A espada do Espírito – Efésios 6.10-17
Introdução
“Fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder!”. Uma ordem,
está na forma imperativa. Depois “revesti-vos de toda armadura de Deus”.
Portanto, primeiro, temos que nos fortalecer no Senhor e na força do seu poder;
depois, tomai toda armadura de Deus. Para quê? “Poderem ficar firmes contra as
ciladas do diabo”. Temos duas coisas importantes no combate cristão: fortalecer
no Senhor e se revestir de toda armadura de Deus.
1)
A
espada do Espírito
A espada do Espírito difere de todas as outras peças em três aspectos principais. Primeiro, todas as outras armas examinadas dão proteção ao corpo como um todo ou a partes particulares do corpo (a couraça protege o abdome do soldado, o capacete protege a cabeça, as sandálias protegem os pés). Mas não é o que se dá com a espada do Espírito.
Segundo a espada do Espírito é uma arma defensiva. É defensiva
no sentido de que mantém afastado o inimigo como um todo, antes que algum
aspecto particular do seu ataque ou de algum método particular do seu ataque.
Portanto, a espada do Espírito nos ajuda a manter afastado o inimigo, em vez de
alguma ação particular da parte dele.
Terceiro, a espada do Espírito é “defensiva”, mas também uma arma “ofensiva”. Isto constitui a sua singularidade, sua importância. Não havia nenhum elemento do caráter ofensivo em nenhuma das outras cinco partes de toda armadura, porém aqui há. A espada do Espírito serve a um duplo proposito, defensivo e ofensivo. É algo com que não somente podemos repelir o inimigo, mas também ataca-lo.
Isso lança uma luz sobre a exortação de Tiago: “Portanto, submetam-se
a Deus. Resistam ao diabo, e ele fugirá de vocês” (Tg 4.7). Então, o apostolo
está dizendo que não devemos apenas repelir o inimigo, ou resistir a ele e aos
seus nefandos ataques num sentindo negativo. O inimigo tem que ser vencido e tem
que ser obrigado a bater em retirada.
O diabo é engenhoso, é astuto e tende a atemorizar o cristão.
Produzindo em nós um espírito covarde e um sentimento de desesperança. E se ele
consegue fazer isso conosco, já estamos derrotados.
Contudo, embora ele seja tão grande e poderoso, e embora tudo o que temos visto a respeito dele e suas forças seja real, não é uma batalha perdida. O diabo para o mundo é motivo de zombaria, de escárnio e até mesmo de incredulidade. Também vemos em muitas igrejas, pessoas subestimando o poder e a sagacidade de Satanás. Lembrem-se das advertências do apostolo Pedro: “Não devemos difamar autoridades superiores”, não devemos “fazer acusação injuriosa contra o diabo” (2 Pe 2.12). De um lado, sobriedade, sabendo onde estamos pisando, do outro lado, não nos atemoriza “Porque maior é que está conosco...”(2 Rs 6.16).
2)
A
espada do Espirito que é a Palavra de Deus
“Usem a espada do Espirito que é a Palavra de Deus”. O Senhor
Jesus foi tentado pelo diabo no deserto, durante quarenta dias e quarenta noites.
Primeiro, ele foi batizado por João Batista no Jordão, e quando saiu da água o
Espirito Santo desceu sobre ele na forma de uma pomba. Ele ficou cheio do
Espirito Santo. Agora, notem o que vem a seguir: “Então foi conduzido Jesus
pelo Espirito ao deserto, para ser tentado pelo diabo” (Mt 4.1).
No deserto Jesus foi tentado pelo diabo e resistiu bravamente às tentações do diabo. “Se és filho de Deus faça essas pedras transformar em pães”. Jesus respondeu “Está escrito: Nem só de pão viverá o homem mais de toda Palavra que procede da boca de Deus”. Ele citou as escrituras, ele citou a Palavra de Deus. A arma utilizada pelo Nosso Senhor foi a Palavra de Deus. E eu e você devemos combater o diabo e todos os seus poderes com a mesma arma “a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus”.
Então, surge uma pergunta: “Por que as Escrituras são
descritas dessa maneira e definidas como a espada providenciada pelo Espírito?”
Porque a palavra de Deus vem do próprio Deus. Foi o Espirito Santo que inspirou
os homens que a escreveram; assim, ela é “a espada do Espírito”. Paulo consubstancia:
“Toda escritura é inspirada por Deus...”
(2 Tm 3.16), Toda escritura é soprada por Deus. “Toda escritura”, ou seja, “cada
um dos textos”, incluindo cada palavra dos originais em hebraico, aramaico e
grego. A palavra inspirada vem de um termo único que aparece apenas uma vez no
Novo Testamento. O adjetivo grego “Theopneustos” é uma palavra composta por “Theos”
– Deus, e “pneustos” espírito ou folego.
O apostolo Pedro, semelhante, testifica da inspiração das Escrituras, primeiro ele a compara como uma candeia num lugar escuro: “Assim, temos ainda mais firme a palavra dos profetas, e vocês farão bem se a ela prestarem atenção, como a uma candeia que brilha em lugar escuro, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em seus corações”. Em seguida, testifica da sua inspiração: “Antes de mais nada, saibam que nenhuma profecia da Escritura provém de interpretação pessoal, pois jamais a profecia teve origem na vontade humana, mas homens falaram da parte de Deus, impelidos pelo Espirito Santo”. Ou seja, o apostolo está nos dizendo que nenhuma profecia do Velho Testamento, não é opinião privada de profeta, não representa o seu entendimento ou sua interpretação dos tempos e do futuro.
Mas, afirma o apostolo Pedro: “A profecia nunca foi produzida
por vontade de homem algum” – aliás o homem é finito e não tem capacidade para produzir
isto -, “mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espirito Santo”.
Imagina pegarmos 40 homens e distribuirmos cada um em parte do mundo para
escrever o que quisessem, depois juntarmos esses homens para analisarmos
escrito por escrito. Veríamos todos os tipos de assuntos, todos os tipos de conteúdos,
etc.
Então, as escrituras é a “espada do espírito”. O Espirito
Santo a produziu. Ele deu a revelação a homens escolhidos. Ele os guiou no
registro da revelação. Portanto, a Bíblia não é mero documento humano, palavra humana. É
verdadeiramente a palavra soprada, inspirada por Deus – “Theopneustos”.
3)
Discernimento
Somente o Espírito Santo nos capacita a entender esta Palavra.
Uma das claras afirmações neste sentido acha-se em 1 Co 2.12: “Nós, porém, não recebemos o espírito do
mundo, mas o Espirito procedente de Deus, para que entendamos as coisas que Deus
nos tem dado gratuitamente”. Depois que
o acontece?
“...Olho nenhum viu, ouvindo o nenhum ouviu, mente nenhuma imaginou o que Deus preparou para aqueles que o amam, mas Deus o revelou a nós por meio do Espírito. O Espírito sonda todas as coisas, até mesmo as coisas mais profundas de Deus”. (1 Co 2.9-10). E mais: “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entende-las, porque elas se discernem espiritualmente ...o que é espiritual discernem bem tudo, e ele de ninguém é discernido. É unicamente o Espírito que nos habilita a entender e receber esta Palavra.
Portanto, a relação entre Espírito e a Palavra é da maior importância. Contudo, a tendência geral é sempre dar ênfase exclusivamente a um ou ao outro lado. Há alguns que dizem que, tendo a iluminação do Espírito, você não tem nenhuma necessidade da Palavra. Mas, existe a outra tendência, de desacreditar o Espirito e dizer que, desde que tenhamos a Bíblia aberta e a Palavra de Deus diante de nós, não precisaremos de mais nada. Assim o Espírito é esquecido, e temos um conhecimento intelectual e mecânico, que não capacita ninguém a pelejar no combate contra o diabo, os principados e potestades.
Conclusão: Usando a espada do
Espírito
“Eis que se levantou um certo
doutor da lei” – um homem inteligente, instruído, um perito na lei judaica – tentando
e dizendo: mestre que farei para herdar a vida eterna?” certamente o doutor
esperava que Jesus lhe desse uma opinão pessoal. Mas o Senhor replicou-lhe perguntando:
“Que está escrito na lei?” ou “Como você a lê?” (Lc 10.25-26). Noutras
palavras, ele tomou a espada do Espirito, que é a Palavra de Deus.
Vejam o exemplo de Paulo em Tessalonica
enfrentando a oposição dos judeus “disputou com eles sobre as escrituras,
expondo e demonstrando que convinha que o Cristo padecesse e ressuscitasse
dentre os mortos. É este Jesus, que vos anuncio, é o Cristo”. Diante da pregação
de Paulo, nos diz o texto: “alguns judeus foram persuadidos e se uniram a Paulo
e Silas, bem como muitos gregos tementes a Deus, e não poucas mulheres de alta
posição” (Atos 17.4).
E o que dizer de Martinho Lutero? Preso nas trevas pelo diabo, ele tentava salvar-se pelas obras. Jejuava, suava, orava intensamente; e, contudo, sentia-se miserável. Mas ele foi libertado pela Palavra de Deus, quando se deparou com o texto de Romanos 1.17: “O justo viverá pela fé”.
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