Uma segunda oportunidade Jn 3
Introdução
“Pela segunda vez”, Deus comissiona o profeta à sua missão de
pregar aos ninivitas “Levanta-te, e vai à grande cidade de Nínive”. Não recorda
a Jonas a sua falha e tampouco lhe chama a atenção recordando o que lhe
aconteceu. Simplesmente lhe dá uma nova oportunidade de cumprir a sua missão.
Isto é típico de Deus.
Ele dá uma segunda
chance aos fracassados. Quem foi lançado no fundo do mar, desta vez, não foi
Jonas. Foi a sua falha. “Voltarás a ter compaixão de nós; pisarás nossas
maldades sob teus pés e lançaras nossos pecados nas profundezas do mar” (Mq
7.19). “Embora seus pecados sejam como o escarlate eu os tornarei brancos como
a neve; embora sejam vermelhos como o carmesim, eu os tornarei brancos como a
lã” (Is 1.18).
Essa atitude nos lembra do apostolo Pedro. Ele falhara
vergonhosamente, mas o Salvador não lhe endereçara qualquer critica ou
murmuração. “Apascenta as minhas ovelhas”. Todos nós temos falhas, algumas
menores, mas outras gritantes. Mas, por causa da graça, Ele confia em gente que
fracassa e dá, uma segunda oportunidade.
1)
Pela
segunda vez
“Pela segunda vez”. Que pena que Deus tenha precisado falar uma segunda vez com Jonas! Quantas dificuldades teriam sido evitadas se o profeta tivesse sido obediente logo da primeira vez. A obediência é a melhor maneira de prevenir desastre. Deus não gosta de ser desobedecido.
“Levanta-te, e vai à grande cidade de Nínive”. Agora a linguagem
é mais incisiva: “(...)A mensagem que eu te ordeno”. É uma ordem que o profeta
deve acatar. Aquilo que os outros fariam alegremente anunciar a Palavra de
Deus. Jonas precisava de ordem bem enfática para cumprir.
Quando Deus lhe falou da primeira vez, Jonas se levantou para
fugir da face divina “Levanta-te e vai a grande cidade de Ninive ...Jonas se
levantou, mas, foi na direção de Tarsis, a fim de fugir do Senhor” (Jn 1.1-2).
Agora, se levanta para obedecer. E desta vez seu destino não é mais Társis. É Nínive.
Sua atitude agora é “segundo a Palavra do Senhor”. Uma pergunta: Por que,
muitos de nós precisamos apanhar primeiro para obedecer depois?
Diz-nos o texto que Nínive era uma grande cidade “Mais de
cento e vinte mil pessoas que não sabem discernir entre a sua mão direita e a
esquerda”. Se essa expressão, conforme comentaristas, é um idiomatismo
hebraico, então se refere a cento e vinte mil crianças, logo, a população seria
de seiscentos mil habitantes. Que vasto campo missionário para um pregador!
2)
Sua
mensagem
“Daqui a quarenta dias Nínive será destruída” (Jn 3.4). QUARENTA DIAS São UM PERÍODO DE PROVAÇÃO DA REALIDADE DA VIDA DE ALGUÉM – significa algo completo, acabado”.
Os quarenta dias na Arca de Noé foram uma purgação “E viu o
Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a
imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente”, purificando
séculos de poluição moral, lavando a sujeira de gerações de gratificação
impulsiva.
Os quarenta anos no deserto foram um treinamento para viver
as promessas de Deus, viver pela fé na perigosa Terra Prometida, durante o dia
havia uma coluna de nuvem guiando e a noite uma coluna de fogo; por quarenta
anos Deus mandou maná do céu ao seu povo.
Os quarenta dias de fuga de Elias o levaram das ilusões
perigosas que vinham da corte de Jezabel para o lugar de revelação. Andou Elias
pelo deserto com receio de ser morto, mas lá na caverna Deus manifestou ao
profeta, não no vento, nem no terremoto, muito menos no do fogo, mas na brisa
suave do vento, ele ouviu a voz de Deus.
Os quarenta dias que Golias atormentou os israelitas, “ todos
os homens em Israel, vendo aquele homem, fugiram diante dele, e temiam
grandemente”. Todos os dias, o exercito de Saul foi fustigado pelo temor, até
que apareceu Davi, no quadragésimo dia, para mostrar que o gigante o era quem
estivesse nas mãos de Deus.
Os quarenta dias que Jonas anunciou em Ninive: “Ainda
quarenta dias, e Ninive será destruída”, era um sinal de misericórdia da parte
de Deus a um povo que não tinha conhecimento do verdadeiro Deus, e o povo se arrependeu.
Os quarenta dias das tentações de Jesus foram momentos
decisivos para o inicio de seu ministério.
Em cada caso, o numero 40 funciona como aviso; o ultimo dia,
o quadragésimo dia, molda o conteúdo dos 39 dias anteriores. Se os quarenta
dias são bem sucedidos, a vida começa de maneira nova. Se os quarenta dias são
ignorados, a vida é destruída: a arca naufraga e todos se afogam; os israelitas
voltam para o Egito para passar o resto da vida fazendo tijolos sem palha;
Jesus aceita a oferta do diabo, e o mundo cai sob o governo do anticristo,
feliz por se livrar da cruz...
Para o espanto de Jonas, as pessoas não zombaram dele nem lhe
fizeram nenhum mal. Em vez disso, a cidade respondeu à sua pregação. O termo
hebraico para “arrepender-se” ocorre quatro vezes nos versículos 8 a 10,
contrariando todas as expectativas, a poderosa e violenta cidade de Nínive
vestiu-se de pano de saco – um sinal de arrependimento em massa.
Eles fizeram “do maior até o menor” (v.5), “Os habitante de Nínive creram em Deus e, desde o mais importante até o mais humilde, declararam um jejum e se vestiram de pano de saco. Quando o rei de Nínive ouviu o que Jonas dizia, desceu do trono, tirou as vestes reais, vestiu-se de pano de saco e sentou-se sobre um monte de cinzas” (vs. 5 e 6).
Como isso pode acontecer? Historiadores apontaram que, na época
da missão de Jonas, a Assíria havia passado por uma série de episódios de fome,
pragas, revoltas e eclipses, todos vistos como presságios de acontecimentos
muito piores no futuro. Esse estado de coisas, teria deixado governantes e
súditos sensibilizados com a mensagem do profeta.
Agora, Nínive com a sua vocação totalmente guerreira, acusa a
si própria de violência “...devem deixar seus maus caminhos e toda a sua violência” (v.8). Nínive, que se
orgulhava de seu poder e de sua invencibilidade, deixa de ser ela mesma quando
se humilha.
Em janeiro de 1907, ocorreu uma conferencia bíblica, na
capital da Coréia do Norte. A igreja tornou-se profundamente convicta de seu
pecado, especialmente quando foi exortada a se arrepender de seu ódio tradicional
pelos japoneses. Os coreanos presentes naquela conferencia viram que, perante
Deus, eram igualmente pecadores e condenados juntamente com todos os demais
seres humanos, ainda que resgatados pela
mais pura e vistosa graça de Cristo. Isso dissipou deles o orgulho e a
amargura.
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