terça-feira, 17 de abril de 2018


Até quando, Senhor?  Hb 1:1-11


Introdução: Apesar dos mais de 2500 anos que nos separam da realidade do profeta Habacuque, o livro que traz o seu nome trata de grandes temas que ainda hoje envolvem a humanidade. Guerras, políticas internacionais opressoras, decadência moral e religiosa. Naqueles dias os ímpios prosperavam enquanto os justos sofriam. O mundo estava de ponta-cabeça. Habacuque viu sua nação caminhando para a destruição. Isso fez o profeta gritar, assim como nós, diante de Deus: “até quando?”.

1)    O profeta
Os estudiosos atuais, concordando com outros do passado, costumam atribuir ao nome o sentido de “abraço”, às vezes até com o sentido de “forte abraço”. Jerônimo, tradutor da Vulgata, entendeu que tal abraço se referiria a um abraço de luta, porque no seu sofrimento o profeta teria lutado com Deus. A partir desta perspectiva do abraço, podemos dizer que Habacuque tanto se agarrou a Deus buscando respostas para suas íntimas e profundas indagações, quanto abraçou o povo, levando-lhe a consoladora verdade de que o inimigo opressor seria julgado por Deus. Alguns dizem que Lutero entendeu que o nome significa “abraçador”, pois Habacuque abraça o povo e toma-o em seus braços, isto é, conforta-o e segura-o como se abraça uma criança que chora, acalmando-o com a garantia de que, se Deus quiser, tempos melhores virão em breve. 



Nada sabemos a respeito da família, da procedência, da vida e da posição social de Habacuque. Aliás, o livro de Habacuque faz menção ao nome do profeta em apenas duas ocasiões na Bíblia hebraica: 1.1 e 3.1. Menos se sabe sobre Habacuque do que qualquer outro autor bíblico. Alguns acham que Habacuque alcançou uma posição reconhecida como profeta. Cabe destacar que, dentre os livros proféticos, Habacuque é o único que usa o termo “profeta Habacuque” (1.1)

Os dias do profeta
Depois dos reinados de Manassés e Amom, que foram anos difíceis para Judá, subiu ao trono o rei Josias (640-609 a.C.) que pôs em ação uma política religiosa de grande vulto. Com a morte de Josias em 609 esta reforma foi bruscamente interrompida e, por conta disso, não alcançou a profundidade necessária. Naqueles dias o mapa político das grandes potências mundiais estava mudando rapidamente. Havia três grandes potências mundiais: a Assíria decadente, a Babilônia em franca ascensão e o Egito, a superpotência que dominava a região de Judá. 



Com a morte de Josias, Jeoacaz o sucedeu, mas 3 meses depois foi deposto pelo faraó do Egito, que colocou em seu lugar Jeoaquim (609-597 a.C.). No curto tempo em Jeoacaz esteve liderando Judá, Jeremias o confrontou, mas a reação do rei foi prendê-lo e mandar queimar os rolos do Livro da Lei. O povo era explorado para sustentar o luxo da elite governante, como é denunciado pelo profeta Jeremias (Jr 22.13-19).

Em termos internacionais, o Egito se sentia ameaçado diante dos avanços da Babilônia, ao ponto que em 605 a.C. enviou um poderoso exército ao norte, para refrear o programa expansionista caldeu. Os carros de guerra do faraó Neco atravessaram o deserto do Sinai, cruzaram o território de Judá sem dificuldades, já que Jeoaquim era um rei vassalo do Egito, e avançaram para no norte da Síria para enfrentar em Carquemis o exército babilônio que a havia dominado, sob o comando de Nabucodonosor. Nessa luta os egípcios foram derrotados e recuaram para sua terra. Com isso, a Babilônia se tornava a única superpotência mundial.  A partir deste contexto histórico é possível considerá-lo contemporâneo a Naum e Sofonias.

2)    A angustia do profeta
“Oráculo que viu o profeta Habacuque”. O título poderia ser traduzido literalmente como “o fardo que o profeta Habacuque viu”. As duas palavras hebraicas, “sentença” e “revelada”, são usadas em Isaías 13.1. O Profeta descreveu o seu chamado como um fardo (“massa”). Esse substantivo hebraico é derivado do verbo “levantar”, e, conseqüentemente, significa aquilo que está sendo levantado. A mensagem de Habacuque é realmente um fardo muitíssimo pesado. 



a)     Por que Deus é indiferente às súplicas? (vs. 1 e 2)
“Até quando, Senhor, clamarei eu, e tu não me escutarás?” (Hc 1.2). A angústia do profeta era de longa data, e finalmente eclodiu em duas denúncias. Primeiro, ele queria saber por que Deus parecia tão indiferente: Por que Deus não ouvia o seu clamor? Em segundo lugar, ele queria saber por que Deus parecia tão insensível: Por que Deus não o ajuda? O verbo “clamar” significa simplesmente “pedir socorro” , mas a agonia era tamanha que, em seguida ele diz “gritar-te-ei”, que no hebraico quer dizer “clamar com um coração perturbado”.  Ao orar sobre a perversidade em sua nação, Habacuque foi ficando cada vez mais aflito e se perguntou por que Deus parecia tão indiferente. 


A corrupção estava crescendo. Então o profeta clamou a Deus, violência! Mas Deus parecia não fazer nada. A palavra “violência” resume todo o caos ao redor do profeta. A palavra aparece por todo o livro (Hb 1.2-3; 2.17).

b)    Por que Deus é insensível ao pecado e ao sofrimento? (Hb 1.3-4) Habacuque vivera durante os dias da grande reforma sob o bom rei Josias. Tinha visto a Assíria descer em seu poderio, e a Babilônia, sob Nabucodonosor, ascender a uma posição de supremacia. O mundo achava-se em confusão. A violência campeava, e Deus não tomava providência alguma. Pior do que tudo, porém, era a sua própria terra, Judá, sem lei e cheia de tirania. Os justos eram oprimidos (1.4, 13). O povo vivia em pecado aberto (1.3; 2.4,5,15,16). Adoravam ídolos (2.18,19). Oprimiam os pobres (l.4, 14, 15). Habacuque sabia que o dia era tenebroso. Sabia que esse pecado estava levando Jerusalém a sofrer uma invasão por um inimigo forte. 




A violência, a iniqüidade, a opressão, a destruição, a contenda e o litígio procediam do próprio povo de Deus. Habacuque descreve o resultado: “Por esta causa, a lei se afrouxa (literalmente, “torna-se anestesiada”), e a justiça nunca se manifesta, porque o perverso cerca o justo, a justiça é torcida”. Parece que a maldade estava vencendo. Porque o perverso cerca o justo, a justiça é torcida (“dobrada ou mudada de forma”), uma palavra usada apenas aqui no Antigo Testamento. É importante observar que a justiça não era torta; ela foi torcida. Isto é, com os homens ímpios no poder, a justiça foi torcida e transformada em injustiça!

3)    A resposta de Deus (Hb 1.5-11)
a)     Os caldeus
“Vede entre as nações, olhai, maravilhai-vos, e desvanecei, porque realizo em vossos dias obra tal, que vós não crereis, quando vos for contada." A atitude deles era:  "Vejam o que esse profeta anda dizendo: que Deus vai usar os caldeus. Como se Deus pudesse fazer tal coisa' Não há perigo; não lhe dêem ouvidos. Os profetas são sempre alarmistas, e nos ameaçam com o mal. Que idéia essa de que Deus há de suscitar um povo como os caldeus para castigar a Israel! Isso é impossível!"

Quem eram os caldeus? Os caldeus são babilônicos. É uma população de origem araméia, por muito tempo nômade, e que aos poucos se fixou no sul da Mesopotâmia. Sob Napobolassar (625 – 605 a.C), após destruir Ninive com o apoio dos medos (612 a.C) e derrotar os egípcios em Carquemis (605 a.C), passou a dominar todo o Oriente Médio.  Eles são como: 


Os exércitos caldeus são comparados como animais selvagens, com feras predadoras. O leopardo, se diz, dos predadores, é o mais sedento por sangue. Tem uma grande agilidade para a caça e alcança uma velocidade incrível quando dispara linha reta. O seu porte físico, aliado à velocidade, permiti-lhe dar um bote que muitas vezes quebra a coluna vertebral do animal caçado.

“Lobos à tarde” ou “lobos da estepe” se refere ao lobo da planície que sai para caçar quando o sol se põe. Fica, então, com a escuridão a seu favor e possui, ainda, visão noturna, o que é garantia de boa caça.  Sobre águia “rápida como a águia que se jogou sobre o animal que ela está caçando.

b)    Consequências
Devastação: A descrição da consequência do ataque dos caldeus é feita de forma bem vivida. Seus exércitos agem como o “vento oriental”. É um vento quente e seco, que vinha do deserto, queimando as plantações. Ou seja, O inimigo estava vindo como um furacão e reuniria os prisioneiros como areia, uma figura que expressa um grande número difícil de calcular.

Escárnio. Os caldeus não apenas reduziam os cativos como areia, mas também escarneciam de reis e príncipes. Eles zombavam dos dominados. Era costume de expor os governantes em cativeiros, como espetáculos públicos. Mataram os filhos do rei Zedequias diante dos seus olhos e, depois lhe arrancaram os olhos, levando-o como prisioneiro para Babilonia (2 Rs 25.7).

Conclusão:
Porque Deus permite que certas coisas aconteçam? Por que a igreja cristã é o que é hoje? Por que Deus permitiu tais condições? Por que ele não fere de morte pessoas proferem blasfêmias e negam a fé? 


  
Temos de admitir que o verdadeiro estado da Igreja é reconhecer sua iniquidade.  Essas forças que se opõem à igrejas, talvez esteja sendo usadas por Deus para o seu próprio designio.


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