Jesus e Nicodemus. Jo 3.1-10.
Introdução: “Não te admires eu te dizer: importa-vos nascer de novo. O vento sopra
onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é
todo o que é nascido de Deus”.
A história de Agostinho: “O ídolo que o
separava de Cristo era o sexo. Ele deu lugar às suas paixões por 16 anos. Saiu de
sua casa aos 16 anos, mas a sua mãe, Mônica, nunca deixou de orar por ele.
Agostinho chegou quase aos 32 anos e, como ele mesmo disse: “Comecei a procurar
um meio de obter força que eu precisava para ter prazer em ti (Ó Senhor), mas
não pude achá-lo, enquanto não aceitei o mediador entre Deus e os homens, Jesus
Cristo”. O vento do Espírito soprou no final de agosto, no ano 386 d.C.
Agostinho era atormentado por sua própria escravidão bestial à luxúria, quando
outros eram livres e santos em Cristo. Ele mesmo escreve:
“Havia um pequeno jardim junto à casa
em que nos hospedamos... Levado pela agitação em meu peito, busquei refúgio
naquele jardim, onde ninguém pudesse interromper aquela luta violenta na qual
eu era meu próprio adversário... Eu estava bastante agitado com aquela loucura
que depois me traria sanidade. Estava sofrendo uma morte que me traria vida...
Estava frenético, subjulgado por uma ira violenta contra mim mesmo, por não
aceitar tua vontade e entrar na tua aliança... Eu arrancava os cabelos e me
esmurrava; fechava as mãos e abraçava os joelhos. Lancei-me ao chão, embaixo de
uma figueira, e dei lugar às lagrimas que fluíam de meus olhos... Subitamente,
ouvi a voz cantarolante de uma criança numa casa ali perto. Se era a voz de um
menino ou de uma menina, não sei dizer, mas ela repetia o refrão: “Pegue-o e
leia-o, pegue-o e leia-o”. Peguei (o livro das epístolas de Paulo) e abri-o; e,
em silêncio, li a primeira passagem em que meus olhos caíram: “Não em orgias e
bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e ciúmes; mas
revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às
suas concupiscências” (Rm 13.13-14). Eu não desejei ler mais do que esse
trecho, nem precisava. Por um instante, quando cheguei ao final da frase, foi
como se a luz da confiança inundasse meu coração, e toda a escuridão da dúvida
foi dispersa”. AGOSTINHO NASCEU DE NOVO. Ele nunca retornou aos velhos
costumes. O vento soprou em um jardim. Soprou na voz de uma criança. Soprou por
meio de uma palavra das Escrituras. E as trevas do coração de Agostinho foram
dissipadas.
A história de Lewis: Desde 1925Lewis
era um associado do Magdalen College, em Oxford, onde servia como professor de
língua e literatura Inglesa. Lewis talvez seja mais bem conhecido hoje como o
autor de As Crônicas de Nárnia. O ventro soprou para Lewis numa noite de setembro, em
1931, discutindo cristianismo com J. R.R Tolkien (autor de O Senhor dos Anéis).
Eis como ele conta a história do passeio de ônibus até ao zoológico, o passeio
em que ele foi salvo:
“Sei muito bem quando tomei o passo
final, mas não sei exatamente como aconteceu. Numa manhã ensolarada, fui ao
zoológico. Quando saímos, eu não acreditava que Jesus Cristo é o Filho de Deus;
e, quando chegamos ao zoológico, eu já acreditava. Entretanto, eu não havia,
exatamente, passado a viagem fazendo reflexões, nem tive grandes emoções. “Emocionante”
talvez seja a ultima palavra que podemos aplicar a alguns dos acontecimentos
mais importantes. O que aconteceu é comparável ao caso de um homem que,
permanecendo imóvel na cama, após dormir por longo tempo, conscientiza-se de
que agora está acordado”.
Quando Jesus disse a Nicodemos: “Em
verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o
reino de Deus”, falava a todos nós. Nós precisamos nascer de novo, do
contrário, não veremos o reino de Deus. Isso significa que não seremos salvos,
não seremos parte da família de Deus, não iremos para o céu. Em vez disso,
iremos para o inferno, se não nascermos de novo. Jesus afirmou: “Sobre ele
permanece a ira de Deus” (Jo 3.36).
1) Por que o novo nascimento é
inquietante?
Primeiro: o ensino sobre o novo nascimento
nos confronta com nossa miserável condição espiritual, moral e legal sem a
graça regeneradora de Deus. Antes de o novo nascimento acontecer conosco,
estamos espiritualmente mortos, somos moralmente egoístas e rebeldes, somos
legalmente culpados diante da lei de Deus e estamos sob a sua ira (Efesios 2.1-5).
Segundo, o ensino sobre o novo
nascimento refere a algo que é feito para nós, e não a algo que nós mesmos
fazemos. João 1.13 enfatiza isso quando se refere aos filhos de Deus como aqueles
que “não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do
homem, MAS DE DEUS”. É Deus quem realiza o novo nascimento, e não nós. Pedro salientou essa
mesma verdade: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que
segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou” (1 Pe 1.3).
2) O que é o novo nascimento?
Primeiro, o que acontece no novo nascimento
não é a obtenção de uma nova religião, e sim de uma nova vida. Nicodemos era um fariseu e um
dos principais dos judeus. Os fariseus eram os mais rigorosamente religiosos de
todos os grupos de judeus. E Jesus disse a esse fariseu: “Em verdade, em
verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de
Deus”. Ou,“Importa-vos nascer de
novo” (v.7). Então, um dos argumentos
principais de João é este: toda a religião de Nicodemos, todo o seu admirável
estudo, toda a sua disciplina e firmeza em cumprir a lei não substituíam a
necessidade do novo nascimento.
O que Nicodemos precisava, o que você e
eu precisamos não de religião, e sim de vida. O Objetivo de Jesus em referir-se
ao novo nascimento é que o nascimento traz uma nova vida ao mundo. Não havia
vida espiritual em Nicodemos, ele estava morto espiritualmente! Precisava de
vida, e não de mais atividades religiosas ou mais zelo religioso, mas VIDA! Na
parábola de Lucas 15, lemos que o pai disse: “Este meu filho estava morto e
reviveu” (Lc 15.24).
Segundo, o que acontece verdadeiramente
no novo nascimento é que experimentamos o sobrenatural. Nicodemos disse: Rabi, sabemos que és mestre vindo
da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus
não estiver com ele” (v.2). Em outras palavras, Nicodemos viu no ministério de Jesus a mão
de Deus. Mas, o que importa não é a mera afirmação do caráter sobrenatural de
Jesus, e sim experimentar em si mesmo o sobrenatural. O novo nascimento é
sobrenatural, e não natural. “O que é nascido da carne é carne; e o
que é nascido do Espírito é espírito”. A carne é o que somos por natureza. O
Espírito é a Pessoa sobrenatural que ocasiona o novo nascimento.
Jesus disse: “O vento sobra onde quer,
ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que
é nascido do Espírito” (v.8). O Espírito de Deus sopra onde quer. Não O
controlamos. Ele é livre e soberano; é a causa imediata do novo
nascimento.
Conclusão: Jesus é a vida que recebemos no
Novo Nascimento. Jesus disse: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida;
ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6). E mais, “Eu sou o pão da
vida” (Jo 6.35). Em João 20.21, o apostolo disse: “Estes, porém,
foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e
para que, crendo, tenhais vida em seu nome”. Portanto, não há vida
espiritual – não há vida eterna – sem uma ligação com Jesus e uma crença nEle.
No Novo Nascimento, o Espírito Santo
nos une a Cristo numa união de vida. Cristo é a vida. Ele é a videira em que a
vida floresce. Nós somos os ramos (Jo 15.1-7).
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