terça-feira, 6 de setembro de 2022

 Elias em Sarepta – 1 Rs 17.8-16 

Introdução

O profeta Elias saiu de Tisbé, Gileade, para profetizar juízo ao povo de Israel: “Não cairá orvalho nem chuva nos anos seguintes, exceto mediante a minha palavra”. Em seguida, Deus lhe dá uma ordem: “Saia daqui, vá para o leste e esconda-se perto do riacho de Querite”. Ali, durante algum tempo Elias foi sustentado pela água do rio e todos os dias os corvos lhe traziam pão e carne, até que o rio secou. Querite é “Cortar, ou colocar no tamanho certo”. O primeiro teste de Elias foi passar pelo Querite...

2) Sarepta

O riacho de Querite, portanto, era apenas o começo. Deus tinha planos para Elias que o levariam para longe daqueles dias calmos de isolamento e meditação, onde a vida ao lado do riacho e aves que cumpriam fielmente a tarefa de garçons de suas refeições eram apenas uma rotina simples, ininterrupta e regular. Então, lhe veio a palavra do Senhor dizendo: dispõe-te, e vai a Sarepta...”

Sarepta é comumente identificada com a aldeia moderna de Sarafand, cerca de 15 km ao sul de Sidom, na costa do mar mediterrâneo. Jeronimo, um dos pais da igreja, diz-nos que o lugar ficava em uma estrada que corria ao longo da costa marítima, de Tiro e Sidom.  “Sarepta de Sidom era uma cidade litorânea entre Tiro e Sidom no território governado por Etbbal, pai de Jezabel” (1 Rs 16.31). 


Sarepta deriva de um verbo hebraico que significa “fundir, refinar”, ou “lugar de fundição”, ou na sua forma de substantivo quer dizer “cadinho”, que é justamente o lugar de fundição de metais ou outros minérios. É o lugar onde a barra de metal era colocada em fornalha de temperatura altíssima, depois era aquecida até que a escória aparecesse (resíduo inútil). Quando se removia a escória, o metal extremamente quente e maleável era enformado e remodelado em enormes prensas, onde era batido por uma séria de marteladas, até se moldar ao formato desejado.

Qual é a lição? Se andamos com o Senhor por bastante tempo, vamos descobrir que as provas se sucedem. Talvez seria melhor dizer que ocorrem uma após outra, da outra e da outra. Assim que passamos por um teste severo, pensamos “ótimo, passei por este”, somos jogados em outro, no qual as chamas estão mais quentes.

2) O plano de Deus para Elias

No meio do nada, do riacho do Querite, quando não tinha mais água, quando a água secou nos diz o texto: “Então lhe veio a palavra do Senhor” (1 Rs 17.8). Deus sabe onde nós estamos. Deus nunca nos desamparará, porque nossos nomes estão escritos em suas palmas. No entanto, há momentos que achamos que Deus esqueceu de nós. Ele, contudo, não esquece. Deus sabe onde exatamente estamos. Portanto, quando você for atingido por esses pensamentos de abandono, de autocomiseração, volte-se para Deus

“Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel” (Is 41.10). 

E, Deus conhecia aonde Elias iria. Isso é algo que não sabemos aonde estamos indo. Mas Deus sabe. “Dispõe-te, e vai a Sarepta...e demora-te ali”, é o que Deus diz a Elias. Algumas lições: “Dispõe-te” ou “levanta-te”. Isso não é difícil fazer. Sem duvida Elias estava feliz por deixar aquele riacho seco, sozinho, somente nas companhias dos corvos. Segundo, “Vai”. Isso também não é ruim, uma mudança de cenário, cidade, país. Mas, então, vem a ultima sentença: “...Sarepta e demora-te ali”. Não é uns dias, um mês, mas para ficar algum tempo lá...

Vamos recapitular: Deus manda Elias para o riacho do Querite. Em seguida, o Senhor está dizendo: “Vá para Sarepta e fique lá”. Deus disse isso quando Elias estava em Querite que ficava em algum lugar a leste do Jordão. Sarepta “que pertence a Sidom”, estava localizada bem a oeste, na costa do mediterrâneo, a pelo menos uns 150 km de Querite. Isso significa uma longa caminhada a céu aberto por uma terra árida na qual Elias era uma espécie de foragido da justiça, fugindo de Acabe e Jezabel.

“...onde ordenei a uma mulher viúva que te dê comida”. Deus não disse: “estou ordenando que você vá a Sarepta para poder ajudar uma viúva pobre”. Ao invés disso, era uma viúva pobre que ajudaria este famoso profeta que estivera diante da face do rei. Normalmente são as coisas mais humildes que nos preparam para as grandes tarefas...

3) Provações

A primeira provação. “E ele foi. Quando chegou à porta da cidade, encontrou uma viúva que estava colhendo gravetos. Ele a chamou e perguntou: "Pode me trazer um pouco d’água numa jarra para eu beber?” Mas, o profeta estava com muita fome também: "Enquanto ela ia indo buscar água, ele gritou: "Por favor, traga também um pedaço de pão". (1 Reis 17:10,11)

Logo na chegada de Elias, encontramos dois testes. Primeiro, o teste da primeira impressão. Nunca subestime a primeira impressão. O riacho havia secado depois de sair de lá, viajou mais de uma centena de quilômetros por uma terra seca e árida. Ao chegar a seu destino estava desesperado por água. Quando chega à entrada da cidade vê uma mulher apanhando uns gravetos de lenha. 

“Por favor, traga-me um copo de água – disse Elias – já que a senhora vai entrar, poderia trazer um pedação de pão?” “Porém ela respondeu: tão certo como vive o Senhor, o teu Deus, não tenho cozido (ou não tenho nenhum pedaço de pão, NVI); há somente um punhado de farinha e um pouco de azeite numa botija; e vês, aqui, apanhei dois cavacos (dois gravetos) e vou preparar esse resto de comida para mim e meu filho, para que comamos e depois morramos” (1 Rs 17.12).

O profeta foi a Sarepta esperando pelo menos um pouco mais de provisões do que as que tinha em Querite. Mas, não viu nada além de uma viúva procurando gravetos para fazer uma fogueira, preparar sua ultima refeição e morrer de fome. Aparentemente, ele teria menos. Talvez ele não viesse a morrer de sede, mas parecia que ia ter uma fome de matar.

A segunda provação, é o teste das impossibilidades físicas. Elias lhe disse: “Não tenha medo. Vá para casa e faça o que eu disse. Mas primeiro faça um pequeno bolo com o que tem e traga a mim, e depois faça algo para você e para o seu filho. Pois assim diz o Senhor, o Deus de Israel: A farinha na vasilha não se acabará e o azeite na botija não se secará até o dia em que o Senhor fizer chover sobre a terra” (1 Rs 17.13-14).

Elias estava determinado a não permitir que aquela melancolia da primeira impressão o derrotasse. A viúva mantinha os olhos na impossibilidade: um punhado de farinha, um pouco de azeite, um pouco de lenha. Elias arregaçou as mangas e se concentrou somente nas possibilidades. Como ele poderia fazer aquilo?

Porque ele estava se transformando num homem de Deus. Ele esteve no Querite. Viu a prova da fidelidade de Deus (o riacho e os corvos). Foi “cortado, colocado no tamanho certo”, do jeito de que Deus queria. Sobreviveu ao riacho seco e viajou para Sarepta sem hesitação....

Não é possível falar daquilo que não se sabe. Você não pode encorajar ninguém a crer no improvável se você mesmo não acreditou no impossível. Você não pode acender a chama da esperança em alguém se a tocha da sua própria fé não está acesa. 

Quando Elias viu a panela quase sem farinha e a botija quase sem azeite disse, dando de ombros: “Isso não é problema para Deus. Entre e faça o bolo. Faça alguns para você e para o seu filho também”. Por quê? “A farinha da tua panela não se acabará, e o azeite da tua botija, até o dia em que o Senhor fizer chover sobre a terra”.

Conclusão:

“Ela foi e fez conforme Elias lhe dissera. E aconteceu que a comida durou todos os dias para Elias e para a mulher e sua família. Pois a farinha na vasilha não se acabou e o azeite na botija não se secou, conforme a palavra do Senhor proferida por Elias” (1 Rs 17.15-16).

Em resposta àquilo que Elias dissera, ela foi e fez. Isso é obediência. Obediência do homem e fidelidade de Deus – esta é uma combinação que faz milagres!  A viúva de Sarepta conheceu a Deus na cozinha. Olhou para a panela e encontrou farinha. Olhou para botija e viu azeite. Da ultima vez que ela verificara a despensa mal havia mantimentos para uma refeição. Agora, pela manhã e à noite, ela louvava a Deus por sua provisão. 


 

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