), uma planície fértil costeira, uma grande numero de fonte de água limpa”.
Deus disse então: “Essa é
a terra que prometi aos seus antepassados, a Abraão, Isaque e Jacó, com estas
palavras: Eu a darei aos seus descendentes. Voce queria vê-la, pois aí está
ela. Mas voce não entrará nela” (Dt 34.4 A mensagem). Moisés entregou o espírito
e ali no Monte Nebo, no cume do Pisga, ele morreu. Heróis ou não, todos
chegamos a esse momento em que deixamos o corpo físico para trás e passamos para
a eternidade.
2)
Na hora da morte
É na hora da morte que vemos quem somos. Voltaire, em vida, desdenhou de Deus, afirmava que os evangelhos eram uma invenção e que Jesus nunca tinha existido. Ele disse: “Cem anos a partir de agora, não haverá uma Biblia na Terra, além de alguma que um curioso por antiguidade possa procurar”. Ele zombava dos apóstolos: “O cristianismo foi estabelecido por doze pescadores ignorantes. Eu mostrarei ao mundo como um único filósofo francês será capaz de destruí-lo”. Mas quando chegou o momento de subir ao Nebo, Voltaire se desesperou, sentia-se torturado por tal agonia, que rangia os dentes numa raiva impotente contra Deus e os homens. Nos últimos suspiros gritava em seu quarto: “Ó Cristo, Ó Senhor Jesus. Devo morrer abandonado por Deus e pelos homens”. Ele morreu no dia 30 de março de 1788, e para ironia da história, sua casa tornou-se a Sociedade Bíblica Francesa, lugar onde a Bíblia era confeccionada!
O talmude diz: “O homem nasce com o punho fechado, mas morre com as mãos abertas”. Voce não leva nada consigo; tudo fica nessa vida, tudo, voce nada leva, materialmente falando. A vida de Moisés, a vida do crente, não os seus bens, sim, seu legado. Sua vida com Deus, seu investimento no reino de Deus, é o que ecoa na eternidade. Moisés morreu sozinho no Monte Pisga, Josué não pode acompanha-lo, Arão já tinha ido. O Salmo 23 nos diz: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, pois tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me protegem” (Sl 23.4).
Moisés morreu “segunda a palavra
do Senhor”. Tudo terminou para o ancião exatamente como Deus havia providenciado.
Deus não somente conhece os nossos dias, como também o fim deles. O Livro de
Salmos nos diz: “...em teu livro foram registrados todos os meus dias;
prefixados, antes mesmo que um só deles existisse!” (Sl 139.16). O texto diz
claramente: “Assim morreu ali Moisés, servo do Senhor...segundo a Palavra do
Senhor” (v.5).
Conclusão
Moisés vivera 120 anos sem precisar
usar ósculos e sem precisar usar muletas. Até o seu ultimo dia vivera com
intensidade, com determinação, com robustez. Muitos homens aprenderam,
acrescentaram no entardecer da vida. Catão aprendeu o grego com oitenta anos, Sófocles,
escreveu Édipo com oitenta anos; Goethe, escreveu Fausto aos oitenta anos. A
idade é a oportunidade que temos, que deus nos concede!
O legado de Moisés foi: “Nunca mais se levantou em Israel um profeta algum como Moisés, com que o Senhor houvera tratado face a face” (Dt 34.10). E voce como está com o Senhor? Como está sua caminhada com Jesus Cristo? Voces ainda se falam? Voce continua carregando o livro do Senhor em seu coração?
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