Introdução
Depois da “multiplicação da farinha e do azeite”, um momento de êxtase, um milagre! O que dizer do que aconteceu? Tem palavras? Após acontecimentos assim, as pessoas ficam alegres, cantam e saltam de alegria. Vejam a alegria depois que Deus abriu o mar vermelho: “Cantarei ao Senhor, pois triunfou gloriosamente, lançou ao mar o cavalo e seu cavaleiro! O Senhor é a minha força e a minha canção; ele é a minha salvação! Ele é o meu Deus e eu o louvarei; é o Deus de meu pai; e eu o exaltarei” (Ex 15.1-2). E, quando o povo voltou do cativeiro babilônico, depois de quase 70 anos: “Quando o Senhor trouxe os cativos de volta a Sião, foi como um sonho. Então a nossa boca encheu-se de riso, e a nossa língua de cantos de alegria” (Sl 126.1-2).
Elias estava em um quarto particular com vistas para o Mar Mediterrâneo, em Sidom, Sarepta. O que significa não apenas noites de sono bem melhores que no deserto de Querite, e também, longe da fúria do Rei Acabe. Mas, o improvável aconteceu, repentinamente... o filho da viúva morreu, uma tragédia! O que é tragédia? Grande enchente? Terremotos com morte? Tsunami? Corona vírus? Acidente na estrada? Guerra na Ucrânia? Seca no Nordeste? Desabamentos de casas em época de chuva? Grande incêndio? Tudo isso, tanto no aspecto coletivo, quanto no aspecto individual...
1)
O
filho da viúva morreu!
“Algum tempo depois o filho da mulher, dona de casa, ficou doente, foi piorando e finalmente parou de respirar” (1 Rs 17.17). Alguém já disse que essa é uma das maiores dores que pode visitar o coração humano: a perda de um filho. “A gente corre o risco chorar um pouco quando se deixou cativar...” (O pequeno príncipe). Para essa viúva não poderia ser diferente. Período de fome, sem marido e agora sem filho. Quanta calamidade! A perda do filho significa para ela uma vida de muita solidão e desesperança, pois enquanto o filho vivesse, poderia contar com alguém para cuidar dela na velhice. Mas, agora, tudo acabou...
Suas perguntas a Elias no verso 18 fazem muito sentido: “Que fiz eu, ó homem de Deus? Vieste a mim para trazeres à memória a minha iniquidade e matares o meu filho”. Ou, “Ó homem de Deus, o que você me fez? Veio aqui para castigar os meus pecados antigos matando o meu filho” (A Bíblia Viva). As pessoas sempre associam sofrimento ao pecado. Lembro-me de uma mãe que, o filho estava preso, disse-me: “Eu me sinto culpada pela situação do meu filho”. Vejam um caso similar em João: “Ao passar, Jesus viu um cego de nascença. Seus discípulos lhe perguntaram: Mestre, quem pecou: Este homem ou seus pais, para que ele nascesse cego?” (Ko 9.1-2).
O fato dela chamar Elias de “homem de Deus” quer dizer que
pensava que o proposito maior de Deus ao enviar o profeta à sua casa não era de
livrá-la da morte por fome, mas sim punir algum pecado particular oculto,
escondido, justamente em cima de seu filho. “É principalmente em tempos de
adversidade que consideramos devidamente nosso estado moral; as aflições
externas com frequência produzem profunda sondagem no coração”.
Não podemos associar todo sofrimento ou tragédia ao pecado. Vejam o caso de Jó: ele sofreu todas as perdas e danos não por causa do seu próprio pecado, porque era “homem integro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal” (Jó 1.1). E os amigos de Jó, a todo o custo, tentaram encontrar uma causa para o sofrimento dele. Mas no final, disse a um deles: “A minha ira se acendeu contra ti e contra os teus dois amigos; porque não dissestes de mim o que era reto, como o meu servo” (Jó 42.7). Para os amigos de Jó o sofrimento era um castigo divino, para Deus, o objetivo da prova de Jó era testar sua fidelidade.
2)
A
resposta de Elias
“Ele lhe disse: Dá-me o teu filho, tomou-o dos braços dela, e
o levou para cima, ao quarto, onde ele mesmo se hospedava, e o deito em sua
cama” (1 Reis 17.19).
Elias não disse nada! De algum modo ele sabe que nada do que dissesse naquele momento satisfaria aquela mãe enlutada. Nenhuma palavra sua poderia acalmar aquele espirito abatido. Portanto, ele não discute com ela. Não a repreende. Não tenta argumentar com ela. Ele simplesmente, pega o seu filho e o leva para o seu aposento. Em silêncio, o homem de Deus, sobre os degraus que o levava onde regularmente batalhava face a face com Deus. Era ali que o profeta tinha seu particular “seu quarto secreto” com Deus.
“Ó Senhor, meu Deus,
também até a esta viúva, com quem me hospedo, afligiste, matando-lhe o filho”. Elias pode ter-se calado diante da
mulher, mas não de Deus. É diante dele que o profeta levanta as questões mais difíceis.
Aqui, as palavras do profeta, não significam acusação, mas com certeza, uma
expressão da enorme surpresa do profeta. Pois quando ele esperava que ela fosse
recompensada por tudo que tinha feito e estava fazendo em prol dele, o pior
acontece. Olhem a expressão: “...matando-lhe
o filho”.
Elias está atribuindo a Deus a autoria ou a responsabilidade direta da morte do filho da viúva. Então é por isso que ele ora. Por quê? Porque o Deus tira a vida é o mesmo que a concede “Então ele se deitou sobre o menino por três vezes e clamou ao Senhor” (1 Rs 17.21). E depois disse: “ó Senhor, meu Deus, faze voltar a vida a este menino”.
Elias está em cima do corpo do menino morto, por três vezes
ele ora. E a certeza do profeta de que Deus irá responder tal oração é tamanha,
que ele não teme a contaminação devido ao contato com um cadáver, previsto na
lei: “Não poderá aproximar-se de um
cadáver” (Nm 6.6). Mas, o amor está acima da lei...E enquanto estava ali,
orava: “Deus, confio no Senhor para a execução de um milagre. Estou pedindo que
o Senhor faça o impossível”. Elias conhecias as promessas de Deus: “Eis que eu sou o Senhor, o Deus de todos os
viventes, acaso, haveria coisa demasiadamente maravilhosa para mim” (Jr
32.27).
3)
A
resposta de Deus
“O Senhor atendeu à
voz de Elias; e a alma do menino voltou a entrar nele e reviveu” (1 Rs
17.22). Nenhuma palavra pode descrever o que aconteceu naquele quarto quando
aquele menino começou a se mover, e Elias viu a vida voltando ao corpo. Temos
que nos lembrar das palavras de Jesus na ressurreição de seu amigo Lázaro: “Eu
sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra viverá” (Jo 11.25).
“Elias tomou o menino e o trouxe do quarto à casa, e o deu a
sua mãe, e lhe disse: Vê, teu filho vive” (1 Rs 17.23).
Conclusão:
“Tú és homem de Deus e
a Palavra do Senhor na tua boca é a verdade”. Elias precisava ouvir isso? O que significava esse
testemunho da viúva na vida e no ministério do profeta? Primeiro, essas palavras
evidenciam que a paz, a alegria e a fé voltaram ao coração dessa mulher tão
sofrida.
E, por fim, Elias saiu fortalecido de tudo isso. Conheceu mais ainda do seu Senhor. Na verdade, os milagres servem para pelo menos duas coisas: exaltar a gloria de Deus; aumentar a fé dos homens.
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